Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 510 | Janeiro/Fevereiro de 2021 | Campo Mourão - Paraná

REUNIÃO DE CAMPO 1º SEMESTRE

Informação virtual

Alcir José Goldoni, presidente Executivo da Credicoamo, José Aroldo Gallassini, presidente do Conselho de Administração da Coamo, e Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo

As tradicionais reuniões de campo realizadas pela diretoria da Coamo passaram por uma mudança devido a pandemia. Diferente dos encontros nas unidades da cooperativa, pela segunda vez, o evento foi realizado no formato virtual. Em julho, a reunião já tinha ocorrido virtualmente pelo canal da Coamo no YouTube.

O presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini, recorda que a reunião de campo é realizada desde a fundação da cooperativa, há 50 anos, mas que precisou passar por essa mudança em função da situação vivenciada no Brasil. “Sempre percorremos toda a área de ação da cooperativa duas vezes no ano. É um momento importante para levarmos informação e ter esse contato com o quadro social. Na versão virtual apresentamos os mesmos assuntos e o que muda é a maneira de o cooperado participar. Contudo, o objetivo de levar a informação foi cumprido”, comenta.

Além de Gallassini, participaram da reunião os presidentes Executivos, Airton Galinari, da Coamo, e Alcir José Goldoni, da Credicoamo, o gerente de Assistência Técnica, Marcelo Sumiya, e o Assessor de Cooperativismo, José Ricardo Pedron Romani.

Retrospectiva 2020

No Plano Safra 2020/2021, o governo estabeleceu limite de R$ 3.000.000,00 por CPF. Não faltaram recursos para custeio e investimento da safra. Os juros foram 5,0% para o Pronamp, 6,0% aos demais e 2,0% de Selic. A inflação foi de 4,52% e o PIB de -4,41%. O dólar variou de R$ 4,005 a R$ 5,971.

“O agronegócio mostrou sua força e continuou trabalhando para que não faltassem alimentos durante a pandemia. Foi o agro também, que garantiu que a balança comercial do Brasil se mantivesse positiva”, destaca Gallassini.

Além disso, as crises política e econômica vividas no Brasil em 2020, agravadas pela pandemia, foram responsáveis pela busca por soluções coletivas. “Por isso, o cooperativismo tende a ser um dos grandes impulsionadores da economia”, frisa.

A previsão para 2021 é de inflação de 3,50%, PIB de 3,49%, Selic de 3,50% e dólar a R$ 5,00. “A situação geral da Coamo é boa, com a cooperativa bem capitalizada e o cooperado também. Seria ruim se a Coamo estivesse bem e o cooperado não. De modo geral, os cooperados estão com boa situação. Podemos medir isso pela inadimplência da Coamo que é baixa. Foi de 0,06% em 2020”, observa o presidente.

Recebimento da produção

A Coamo recebeu no ano passado um total de 152.989.667 sacas de produtos agrícolas. Foram 90.952.216 de soja, 4.292.133 de milho verão, 47.349.138 de milho segunda safra, 9.945.855 de trigo. Outros produtos, como aveia e café, somaram 450.325 sacas. “É uma grande safra. Poucas empresas recebem esse montante”, assinala Gallassini.

Em relação aos preços no Paraná e Santa Catarina, o menor valor pago pela soja em 2020 foi de R$ 75,50 e o maior R$ 149,00. Para o milho, o menor foi R$ 37,00 e maior R$ 72, 00. No trigo, menor foi R$ 48,50 e maior R$ 77,00.

No Mato Grosso do Sul, a soja oscilou de R$ 71,60 a R$ 145,30, milho de R$ 33,60 a R$ 69,10 e o trigo de R$ 48,50 a R$ 77,00. “Essa evolução de preço foi, principalmente, em função do dólar.

Foi um ano diferente. Quem não precisou vender, teve uma rentabilidade muito grande e quem vendeu também fez uma boa média. Por isso dizemos que o cooperado está bem capitalizado.”

"Contratos são feitos para serem cumpridos"

José Aroldo Gallassini explica a importância de os cooperados cumprirem os contratos

A modalidade de contratos de venda antecipada cresceu nos últimos anos. É uma das opções oferecidas pela Coamo para que os cooperados possam comercializar as suas safras. José Aroldo Gallassini comenta que a modalidade é bem aceita pelo quadro social e os volumes de comercialização por meio de contratos antecipados são altos. Para esta safra que está sendo colhida, foram comercializados 36 milhões de sacas de soja.

O presidente da Coamo explica que quando a Coamo lança a campanha de insumo já é possível fazer os contratos, já que o associado terá o seu custo de produção. “Quando lançamos a campanha, no ano passado, o custo era de R$ 35,00 a saca de soja para uma produtividade média de 150 sacas por alqueire. O contrato era para R$ 89,00. Era um grande preço em relação ao custo de produção. O limite por cooperado era de 80 sacas por alqueires, e alguns até insistiam para que fosse 100 sacas. Ocorre que o preço subiu de forma acelerada e tem cooperado perguntando se é obrigado cumprir com o contrato e entregar a soja para a Coamo. Para quem pensa assim, eu recomendo: não deixe de cumprir contrato”, assinala Gallassini.

Ele explica que quando o cooperado faz o contrato, a Coamo comercializa a soja com outras empresas precisa entregar o produto para cumprir o acordo. “Em função da pandemia, da crise econômica, o dólar disparou. O grande responsável pelo aumento de preço da soja, inicialmente, foi o dólar que chegou perto de R$ 6,00. Ninguém esperava por isso, não tinha como prever um aumento tão grande no valor”, afirma Gallassini.

O presidente ressalta que o assunto é sério e merece atenção dos cooperados. “Se a tentativa de cancelar o contrato ocorrer, poderá causar grandes problemas e quem mais vai perder é o cooperado, porque poderá ser executado judicialmente. Pela lei e pelo estatuto, ele [o cooperado] será excluído do quadro social e perderá crédito. São uma série de prejuízos, que não valem a pena. O cooperado não vendeu tudo. Foram 36 milhões de uma previsão de 100 milhões de sacas, que é a previsão de recebimento da Coamo. Então, tem soja ainda para vender e fazer uma boa média”, destaca.

Comercialização, oportunidade de bons negócios

Soja

A pressão de colheita da safra da América do Sul com grandes estoques de passagem dos EUA foi ofuscada pela pandemia que causou desvalorização cambial e, também, pelo apetite chinês por soja para suprir a necessidade do rebanho de suínos que se recompôs após a peste suína africana. No segundo semestre ainda teve como componentes altista a liquidez dos fundos que investiram em commodities agrícolas e a seca durante o plantio da soja sulamericana. Não menos importante foram os auxílios emergenciais dados por vários países, que fizeram com que aumentasse o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, a demanda.

Para o primeiro semestre, baixos estoques de passagem nos EUA, fundos com grandes posições compradas em commodities agrícolas, percentual da safra brasileira a ser colhida já comercializada em níveis recordes (55%), produtores capitalizados e forte demanda chinesa, devem manter os preços em níveis historicamente altos. Já no segundo semestre, com a entrada da safra norte americana, e recomposição e seus estoques, a situação de preço deve ser mais baixa.

Pontos que merecem atenção e podem pressionar os preços para baixo: valorização do real frente ao dólar, demanda chinesa por carne importada menor, podem derrubar a demanda da indústria global de carnes e, consequentemente, reduzir a demanda de soja para ração, e o fim do auxílio emergencial pode derrubar o poder de compra dos consumidores e a demanda.

Milho

O primeiro semestre foi marcado pela alta em função da quebra da safra de verão (Rio Grande do Sul com quebra de 41% frente a 2019), forte desvalorização cambial e mercado nacional de carnes com forte demanda. Apesar de uma boa segunda safra de milho, além dos fatores altistas do primeiro semestre, houve aumento nos preços em dólar, seja pela demanda chinesa de seu setor de carnes que se recuperou da peste suína africana (PSA) ou pela injeção de estímulo fiscal americano com a impressão de dólar. Tanto mercado interno quanto exportação foram fortes demandantes pelo milho brasileiro, o que fez o milho atingir preços recordes.

O aperto na oferta no Brasil continuará dando suporte aos preços no primeiro semestre até a entrada da safra de inverno, o que fará o preço do milho ficar mais próximo da paridade de importação do que de exportação e tendo agora como suporte adicional a seca no RS e SC afetando a safra verão. A possibilidade de importação de milho (por hora dos EUA, porque Argentina está restringindo oferta para controlar inflação).

Pontos de atenção: setor de carnes já sente desaceleração da demanda da China e há risco de desaquecimento da demanda interna por carnes em função do fim do auxílio emergencial, o que pode impor dificuldades financeiras aos produtores. Valorização do real pode baixar os preços do milho.

Já para o segundo semestre, em se tendo uma segunda safra com produtividades normais, os preços devem baixar para a paridade de exportação. Forte liquidez de dólares pode valorizar o real, mas o contrabalanço virá do aumento em dólares do milho, como tem ocorrido neste início de ano.

Trigo

A quebra na safra 2019 de trigo fez com que aumentasse a necessidade de importação no primeiro semestre de 2020. Porém, com baixa disponibilidade da Argentina e desvalorização cambial, o Brasil zerou a TEC para importação de trigo fora do Mercosul. A colheita da safra no segundo semestre não baixou os preços como se era esperado em função dos aumentos no trigo internacional e continuação da desvalorização do real. O aumento nos preços só não foi maior porque moinhos não conseguiram repassar os valores ao consumidor final e, portanto, seguem reticentes em compras alongadas.

O preço do trigo deve permanecer firme até a entrada da nova safra, acompanhando a paridade de importação. A colheita da nova safra tende a pressionar os preços ainda mais abaixo da paridade de importação. Com a safra Argentina menor, o Brasil deverá substitui-la por outras fontes, já que o governo zerou a TEC para 450 mil toneladas até novembro de 2021 e pode renová-la.

A casa do cooperado

Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo

Airton Galinari está há um ano à frente da diretoria Executiva da Coamo. Ele assumiu o cargo de diretor executivo após mudança no modelo de governança da cooperativa, aprovado na Assembleia Geral em 2020.

Ele agradece em nome dos diretores e funcionários o apoio neste primeiro ano da gestão e reconhece a contribuição diária de José Aroldo Gallassini com sua experiência e carisma junto ao quadro social. “Agradeço, principalmente, ao quadro social, nossos cooperados, pela sua participação na Coamo, que é a sua cooperativa.”

Galinari diz que o compromisso da diretoria Executiva é com a missão da Coamo e as diretrizes do Conselho de Administração. “Todas as ações são exclusivamente preparadas para entregar o melhor resultado ao cooperado. Uma cooperativa forte reverterá, cada vez mais, os resultados para seus associados.”

O presidente Executivo lembra que a Coamo oferece algo inédito no mundo para seus cooperados que são: assistência técnica de ponta, produtos e serviços de qualidade e no momento certo, instalações operacionais modernas, acesso a mercados que sozinhos seria impossível, comercialização dinâmica e versátil, logística eficiente, crédito e, principalmente, segurança. “O cooperado negocia dentro da sua cooperativa há 50 anos, portanto sabe que pode confiar. A Coamo é a extensão da sua casa, onde ele é acolhido por pessoas que o respeitam e o tratam como ele merece. Além disso distribui as sobras. Isso numa empresa mercantilista normalmente iria para sua matriz, que muitas a sede nem é no Brasil. Aqui não, esse resultado volta para o cooperado e para a sua região, levando progresso e desenvolvimento.”

Credicoamo, braço financeiro dos cooperados

Alcir José Goldoni, presidente Executivo da Credicoamo

A mudança no modelode governança, também, ocorreu na Credicoamo. Alcir José Goldoni assumiu a presidência Executiva da cooperativa de crédito dos cooperados da Coamo. “Quero agradecer a equipe de funcionários e diretores que tem ajudado na missão de transformar a cooperativa de crédito dos associados da Coamo, a Credicoamo, na melhor opção financeira para os cooperados”, salienta. “Agradecer, também, o presidente do Conselho de Administração, José Aroldo Gallassini, que tem nos ajudado com sua experiência e conhecimento no dia a dia”, acrescenta.

Goldoni destaca que o trabalho da Credicoamo é com foco no cooperado, atendendo as necessidades para que ele possa desenvolver da melhor maneira possível as atividades agrícolas. “O quadro social acredita nesse modelo de gestão e participa ativamente na sua cooperativa. Tivemos um ano com expressivo crescimento, mesmo com algumas restrições devido a pandemia. Os cooperados entenderam que tudo o que foi feito foi para o bem deles.”

O cooperativismo, segundo Goldoni, é um dos melhores sistemas de distribuição de renda, desenvolvimento e crescimento de uma região. “Sentimos que nessa pandemia o setor cooperativista, e no nosso caso o agropecuário e de crédito, trouxe importantes benefícios aos cooperados. Se a história mostra que as cooperativas surgiram em cima de uma necessidade, podemos concluir que a cooperativa é a filha da necessidade e a mãe das soluções. Nós, tanto Coamo quanto Credicoamo, temos o foco voltado para suprir as necessidades do cooperado”, observa Goldoni.

Ele acrescenta que gerando renda para os associados, a região que ele está inserido se desenvolve e melhora o bem-estar da família e ao redor. “É um trabalho em conjunto e a somatória dos serviços e benefícios da Credicoamo e da Coamo proporcionam resultados e crescimento aos cooperados. Assim, a soma das atividades, das ações diárias fez com que chegássemos ao final do ano com um diferencial muito grande.”

Momento técnico: custo de produção e reestruturação veterinária

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo

O gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, repassou na reunião o custo de produção das principais culturas cultivadas pelos cooperados. O objetivo é que os agricultores possam ter referência e tomar a melhor decisão.

Sumiya apresentou, também, uma nova reestruturação na área veterinária para ampliar o atendimento aos cooperados. Para isso será contratado mais nove médicos veterinários e 15 técnicos agrícolas, para atuarem como assistentes técnicos aos veterinários. A reestruturação está em andamento nas unidades de Altamira do Paraná, Campo Mourão, Manoel Ribas, Palmital e Roncador. No final de 2021, a expectativa é que a área terá 49 profissionais, sendo 34 médicos veterinários e 15 técnicos agrícolas.

A área técnica da Coamo conta atualmente com 272 engenheiros agrônomos em campo e dois técnicos agrícolas, atuando na parte agronômica. A cooperativa tem um total de 307 profissionais focados na assistência técnica e veterinária nas unidades. Somando toda a gerência, Fazenda Experimental e reflorestamento são 321 profissionais atentos a parte agrícola e pecuária.

A cigarrinha do milho foi outro assunto apresentado pelo gerente de Assistência Técnica. O assunto, já abordado em reuniões e dias de campo, preocupa porque é um vetor e que transmite doenças e isso tem uma dificuldade ainda maior de controle. “Estamos presenciando um aumento desse inseto na área de ação da Coamo. Nosso trabalho é para encontrar a melhor maneira de manejo para essa praga, seja na cultura de verão ou de segunda safra. Essa preocupação já vem de longo tempo. No final de 2018 identificamos a praga em algumas lavouras de verão, e em 2019, abordamos pela primeira vez o assunto em um encontro de cooperados na Fazenda Experimental.”

Cooperativismo em pauta com programas de desenvolvimento

José Ricardo Pedron Romani, assessor de Cooperativismo da Coamo

O assessor de Cooperativismo, José Ricardo Pedron Romani, falou sobre os benefícios da Coamo aos associados. Ele destacou a importância da participação na cooperativa e apresentou as ações desenvolvidas com os programas Coamo + Cooperativismo.

“Entre as ações está a Reunião de Campo, que tem o objetivo de ser o elo de comunicação entre a Coamo e o cooperado. Outra ação são os Comitês Educativos. Já temos 50 instalados ou em processo de instalação, e o nosso objetivo é todos os entrepostos terem o seu comitê.”

O Jovem Líder Cooperativista formou a 24ª turma em 2020. Devido a pandemia, o programa foi realizado na modalidade EAD. “Já estamos organizando a 25ª turma para 2021 que deve ser no formato híbrido, parte virtual e presencial.” Outros programas são: Coamo + Gestão, Coamo + Mulher, Coamo + Tecnologia e o Coamo + Social.

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