Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 543 | Fevereiro de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE COOPERADOS

TECNOLOGIAS VALIDADAS

Entre os dias 29 de janeiro e 02 de fevereiro, foi realizada a 36ª edição do Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental de Campo Mourão (PR)

José Aroldo Gallassini

Airton Galinari

Aquiles Dias

Marcelo Sumiya

Desenvolver técnicas, validar novas tecnologias e difundir conhecimento. Estes são os objetivos da Fazenda Experimental da Coamo, que há 49 anos aprimora e disponibiliza para o quadro social as principais soluções práticas e tecnológicas utilizadas no campo. E uma das melhores formas de transmitir essas informações é por meio dos encontros de cooperados, tradicionais eventos realizados pela Coamo para apresentar as tendências e novidades do setor produtivo. 

Entre os dias 29 de janeiro e 02 de fevereiro, foi realizada a 36ª edição do Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental de Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), onde mais de 4,5 mil cooperados acompanharam oito estações de pesquisa preparadas para o evento deste ano. “A Coamo tem esse objetivo de preparar o quadro social, então por isso são feitos todos esses estudos para que o cooperado esteja sempre bem instruído e agregando valor nas atividades”, complementa o presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini.

A 36ª edição do Encontro de Cooperados contou com um grande público durante os cinco dias de evento e teve a participação maciça de mulheres e jovens, que abriram espaços em suas agendas para adquirir novos conhecimentos. “Isso nos deixa feliz, porque demonstra a credibilidade do evento e mostra que o que estamos trazendo é relevante para o quadro social, que o cooperado acredita no trabalho realizado pela cooperativa”, afirma o presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari. 

O diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, destaca que o cenário climático adverso observado na atual safra de verão reforça a importância dos cooperados participarem dos eventos técnicos promovidos pela Coamo. “São em momentos como este que o agricultor precisa apresentar o seu profissionalismo e utilizar toda a tecnologia disponível para melhorar a sua produtividade, diminuir os custos de produção e passar por essa fase difícil que estamos vivendo”, salienta. 

O gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, comenta que os eventos técnicos da cooperativa, como os dias de campo e encontros na Fazenda Experimental, têm o objetivo de auxiliar o quadro social na tomada de decisões, estimulando um olhar mais técnico dos cooperados em suas atividades. “É uma oportunidade muito grande de aprendizado. Para o evento, nós reunimos os principais temas ligados às culturas da estação, avaliamos quais são as principais dores dos produtores e, junto dos nossos parceiros, técnicos e entidades de pesquisa, apresentamos as ações e soluções mais adequadas para a realidade dos cooperados”. 

De acordo com o coordenador da Fazenda Experimental de Campo Mourão, João Carlos Bonani, o Encontro de Cooperados começa a ser preparado com meses de antecedência, quando são elencados os temas mais relevantes de cada ciclo junto aos técnicos e agrônomos da cooperativa. “Conforme vai chegando o evento, vamos afunilando os temas e definimos os assuntos mais importantes não só durante a safra vigente, mas também para a próxima safra, pensando no formato de sistema de produção dentro da propriedade dos cooperados”, detalha o coordenador. 

O suporte técnico prestado pela Coamo é reconhecido e eventos como os encontros realizados na Fazenda Experimental ilustram esse reconhecimento. Para o chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Lima Nepomuceno, a integração entre ciência, tecnologia e informação, perceptível no Encontro de Cooperados, potencializa a agricultura nacional. “Se hoje o Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo, se somos essa potência na produção de alimentos, tudo isso se deve à importância da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico no campo. Ficamos felizes em fazer parte dessa história e de contribuir com a difusão de conhecimento junto à Coamo e seus cooperados”. 

Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, também esteve presente no evento e ressaltou a importância do suporte técnico prestado pela cooperativa. “Em 53 anos de história, a Coamo sempre manteve uma essência inovadora, mas sem abrir mão de atender a sua base, que são os cooperados. O trabalho que acompanhamos aqui na Fazenda Experimental deve ser sempre elogiado, pois leva aos produtores o conhecimento necessário sobre soluções, máquinas, equipamentos, genética, implementos e todo o tipo de insumo utilizado no campo”.

 

João Carlos Bonani

Alexandre Nepomuceno

Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná

Ácaros, Tripes, Pulgões e Cigarrinha do Milho:

identificação e alternativas de controle

A agricultura enfrenta a cada ciclo uma extensa lista de pragas. Algumas minúsculas, mas capazes de causar danos significativos e perdas na produção. No Encontro de Cooperados, foram focadas quatro principais, sendo duas associadas à cultura da soja, tripes e ácaros, e duas à cultura do milho, pulgões e a cigarrinha. 

De acordo com o engenheiro agrônomo, Lucas Gouvêa Vilela Esperandino, coordenador de Suporte Técnico da gerência de Assistência Técnica da Coamo, as pragas eram consideradas secundárias, mas vem ganhando importância no sistema de produção. Ele explica que no caso das tripes, existem dois gêneros mais relevantes, Caliothrips e Frankliniella, sendo que o último é responsável pela transmissão de viroses para as plantas. “Essas viroses resultam em redução do porte e encarquilha mento das folhas, pois os insetos se alimentam da seiva. Isso reduz a área fotossintética e, consequentemente, a produtividade”, comenta.

Os ácaros, segundo o agrônomo, vêm ganhando importância ao longo dos anos. Destacam- -se quatro espécies principais que afetam a soja, com ênfase no ácaro rajado, que é visível devido a suas teias nas ponteiras das plantas, e o branco, que tem sido emergente nas últimas safras. “Tanto tripes quanto ácaros são pragas recorrentes em anos de estresse hídrico. Elas costumam aparecer nesses períodos e merecem atenção dos cooperados”, comenta Lucas. 

Na estação, foram apresentadas estratégias de manejo com diversas opções que fazem parte do portfólio de produtos da Coamo. “É necessário traçar algumas estratégias de controle. Acompanhar o desenvolvimento das lavouras e monitorar possíveis aparecimentos dessas pragas ajudam a reduzir os danos”, reitera. 

Luis Eduardo de Oliveira (Boa Esperança), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão), Giolvar Rombaldi (Abelardo Luz) e Gustavo Placido Rosa (Palmas)

Cristiane Muller, da Corteva

 

Para a cultura do milho, a preocupação é com os pulgões, principalmente, o verde das gramíneas e o amarelo da cana-de-açúcar. Identificar e monitorar a entrada deles nas lavouras é crucial para evitar problemas, já que podem causar danos significativos às espigas de milho, resultando em menor produção. 

A cigarrinha do milho é outro inseto que merece atenção. Lucas observa que assuntos relacionados ao inseto já foram apresentados em eventos anteriores. “Incentivamos os cooperados a adotarem diversas estratégias de manejo, como o uso de híbridos mais tolerantes, rotação de culturas e a utilização de métodos químicos e biológicos. A Assistência Técnica da Coamo está preparada para recomendar a melhor estratégia de controle para cada situação”, diz. 

De acordo com a entomóloga, Cristiane Muller, líder de pesquisa de inseticidas da Corteva para a América Latina, pragas que antes não eram tão evidenciadas, hoje se tornam mais visíveis, devido à dinâmica do ambiente e ao uso das tecnologias existentes. “São insetos pequenos, então é importante lembrar que a base do manejo é o monitoramento. Os produtores devem utilizar uma lupa para examinar as plantas, verificando a parte inferior das folhas, onde essas pragas costumam se alojar. Isso permite identificar e agir antes que a população cresça a ponto de causar danos significativos à plantação”, ressalta.

Quanto aos métodos de controle, existem várias opções disponíveis, principalmente, produtos químicos que apresentam boa eficácia para o controle dessas pragas. A Coamo disponibiliza aos cooperados para que ele possa escolher o mais adequado. “É preciso considerar que alguns insetos, como os tripes e ácaros, têm fases do ciclo de vida que não são afetadas pelos produtos químicos, o que destaca a importância do monitoramento contínuo e, quando necessário, da aplicação sequencial para interromper o ciclo reprodutivo e reduzir a população.” 

Segundo a entomóloga, é fundamental a utilização de práticas como rotação de culturas e uso de cobertura vegetal. “A rotação de culturas contribui para o controle de pragas como a cigarrinha, que se alimenta de várias plantas, mas se reproduz principalmente no milho. Portanto, eliminar as plantas hospedeiras, como o milho voluntário, pode reduzir significativamente a população de cigarrinhas”, diz. 

Cristiane ressalta que em termos de danos econômicos, estudos mostram que pragas como ácaros e tripes podem causar perdas de produtividade significativas. “Pequenos insetos, mas com grande potencial de causar danos. Portanto, é crucial manter uma vigilância constante sobre essas pragas e implementar medidas de controle eficazes para proteger as plantações e garantir a rentabilidade da atividade agrícola.”

Como preparar a planta de soja para situações de estresse

Durante o ciclo da soja, diversos fatores podem afetar as plantas e causar perdas de produtividade, tanto de natureza abiótica, com as temperaturas, umidade, radiação solar, etc., quanto biótica, que são as pragas, doenças, nematoides, etc. Todos esses elementos têm o potencial de reduzir a produtividade da cultura.

Marcos Vinicios Garbiate, coordenador da Fazenda Experimental da Coamo no Mato Grosso do Sul, afirma que é possível minimizar os efeitos dos estresses para alcançar produtividades mais estáveis. “O estresse tem se tornado mais 

presente a cada safra, seja devido a condições de déficit hídrico, nebulosidade ou altas temperaturas. É preciso melhorar o sistema produtivo para que a lavoura se desenvolva da melhor maneira possível”, comenta. 

O agrônomo ressalta que o clima não é o único causador de estresse. Pragas, plantas daninhas e doenças também são motivos de preocupação. “São fatores estressantes que precisamos gerenciar para evitar danos e redução do potencial produtivo. Existem ferramentas que podem ser utilizadas, desde fungicidas e herbicidas até produtos nutricionais que preparam a planta para enfrentar as condições adversas”, destaca. 

Marcos Paulo da Silva 

Iretama (PR)

Há sempre novidades e isso é digno de elogio. Vemos muitas variedades e técnicas de manejo diferenciadas, e o mais importante para nós é levarmos isso para o campo. Saí da minha rotina para conhecer as novidades que estão surgindo. Estamos sempre atualizados, principalmente quando se trata do estresse hídrico que enfrentamos a cada ano.

Henrique Trentim Rosina 

Xanxerê (SC)

Adquiri conhecimento que complementa os estudos que faço na faculdade de agronomia. É uma oportunidade de unir teoria e prática, o que é excelente para o meu trabalho. Aprendi sobre as variedades e como elas se comportam em diversos tipos de solo. Valeu a pena sair de Xanxerê para participar em Campo Mourão.

Marcos salienta que a agricultura está, cada vez, mais integrada, entre as culturas de verão e inverno, e é importante pensar no sistema como um todo. “A rotação de culturas é muito importante, também, nesse contexto. Diversificar o ambiente de produção tem gerado bons resultados”. Ele cita como exemplo um trabalho na Fazenda Experimental que já está em seu quarto ano, onde são avaliadas diferentes culturas para diversificar os sistemas de produção. “Os resultados são positivos, demonstrando o impacto da diversificação na produtividade. Devem ser considerados os fatores do solo, como aspectos químicos, físicos e biológicos, que influenciam diretamente a planta. Quando essas questões são bem trabalhadas na propriedade, a lavoura consegue tolerar melhor o estresse. Também temos focado em potencializar o aspecto fisiológico da planta, utilizando hormônios e nutrientes específicos que ajudam a planta a enfrentar essas condições”, conclui o agrônomo.

Elias Roveda (Juranda), Marlon de Barros (Peabiru), Marcos Vinicios Garbiate (Dourados) e Juliano Seganfredo (Engenheiro Beltrão)

Como escolher o herbicida pré-emergente

O cenário de plantas daninhas é um tema de extrema importância que é tratado todos os anos nos Encontros de Cooperados. Nessa edição, o assunto principal foi a escolha do herbicida pré-emergente. De acordo com o engenheiro-agrônomo da Coamo Itamar Leandro Suss, o caso mais recente de planta daninha resistente registrado na região da cooperativa, foi o picão preto, e a utilização dos herbicidas pré-emergentes são uma ferramenta fundamental para o controle dessa praga. 

O manejo que a pesquisa mostra ser o mais eficiente para controle das plantas daninhas são os já conhecidos pelos produtores desde a década de 1980, onde eram utilizados produtos isolados. A estação mostrou esse histórico e a evolução das ferramentas e formas de uso, além de uma comparação de como foi a evolução dos próprios produtos para emergentes, que eram misturas simples.

Isaias Batista de Oliveira 

Marilândia do Sul (PR)

É um evento excelente para os produtores. Podemos ver na prática as novas tecnologias e aprendemos muito. É ótimo ver essas novidades sendo aplicadas, o que facilita sua adoção em nossas propriedades. Discutimos como aplicar o que vemos aqui e compartilhamos com outros produtores.

Gabriela Thais Zottis Vieira

Toledo (PR) 

Foi uma oportunidade para o contato com a pesquisa. A Coamo mantém os cooperados atualizados com o cenário atual de cada safra e da atividade no campo. Para nós, jovens, é importante adquirir esse conhecimento, e para aqueles que têm muitos anos de experiência na lavoura, o aprendizado contínuo é fundamental.

“Mostramos diversos cenários que acontecem no campo. Implantamos em vasos, situações do dia a dia do produtor, com diferentes tipos de solo e produtos recomendados. O herbicida utilizado no solo argiloso, se for aplicado no solo arenoso, apresenta diferenças. A dosagem, a cultivar, as moléculas, ter palha no sistema ou não, tudo isso interfere no resultado do pré-emergente.”

Outro ponto observado foi o intervalo de aplicação antes ou depois da chuva. Segundo Itamar, o ideal é aplicar o pré-emergente logo na sequência para ter a umidade adequada e ativar o produto no solo. Também foi exemplificado cenários de competição da planta daninha com a cultura, do campo soja, com aplicação de pré-emergente. “Fica evidente essa diferença da mato-competição inicial que acontece onde o produtor não usa o pré-emergente. Muitas vezes a planta daninha já nasce antes que a própria cultura, tanto para a soja como para o milho, e o objetivo foi mostrar ao produtor que o herbicida é uma ferramenta indispensável. Ela faz parte de um sistema de manejo com a necessidade de rotação de princípios ativos e mecanismos de ação para não ficar tudo a cargo do glifosato.” 

O pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas afirma que os pré-emergentes são essenciais na agricultura. “Há anos, eram utilizados só os pré- -emergentes. Aí depois veio a fase dos pós-emergentes e dos pré-só com glifosato, e agora estamos retomando, junto com os pós e os transgênicos. Esse manejo é muito importante, principalmente nas plantas daninhas resistentes ao glifosato.”

De acordo com Adegas, as plantas daninhas são o segundo maior problema nos Estados Unidos, o primeiro da Argentina, na Austrália, e no Paraguai, e está entre os três principais no Brasil. “O cenário está se agravando. Temos que discutir esses assuntos e o pré-emergente é uma das boas ferramentas para lidar com esse problema.”

Para Rubem Silvério de Oliveira, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), a planta daninha sempre foi e sempre será um problema de manejo de plantação do produtor, que precisa utilizar ferramentas para priorizar a cultura. “Por mais que apareçam herbicidas e novas ferramentas, a linha básica de raciocínio é fazer qualquer coisa que estiver ao alcance para que o mato não saia na frente da cultura. O pré-emergente é uma dessas ferramentas importantes em função principalmente dos problemas de resistência com o glifosato e com outros herbicidas.”

Robinson Osipe, professor e pesquisador da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), afirma que o cenário de plantas resistentes a herbicidas tem se agravado nos últimos anos. Várias espécies têm apresentado algum tipo de resistência aos mais diversos grupos de herbicidas. “Já temos mais de 15 plantas que o glifosato e os herbicidas clássicos não controlam. A ação mais racional seria a adoção do pré-emergente, que significa um custo maior. Porém, a forma mais segura dele reduzir o avanço da resistência é reduzir a mato-competição, aderindo ao herbicida pré-emergente, que é imprescindível para diminuir o avanço e reduzir o custo do manejo das plantas daninhas resistentes.” 

Jean Roger da Silva Frez (Barbosa Ferraz), Itamar Leandro Suss (Campo Mourão), Edson Carlos dos Santos (Campo Mourão) e Alex Antonio Ribeiro (Reserva)

Fernando Adegas, da Embrapa Soja

Robinson Osipe, da UENP

Rubem Silvério de Oliveira, da UEM

Beno Liebich 

Itaporã (MS)

Participo há vários anos dos encontros. É gratifi cante para o agricultor aprender novas tecnologias. É um dia de trabalho onde podemos aprender mais para aplicar em nossa lavoura, mesmo que a realidade seja um pouco diferente da nossa. Conseguimos aproveitar bem todas as informações repassadas."

Maria Andreia Olivieri Casado Gomes 

Araruna (PR)

Da última vez que vim, houve uma grande melhoria e eu adorei. Chamou a atenção, a produção de soja. O cultivo, como manejar e as aplicações. Muitos dos assuntos apresentados podem ser aplicados, especialmente em relação aos defensivos agrícolas e como eles são utilizados na terra. 

Entendendo a tecnologia de aplicação

A tecnologia de aplicação infl uencia diretamente na efi ciência dos produtos utilizados para o controle de pragas e doenças. Uma das estações do Encontro de Cooperados abordou dois parâmetros da tecnologia de aplicação: escolha da ponta de pulverização e do volume de calda. De acordo com o engenheiro-agrônomo Victor Hugo de Moura, da Coamo em Engenheiro Beltrão, quando se faz a escolha de maneira bem-feita, há uma cobertura boa e o alvo é acertado de maneira mais eficiente. “A principal dificuldade dos cooperados é na escolha de bicos devido a quantidade de modelos existentes no mercado. Se escolher bem a tecnologia

de aplicação, pode evitar vários problemas, como deriva e cobertura de gotas no alvo. Isso resulta em melhor eficiência dos produtos.”

O pesquisador Rodolfo Checheto, da Agroefetiva, afirma que a tecnologia da aplicação é tão importante quanto as outras rotinas. “Se a gente parar para pensar em todas as manutenções e operações das máquinas, o pulverizador é um dos equipamentos mais importantes a serem feitos manutenções, pelo número de entradas que ele dá durante a safra, até oito vezes, dependendo do ciclo.”

Thiago Bertolini 

Pitanga (PR) 

É importante planejar cada safra e utilizar as tecnologias disponíveis para melhorar a produtividade. Com o encontro, mantemos atualizados para enfrentarmos os desafi os. O evento é essencial para os agricultores se prepararem para situações adversas e aproveitarem as ferramentas disponíveis.

Toany dos Santos Carretas 

São João do Ivaí (PR)

As novidades apresentadas no encontro ajudam a melhorar a nossa atividade. Sempre há espaço para melhorias naquilo que fazemos. Saímos do evento aprendendo algo novo, e isso é muito importante. É a oportunidade, também, de conversarmos com os pesquisadores para apresentar e tirar nossas dúvidas.

Foram realizadas dinâmicas para aumentar o entendimento sobre a aplicação, como por exemplo, escolher uma ponta de pulverização, quais os modelos, porque cada um é posicionado para um tipo de operação, assim como a tomada de decisão para uma troca por desgaste ou qualquer problema que tenha com as pontas. A escolha sobre a taxa de aplicação também foi discutida. 

Segundo Checheto, a tecnologia da aplicação é difícil porque envolve muitos parâmetros para serem analisados. “A dificuldade é exatamente no controle. Por exemplo, se escolhemos uma ponta de pulverização com tamanho de gota fina, será que posso trabalhar com todos os pontos das pulverizações? Ou se o produtor usa uma ponta que gera a gota fi na para um fungicida, ela não é posicionada para um herbicida. Então a gente tem que trazer para os cooperados essa mudança”, afirma o pesquisador. 

A taxa de aplicação foi um tema amplamente discutido no encontro. De acordo com Checheto, há uma pressão muito grande para redução da taxa de aplicação pela questão do ganho do rendimento operacional. “É um caminho que os operadores seguem para ser mais rápido e mais dinâmico. A aplicação, porém, traz alguns pontos a serem observados. Quanto mais se reduz a taxa de aplicação, mais técnica a aplicação tem que ser.”

Fernando Daniel Negrini (Rancho Alegre do Oeste), Fabrício Gastoni Raizer Charneski (Brasilândia do Sul), Victor Hugo Matias Cangussu de Moura (Engenheiro Beltrão) e Jonatan Decol (Pitanga)

Rodolfo Checheto, da Agroefetiva

Critérios para escolha de cultivares de soja

Muitas vezes o produtor rural escolhe a cultivar de soja com base em apenas um critério, ou a opção por determinada variedade vem da experiência positiva que escutou de outro agricultor. Uma decisão que não pode ser simples assim. É preciso avaliar diversos critérios para escolher o material correto. Fatores como textura de solo, altitude, fertilidade, grupo de maturação, ciclo das cultivares, são importantes na definição da escolha das cultivares. 

Para orientar o cooperado nesse momento, o Encontro de Verão contou com a estação “Critérios para escolha de cultivares de soja”. “Orientamos o associado a se atentar para diversos aspectos, até mesmo a cultura sucessora que será implantada. Antes mesmo de definir a soja, é preciso saber qual será a cultura de inverno para que ele possa ser mais assertivo”, explica o engenheiro agrônomo Daniel Scremin Carneiro, da Coamo em Campo Mourão.

Diego Mário Boiani (Xanxerê), Eugenio Mateus Schleder Pawlina Junior (Roncador), Mayckon Roberto Pedreira (Iretama), André Felipe Della Colleta Mafra (Mamborê), Daniel Scremin Carneiro (Campo Mourão) e Andrei Henrique de Tomasi (Campo Mourão)

Conforme Daniel, outro ponto de atenção é o histórico do talhão. “Nunca é homogêneo. Sempre há variação de pragas, doenças e plantas daninhas. Existem diferentes biotecnologias que auxiliam no manejo dessas áreas. Tem cultivares que são tolerantes e resistentes a nematoides específicos. Então é muito importante conhecer todos esses fatores para minimizar os riscos que terá ao colocar o material. A busca é utilizar a cultivar mais adaptada a realidade que cada um tem”, enfatiza o engenheiro-agrônomo. 

A agricultura é um empreendimento a céu aberto. Um material que expressou muito potencial em um ano, poderá não expressar no outro, pois as condições climáticas sempre mudam. “Isso reforça a importância da diversidade. Não é porque uma variedade foi muito produtiva em um ano, que vamos jogar todas as fichas nela”, considera. Essa recomendação é válida para todo tamanho de propriedade. “Não importa se o associado tem cinco ou 500 alqueires, essa orientação é para todos. A ideia é expressar o máximo potencial produtivo e minimizar os riscos, e uma das formas é trabalhar com diferentes grupos de maturação”, reforça Daniel.

 
Influência da temperatura no desenvolvimento das cultivares de soja

A temperatura exerce importante influência no desenvolvimento da soja. Quando baixa, retarda o processo de germinação e diminui a taxa de crescimento da soja, enquanto o calor excessivo desidrata a planta, desencadeando processos que reduzem a produtividade. 

O engenheiro agrônomo da Coamo, Vinicius Francisco Albarello, da Coamo em Campo Mourão, observa que o primeiro fator a ser avaliado é o comportamento de cada cultivar no campo em relação aos estresses climáticos. Ele explica que na Fazenda Experimental foram plantadas soja em três épocas diferentes, e cada material foi posicionado conforme as orientações de seu obtentor para a região. “Foi possível avaliar como cada cultivar se comportou no campo, sua tolerância aos déficits hídricos ocorridos no final de dezembro e início de janeiro, e principalmente às altas temperaturas registradas”, comenta.

Alisson André Obal (Boa Ventura de São Roque), Eduardo Rodrigo Gibbert (Marilândia do Sul), Fabricio Bueno Corrêa (Campo Mourão) e Vinicius Francisco Albarello (Campo Mourão)

Segundo o agrônomo, os principais impactos observados foram o abortamento de vagens e flores, bem como uma redução no ciclo de desenvolvimento. Estes fenômenos foram os indicadores mais frequentes na safra de 23/24, resultando em um encurtamento no ciclo de pelo menos 15 a 20 dias devido às temperaturas elevadas, que forçaram a maturação precoce das plantas. “Diante desse cenário, estratégias como o escalonamento de plantio e a diversificação de cultivares são essenciais para minimizar os riscos e garantir uma produção mais estável ao longo da safra”, ressalta.

Quanto à biotecnologia, há diversas opções disponíveis. “É importante alinhar essas tecnologias com as necessidades específicas de cada propriedade, em conjunto com a assistência técnica da Coamo, para garantir os melhores resultados”, assinala. 

José Salvador Simonetto Foloni, pesquisador da Embrapa Soja, enfatiza a importância do posicionamento agronômico das cultivares de soja, levando em consideração a região na qual o produtor está localizado, o manejo e a fitossanidade. Outra questão importante, segundo o pesquisador, é o tipo de solo em que a cultivar será plantada. “Esses fatores são fundamentais na escolha da variedade. A fitossanidade também é crucial. Doenças radiculares, por exemplo, têm uma forte interação com a tolerância ao estresse hídrico. Quando 

ocorrem períodos de seca, cultivares suscetíveis a doenças radiculares sofrem perdas significativas de produtividade. Portanto, é desejável que a cultivar faça parte de um programa agronômico integrado, envolvendo ações de manejo, correção do solo, rotação de culturas e escolha de cultivares adaptadas às condições específicas.”

Dalbosco, da Fundação Meridional, recorda que foram apresentadas no Encontro de Cooperados, tecnologias e cultivares de soja adequadas às mudanças de temperatura ocorridas nos últimos anos. “Isso é alcançado por meio da seleção genética. Os pesquisadores conseguem selecionar genótipos que mantêm estabilidade mesmo diante de adversidades climáticas, como oscilações na temperatura, garantindo assim o potencial de produtividade.”

De acordo com Milton, essas pesquisas têm sido acompanhadas no campo e têm demonstrado resultados positivos. “Cada cultivar é posicionada com base na altitude e temperatura, permitindo escolhas adequadas para diferentes ambientes. Independentemente do ambiente local e das oscilações climáticas, as cultivares selecionadas mantêm seu potencial de produção, garantindo produtividade e rentabilidade.”

José Salvador Simonetto Foloni, pesquisador da Embrapa Soja

Milton Dalbosco, da Fundação Meridional

Desafios no manejo de doenças na cultura da soja

Entre as principais doenças da soja, em primeiro lugar está a ferrugem. “Tivemos um início de safra muito chuvoso e com surgimento de vários focos de ferrugem, fazendo com o cooperado ficasse mais atento aos manejos. A ferrugem ainda é a principal doença da soja, pois quando ela entra na lavoura o dano é muito grande”, reforça. 

Outra doença que vem entrando também na soja, é a mancha-alvo. “Estamos dando uma grande importância para essa doença, além das de final de ciclo que podem afetar diretamente as plantas e reduzir a produção.”

Com relação as doenças de início de ciclo, as principais são: septoriose e cercóspora. Novamente, um dos manejos é a palhada, pois são patógenos que estão em restos culturais esperando para se desenvolver. “A doença chega até a folha por meio do vento ou chuva. Esse patógeno espera a umidade perfeita e condição climática e acaba evoluindo. Para evitar essas doenças repito que a palhada é excelente. A rotação de culturas também elimina esses restos culturais e o manejo químico vem depois”, orienta o engenheiro-agrônomo. 

A pesquisadora Cláudia Vieira Godoy, da Embrapa Soja, alerta que o ano iniciou em alerta. “A ferrugem começou cedo. Nos monitoramentos, percebemos em novembro ela bem distribuída e temíamos uma epidemia de ferrugem. Mas, chegou dezembro, as temperaturas aumentaram e a chuva parou e isso freou a ferrugem e as doenças de uma forma geral. Contudo, o produtor rural precisa estar sempre atento. Cada ano é um ano, e poderíamos ter tido uma epidemia de ferrugem. “

Cláudia ressalta que esse foi o ano da palhada. “Foi um ano bem quente e a palhada protegeu o solo. Nas regiões que se têm um solo bem estruturado e com bastante palha, a soja sofreu bem menos.” Portanto, a pesquisadora reforça que o fungicida é a última ferramenta. “Tudo começa com a escolha da cultivar correta, um bom manejo de solo, bom espaçamento. Escolher um material com mais resistência a essas doenças, já vai ajudando o produtor no manejo.”

O pesquisador Maurício Conrado Meyer, da Embrapa Soja, destaca a importância, também, do mofo branco que gerou preocupação no início da safra devido à previsão do efeito do El Niño. “As expectativas não se concretizaram devido às temperaturas mais altas e à distribuição irregular das chuvas. Assim, pode-se afirmar que, até o momento, as doenças não representaram uma grande ameaça.”

Para o planejamento da próxima safra e os cuidados para manejar com o mofo branco, o pesquisador ressalta que é essencial o manejo integrado. “É necessário adotar práticas culturais adequadas. A presença de uma boa cobertura de palha de gramíneas contribui para a redução da incidência da doença. A palha atua como uma barreira física, impedindo a germinação dos escleródios e a dispersão dos esporos. Associado a essas práticas, os fungicidas químico e biológicos são importantes ferramentas para mitigar as perdas por mofo branco”, comenta.

Carlos Alberto Della Riva (Goioerê), Bruno Henrique Alves Garcia (Mamborê), Anderson Becker Furlanetto (Santa Maria do Oeste) e Marcelo Antonio Brocco (Cândido de Abreu)

Cláudia Vieira Godoy, da Embrapa Soja

Maurício Conrado Meyer, da Embrapa Soja

Manejo de nitrogênio na cultura da soja

Paulo Nedes de Souza Peres (Manoel Ribas), José Petruise Fereira Junior (Campo Mourão), André Felipe Petry (Luiziana) e Andrew Akihito Ouchita Gomes (Quarto Centenário)

Takeyoshi Inoue, da UEM

O nitrogênio é o elemento que a planta de soja mais utiliza para sua produção. O processo de fixação biológica de nitrogênio é a principal forma de fornecer N para a soja, por meio de bactérias específicas que fixam o N atmosférico e repassam para a soja. Desta forma deve-se inocular estas bactérias todos os anos na semente de soja ou via sulco de aplicação para se obter o benefício. Outro aspecto importante é sobre a coinoculação, onde se utilizam dois gêneros de bactéria para melhorar o desenvolvimento das plantas.

De acordo com o engenheiro-agrônomo, José Petruise Ferreira Júnior, da Coamo em Campo Mourão, o nitrogênio é considerado um nutriente essencial. “O nitrogênio é um nutriente do qual a cultura da soja exige em maior quantidade. De cada 1000 quilos de soja, são necessários 78 a 80 quilos do nutriente. Isso porque ela é responsável pela clorofila e faz parte do DNA da planta.”

Muitas vezes a soja é valorizada pelo teor de proteína, porque é por meio dela que o grão é comercializado. Cerca de 20% de todo o nitrogênio que a cultura da soja precisa, uma parte vem de fonte mineral, que é aquele colocado na fórmula utilizada na hora da implantação da cultura. E a outra parte vem da matéria orgânica. “Os 80% que a cultura exige vem de um processo conhecido como fixação biológica de nitrogênio (FBN), que é o tema principal da estação, onde explanamos a importância de fazer a inoculação”

Segundo Petruise, se fosse necessário utilizar na cultura da soja o nitrogênio que ela requer, resultaria em um custo a mais de aproximadamente R$ 1.755 por hectares. Isso fi caria inviável pelo custo do fertilizante. “Como buscamos rentabilidade ao cooperado, recomendamos uma tecnologia eficiente, com custo de quatro reais, de fazer uma dose por tratamento de cada semente para utilização num hectare. A fixação biológica do nitrogênio representa, portanto, cerca de 0,23% do custo total.”

O pesquisador Tadeu Takeyoshi Inoue, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) reafirma que a cultura da soja tem uma importância mundial pelo teor de proteína presente nos grãos, que é muito utilizado para ração animal, e dentre os nutrientes, o nitrogênio é o elemento mais demandado pela cultura. "Nós observamos que alguns microrganismos têm a capacidade de fixar nitrogênio e fornecer para a planta, a um valor irrisório, como um mecanismo que a gente chama de simbiose. Isso faz com que o custo do nitrogênio para produtores ou técnicos, seja quase que gratuito, viabilizando a cultura mundialmente."

Segundo o pesquisador, apesar dos produtores saberem da importância da fixação biológica para a cultura da soja, nem todos usam toda safra, muitas vezes por dificuldades operacionais. Mas também, pela rapidez que querem semear e vão deixando de lado esse manejo. Os eventos técnicos são de suma importância para relembrar o cooperado dessa ferramenta, fazendo com que o potencial de produtividade das culturas seja elevado a cada ano."

 

Exposição de máquinas, peças e produtos veterinários

Durante o encontro, foi realizada uma exposição de máquinas, peças e produtos veterinários, proporcionando aos cooperados a oportunidade de conhecer as novas tecnologias disponíveis e que podem ser implementadas e inseridas no dia a dia. A exposição foi realizada com as empresas parceiras da Coamo. Esse trabalho é fundamental para que a cooperativa possa oferecer aos cooperados as melhores soluções e tecnologias disponíveis no mercado, contribuindo assim para o aprimoramento do trabalho no campo e o aumento da produtividade.

 

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