Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 544 | Março de 2024 | Campo Mourão - Paraná

SAFRA DE VERÃO

ABAIXO DO ESPERADO

A safra de verão 2023/24 foi prejudicada pelo clima. A falta de chuva em alguns momentos e o excesso em outros, aliado ao calor excessivo em algumas regiões limitou a produção, diminuindo a renda dos cooperados

Tour da Safra é um projeto da assessoria de Comunicação da Coamo e tem como objetivo mostrar o cenário agrícola da safra de verão. Será apresentado o cenário agrícola nas regiões Centro-Oeste, Centro-Sul e Sudoeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Foi possível acompanhar colheitas, plantio e o desenvolvimento do milho segunda safra.

A produção agrícola é uma atividade ligada diretamente às condições climáticas e qualquer adversidade pode impactar diretamente no rendimento. Cada ciclo tem suas particularidades e nesta safra de verão que está sendo colhida não foi diferente. Em algumas regiões da área de ação da Coamo houve falta de chuva, enquanto em outras o excesso atrapalhou o plantio, os tratos culturais e a colheita. As altas temperaturas também causaram danos às lavouras e o resultado tem sido de produtividades abaixo do esperado. 

Na propriedade do cooperado Sady Marcondes Loureiro Neto, de Palmas (Sudoeste do Paraná), a safra foi desafiadora devido às condições climáticas. “Desde o plantio, enfrentamos índices pluviométricos significativos, o que atrasou nossa janela de plantio. Enfrentamos essas adversidades e as plantas se estabeleceram da melhor maneira possível. Agora, durante a colheita, o excesso de chuva está atrapalhando a produção do campo”, comenta. 

Sady Marcondes Loureiro Neto, de Palmas (PR), registrou redução de 12% na produtividade

Sady com o engenheiro agrônomo, Jean Cleber Morando, e o gerente José Sales Saraiva, da Coamo em Palmas

Ele revela que houve uma redução de 12% na produção. “No ano passado fechamos em 176 sacas por alqueire e nesta safra a produtividade média ficou em 155 por alqueire”. De acordo com Sady, não houve atraso na colheita influenciada diretamente pelo clima, mas sim pela forma escalonada como foi realizado o plantio. 

Conforme o cooperado, algumas ações estão sendo realizadas no sistema de produção para que os efeitos das adversidades climáticas sejam minimizados. “Não temos como controlar o clima, mas dentro da propriedade, podemos investir adequadamente para garantir que a cultura tenha o melhor potencial. Trabalhamos com culturas de inverno, como aveia e a integração lavoura-pecuária. Hoje em dia, o produtor está sempre pensando adiante, encerrando uma safra e planejando a próxima.” 

O engenheiro agrônomo, Jean Cleber Morando, da Coamo em Palmas, explica que a colheita na região está sendo escalonada, motivada pela chuva durante o plantio. “Tivemos problemas com a soja precoce, de ciclo curto, onde enfrentamos um volume de chuva muito acima das médias históricas. Para ter uma ideia, em outubro e novembro, choveu 1.100 milímetros, o que atrapalhou o desenvolvimento da cultura. Porém, a soja de ciclo médio e tardio teve um desenvolvimento melhor, devido a menor incidência de chuvas, permitindo um estabelecimento mais eficaz. A soja mais precoce teve uma produção um pouco abaixo do normal. Já a colhida em março, as produtividades se mostraram mais satisfatórias, em torno de 150 a 170 sacas por alqueire.”

Doacir Antonio Moccellin, de Coronel Vivida (PR): A chuva foi um grande desafi o nesta safra, causando problemas tanto pelo excesso quanto pela falta dela

Em Palmas a colheita é um pouco mais tardia em comparação com outras regiões onde a Coamo atua, podendo se prolongar até o final de abril ou início de maio. “Os trabalhos estão dentro do esperado. Até pensamos que poderia ser um pouco mais adiantado, mas está dentro da normalidade em comparação com outros anos.”

EM CORONEL VIVIDA (SUDOESTE DO PARANÁ), o cooperado Doacir Antonio Moccellin, reitera que houve dificuldade para o plantio da soja devido ao clima. "A chuva foi um grande desafio nesta safra, causando problemas tanto pelo excesso quanto pela falta dela. Agora, por exemplo, está atrapalhando a colheita, impedindo que as máquinas entrem nos campos. Colhemos de manhã e quando chega a tarde chove e tem que correr para guardar os maquinários. Foram casos bem distintos: primeiro o excesso impedindo o plantio, depois houve falta dela e agora está atrapalhando a parte operacional no campo”, comenta. 

Ele revela que as dificuldades durante o período do plantio ocorreram, principalmente, no final de outubro. "Foi uma safra desafiadora. A média de produção ficou em torno de 160 sacas por alqueire. Como sempre dizem, cada safra tem seus desafios. Este ano não foi diferente. A lição que aprendemos é de ter um solo bem-preparado e condições ideais de plantio. Outra lição foi a importância da estrutura de pulverização. Houve um surto de ferrugem que pegou muitos produtores desprevenidos, pois tivemos que entrar com fungicida mais cedo do que o habitual para evitar grandes perdas.” 

O engenheiro-agrônomo, Diego Scharan, da Coamo em Coronel Vivida, explica que nos meses de outubro e novembro choveu cerca de 800 milímetros. Já dezembro começou mais seco e quente, e essa condição persistiu durante todo o mês de janeiro, e agora, em fevereiro e março, as chuvas voltaram. “A falta de chuva impactou no rendimento das lavouras e o excesso nos tratos culturais e colheita.” 

Diego Scharan, agrônomo da Coamo em Coronel Vivida com o cooperado Doacir

Ele ressalta que o clima impactou tanto na produtividade quanto na parte operacional no campo. “Os produtores começavam a colher, mas logo vinha a chuva, sendo necessário paralisar a atividade. Essa dinâmica operacional atrasou a colheita este ano. Com isso, tivemos produtividades, desde altas até médias e baixas, oscilando de 80 a 180 sacas por alqueire.”

EM ABELARDO LUZ (OESTE DE SANTA CATARINA), o cooperado, Gilberto dos Passos Guimarães, diz que o início da safra foi um pouco complicado porque choveu bastante, mas assim que conseguiram implantar a lavoura, o tempo se normalizou. “Tivemos um bom resultado na colheita, não dá para se queixar. Algumas áreas foram afetadas por granizo, onde colhemos bem menos”, comenta o cooperado. “Esperávamos um resultado melhor, já que algumas áreas produziram até 200 sacas por alqueire enquanto outras, afetadas pelo granizo, renderam apenas 115 sacas. Nessas últimas áreas, a ferrugem também reduziu um pouco a produtividade”, reitera. 

Ele plantou cerca de 140 alqueires de soja. Contudo, segundo o cooperado a questão que mais preocupa é o mercado. “Colhemos o sufi ciente para pagar as contas. Inicialmente, a soja estava cotada a R$ 140,00 a saca. Mas, agora, durante a colheita, está em torno de R$ 105,00. Para equilibrar e ter um lucro, precisamos de uma boa produção, o que está um pouco difícil. Mas, vamos seguindo em frente”, diz. A chuva na colheita atrapalhou a operacionalização no campo. O cooperado ressalta que foi preciso ficar atento para não perder o tempo das lavouras. “Aos poucos fomos colhendo e retirando toda a soja”, frisa.

De acordo com o engenheiro agrônomo Arthur Aloysio Schwengber, da Coamo em Abelardo Luz, o trabalho com a colheita da soja foi complicado devido ao clima instável. “Os cooperados aproveitaram os momentos de sol para os trabalhos. A região é uma importante produtora de sementes e havia uma preocupação que afetasse a qualidade. O andamento da colheita foi melhorando e a produção é de semente de qualidade.”

Gilberto dos Passos Guimarães, de Abelardo Luz (SC): lavouras sofreram com excesso de chuva e granizo

Ele cita produtividades médias de 115 sacas por alqueire e outras acima de 200 sacas. “Tivemos uma média satisfatória para a região. Na safra passada, os resultados foram melhores, mas considerando tudo o que passamos durante esta safra, pode-se dizer que é um bom resultado.”

Engenheiro agrônomo Arthur Aloysio Schwengber com o cooperado Gilberto, em Abelardo Luz (SC)

Engenheiro agrônomo Davi Alves Valério com a cooperada Maria de Lourdes, em Guarapuava (PR)

EM GUARAPUAVA (CENTRO-SUL DO PARANÁ), a cooperada, Maria de Lourdes Scheidt Mader, teve uma produção acima do esperado, com médias que chegaram a 102 sacas por hectare. “Esse resultado é fruto de um trabalho que vem sendo planejado há vários anos. Preparamos toda a fazenda e escolhemos a melhor época para plantar. Apesar das condições climáticas adversas, o plantio foi realizado na janela ideal. Foram realizadas todas as pulverizações necessárias e investimos em todos os produtos necessários. Estamos colhendo os frutos desse trabalho bem-feito.” 

Na propriedade também foi cultivado milho. A cooperada diz que a produção foi abaixo de anos anteriores. “Ainda assim colhemos um resultado satisfatório dadas as condições climáticas desfavoráveis e outros desafios enfrentados como, por exemplo, problemas com cigarrinhas.” 

O engenheiro agrônomo Davi Alves Valério, da Coamo em Guarapuava, explica que no início do plantio, houve um período com excesso de chuvas, o que resultou em atrasos na semeadura. “Tivemos um trabalho escalonado e atrasos durante o desenvolvimento da cultura. Felizmente, houve uma distribuição regular de chuvas durante o desenvolvimento das lavouras. Porém, enfrentamos dificuldades para pulverizações, especialmente devido à pressão da ferrugem, um problema recorrente em nossa região. Apesar desses desafios, as colheitas  iniciais demonstram boas médias de produtividade.” O agrônomo acrescenta que houve médias de 80, 93 e até 102 sacas por hectare. “Os cooperados vêm investindo para obter uma boa safra de verão, que muitas vezes é a única do ano. O mérito é dos produtores que investem em correção de solo, atualizam-se quanto à eficiência de produtos e enfrentam desafios fitossanitários. O resultado positivo é fruto desse investimento”, assinala Davi.

Maria de Lourdes Scheidt Mader, de Guarapuava (PR): Boa produtividade na propriedade é resultado dos investimentos realizados ao longo dos anos

NO MATO GROSSO DO SUL, a safra foi marcada pelas altas temperaturas e houve oscilações de produtividade. O cooperado Deonizio Tironi, de Bandeirantes (Centro-Norte do Mato Grosso do Sul), revela que apesar do calor incomum ficou satisfeito com a produção. “Na nossa região, chove bem e compensou o excesso de calor. Tivemos uma boa produção, com uma média de mais de 80 sacas por hectare em uma área de 1500 hectares de plantio de soja”. 

Segundo Deonizio, a média é boa para o Mato Grosso do Sul. “Tivemos anos melhores, chegando até a 96 sacas por hectare no ano passado, mas ainda assim estamos satisfeitos. Ao longo dos anos, tenho investido cada vez mais para melhorar a produção. Faço avaliações anuais e ajusto conforme as análises e recomendações. Investimos para equilibrar o solo e em variedades de soja para obter melhores resultados”, diz.

Ele acrescenta que fez recentes investimentos em maquinários mais modernos para aproveitar os melhores momentos para o plantio, tratos culturais e colheita. 

O engenheiro-agrônomo, Ronaldo Lopes Costa, da Coamo em Bandeirantes, relata os desafios enfrentados durante esta safra, destacando principalmente as altas temperaturas. “Tivemos regiões com diferentes volumes de chuva, algumas mais favorecidas do que outras. No entanto, até o momento, a safra está progredindo bem, com boas produtividades. O plantio ocorreu desde o início de outubro até praticamente janeiro. Portanto, ainda temos um longo caminho pela frente nesta safra.” Ele revela que a colheita na região seguirá até meados de abril com médias de 55 a 60 sacas por hectare.

Deonizio Tironi, de Bandeirantes (MS): Chuvas amenizaram o forte calor na região

Deonizio Tironi com o engenheiro agrônomo Ronaldo Lopes Costa, e o gerente Renato Dziubate, da Coamo em Bandeirantes (MS)

Volmir Perin Meazza com o fi lho Luan, em Rio Brilhante (MS): período quente e falta de chuva reduziram a produtividade

EM RIO BRILHANTE (SUDESTE DE MATO GROSSO DO SUL), o cooperado Volmir Perin Meazza, finalizou a colheita ainda na primeira quinzena de março. Ele conta que a safra foi bastante desafiadora. “Foi um ano muito quente e faltou chuva. Colhemos bem abaixo da média que esperávamos, em torno de 40 a 45 sacas por hectare. Em áreas onde pegou um pouco mais de chuva, chegamos a 50 sacas por hectare, mas na outra, em torno de 32 sacas", revela e acrescenta que o investimento foi para colher 70 sacas por hectare, “Infelizmente, devido à falta de água, não foi possível atingir essa meta”, frisa.

Volmir conta que a parte deles está sendo realizada na propriedade, com investimentos que visam alcançar todo o potencial produtivo de cada lavoura. “Mas, dependemos do clima que não tem contribuído. Ainda temos que lidar com os preços baixos na hora da comercialização e custo alto para implantar a lavoura. Somos agricultores, estamos planejando a próxima safra de verão e temos o milho segunda safra já emergindo. Já temos uma nova safra vindo." 

O engenheiro-agrônomo Kaio Roberto Conceição Cardoso, da Coamo em Rio Brilhante, explica que a característica da região é plantar e colher mais cedo. “Tivemos chuva irregular. Isso refletiu nas produtividades, que variam de 35 a 70 sacas por hectare. Com a colheita finalizada o plantio do milho segue adiantado. Temos algumas áreas em estágio avançado, com algumas até próximas ao pendoamento, e outras regiões precisando de chuva, mas, no geral, o milho está se desenvolvendo bem." 

Ele comenta que a diferença em relação à safra passada é que as chuvas foram mais regulares e as temperaturas um pouco mais amenas. “Este ano, tivemos muitas semanas com temperaturas altas, chegando a picos de 41, 42°C. Em vários períodos, houve até 15 dias sem chuva, o que afetou o enchimento dos grãos e, consequentemente, a produtividade das lavouras."

Volmir Perin Meazza com o fi lho Luan e o engenheiro agrônomo, Kaio Roberto Conceição Cardoso, e o gerente, Geraldo Biazim, da Coamo Rio Brilhante (MS)
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