Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 548 | Julho de 2024 | Campo Mourão - Paraná

UNIÃO E PARCERIA

Rancho dos ‘Quati’ e o cooperativismo raiz

Família Pedroso e Araújo, de Candói (PR), exemplo de união e cooperativismo

A história da família Pedroso e Araújo, de Candói (Centro-Sul do Paraná), começou lá em 1955, com o nascimento do primeiro filho de dona Francelina e do senhor Augusto. Depois desse, mais quatorze nasceram, o último em 1982.

O patriarca, Augusto (em memória), herdou 17 alqueires de terra nos arredores da cidade, e com o passar do tempo foi adquirindo um pedaço aqui, outro lá, e em 82 já possuía mais de 40 alqueires. A agricultura naquela época era um tanto difícil, não rendia muito, então alguns membros da família começaram a abandonar a atividade e trabalhar em outros lugares.

Um dos filhos, o Audo, conta que nos anos 90, eles tiveram a oportunidade de arrendar uma terra, fazendo com que a família voltasse a trabalhar com agricultura. Todos unidos, sempre seguindo as regras do pai. “Nos anos 80, nosso pai passou a ser sócio da Coamo, logo que chegou em Candói. Nossa família começou a trabalhar em cooperação. Dos 40 alqueires que tínhamos quando começamos a trabalhar com a cooperativa, temos hoje cerca de 250, entre lavoura e pastagem.”

Dos quinze irmãos, doze estão na lida da lavoura. Desde os anos 90, eles realizam todo o trabalho juntos, desde o preparo da terra, o plantio, até a colheita. E todas as etapas são como uma festa. A turma toda reunida para celebrar cada fase agrícola. “Aqui todo mundo é patrão, todo mundo planta, colhe, todos mandam e todos obedecem”, conta Audo.

O Paulo também é um dos filhos da dona Francelina. Ele ressalta que a parceria com a Coamo abriu portas para a família crescer no agro. “O cooperativismo é essa interação da cooperativa em estar próxima do cooperado, proporcionando a oportunidade de crescer junto.”

Paulo é o caçula dos quinze e carrega orgulhosamente o apelido do patriarca, que deu origem ao título ‘os quati’ a família. Ele explica que o pai no seu tempo de jovem, adquiriu esse apelido porque no momento de cortar a capoeira, os companheiros brincavam de bater facão, apontar um pedaço de pau e brincar como se fosse uma espada. “O pai era muito rápido e acabava cortando os outros. Isso representava a figura do quati, que tem um dente que corta muito. Aí a origem do apelido. Eu carrego com muito orgulho. Eu sou Paulo Quati, mas todo mundo aqui, independente do nome, se chamarem por ‘quati’, todos vão atender.”

O caçula ainda relata que, nos dias de plantio, a família toda se reúne. De acordo com ele, a época se torna um evento, com cinco plantadeiras, um trator aberto e alguns temperando semente. “Isso mostra a cada dia mais a união da nossa família.”

Como no cooperativismo, a família é muito bem-organizada. Tem um irmão que faz a gestão das finanças na propriedade. É o João Adir. Ele relata que desde os anos 90, a família trabalha em cooperação. Os mais velhos iam ensinando os mais novos, ajudando o pai, e todo dinheiro economizado era voltado para a aquisição de terras. No início dos anos 2000, começaram o cultivo de soja nas propriedades, com a parceria da Coamo.

Todo o trabalho é realizado em família, assim como os momentos de descontração e lazer

Em 2007, receberam as terras como herança do pai, que ainda apoiava as atividades. Os irmãos fizeram a repartição dos lotes, sem que houvesse algum problema na hora da divisão. “Não foi o agrimensor que veio e disse você pega essa área e você pega essa. Nós medimos o terreno. E assim continuamos trabalhando até hoje. Se eu tenho cinco alqueires de pasto, o meu gado é relativo a essa quantia, se eu tenho cinco alqueires de lavoura, o meu custo é relativo a essa quantia.”

Adir explica que cada um recebe equivalente a propriedade, porém, o caixa de nenhum fica no vermelho. “Como somos bastante irmãos, se um precisar comprar maquinário ou área de terra e faltar dinheiro, o caixa dele não fi cará no vermelho. A família sustenta aquele que está faltando. Na próxima safra, quando se recuperar, repõe a quantia. A cooperativa também nos dá esse apoio para investirmos, tanto em equipamentos quanto para aquisição de terras.”

Uma pausa nos trabalhos para reunir a família
Na hora da lida com a terra, na divisão das áreas, na gestão do dinheiro. Todo trabalho é realizado em conjunto. Mônica Miersva é engenheira agrônoma da Coamo em Candói e é a responsável pela assistência técnica propriedade. Ela afirma que eles são uma família muito acolhedora, humilde e que vivem a alma do cooperativismo. “Você vê na lavoura quando estão plantando ou colhendo, fazendo os serviços do dia a dia, eles trabalhando todos juntos. É a forma de viver o cooperativismo que a Coamo pratica e incentiva. Chega a ser bonito e emocionante ver eles se ajudando, indo para o campo ou ver o gado, indo fazer cerca. Isso tudo, juntos e diariamente. Tudo vira festa.”
E falando em festa, essa forma de união e cooperação não é só no trabalho. Os fi lhos e netos da dona Francelina tem um apreço especial por música. Ali, quem não toca gaita, toca violão, ou de tudo um pouco, e ainda cantam. A casa da matriarca vive cheia, não só de gente, mas de alegria. O Rancho dos Quati, carinhosamente apelidado por populares, é um lugar acolhedor, onde quem passa, leva um pouco dessa felicidade para a casa. Por esse motivo, a família foi presenteada com uma canção, que conta a história desse lugar aconchegante e feliz.
MÚSICA RANCHO DOS QUATI - letra de João Herizor

De madrugada antes de cantar o galo

Eu me embuçalo no vergão da lua clara

Cevei o mate e enquanto a cambona chia

Com plano feito pensando em me divertir

Saí para fora encilhei o meu cavalo

E no resbalo pus a gaita na garupa

No upa upa eu saí a campo fora

e me bandeei lá pro Rancho dos Quati

Tem carne assada, tem

Tem boa moda, tem

Só alegria, tem

Gente feliz Tem boa prosa, tem

Lá tem sossego, tem

E a boia boena lá no Rancho dos Quati

Fui recebido pela família Pedroso

São amoroso hospitaleiro e não tem luxo

Com humildade, gentileza e amizade

Não tem tristeza nesse rancho de gaúcho

Logo em seguida já começará carneança

Ovelha gorda porco, limpo no chiqueiro

Uma novilha pro churrasco da festança

Música boa animação no entreveiro

Tem carne assada, tem

Tem boa moda, tem

Só alegria, tem

Gente feliz

Tem boa prosa, tem

Lá tem sossego, tem

E a boia boena lá no Rancho dos Quati

Esse lugar que eu falo não tem porteira

O Três Palmeiras é o esteio da tradição

Onde a voz canta, a gaita ronca e o povo dança

Na parceria campeira de um violão

Velho Pedroso deu origem a esse nome

E com o tempo criou fama na região

A humildade deu de herança esses guri

Hoje chamado de família dos Quati

Tem carne assada, tem

Tem boa moda, tem

Só alegria, tem

Gente feliz

Tem boa prosa, tem

Lá tem sossego, tem

E a boia boena lá no Rancho dos Quati

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