Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 495 | Setembro de 2019 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

“As mulheres amam a Coamo, tem gratidão e orgulho do cooperativismo”

"Cada mulher é um ser original, único, que utiliza os recursos da sua personalidade de uma forma pessoal. Por isto intensificar a autoestima é fundamental. Amar e amar-se é o segredo para o sucesso de cada uma de nós em qualquer área. Isto não é difícil, as coisas mais simples são as mais importantes”, afirma a professora, doutoranda e mestre em Educação Carmem Machado. Ela é assessora pedagógica de projetos sócios-educacionais no Brasil e ministra cursos de dinâmicas de projetos voltados ao cooperativismo. Carmem promoveu palestras recentemente no programa FamíliaCoop para centenas de mulheres cooperadas, esposas e filhas em várias regiões da Coamo. Com graduação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), é empreendedora, desenvolve cursos direcionados ao 1º, 2° e 3º setor, voltados à busca de valorização dos sujeitos de direitos, em prol da autonomia e da crítica social. Como pesquisadora do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) tem investigado a manifestação expressiva do corpo em âmbito escolar e vêm publicando inúmeros artigos em eventos científicos.




Revista Coamo: Como é o trabalho que desenvolve junto às cooperativas?

Carmem Machado: Junto às cooperativas desenvolvo cursos, palestras e consultorias cuja metodologia tem como eixos os pilares do desenvolvimento humano sustentado no "Aprender a ser", "Aprender a conviver", "Aprender a aprender” “Aprender a fazer". Utilizo técnicas com exposição dialogada por metodologia do entretenimento dirigido e conceitos pelo “Aprender-fazendo”.




RC: O cooperativismo é importante para impulsionar o crescimento e progresso das pessoas e comunidades?

Carmem: Penso que o homem e a mulher ao expressarem–se de maneira criativa e criadora, espontânea e autêntica nos seus relacionamentos, no trabalho, na família e na comunidade, constroem a si mesmos e aos outros, produzindo conhecimento. O conhecimento gera o aprendizado que permite uma troca contínua de conceitos e, portanto, motivos para agir. O conhecimento interior, assim como os valores morais, transforma–se em ética, e esta é a forma que pode contribuir com um dos maiores segmentos da sociedade, o cooperativismo.




RC: Como analisa a participação da mulher no agronegócio e cooperativismo?

Carmem: As transformações da sociedade através dos tempos, bem como, as características que norteiam o modo de agir e de perceber a cooperativa, e o trabalho na propriedade rural, fazem da mulher uma personagem fundamental neste percurso de mudanças.




RC: Esta atuação feminina vem crescendo e evoluindo no meio cooperativista?

Carmem: Transformações fazem parte da evolução humana, de um universo único e intransferível da humanidade, não pelas características de gênero, mas pela sensibilidade e delicadeza que a mulher carrega. Essas características fazem parte da alma feminina. A sociedade tem evoluído sob a luz do pensamento feminino e a mulher tem atuado para unir desde sempre, porém agora tem se falado e valorizado isto. Agregar faz parte do mundo feminino, o pensar feminino sobre o mundo foi sempre sobre como manter uma grande família unida.




RC: Recentemente, a senhora palestrou para centenas de cooperadas, esposas e filhas de cooperados da Coamo. Como foram esses encontros?

Carmem: Este contato de mulher para mulher proporciona uma reflexão sobre nosso verdadeiro papel na comunidade. Este momento de aprendizagem tanto para elas quanto para mim, propicia a ampliação da visão de si próprio, do nosso potencial, e da nossa capacidade de estabelecer relações construtivas e transformadoras. Momento este onde nós mulheres fazemos uma análise das nossas competências e propomos soluções criativas para os problemas e a busca da qualidade de vida na família e na comunidade, de um modo geral.




RC: Cada palestra é diferente, qual o sentimento de ouvir e partilhar histórias de mulheres do campo e da cidade?

Carmem: Penso que é preciso mostrar que a mudança pode ser alegre, divertida, interessante e estimulante. Logo, estar preparada para transformações pode ser um fator de satisfação até mais do que de necessidade. Cada mulher é um ser original, único, que utiliza os recursos da sua personalidade de uma forma pessoal. Por isto, intensificar a autoestima é fundamental. Amar e amar-se é o segredo para o sucesso de cada uma de nós em qualquer área. Isto não é difícil, as coisas mais simples são as mais importantes.




RC: Juntamente com o seu marido (João Carlos de Oliveira) a senhora tem ministrado palestras pelas regiões do Brasil. Como tem sido esta experiência?

Carmem: Sim, uma experiência muito positiva, fazemos com muito amor e temos orgulho da confiança que o cooperativismo deposita em nosso trabalho, pois são 20 anos de parceria e carinho do sistema cooperativista. Temos gratas surpresas e uma honra enorme em ver que o cooperativismo só cresce e faz o bem a muitas e muitas pessoas. O repertório variado permite realizarmos palestras e oficinas sobre diferentes temas para jovens, mulheres e homens cooperativistas.




Carmem Machado, é professora, doutoranda e mestre em Educação, assessora pedagógica de projetos sócios-educacionais no Brasil e ministra cursos de dinâmicas de projetos voltados ao cooperativismo

RC: Como professora, de que maneira observa atualmente a educação ministrada no Brasil? Há diferença entre educar e ensinar?

Carmem: Fico triste com o atual panorama da educação no Brasil. Existe um descredito geral pela profissão, tanto dos alunos, quanto dos próprios professores. Trabalho com os programas desenvolvidos pelo cooperativismo no Brasil, como o CooperJovem e tenho cada vez mais esperança, pois vejo muitas pessoas comprometidas com uma melhoria da educação no país. Este programa a cada dia me deixa mais orgulhosa de ser professora, pois, consigo vislumbrar uma luz no final do túnel, onde todos nós, cooperativa, comunidade educacional, pais, alunos, educadores, podemos juntar as mãos e fazer um mundo cada vez melhor para o cidadão brasileiro, com respeito à democracia, desenvolvendo a ajuda mútua e o interesse pela comunidade, conforme prezam os princípios e valores cooperativistas.





RC: As redes sociais estão mudando a relação entre pais e filhos. Este cenário preocupa? Qual a solução para a convivência saudável em face da evolução?

Carmem: Concordo que tem mudado as relações, tudo na vida depende dos óculos que colocamos, ou seja, cada um pode enxergar estas mudanças a partir do seu lugar, ou então pode começar a pensar cooperativamente, pensar para fora de si. Temos que pensar assertivamente e perceber os inúmeros benefícios que surgiram com este advento: a cura de doenças, o mar de pessoas que são alcançadas por conhecimentos, as distâncias que são encurtadas etc. Não sou contra de modo algum a presença da tecnologia no mundo, mas sou contra as ausências de amor, de respeito, de caráter, de honestidade etc. Estes valores com ou sem tecnologia são humanos, e aí é onde moram os problemas, são pessoas com ausências utilizando da tecnologia e trazem problemas. Não é a tecnologia, pois ela foi feita por quem afinal? Fica a reflexão.




RC: Qual a sua opinião sobre o cooperativismo promovido à família cooperativista?

Carmem: As mulheres amam a cooperativa, consigo perceber nelas o olhar de gratidão e respeito pela oportunidade e o orgulho de fazer parte da cooperativa. A valorização que a Coamo transfere aos seus cooperados é evidente, resta ainda estimular, cada vez mais, e alimentar este orgulho, ampliar as ações e mais visibilidade da cooperativa por meio do protagonismo das mulheres na comunidade. Mas, isto com certeza é só uma questão de tempo.

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