Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 559 | Julho de 2025 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE INVERNO

Imagem aérea do Encontro de Inverno na Fazenda Experimental da Coamo

CAMPO DO CONHECIMENTO


Pesquisa aplicada e compartilhamento de conhecimento marcam o Encontro de Inverno com cooperados na Fazenda Experimental da Coamo em Campo Mourão

Foto do 19º Encontro de Inverno da Coamo com a plateia e palestrantes no palco.

A Coamo realizou, entre os dias 24 e 26 de junho, a 19ª edição do Encontro de Inverno na Fazenda Experimental em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná). O evento reuniu cooperados do Paraná e de Santa Catarina. Nos três dias, os participantes percorreram cinco estações temáticas de pesquisa, com foco em culturas de inverno. Além das estações, o evento contou com uma palestra sobre o cenário atual e as perspectivas do mercado agrícola.

O presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo, José Aroldo Gallassini, destaca a importância da atividade em conjunto com instituições de pesquisa que desenvolvem estudos na Fazenda Experimental e repassam as informações diretamente aos cooperados. “É um trabalho muito importante, sempre com o objetivo de aumentar a renda do quadro social.”

Segundo ele, a participação expressiva dos cooperados demonstra o interesse por novas tecnologias que possam melhorar o sistema produtivo. “O encontro permite apresentar novas tecnologias e fornecê-las aos cooperados, garantindo mais produtividade.”

Gallassini reforça ainda o compromisso da cooperativa com os associados. “A Coamo é voltada para as necessidades dos cooperados e este encontro é prova disso. São 19 edições de disseminação de conhecimento para que eles possam produzir com modernas tecnologias e orientações corretas da nossa equipe de assistência técnica.”

O encontro de cooperados na Fazenda Experimental faz parte de uma trajetória que retrata os primeiros anos da cooperativa, quando surgiram os dias de campo como ferramenta para disseminação de conhecimento e tecnologia no meio rural. De acordo com o presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari, o cooperado participa, entende e já sabe há muito tempo que o que é apresentado são tecnologias testadas. Segundo ele, o objetivo é garantir mais segurança e viabilidade para as atividades dos cooperados que confiam na cooperativa e sabem que os mais de 800 agrônomos e veterinários levam uma tecnologia testada, com segurança. “Buscamos as melhores tecnologias, testamos nas nossas fazendas experimentais e levamos com confiança para que o cooperado aplique e tenha os melhores resultados na sua propriedade.”

O diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, reitera que o evento já é tradicional e que a estrutura foi preparada para garantir o conforto dos participantes, independentemente das condições climáticas. “Se estiver frio, chover ou fazer sol, o evento está pronto para receber os cooperados. A Coamo investiu para oferecer um ambiente adequado de aprendizado para todos.”

O Encontro de Inverno integrou a programação dos 50 anos da Fazenda Experimental da Coamo. Em 2026, a unidade também sediará o Encontro de Verão no início do ano e se prepara para uma edição antecipada do evento no fim de dezembro, tanto no Paraná quanto no Mato Grosso do Sul. “Essa antecipação é estratégica, assim, o cooperado terá acesso às informações técnicas quando suas lavouras de soja e milho estiverem em desenvolvimento”, explica Dias.

O gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, destaca a importância do encontro no calendário técnico da cooperativa. “Os assuntos apresentados no encontro refletem diretamente os desafios vividos pelos cooperados no campo”, afirma Sumiya.

Ele ressalta que o evento é uma oportunidade para o cooperado se preparar melhor para os desafios agronômicos e da gestão. “É um dia intenso de trabalho técnico, onde ele mergulha nos temas que impactam diretamente a rentabilidade da propriedade. O foco é entender como agir diante dos desafi os da safra e minimizar os riscos climáticos, que são próprios de uma atividade a céu aberto.”

José Aroldo Gallassini, presidente do Conselho de Administração da Coamo.

José Aroldo Gallassini, presidente do Conselho de Administração da Coamo

Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo.

Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo

Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica.

Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica

Sumiya avalia que a realização do evento, mesmo com os desafios climáticos, reforça o compromisso da cooperativa com a difusão de conhecimento. “Tivemos dois dias com geada e muito frio, mas a participação dos cooperados motiva a equipe a buscar sempre o melhor.”

O coordenador da Fazenda Experimental da Coamo em Campo Mourão, João Carlos Bonani, revela que cerca de duas mil pessoas passaram pelo evento, incluindo cooperados, parceiros e técnicos. “Nossa avaliação é de que conseguimos cumprir o papel de transmitir o conhecimento proposto nas estações”, afirma Bonani.

Ele reforça que a estrutura da Fazenda Experimental vem sendo aprimorada ano após ano, com investimentos em conforto e infraestrutura. “A diretoria não tem poupado esforços para investir em infraestrutura. As barracas estão maiores, estas, des fechadas, sistema de som e banheiros climatizados”, explica.

A atenção agora se volta para o Encontro de Verão, que será realizado em dezembro, também em Campo Mourão. A novidade segue o modelo já adotado em Dourados (MS), onde o evento é realizado há dois anos. “Devido ao sucesso em Dourados, vamos trazer esse formato para Campo Mourão. Será o 38º Encontro de Verão, com foco na soja e no milho”, diz Bonani e expõe que o período é estratégico, pois as culturas estarão em pleno desenvolvimento. “Vamos ter soja desde o início do desenvolvimento até áreas mais adiantadas. Ainda será possível ajustar manejos e fazer posicionamentos técnicos.”

Ainda segundo Bonani, a participação dos cooperados tem sido constante e é considerada um termômetro para a equipe. “Não faria sentido preparar tudo isso e não ter ninguém presente. A participação é o que nos motiva. Nenhuma instituição dura tanto tempo se não for relevante. Esse será um ano inédito, com três eventos em um mesmo ciclo”, destaca.

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica, falando ao microfone.

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica

João Carlos Bonani, coordenador da Fazenda Experimental em Campo Mourão.

João Carlos Bonani, coordenador da Fazenda Experimental em Campo Mourão

Jeferson Souza, da Agrinvest, em palestra para os cooperados.

Jeferson Souza, da Agrinvest, fez uma palestra para os cooperados onde abordou o cenário atual e perspectiva para o mercado agrícola

Vista aérea da Feira de Negócios, com estandes e máquinas agrícolas expostos.

Feira de Negócios

Durante o Encontro de Inverno, realizado na Fazenda Experimental da Coamo em Campo Mourão, os cooperados puderam visitar a Feira de Negócios. O evento contou com a participação de 106 empresas parceiras e apresentou um portfólio diversificado de produtos e serviços, com destaque para itens das áreas de lojas de peças, produtos veterinários e máquinas agrícolas. “Foi uma oportunidade para os cooperados conhecerem o portfólio completo das nossas lojas”, afirma o diretor de Suprimentos e Assistência Técnica, Aquiles de Oliveira Dias.

A Feira de Negócios da Coamo ofereceu condições especiais e prazos diferenciados para aquisição de insumos, lubrificantes, pneus, medicamentos veterinários, rações e suplementos, entre outros produtos. Segundo o gerente de Fornecimento de Bens

 

de Lojas da Coamo, Paulo Roberto Bacini, a feira integra uma ação comercial tradicional da cooperativa, realizada anualmente nesta época do ano. “É bastante aguardada pelos cooperados. Durante os três dias de Encontro de Inverno, os visitantes puderam conferir de perto os produtos oferecidos pelos parceiros comerciais”, detalha Bacini.

Um dos diferenciais desta edição foi a ampliação dos benefícios do programa de fidelidade da Coamo. “Uma novidade é que todos os produtos adquiridos durante a Feira de Negócios geraram pontos em dobro no programa Fideliza”, destaca. Desde a criação do programa, mais de R$ 400 milhões em pontos já foram distribuídos aos cooperados, que podem utilizá-los na aquisição de produtos nas lojas da Coamo.

Desafios e soluções no manejo de trapoeraba
Participantes do Encontro de Inverno observam uma parcela de cultivo durante uma apresentação de campo sobre o manejo de trapoeraba.

A trapoeraba está entre as plantas daninhas que vem causando preocupação nas lavouras. Presente ao longo de todo o ano, a planta compete com as culturas por recursos essenciais e tem se expandido nas áreas de produção dos três Estados de atuação da Coamo. No Encontro de Inverno, foram apresentadas mais de 50 parcelas com alternativas de controle, com foco em estratégias diferenciadas para cada espécie de trapoeraba.

De acordo com o engenheiro agrônomo, Itamar Leandro Suss, analista de Suporte Técnico da Coamo, a trapoeraba é uma planta daninha de difícil manejo. “Ela vem aumentando a cada ano e exige atenção dos cooperados para uma série de fatores, inclusive a identificação correta da espécie presente na área”, comenta.

Segundo ele, no campo, são encontradas principalmente três espécies: Commelina benghalensis, Commelina erecta e Commelina diffusa. “A benghalensis é a mais comum e se diferencia por formar estruturas de rizoma e sementes subterrâneas, o que facilita a identificação e, em alguns casos, é a mais fácil de controlar.”

As diferenças entre as espécies foram demonstradas na estação, inclusive em vasos, para facilitar o reconhecimento por parte dos cooperados. Segundo o agrônomo, cada espécie pode exigir um manejo específico, sendo fundamental conversar com a equipe técnica para definir as melhores estratégias. “A orientação é manter a área limpa no período da entressafra, a exemplo da colheita do Milho segunda safra e o plantio da soja”, explica Suss. Nesse intervalo, o uso de herbicidas pré-emergentes pode contribuir para a redução do banco de sementes e limitar o fluxo de emergência da planta.

O planejamento do manejo deve considerar o tipo de solo, palhada e o intervalo entre aplicação e plantio da cultura a ser implantada, assim como as condições climáticas. “Em áreas com ocorrência de geadas, por exemplo, é preciso esperar a rebrota da planta para realizar o controle”, comenta Suss se referindo ao período de frio no final de junho.

A estação apresentou vários cenários envolvendo as principais culturas distribuídas em blocos com tratamentos variados, desde aplicações em áreas com diferentes manejos para o trigo até manejo de dessecação pré-plantio e aplicações em pós-emergência das culturas de milho e soja. “Ferramentas existem. O desafio é encaixar a solução no contexto de cada cultura e manejo. A trapoeraba tem sido abordada com frequência porque é um problema recorrente. A cada ano, uma planta daninha se destaca, e o produtor precisa estar atento para evitar prejuízos à lavoura.”

Além da reprodução por sementes, a trapoeraba pode se multiplicar por fragmentos vegetativos (pedaços de ramos), o que exige atenção especial no uso de equipamentos e no tráfego de máquinas. A disseminação já ocorre em todas as regiões de atuação da cooperativa.

Segundo o pesquisador Fernando Storniolo Ádegas, da Embrapa Soja, a planta daninha está presente tanto no verão quanto no inverno e é conhecida pelos produtores há muitos anos, mas tem se tornado cada vez mais difícil de manejar. Além de competir com as culturas por água, luz e nutrientes, a trapoeraba pode atuar como hospedeira de nematoides e percevejos, ampliando seu potencial de danos às lavouras. “Ela pode reduzir a produtividade de culturas como soja, milho e trigo, além de favorecer a sobrevivência de pragas e doenças”, explica Adegas.

Grupo de agricultores e técnicos em um campo experimental.

Lucas Ricardo Vanzzo (Campo Mourão), Glaici Kelly Pereira (Mamborê), Jhonathan Matochec Pinto (Mangueirinha), Itamar Leandro Suss (Campo Mourão), Bruno Acadio Jacoby Stuany (Bragantina), Diego Scharan (Coronel Vivida) e Matheus Ferreira Cumani (Campo Mourão)

Fernando Ádegas, da Embrapa Soja.

Fernando Adegas, da Embrapa Soja

Rubem Silvério de Oliveira Junior, da UEM.

Rubem Silvério de Oliveira Junior, da UEM

Carlos Nespolo e Laura Nespolo

CARLOS NESPOLO E LAURA NESPOLO
Campo Mourão (PR)

"Participamos sempre dos encontros na Fazenda
Experimental da Coamo. As estações apresentaram temas relevantes e confi rmaram o que já aplicamos com o suporte técnico da Coamo. Ver na prática o que é pesquisado reforça nossa confiança nas orientações recebidas e mostra que estamos seguindo o caminho certo na propriedade."

Cleimar, Simone e Yana Neumann

CLEIMAR, SIMONE E YANA NEUMANN
Pinhão (PR)

“Participar desse evento é sempre muito proveitoso. A cada visita, adquirimos mais conhecimento. Com tantas pragas e doenças surgindo, precisamos estar atualizados. Esses encontros ajudam no planejamento da safra. É uma oportunidade de crescimento conjunto, que enriquece nosso trabalho no campo.”

Na prática, são identificadas quatro espécies diferentes, com destaque para a Commelina benghalensis, mais comum nas lavouras. No entanto, outras espécies com características morfológicas distintas têm se expandido. "As espécies mais recentes apresentam folhas mais finas e crescimento mais ereto, o que influencia diretamente na eficácia dos herbicidas", afirma o pesquisador. Embora todas tenham flores azuis, diferenças nas pétalas ajudam na identificação.

A identificação correta da espécie é essencial para definir o tipo de controle. Conforme Adegas, controlar a planta ainda pequena é sempre mais eficiente. "Estratégias que combinam herbicidas pré e pós-emergentes têm apresentado bons resultados, desde que aplicadas nas fases iniciais da infestação. A trapoeraba aparece em diferentes fases do sistema produtivo, sobrevivendo à entressafra e ao cultivo sucessivo. Ela costuma permanecer no campo após a soja, se desenvolver durante o cultivo do milho e também surgir no meio das lavouras de trigo", observa.

Para evitar a perenização da planta, o manejo deve ser contínuo e abranger todo o sistema de produção. "É preciso tratar a trapoeraba de forma integrada, como fazemos com outras plantas daninhas. O solo coberto e os controles ao longo de todas as culturas são fundamentais", orienta Adegas.

O professor Rubem Silvério de Oliveira Júnior, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), reitera que, embora não haja casos confirmados de resistência a herbicidas, o controle dessa planta é considerado difícil.

"Ela tem estruturas de sobrevivência que dificultam a ação dos produtos, como folhas com pelos, sementes subterrâneas e baixa capacidade de molhamento", explica.

Por essas razões, o controle da trapoeraba não pode se basear em uma única aplicação ou produto. "O que funciona bem para trapoeraba é um sistema de manejo eficiente", afirma o pesquisador. Isso envolve o uso de palha de cobertura na entressafra, aplicação de herbicidas pré-emergentes no início do ciclo e produtos pós-emergentes para plantas já estabelecidas.

Um ponto importante é realizar o controle enquanto as plantas ainda são pequenas. "Quando o agricultor deixa formar touceiras ou plantas maiores, ele precisa de mais aplicações e produtos, tornando o processo mais caro e complexo", alerta Oliveira. O manejo precoce, com foco em plantas jovens, oferece melhor resultado e maior viabilidade econômica.

Na escolha do herbicida, o agricultor deve observar dois critérios fundamentais: eficácia e seletividade. "Não basta controlar. O produto precisa ser eficiente e compatível com a cultura e o momento da aplicação", destaca.

O professor lembra que com o avanço da colheita do milho segunda safra, o período se torna uma janela estratégica para o controle de plantas daninhas. "Esse intervalo entre a colheita e o plantio da soja permite que as plantas daninhas aproveitem espaço e recursos para crescer. Por isso, é o momento ideal para focar o controle de plantas pequenas. O objetivo é chegar ao plantio da soja com a área limpa, sem moitas e sem plantas adultas que entrem competindo com a lavoura de soja", reforça Oliveira.

Foto de Elisio Renato Ceconi

ELISIO RENATO CECONI
Ipuaçu (SC)

"Foi minha primeira vez no Encontro de Inverno da Coamo e gostei muito. A estrutura estava impecável. São informações valiosas para nossa realidade. Eventos como este mantém os cooperados atualizados. Ver os testes de produtos no campo nos dá segurança. Volto para casa mais preparado para tomar decisões na lavoura."

Foto de Valdir Nilo Eberhardt

VALDIR NILO EBERHARDT
Toledo (PR)

"Participo há muitos anos dos encontros na Fazenda Experimental. Ver as tecnologias de perto e conversar com os técnicos faz toda a diferença. Também gostei da palestra de mercado, que esclarece muito mais quando estamos presentes. Para mim, dia de aprendizado é prioridade. Mesmo com frio ou chuva, vale a pena estar aqui."

Participantes do encontro de inverno em uma lavoura experimental.

Fitonematoides no sistema de produção:
ocorrência, distribuição e manejo

Os nematoides fitoparasitas são organismos microscópicos que vivem no solo e atacam as raízes das plantas. Embora muitas vezes não sejam visíveis no campo, interferem na absorção de água e nutrientes, provocando sintomas como murcha, amarelecimento, atraso no desenvolvimento e, em casos mais severos, morte das plantas.

De acordo com o engenheiro agrônomo, Lucas Gouvêa Vilela Esperandino, coordenador de Suporte Técnico da Coamo, os nematoides ocorrem em todo o território brasileiro e, com exceção do nematoide de cisto, todos os principais gêneros são nativos dos solos. Entre os mais comuns, estão o Pratylenchus brachyurus (nematoide das lesões radiculares), Meloidogyne incógnita e Meloidogyne javanica (nematoide das galhas), Rotylenchulus reniformis (associado ao algodão) e o próprio nematoide de cisto.

A identificação correta do problema começa pela amostragem. "Quando o produtor identifica uma reboleira na lavoura, é importante coletar amostras e encaminhar para análise a fim de identificar o gênero e a espécie presentes", explica Esperandino. O diagnóstico técnico é essencial para definir estratégias eficazes de manejo.

Segundo ele, o controle dos nematoides deve ser preventivo e integrado. As ações incluem manejo cultural, químico e biológico, além do uso de biotecnologias. A escolha de cultivares resistentes ou tolerantes, a aplicação de agentes biológicos como fungos e bactérias, e o uso criterioso de nematicidas fazem parte desse conjunto. A rotação de culturas é um dos pilares mais relevantes. "Apresentamos no Encontro de Inverno cerca de 20 opções de cultivo que podem ser utilizadas para melhorar o sistema de produção e auxiliar no controle dos nematoides", afirma.

Equipe técnica da Coamo reunida no campo experimental.
Jonatan Decol (Pitanga), Andressa Tailine Ferreira de Freitas (Paulistânia), Pedro
Lima Mamud (Boa Esperança), João Claudio Dalmina (Quinta do Sol), Mônica
Caldeira (Dourados), Amanda Hellen Alves Rodrigues (Campo Mourão) e Lucas
Gouvéa Vilela Esperandino (Campo Mourão)

Culturas como milheto, aveia, braquiária, mix de plantas de cobertura, trigo e milho em consórcio com braquiária são alternativas viáveis. Além disso, a melhoria da qualidade química, física e biológica do solo contribui para o controle. "Quanto maior a diversidade de raízes no solo, menor a compactação e melhor o ambiente para o desenvolvimento das plantas", reforça.

A principal forma de disseminação dos nematoides entre áreas é por meio do maquinário agrícola. Por isso, é recomendada a limpeza de equipamentos entre operações em diferentes talhões, especialmente quando se sabe da presença do problema. A atenção deve ser redobrada quando se utilizam máquinas terceirizadas.

Conforme Esperandino, a detecção visual no campo é possível apenas em situações de desequilíbrio populacional. "O nematoide é considerado um inimigo oculto. Quando em equilíbrio, não é perceptível. Mas, em altas infestações, o cooperado observa reboleiras, plantas menores e folhas amareladas", destaca o agrônomo.

A professora e pesquisadora, Cláudia Dias Arieira, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), ressalta que as práticas culturais são fundamentais para a redução das populações desses organismos. O uso de plantas de cobertura que não servem de alimento aos nematoides pode reduzir sua presença no solo. "O objetivo é tirar a comida do nematoide. Soja e milho são os alimentos preferenciais. Com a escolha certa, é possível diminuir a população no sistema de produção", explica a pesquisadora. Para isso, é essencial identificar corretamente as espécies presentes por meio de análise específica, que pode ser feita com apoio técnico da cooperativa.

Após o diagnóstico, o cooperado pode optar por tratamentos químicos e biológicos. "O tratamento químico é indicado principalmente na cultura da soja, enquanto os produtos biológicos podem ser utilizados tanto na soja quanto nas culturas de cobertura", orienta Cláudia. A escolha das plantas para rotação deve ser feita com acompanhamento técnico especializado, levando em consideração o planejamento de manejo a curto, médio e longo prazo.

Cláudia revela que a presença de nematoides pode passar despercebida, principalmente em solos mais estruturados. "No Sul do Brasil, onde predomina o manejo conservacionista, muitas vezes não há reboleiras visíveis. Nesses casos, é importante observar se o ciclo da soja está antecipando ou se a produtividade está abaixo do esperado", destaca. Imagens de satélite também podem ajudar a identificar reboleiras que não são visíveis a olho nu.

Segundo a pesquisadora, a convivência com os nematoides é um dos caminhos adotados. "Eliminar o nematoide é impossível. Por isso, o foco está em aprender a conviver com ele por meio de um sistema de manejo adequado. O principal cuidado é na soja, que é a cultura mais sensível. Mas, o manejo deve ser feito em todas as etapas do sistema produtivo. A estratégia de manejo contínuo contribui para manter o equilíbrio biológico no solo e reduzir os danos causados pelos nematoides", reforça Cláudia.

Foto de Claudia Dias Arieira

Claudia Dias
Arieira, da UEM

Tecnologia de Aplicação: precisão, eficiência e sustentabilidade no uso de defensivos

    A tecnologia de aplicação é um dos pilares para o uso racional e eficaz dos defensivos agrícolas. Aplicações bem planejadas e executadas garantem que o produto atinja o alvo com a dose correta, no momento certo e com mínima perda para o ambiente. Isso resulta em maior eficiência no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além de otimizar o uso dos insumos.

Durante o Encontro de Inverno, foram abordados os principais fatores que influenciam a qualidade da pulverização. O foco esteve na escolha adequada de pontas, volume de calda, cobertura e penetração das gotas, além das condições ambientais ideais para a aplicação.

Dinâmicas demonstraram o comportamento de diferentes tipos de pontas e tamanhos de gotas, com vazões de 50 e 150 litros por hectare em plantas de milho. A comparação visual mostrou os efeitos da deposição de gotas finas, médias e grossas, permitindo aos cooperados compreenderem como essas variáveis afetam a eficiência da aplicação.

O engenheiro agrônomo, Vinícius Francisco Albarello, analista de Suporte Técnico da Coamo, destaca que um dos principais erros cometidos pelos produtores está na padronização da pulverização ao longo de todo o ciclo da lavoura. Segundo ele, é comum os produtores manterem o mesmo bico e a mesma vazão do início ao fim, o que compromete a estratégia de controle. “O ideal é ter várias opções de pontas e trabalhar com diferentes vazões ao longo do ciclo, adequando-se às condições climáticas e às exigências da cultura.”

 

Cooperados participam de uma dinâmica em ambiente escuro, iluminado por luz roxa, para visualizar a aplicação de defensivos em pequenas plantas de milho dispostas em fileiras.

Albarello explica que a escolha da ponta de pulverização influencia diretamente na eficiência da aplicação. "As pontas podem trabalhar com gotas extremamente finas até ultra grossas", aponta. Gotas finas proporcionam melhor cobertura, mas são mais vulneráveis à evaporação e à deriva. Já as gotas grossas oferecem maior segurança contra perdas, mas tendem a ter menor penetração no dossel da planta, o que reduz a eficácia no controle, principalmente de doenças. Por isso, segundo ele, o equilíbrio entre segurança e eficiência deve guiar a escolha do tipo de gota. "O produtor precisa manejar os tipos de gotas ao longo do ciclo para atingir seu objetivo, seja o controle de doenças, pragas ou questões nutricionais da planta."

Quanto ao volume ideal da calda, Albarello destaca que não há uma fórmula única. "A melhor maneira de definir o volume da calda é avaliando a aplicação com o apoio da assistência técnica", orienta. A recomendação é que o cooperado consulte o engenheiro agrônomo responsável pela propriedade para verificar se a pulverização está sendo eficaz. Caso contrário, ajustes na estratégia devem ser adotados para garantir o melhor desempenho.

Diego Mario Boiani (Xanxerë), Marlon de Barros (Peabiru), Carlos Vinicius Precinotto (Mamborē), Vinicius Francisco Albarello (Campo Mourão), Victor Hugo Matias Cangussu de Moura (Engenheiro Beltrão) e Vitor Luis Freitas Groff (Cantagalo). Mateus Wilhelm (Spraytec), Kleber Gomes (TeeJet) e Cristiano Machado (TeeJet)

Diego Mario Boiani (Xanxerë), Marlon de Barros (Peabiru), Carlos Vinicius Precinotto (Mamborē), Vinicius Francisco Albarello (Campo Mourão), Victor Hugo Matias Cangussu de Moura (Engenheiro Beltrão) e Vitor Luis Freitas Groff (Cantagalo). Mateus Wilhelm (Spraytec), Kleber Gomes (TeeJet) e Cristiano Machado (TeeJet)

Além da eficiência, a tecnologia de aplicação impacta nos custos da lavoura. "Muitas vezes, o uso excessivo de produto pode acarretar aumento de custo. Aplicar da maneira correta traz mais resultado, mais eficiência, mais sustentabilidade e, com certeza, mais produtividade", destaca Albarello.

Outro fator essencial é a atenção às condições climáticas. "A campo, não conseguimos controlar o clima, mas podemos definir estratégias para mitigar os riscos. Temperaturas elevadas aceleram a evaporação das gotas, principalmente as mais finas. Por outro lado, em situações de orvalho ou umidade excessiva, o risco de escorrimento aumenta. O produtor precisa monitorar o clima e ajustar o tamanho da gota conforme a situação - maior em ambientes mais quentes, menor em casos de excesso de umidade."

Diante de tantas variáveis, o apoio técnico é fundamental. "O cooperado deve buscar orientação sempre que tiver dúvidas. O corpo técnico da Coamo está preparado para prestar assistência, recomendar estratégias e acompanhar o processo de aplicação", reforça Albarello. Ele acrescenta que os fornecedores de pontas e adjuvantes também são parceiros importantes na construção de uma aplicação eficiente.

Albarello lembra que o cuidado com a pulverização tem reflexo direto no resultado da lavoura. "Capricho no momento da aplicação significa mais resultado na hora da colheita. Cada detalhe, desde a manutenção do equipamento até a escolha das pontas e o monitoramento do clima, contribui para o sucesso da safra. O produtor investe em insumos de qualidade, busca novas tecnologias e quer produtividade. Para isso, precisa garantir que a aplicação seja bem-feita."

Cooperados observam lavoura de milho durante evento da Coamo.

Critérios essenciais para escolha de híbridos de milho

Na estação técnica dedicada aos híbridos de milho, durante o Encontro de Inverno da Coamo, os cooperados tiveram a oportunidade de conhecer em detalhes os principais critérios que devem ser considerados na hora de escolher os materiais a serem utilizados na próxima safra. Ao todo, 24 híbridos que integram o portfólio da cooperativa foram apresentados no campo, com foco comparativo e orientações práticas.

Segundo o engenheiro agrônomo, Bruno Lopes Paes, analista de Suporte Técnico da Coamo, a diversidade genética disponível é ampla, e a escolha correta depende da realidade de cada propriedade. "Cabe a cada cooperado conversar com seu engenheiro agrônomo, entender sua realidade, a época de plantio e o que espera em termos de produtividade", afirma. Entre os critérios destacados estão ciclo, potencial produtivo, rusticidade, tolerância ao complexo de enfezamento e reação às principais doenças.

Dois pontos foram ressaltados na estação como essenciais: a tolerância dos híbridos às pragas e às doenças. "Trouxemos esses dois pontos como foco para apoiar o cooperado na tomada de decisão", explica Paes. Entre as pragas mais relevantes, estão o complexo de lagartas, percevejos, cigarrinha-do-milho e o pulgão.

De acordo com o agrônomo, o complexo de lagartas tem se tornado uma preocupação crescente, inclusive pela possibilidade de quebra de biotecnologias. "As lagartas têm atacado espigas com intensidade nas duas últimas safras, exigindo atenção redobrada", observa. A cigarrinha-do-milho e o pulgão também continuam em foco. "A cigarrinha apresentou baixa infestação recentemente, mas ainda está presente. Já o pulgão teve pressão maior nesta safra. Por isso, é preciso manter os manejos necessários”, reforça.

Daniel Carneiro (Campo Mourão), Cleiton Souza Bukoski (Mamborē), Jefferson Wellington Volpatto Jede (Toledo), Bruno Lopes Paes (Campo Mourão) e Andrew Gomes (Quarto Centenário)

Daniel Carneiro (Campo Mourão), Cleiton Souza Bukoski (Mamborē), Jefferson Wellington Volpatto Jede (Toledo), Bruno Lopes Paes (Campo Mourão) e Andrew Gomes (Quarto Centenário)

Entre as doenças, a mancha de bipolaris aparece como ponto de atenção. A genética dos híbridos vem evoluindo quanto à resistência, mas o acompanhamento técnico segue sendo indispensável. "As genéticas avançaram muito na tolerância ao complexo de enfezamento, mas ainda é preciso cuidado e atenção ao manejo integrado", destaca Paes.

A fase atual da produção também exige planejamento. Com a colheita positiva em 2025, o momento é de planejamento para safra 2026. "Quem está colhendo bem agora precisa repor os nutrientes retirados do solo. Nosso objetivo é antecipar possíveis problemas e mostrar de forma prática as características de cada híbrido", afirma.

O trabalho realizado na Fazenda Experimental da Coamo, segundo ele, é complementado pelos dias de campo realizados nas unidades da cooperativa. "Cada entreposto tem sua realidade de solo, clima e época de plantio. Por isso, os cooperados devem considerar as orientações locais, além das observações feitas aqui na fazenda. Com um portfólio amplo e informações técnicas atualizadas, o cooperado pode ser mais assertivo na escolha dos materiais que melhor se adaptam à sua região e ao seu planejamento produtivo", conclui Paes.


Serviços veterinários disponibilizados pela Coamo para o correto manejo do rebanho

A Coamo disponibiliza uma ampla gama de serviços veterinários para apoiar o manejo eficiente da atividade agropecuária dos cooperados. O objetivo é garantir saúde, produtividade e bem-estar dos animais, resultando em maior rentabilidade das propriedades. Entre os serviços oferecidos estão o acompanhamento sanitário, nutricional e reprodutivo, assistência em piscicultura, além do planejamento estratégico da propriedade, com suporte técnico especializado.

O médico veterinário, Clécio Jorge Hansen Mangolin, analista de Suporte Técnico da Coamo, explica que o departamento veterinário da Coamo está estruturado em grupos de assistência técnica, que incluem áreas como nutrição, reprodução, planejamento e orientações técnicas para os cooperados. “Buscamos sempre mais rentabilidade, visando a eficiência produtiva por hectare nas propriedades”, afirma Mangolin.

Thales Henrique Fernandes de Quadros (Pinhão), Felipe Galvani Chieregatti (Toledo), Bruno Vinicius Pereira Formari (Campo Mourão), Natan Oliveira de Almeida (Altamira do Paraná), Amanda Rodrigues da Silva (Manoel Ribas), Gustavo dos Santos Pitlovanciv (Pitanga), Jeferson Silvestre (Moreira Sales) e Clécio Jorge Hansen Mangolin (Campo Mourão)

Thales Henrique Fernandes de Quadros (Pinhão), Felipe Galvani Chieregatti (Toledo), Bruno Vinicius Pereira Formari (Campo Mourão), Natan Oliveira de Almeida (Altamira do Paraná), Amanda Rodrigues da Silva (Manoel Ribas), Gustavo dos Santos Pitlovanciv (Pitanga), Jeferson Silvestre (Moreira Sales) e Clécio Jorge Hansen Mangolin (Campo Mourão)

Médico veterinário realiza exame de ultrassom em um bovino em um curral.
Tela de computador exibindo uma planilha com dados e gráficos, com gado ao fundo.

Equipe técnica trabalhando com gado em um curral.
Homem de chapéu e colete aplicando medicação em uma vaca.
 

Para ampliar o suporte, a Coamo contratou recentemente um engenheiro de pesca, que integra a equipe e oferece suporte técnico na área de piscicultura e dietas nutricionais, considerada uma das áreas mais importantes do manejo. "Temos programas de cálculo de dieta, ferramentas para análise da qualidade da fibra utilizada na alimentação e recursos como o ultrassom, que demonstramos para os cooperados os benefícios práticos dessas tecnologias", explica o veterinário.

No aspecto sanitário, a equipe trabalha com o conhecimento detalhado da propriedade e da região, permitindo identificar os desafios específicos de doenças que podem afetar os rebanhos locais. "Montamos calendários sanitários preventivos que detalham as ações a serem realizadas ao longo do ano, sempre com foco na prevenção. Como diz o ditado, prevenir é melhor que remediar, e essa convicção é reforçada com os dados que mostramos aos cooperados", destaca Mangolin.

Ele explica que o acompanhamento sanitário adequado tem impacto direto na saúde do rebanho e na produtividade, ajudando a evitar perdas significativas para a pecuária.

Mangolin destaca que a assistência técnica especializada proporciona ganhos a longo prazo. Ele detalha que as propriedades que contam com veterinários inseridos de forma ativa no manejo têm melhor adaptação às variações de preço do mercado, com menor impacto da sazonalidade. "As propriedades assistidas têm mais controle do custo de produção e conseguem identificar onde é adequado economizar, evitando cortes que possam comprometer a produtividade. Por exemplo, muitas vezes a melhor alternativa nutricional não é reduzir a alimentação, mas sim aumentá-la para obter mais produção", explica.

Os programas nutricionais da Coamo fornecem cálculos e informações que auxiliam o cooperado na tomada de decisão, otimizando resultados econômicos e produtivos.

Atualmente, a cooperativa conta com um quadro técnico robusto, composto por 43 médicos veterinários, 12 técnicos agropecuários e um engenheiro de pesca, número que representa um crescimento de cerca de 90% nos últimos dez anos. "A Coamo tem investido continuamente no segmento veterinário para ampliar a assistência e o suporte ao pecuarista", reforça Mangolin.

Além do atendimento individual, a Coamo mantém grupos de assistência veterinária, conhecidos como GAVE, que funcionam de forma semelhante aos grupos de assistência agrícola. "Atualmente temos dois grupos de assistência veterinária, e os melhores resultados vêm desses grupos. Isso ocorre porque o veterinário atende um número restrito de cooperados, geralmente entre 12 e 15, e está mais presente na propriedade", explica. Essa proximidade permite que o profissional leve mais tecnologia e informações de qualidade aos produtores, o que se reflete em resultados melhores na produção e na gestão do rebanho.

Mangolin ressalta que muitos cooperados desconheciam a existência desses grupos, e a divulgação tem ampliado a participação. "A presença constante do veterinário permite que ele acompanhe melhor as necessidades da propriedade, oferecendo orientações personalizadas e contribuindo para a melhoria contínua do manejo".

 
Diretoria da Coamo reunida em um gramado para o plantio de uma árvore, em frente a uma grande pedra com placa comemorativa.
 
Durante o Encontro de Inverno, a diretoria da Coamo plantou uma árvore
em comemoração aos 50 anos da Fazenda Experimental em Campo Mourão
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