Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 456 | Março de 2016 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE COOPERADOS

PARA SAIR NA FRENTE

ENCONTRO DE VERÃO REALIZADO NA FAZENDA EXPERIMENTAL CONTRIBUI PARA EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO NOS CAMPOS DOS ASSOCIADOS


Inovação é a palavra certa para resumir o Encontro de Verão da Fazenda Experimental Coamo. Direcionado a todos cooperados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, a 28ª edição foi realizada entre os dias 01 e 05 de fevereiro. O evento contou com a participação de quatro mil pessoas entre cooperados e técnicos.

Neste ano, foram apresentados dez experimentos. Segundo o coordenador do evento e chefe da Fazenda Experimental, Joaquim Mariano Costa, cada trabalho é preparado para que os cooperados continuem saindo na frente. "Tivemos, por exemplo, duas estações muito interessantes para mudar a utilização de herbicidas frente às novas transgenias que estarão no mercado daqui quatro ou cinco anos. É algo inédito no Brasil e, somente nós, antecipamos para o nosso cooperado.”

Além disso, as outras oito estações de pesquisa abordaram temas como variedades de soja, sistema de produção, pragas e, ainda, o efeito Carryover de herbicidas. “Em duas estações, mostramos algo inédito e inovador, pois implantamos solos de areia dentro da Fazenda Experimental. Montamos um laboratório em larga escala para ser usado a vida inteira, com solo arenoso para testar produtos químicos, herbicidas e fertilizantes. Outro tema que com certeza não tem no Brasil”, destaca.

Segundo o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, a organização do evento está satisfeita com o resultado obtido. “Conseguimos repassar novidades e tecnologias aos cooperados. Trata-se de um evento complexo e a cada ano vemos a expectativa superada. Agora, o nosso próximo encontro já começa a ser planejado, pois esses experimentos fazem parte de um trabalho contínuo”, revela.

Essa busca pelo que há de mais moderno, de acordo com o superintendente Técnico da Coamo, engenheiro agrônomo José Varago, sempre foi uma preocupação da cooperativa. “Buscamos técnicas que viabilizem a agricultura sustentável e queremos que os cooperados acompanhem a evolução.” Varago ressalta que a Coamo e a pesquisa buscam a cada encontro mostrar materiais para aumentar as produtividades. “Esta é a nossa expectativa, trabalhamos para continuar com altas produtividades e a pesquisa é fundamental para atingirmos o objetivo”, frisa.

O presidente da Coamo e idealizador da Fazenda Experimental, José Aroldo Gallassini, salienta que o trabalho está totalmente voltado aos interesses do quadro de associados. “Do plantio a colheita, com atendimento de crédito e assistência técnica, composta de mais de 260 agrônomos em campo, procuramos apresentar e melhorar as tecnologias para o cooperado e os encontros na fazenda fazem parte desse trabalho.”

Gallassini ainda relata a relevância do encontro para a evolução dos associados. “São dez estações, todas com novas tecnologias e acompanhamento de pesquisadores dos principais institutos do país. Quem participa sai na frente. É um trabalho visível de ganho de produtividade. Quando começamos, colhíamos 70 sacas por alqueire, hoje temos áreas, de até 200 sacas. Devido a esse trabalho os cooperados estão em um bom momento e capitalizados.”

TRABALHO RECONHECIDO PELA PESQUISA

A maioria das atividades desenvolvidas pela Fazenda Experimental da Coamo é realizada em parceria com instituições oficiais de pesquisa. O trabalho é reconhecido e enaltecido pelos resultados e forma como as tecnologias são difundidas aos cooperados. O chefe geral da Embrapa/Soja de Londrina, José Renato Bolsas Farias, destaca a interação entre a pesquisa e os agricultores proporcionada pela Coamo. “É a oportunidade que temos de apresentar as novas tecnologias e, também, de ouvir dos agricultores quais são as demandas e anseios. É um evento que realimenta os projetos de pesquisa e nos dá um retorno muito grande.”

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) é outro órgão parceiro da Fazenda Experimental da Coamo. O diretor-presidente do órgão, Florindo Dalberto, define os trabalhos desenvolvidos como espetaculares e que influenciam diretamente na transformação tecnológica da agricultura. “São resultados apresentados de forma que os cooperados entendam e levem para o sistema de produção. São ações como essas que transformam a agricultura em algo rentável e sustentável”, assinala.

Também sempre presente no encontro, Sérgio Roberto Dotto, chefe geral da Embrapa/ Trigo, de Passo Fundo/RS, comenta que a integração entre a pesquisa e a cooperativa é de fundamental importância. “Os técnicos [da Coamo] são o elo entre a pesquisa e os cooperados. São eles que transmitem os resultados de forma segura, com eficiência e credibilidade já que conhecem e falam a língua do agricultor. Acompanho este encontro desde 1991 e sei da sua importância para nós e para os produtores”, destaca.

VARIEDADES NÃO FALTAM

Ao todo, duas estações sobre variedades de soja apresentaram 30 materiais, além de alertar o cooperado sobre boas práticas de manejo


Ralf Udo Dengler, undação Meridional

A safra 2015/2016 foi atípica quando comparada à anteriores. O clima interferiu diretamente na lavoura devido ao intenso volume de chuva e a consequente umidade. Situação essa que comprova o quanto a escolha da variedade de soja é importante. Assim, mais do que nunca a estação Variedades de Soja I, cumpriu o papel de informar o cooperado sobre a escolha da variedade adequada e a situação de cada um.

Breno Rovani, engenheiro agrônomo que coordenou a estação, relata o que a agricultura vivenciou nesta safra. “O volume de chuva foi grande, de setembro até dezembro. Choveu acima da média. Paralelo a isso, tivemos apenas cinco dias de sol por mês nesse período.”

Breno Rovani (Campo Mourão), Danilo Rodrigues Alves (Roncador), Rodrigo dos Santos da Silva (Cruzmaltina) e Leandro Mansano Martines (Juranda)

Sem a ajuda do clima e com poucos dias para entrar em campo, o manejo fitossanitário ficou comprometido. Uma realidade que evidenciou a importância das variedades de soja, ligadas diretamente com esse contexto. “Quando, por exemplo, falamos de uma doença específica como a Phytophthora, temos variedades que têm comportamento diferenciado em relação a doença. Temos variedades que são mais ou menos sensíveis. Então, se há um histórico na lavoura com doença de sistema radicular, no ano que vem, precisa colocar nesse mesmo talhão uma variedade que seja menos sensível à determinada doença”, orienta Rovani.

Ao todo a estação apresentou 16 variedades de soja. Amplo portfólio que segundo o pesquisador da Fundação Meridional, Ralf Udo Dengler, tem sido o foco da pesquisa. “Temos que ter variedades para cada perfil de agricultor, porque são diferentes situa- ções, localidades, época de semeadura, sem contar as condições climáticas e o solo. É tudo muito diferente e esse intercâmbio que temos na Fazenda Experimental é fundamental, pois a cada dia vêm agricultores de uma determinada região”, frisa Dengler.

MAIS CULTIVARES

O cooperado tem que escolher em conjunto com o agrônomo a variedade que mais se adapta às suas condições

As variedades de soja evoluíram nos últimos anos devido ao trabalho da pesquisa. Assim, diante deste cenário, o cooperado precisa se atentar a região que planta e ao histórico climático para tomar a decisão. Esse foi o tema abordado na estação Variedades de Soja II. “Não existe material ruim, os materiais são produtivos e fica até difícil escolher. O cooperado tem que discutir com o agrônomo a variedade que melhor se adapta às suas condições”, destaca o engenheiro agrônomo Renato Di Salvo Mastrantonio, coordenador da estação que apresentou 14 variedades de soja.

De acordo com ele, o principal objetivo foi despertar o interesse do cooperado para as principais características de cada material. "Depois, juntamente com a assistência técnica da Coamo, o cooperado escolhe a que melhor pode se adaptar dentro da propriedade.” O agrônomo alerta que o agricultor tem papel fundamental no incremento da produção. “As variedades se adaptam as condições de cada região. Mas, o agricultor também precisa fazer a sua parte, com um bom manejo de solo e controle de plantas daninhas, pragas, doenças. Além de torcer para que o clima colabore.”

Salathiel Antunes Teixeira (Boa Esperança), Marcílio Yoshio Saiki (Campo Mourão), Renato Mastrantonio (Mamborê), Eugenio Pawlina (Cantagalo) e Alcione Dalla Giacomassa (Honório Serpa)

Em relação a esta safra, Mastrantonio comenta que ocorreu o fenômeno "enrugamento da soja", um problema não tão recente assim. “Desde 2004, a Embrapa vem pesquisando sobre o problema. No início houve suspeita de virose. Para comprovar que a soja não estava infectada por vírus, a Embrapa utilizou amostras de folhas enrugadas, para inocular plantas de soja suscetíveis aos dois principais vírus conhecidos (mosaico comum e necrose da haste) e nenhuma delas mostrou sintomas, demonstrando, portanto, que a causa não era vírus. Então, ficou denominado como uma falsa virose. E, nesse ano tivemos problemas em várias regiões do Paraná, onde a planta fica encarquilhada, enrugando as folhas e, consequentemente, ficando menor. Entretanto, ainda não existe consenso da pesquisa do que pode ser. São várias as possíveis causas, como uma deficiência nutricional, principalmente de boro e manganês, nematóide, variação de temperatura ou mesmo resí- duos de herbicidas de safras anteriores.”

Outro problema desta safra segundo Mastrantonio, foi a mancha amarela que é também chamada de mancha aureolada. “A ocorrência deste sintoma pode estar relacionada à baixa luminosidade e excesso de chuva. Porém, ainda não há um patógeno específico do que pode ser o problema. A pesquisa está estudando.”

OLHO ABERTO PARA O PERCEVEJO

Cooperados aprenderam como manejar o inseto de forma correta e eficiente, sem prejudicar o sistema de produção

Praga frequentemente encontrada nas lavouras de trigo e milho, o percevejo barriga verde está se adaptando às lavouras de soja, causando preocupação no campo. Na estação "Manejo do percevejo barriga verde no sistema de produção", os produtores conheceram melhor a praga e aprenderam como manejar o inseto de forma correta e eficiente. “A ideia foi fazer com que o produtor entendesse melhor o sistema de produção como um todo, e não apenas uma cultura específica. Assim, poderemos manejar melhor as pragas, inclusive o percevejo, que é prejudicial à lavoura dependendo da população que se encontra”, argumenta o agrônomo Lucas Gouvea Vilela Esperandino, coordenador da estação.

De acordo com o técnico, o produtor precisa conhecer a espécie que está causando o dano na lavoura e ter principalmente um histórico da área para fazer o manejo. “Com um histórico, o cooperado consegue tomar a melhor decisão e se planejar para controlar as pragas de acordo com a necessidade de cada talhão”, lembra Esperandino, alertando para os danos que a praga pode causar quando não controlada. “Temos dados de perdas de até 60% de produtividade no milho por conta do percevejo barriga verde. É um número bastante expressivo e quem não se atentar para isso pode ter de fato grande prejuízo”, diz.

Além das lavouras comerciais outras plantas são hospedeiras do percevejo, aumentando ainda mais o risco de infestação. As três principais são brachiária, trapoeraba e crotalária, consideradas as preferidas dos insetos. “Quando temos, por exemplo, uma lavoura de milho instalada em cima de uma área com qualquer uma dessas hospedeiras, certamente vou ter uma lavoura mais suscetível ao ataque de percevejo”, orienta.

O entomologista Rodolfo Bianco, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), observa que a praga é favorecida pelo sistema soja x milho e se desenvolve principalmente quando não há cuidado no manejo de plantas daninhas. Conforme ele, é preciso ter cuidado desde a escolha adequada da cultivar até o manejo do próprio percevejo. “As ações precisam ser integradas e não podemos pensar somente na soja ou milho. Temos que pensar em ações para o ano todo, monitorando o inseto. O produtor precisa cuidar da lavoura desde o controle da planta daninha porque ela é hospedeira do inseto”, explica.

Guilherme Teixeira Gonzaga da Silva (Quinta do Sol), Lucas Gouvea Esperandino (Campo Mourão), Marcos Vinicius Gimenes (Pitanga), Alessandro de Oliveira (Juranda), Jonas Rodrigo Roecker (Cândido de Abreu) e Maikon Carneiro (Iretama) entomologista Rodolfo Bianco, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Beatriz Correia Ferreira, entomologista da Embrapa/Soja de Londrina

Beatriz Correia Ferreira, entomologista da Embrapa/Soja de Londrina, defende o monitoramento da área como a principal ferramenta do produtor e avisa que o momento de ataque da praga depende do estágio da planta, sendo em épocas diferentes no milho e na soja. “No milho, a fase principal do ataque do percevejo é nos primeiros 20 dias. Na soja já é diferente, ocorre no começo em níveis baixos, mas não é problema. Com o passar do tempo aumenta progressivamente a população e explode no final do ciclo, na fase de maturação que já está próximo da fase do milho de segunda safra”, revela à pesquisadora, lembrando que nem sempre é preciso controlar. “A decisão deve ser tomada de acordo com a população presente no campo. Se o nível estiver baixo não é necessário e isso só pode ser evidenciado por meio de um bom monitoramento.”

AÇÕES QUE FAVORECEM O CONTROLE:

  • Observar população no final do ciclo de maturação da soja
  • Eliminar plantas daninhas hospedeiras - Fazer tratamento de sementes
  • Fazer monitoramento da área - Utilizar adubação nitrogenada
  • Tratar bem a semente e ficar atento ao excesso chuva após o plantio que pode lixiviar o inseticida
  • Fazer controle no momento correto, evitar aplicações em horários mais frios do dia

“A diferença é que as novidades foram testadas, comprovadas e validadas pela Coamo, e com isso fica bem mais fácil colocar em prática. As novas cultivares sempre chamam a atenção, já que procuramos melhorar a nossa produção. Agora, ficamos na expectativa sobre o que será mostrado no pró- ximo evento.” Edgar Szabo, de Guarapuava (Centro-Sul do Paraná). “Desde que comecei a participar destes encontros, a conduta na propriedade mudou. Tem muita tecnologia disponível e os eventos realizados pela Coamo mostram todos e cada um vê o que é melhor para a sua realidade. Já conseguimos melhorar a produtividade e diminuir os custos colocando em prática o que aprendemos aqui.” Devair Martins, de Cândido de Abreu (Centro-Norte do Paraná). “É a primeira vez que participo, achei interessante e muito construtivo. Sempre aprendemos algo para ser implantado na propriedade, seja relacionado a novas cultivares, defensivos ou aprendendo mais sobre os problemas que podem afetar uma safra, como as pragas e plantas daninhas, por exemplo. São questões que ajudam a planejar as próximas safras.” Hilton Grabner, de Toledo (Oeste do Paraná).

ALIANDO SOJA E MILHO SAFRINHA

Rentabilidade do sistema é determinado pelo planejamento e organização, posicionando bem a soja, que é a cultura principal, e complementando a rentabilidade com o milho

O milho safrinha tem ganhado espaço nas últimas safras. Contudo, para que a lavoura seja viá- vel economicamente, assim como é para o sistema produtivo, é preciso considerar alguns pontos. Entre eles, não prejudicar a safra de soja pensando em ganho com a segunda safra. O tema foi apresentado pela terceira vez no encontro com números que comprovam a harmonia entre as duas culturas, desde que planejadas e estruturadas de forma correta.

Marcelo Johnny Ballão da Silva (Candói), Rhodolfo Dutra Lameu (Palmas), Giovani Augusto Geron Pinheiro (Fênix), Diego Ferreira de Castro (Mamborê), Álvaro Ricardo Moreira (Faxinal) e Alan Antoniassi (Boa Esperança)

Foram mostradas 12 combinações entre soja, desde as variedades superprecoces, precoces e de ciclo médio, com milho superprecoces e precoces. De acordo com o engenheiro agrônomo Diego Ferreira de Castro, coordenador da estação “Sistemas de produção soja e milho safrinha: resultados finais de três safras”, a melhor combinação foi a implanta- ção de soja com ciclo médio, entre 130 e 135 dias, semeada no final de setembro. “Isso porque o cooperado consegue plantar milho em um período relativamente cedo, que seria em fevereiro, e com grande potencial produtivo”, destaca.

Já a pior combinação, segundo mostrou o experimento de três anos, foi quando cultivou tanto a soja quanto o milho de ciclos superprecoces. “Quanto mais precoce o ciclo da cultura, menor o potencial produtivo e, consequentemente, menos rentabilidade. Às vezes, o produtor tem a falsa impressão de colher muito bem milho na safrinha, porque plantou mais no cedo. Porém, a soja é que proporciona a maior rentabilidade”, acrescenta Castro.

Júlio César Franchini, Embrapa/Soja

O agrônomo lembra que cada ano é diferente e nem sempre o planejamento ocorre como o esperado. Contudo, é necessário seguir as recomendações técnicas para tirar proveito de cada lavoura da melhor forma possível. “É necessário atenção com a precocidade, pois a lavoura poderá ter o potencial reduzido. Um ano ou outro, pode ser que o produtor ganhe dinheiro com isso, mas, de forma geral, é preciso tomar cuidado e evitar plantios em épocas menos favoráveis.” Ele acrescenta que o cooperado deve lembrar que a soja é a principal cultura, e a que traz mais rentabilidade. “O milho safrinha é importante para o sistema e também proporciona renda, por isso não pode ser deixado de lado. Porém, é preciso posicionar as duas lavouras da melhor maneira possí- vel para não perder dinheiro”, reforça.

O pesquisar Júlio César Franchini, da Embrapa/Soja, lembra que o objetivo da estação foi mostrar ao produtor que a rentabilidade do sistema é determinado pelo planejamento e organização, pensando em posicionar bem a soja, que é a cultura principal, e complementar a rentabilidade com o milho. “É relativamente simples fazer isso já que é só trabalhar com o ciclo e época de plantio. Mas, na prática sabemos que existem muitos desafios. O produtor precisa saber que com um bom planejamento é possível otimizar o trabalho e aumentar a renda. Por outro lado, se não for feito de maneira planejada acaba reduzindo a renda”, assinala.

VIDA LONGA AO Bt

Refúgio é a principal ferramenta de auxílio na manutenção da tecnologia. Se respeitado e feito da forma correta o sistema pode garantir longevidade

Luis César Voytena (Campo Mourão), Lucas Bonorino Martini (São Domingos), Thiago Sandoli Dias (Ivaiporã), Jose Ricardo Romani (Mangueirinha), Guilherme Montenegro Sávio (Campo Mourão) e Sandro Rodrigo Klein (Roncador)

Preservar as inovações criadas a partir das necessidades encontradas no campo, incentivando os produtores adotarem medidas que garantam maior longevidade das tecnologias. Com este objetivo uma das dez estações, alertou os produtores sobre a importância de monitorar a eficiência das tecnologias Bt (transgênia para controle de pragas) para milho e soja, destacando a utilização de refúgio.

De acordo com o agrônomo Guilherme Montenegro Sávio, responsável pela estação "Programa de monitoramento da eficiência de Biotecnologias Bt em soja e milho" a preocupação é não deixar acontecer com a soja Bt - novidade incorporada recentemente -, o mesmo que aconteceu com o milho, que perdeu eficácia por falta de manejo adequado. “Nosso objetivo é evitar a perda da tecnologia para soja já que no caso do milho, por falta de conscientização, quase que inutilizamos a tecnologia”, observa.

O agrônomo reforça que o refúgio é a principal ferramenta de auxílio na manutenção da tecnologia. Se respeitado e feito da forma correta o sistema pode garantir longevidade. No entanto, é preciso ter um planejamento prévio tanto para as lavouras Bt quanto para não Bt. “É importante observar a distância dos talhões Bt para não Bt, que é de no máximo 800 metros, por ser o espaço que a mariposa vai sobrevoar de uma lavoura para outra. Também é preciso monitorar as pragas das lavouras convencionais e não extermina-las por completo. Precisamos ter acasalamento de mariposas resistentes e não resistentes”, lembra.

Edenei de Freitas Bueno, Embrapa/Soja

Entre os principais benefícios, a tecnologia Bt proporciona redução dos custos de produção; produção de alimentos com alta qualidade nutricional; controle de pragas; menor impacto ambiental e comodidade para os produtores.

O entomologista Adeney de Freitas Bueno, da Embrapa Soja, reforça que a não adoção do refúgio contribuiu severamente para a perda da tecnologia e a evolução da resistência das pragas. Preocupado com o que pode acontecer, Bueno alerta que neste primeiro ano de plantio de soja Bt em grande escala, já é visível a inexistência de refúgio e até a utilização errada da ferramenta. “Está faltando consciência do que realmente é o refúgio e a forma correta de adotá-lo e isso é muito preocupante. O refúgio precisa e deve ser incorporado pelos produtores para que deixemos de selecionar os insetos resistentes que acabarão com a tecnologia em breve espaço de tempo. Mas, é bom lembrar que a lavoura não Bt do vizinho não serve como refúgio”, avisa.

Samuel Roggia, Embrapa/Soja

Conforme Bueno, a falta de refúgio não deve ser creditada apenas para o produtor. Na opinião do pesquisador tem faltado incentivo e orientação quanto à adoção do refúgio. “Eu acho que é injusto colocar a culpa só no produtor. Nós técnicos também podemos contribuir no campo ao recomendar, por que muitas vezes quem toma as decisões é o agrônomo que dá assistência.”

Ainda dá tempo para fortalecer a tecnologia Bt e fazer com que ela seja uma ferramenta fundamental para o produtor no controle de pragas da soja e milho. É o que pensa Samuel Roggia, também entomologista da Embrapa Soja. “Agora é o momento mais do que nunca de se utilizar o refúgio. Com o milho tivemos o aumento da resistência à algumas tecnologias porque não se acreditava que a lagarta poderia se tornar resistente tão rápido. Mas, devido ao nosso clima tropical acabou acontecendo. Por isso, precisamos abrir os olhos e fazer o manejo correto para evitar que aconteça o mesmo problema com a soja”, afirma Roggia, lembrando que tanto o produtor rural como a pesquisa, técnicos de campo e todos os envolvidos no processo precisam dar sua resposta na preservação das tecnologias Bt.


“Conhecemos tecnologias que no dia a dia não temos contato. É um dia de trabalho, de aprendizagem. Há vários anos participamos e tudo que conhecemos aqui e colocamos em prática é um sucesso. Sempre há algo que pode melhorar a produção e também a nossa rentabilidade.” Jones Maldaner, de Mangueirinha (Sudoeste do Paraná). “Venho todos os anos, e cada vez é diferente já que os assuntos apresentados são sempre novos. São tecnologias testadas e com eficiência comprovada. O que aprendemos contribui para melhorar a nossa atividade. É uma grande vantagem para o cooperado da Coamo.” Nereu Luis Bandiera de Matos, de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná). “Venho aqui buscar informações e novidades. Trabalhamos em família e depois divido com eles todos as tecnologias apresentadas. É uma forma de otimizar e difundir o conhecimento, buscando melhorar a todo momento. É um encontro importante e que realmente vale a pena participar.” Murilo Franco Alves, de Caarapó (Sudoeste do Mato Grosso do Sul).









UM OLHAR NO AMANHÃ

ENCONTRO DE VERÃO MOSTROU, EM PRIMEIRA MÃO, BIOTECNOLOGIA QUE DEVE CONTROLAR AS PLANTAS RESISTENTES E DE DIFÍCIL CONTROLE

As tecnologias que surgiram nos últimos anos deixaram a agricultura bastante dinâmica. Cada vez mais, os agricultores precisam conhecer as novidades para que possam reduzir custos e aumentar a produtividade de forma segura. Para que isso ocorra, é necessário ter conhecimento sobre as tecnologias atuais e também as recomendações, atenção e detalhes relacionados as futuras. O Encontro de Verão deste ano, mostrou, em primeira mão, uma nova biotecnologia que contempla novidades relacionadas a tolerância a herbicidas, além de novidade com relação as proteínas Bt, com previsão de chegar ao Brasil a partir da safra 2018/19. Trata-se da tecnologia Enlist™, que é um sistema que abrange também, novas formula- ções de herbicidas auxiliando no manejo de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle, tolerância a alguns grupos de mecanismo de ação de herbicidas nas plantas de soja e milho aliados ao controle de lagartas.

O engenheiro agrônomo Lucas Simas de Oliveira Moreira, coordenador da estação "Controle de plantas daninhas pelo Sistema Enlist™", destaca que a chegada ao Brasil será um marco da biotecnologia, pois o sistema une na mesma planta de soja a tolerância aos herbicidas glifosato, glufosinato de amônio e 2,4-D. Ou seja, é uma ferramenta para auxiliar na redução da pressão de seleção de novas espécies de plantas resistentes ao glifosato. “É uma tecnologia abrangente. Teremos a opção de utilizar alguns herbicidas que hoje só podem ser utilizados em dessecação pré-plantio em aplicações na pós emergência da soja, além de duas proteínas de alta expressão e que são eficientes no controle das principais lagartas da cultura da soja”, explica.

Márcio José Messias (Ivaiporã), José Jean Almeida (Engenheiro Beltrão), Tiago Ossak dos Santos (Boa Ventura de São Roque), Carlos Vinicius Precinotto (Pitanga), Lucas Simas de Oliveira Moreira (Campo Mourão)

A nova tecnologia, desenvolvida pela Dow AgroScienses, já foi lançada nos Estado Unidos. No Brasil, a regulamentação está em análise pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Enlist™ também integrará a plataforma de Milho Power Core da empresa, com tolerância aos herbicidas glifosato, glufosinato de amônio, haloxifope e 2,4-D. “A Dow AgroScienses vem desenvolvendo essa biotecnologia há mais de 12 anos. Até o lançamento previsto no Brasil, teremos ainda mais duas ou três safras, totalizando 15 anos de pesquisas e a Coamo está mostrando isso em primeira mão aos seus cooperados”, salienta Moreira.

Leandro Vargas, Embrapa/Trigo

De acordo com o agrônomo, a ideia de antecipar a chegada da tecnologia é para que o cooperado possa se familiarizar com a nova ferramenta. “É diferente das tecnologias que temos até o momento e exigirá entendimento no manejo de herbicidas, plantas daninhas e voluntárias”, frisa. Ele conta que a tecnologia surge em um momento importante para a agricultura com objetivo de retardar a velocidade de surgimento de plantas resistentes ao glifosato. “Quando plantávamos a soja convencional, por exemplo, havia rotação de mecanismo de ação, éramos obrigados a isso para se ter o controle satisfatório. Com a soja RR, o produtor perdeu essa rotatividade, pois passou a utilizar apenas um produto para controlar as plantas daninhas. Por outro lado, ganhou comodidade. A proposta da tecnologia Enlist™ é unir os dois conceitos, isto é, a comodidade e seletividade que ganhamos com a soja RR com a possibilidade de aplicar produtos com diferentes mecanismos de ação e de amplo espectro garantindo eficiência e diminuindo a possibilidade de surgimento de novas plantas daninhas resistentes”, conclui.

De acordo com o pesquisador Leandro Vargas, da área de plantas daninhas da Embrapa/ Trigo, de Passo Fundo RS, o mesmo dinamismo que fez com que as lavouras produzissem, cada vez mais, também influenciou para o surgimento de novos problemas e ressuscitou alguns que já eram tidos como resolvidos. “A literatura nos conta que não existe apenas uma solução para o controle de plantas daninhas. A gente precisa usar todas as op- ções que existem disponíveis e essas novas tecnologias vem somar ao que já tinha, ou seja, não vem para resolver o problema de plantas daninhas e são mais op- ções ao produtor”, afirma.

RESGATE PARA O FUTURO

ENCONTRO ANTECIPOU NOVA BIOTECNOLOGIA QUE ESTARÁ NO MERCADO NAS PRÓXIMAS SAFRAS VISANDO CONTROLAR PLANTAS DANINHAS DE FOLHAS LARGAS


Cleber Luiz Bongiorno (Coronel Vivida), Nilton César Cavalheri (Campo Mourão), Tiago Alves Faria (Boa Ventura de São Roque), Tiago Ertel (Manoel Ribas) e Edson Carlos dos Santos (Rancho Alegre do Oeste)

Fazendo um resgate dos últimos anos em relação a agricultura, especialmente a cultura da soja, é notável o salto que se deu em produtividade. Porém, também requer mais planejamento, atenção e conhecimento por parte dos agricultores. “A ideia é mostrar aos cooperados as novidades que estão por vir. É uma maneira de prepará-los para o futuro”, comenta o engenheiro agrônomo Nilton César Cavalheri, coordenador da estação "Controle de plantas daninhas pelo Sistema Roundup Ready 2 Xtend (RR2 Xtend).

De acordo com ele, a agricultura passou por vários períodos desde quando o plantio era convencional, onde o cooperado tinha a opção de controle com herbicidas pré-emergentes, por exemplo, a trifluralina. Na década de 80, expandiu o plantio direto que foi uma grande revolução para agricultura brasileira, até chegar na soja transgênica que revolucionou, mais uma vez, a agricultura, com o cooperado tendo a opção do uso do herbicida glifosato em pós emergência da soja, melhorando o controle de plantas daninhas e com menor custo. Mas, com o passar do tempo come- çaram a aparecer problemas com algumas plantas daninhas resistentes ao glifosato. “Agora, estamos prestes a conhecer uma nova revolução com dois mecanismos de ação diferentes que é uma ferramenta para o manejo das plantas de folhas largas de difícil controle e as resistentes ao glifosato, as quais foram selecionadas ao longo dos anos, a tecnologia também é uma opção de manejo do caruru gigante originalmente dos Estados Unidos, o qual foi recentemente encontrado no norte do Mato Grosso”, assinala Cavalheri.

Jamil Constantin, da Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Ele acrescenta que com a nova tecnologia será possível prolongar a vida útil do glifosato. “Quando o uso desta tecnologia estiver liberado para o Brasil será possível melhorar o controle de folhas largas, com isso, aumentar a longevidade do glifosado que é um herbicida importante para o sistema e que controla várias plantas de folhas largas e também estreitas”, conclui.

O pesquisador Jamil Constantin, da área de ciência de plantas daninhas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), entende que a situação atual está mais difícil porque com o surgimento da tecnologia RR, os agricultores passaram a usar muito o herbicida glifosato, o que fez com que aumentasse o problema de resistência. “A tendência é que o problema com plantas resistentes aumente ainda mais se não começarmos a utilizar outras moléculas, com outros mecanismo de ação”, salienta.


“É um dia de recebermos novas informa- ções, tirarmos dúvidas e depois utilizarmos todo o conhecimento adquirido no campo. A agricultura está muito dinâmica e a Coamo antecipa sempre as novidades do campo fazendo com que os cooperados saem na frente. Diante de todas as informações fica mais fácil planejar as próximas safras.” Ricardo Alexandre Catapan, de Ouro Verde (Oeste de Santa Catarina). “Neste encontro é mostrado o que há demais novo para melhorar a atividade. É um diferencial para nós que somos cooperados da Coamo e queremos, cada vez mais, produzir de forma sustável e com rentabilidade. São tecnologias que já estão à disposição ou que virão nos próximos anos, mas que já são testadas e aprovadas pela cooperativa.” Sebastião José de Lima, de Moreira Sales (Centro-Oeste do Paraná). “É um dia de trabalho e muito bem aproveitado. É um evento que não dá para ficar de fora já que precisamos nos atualizar sempre. Vimos situações que poderão ocorrer daqui a dois ou três anos e isso é importante para não sermos pegos de surpresa. Esse contato com a pesquisa também é algo que faz a diferença.” Paulo César Luiz, de São João do Ivaí (Centro- -Norte do Paraná).

MAIS ENERGIA PARA OS HERBICIDAS

Marco Antonio Capoci (Ivaiporã), Paulo Boeing Noronha Dias (Campo Mourão), Almir José Schaedler (Abelardo Luz), Willian Luiz Ferrari (Mariluz) e Marco Aurélio Guenca (Reserva)

Consideradas de difícil controle, as plantas daninhas corda de viola, trapoeraba e erva quente, entre outras, já deram muita dor de cabeça no campo. Nada que não possa ser resolvido com uma boa associação de herbicidas que, se bem combinados, conseguem conter a proliferação dessas invasoras, responsáveis pela redução da produtividade da lavoura

No encontro de verão deste ano uma estação foi dedicada ao tema e mostrou na prática a eficiência do manejo com glifosato associado com outros herbicidas, o que aumenta a capacidade de controle das plantadas daninhas. “O glifosato sozinho para essas plantas de difícil controle nem sempre é eficiente. Mas, associado com os produtos certos o resultado é bem melhor. Podemos utilizar os que eram muito usados na soja convencional como o flex, cobra, classic e pivot, entre outros herbicidas. Essa mistura melhora a eficiência de controle e potencializa a ação do glifosato, sem contar que alguns desses produtos podem deixar residual bastante interessante para evitar mais uma aplicação de glifosato na soja RR”, explica o agrônomo da Coamo, Paulo Henrique Boeing Noronha Dias, responsável pela estação "Glifosato associado a outros herbicidas em p.e. da soja: Controle e seletividade"

Conforme ele, a técnica melhora o sistema como um todo, uma vez que é uma forma de rotacionar os herbicidas com modo de ação diferente. “Este é o custo-benefício, colocar mais herbicidas ao invés de somente o glifosato, que pode selecionar plantas resistentes”, esclarece Noronha, argumentando que a mistura nada mais é do que uma alternativa para manter a tecnologia RR por mais tempo a disposição do produtor. “É uma alternativa para que o produtor continue utilizando a soja RR, aplicando o glifosato quando necessário, mas que tenha um controle satisfatório principalmente para as plantas de difícil controle. Hoje, percebemos que estamos selecionado essas invasoras ao utilizar apenas o glifosato”, alerta.

DOSANDO A MÃO

Estação com o tema: "residuais de herbicidas nas culturas", abordou a importância do planejamento para evitar efeito “Carryover”


Ezequiel Segatto (Xanxerê), Danyel Ricardo Baccin (Goioxim), Fabrício Bueno Correa (Campo Mourão), Antonio Carlos de Oliveira (São João do Ivaí) e Paulo Nedes de Peres (Cândido de Abreu)

O herbicida ideal seria aquele que controlasse um maior número de plantas daninhas possíveis, e que após esse controle não restasse residual algum no meio ambiente. Porém, infelizmente, este produto não existe. Sempre alguma toxidade fica de uma cultura para a outra, e por este motivo o cooperado precisa saber controlar a situação. Dessa forma, a estação "Efeitos de resíduos de herbicidas nas culturas (pH do solo/chuvas/doses)", coordenada por Fabrício Bueno Correa, mostrou aos participantes, técnicas para não errar na hora da aplicação.

Este fenômeno negativo é denominada Carryover, que Correa conceitua como, “Efeito indesejável do herbicida na cultura de sucessão”. “Queremos alertar os produtores que dependendo do herbicida que estão utilizando na cultura de interesse, no caso da soja, o manejo e algumas interações que ocorrem, esse herbicida pode apresentar o efeito Carryover na cultura de sucessão que no caso, como exemplo, é o milho safrinha.”

É preciso, portanto, tomar alguns cuidados. “O DOSANDO A MÃO produtor rural precisa utilizar as doses corretas dos produtos, respeitar o intervalo de plantio recomendado, não fazer sobreposição de barras que irá dobrar a dose e, principalmente, manejar adequadamente o solo. Ter um solo bem estruturado é essencial para que esse efeito não se prolongue”, orienta o coordenador da estação.

Fernando Adegas, Embrapa/Soja

Durante o evento, os técnicos da Coamo também apresentaram algumas interações que potencializam esse efeito. “Um exemplo é a calagem. As vezes o agricultor vai fazer uma aplicação de herbicida e aplica calcário. Quando esse calcário começa a reagir e elevar o pH do solo, pode potencializar o efeito Carryover de algum grupo de herbicidas. Outro exemplo, é a compactação do solo, que quanto mais compactado, maior o potencial desse efeito. Sem contar a utilização de doses acima do recomendado.”

Mas, então quanto tempo o herbicida deve permanecer no solo? Segundo Correa, as variáveis são grandes. “Tem herbicida que degrada rapidamente, e outros que podem persistir por mais tempo. Por isso, alertamos na estação para o produtor se planejar pois, dependendo do produto que utilizará, é preciso saber qual será cultura de sucessão. No caso da soja, se a cultura de sucessão for o milho, precisa utilizar um herbicida adequado a sensibilidade do milho ou ter uma carência entre aplicação de herbicida e plantio do milho maior possível para que não ocorra o Carryover.”

Robinson Osipe, da UENP

O pesquisador da Embrapa/Soja, Fernando Adegas, ainda alerta que o tempo de permanência do herbicida no solo varia. “Alguns herbicidas, com uma semana já saem do solo e outros podem durar quase 300 dias. Essas são características do produto que podem ocasionar efeito Carryover. A chave está no planejamento, assistência técnica, maior entendimento dos produtos, do solo e das interações”, considera o pesquisador.

Outro pesquisador que reforça a importância desse planejamento é Robinson Osipe, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). “O uso de uma dosagem errada do herbicida, pode causar danos na cultura e, ainda, se utilizar alguma tecnologia equivocada pode ter problema na cultura plantada na sequência. Quando falamos em manejo de herbicida é uma visão ampla de como usar com segurança essa tecnologia, ou seja, com planejamento.”

TURBINANDO A SOJA

Mais soja e menos agressão ao meio ambiente. Estação mostrou benefícios do inoculante na soja

Muitas vezes negligenciada pelo produtor, a adição de inoculante na soja, considerado o nitrogênio da cultura, foi abordado neste ano no Encontro de Verão da Fazenda Experimental Coamo. O objetivo da estação "Inoculação e Coinoculação: o Nitrogênio da Soja", foi mostrar ao sojicultor os benefícios da tecnologia para aumentar a produtividade da oleaginosa.

Fábio Henrique Alves Freire (Dez de Maio), Fábio da Cruz (Barbosa Ferraz), José Marcelo Fernandes Rúbio (Mamborê), Darci Baggio (Ouro Verde), Andrei Henrique de Tomasi (Manoel Ribas)

De acordo com o engenheiro agrônomo José Marcelo Fernandes Rubio, que coordenou a estação no evento, os efeitos da fixação biológica existem na natureza desde o surgimento da soja. “O nitrogênio é o nutriente que a soja mais precisa para produzir. Somados todos os outros nutrientes que a planta necessita, ainda assim, não se equivale a quantidade de nitrogênio que ela requer para produzir. E apesar de ser o mais requerido, o produtor não aduba a lavoura com nitrogênio, porque a fixação biológica (inoculante) faz isso quase de graça”, explica Rubio.

O agrônomo exemplifica que para produzir 145 sacas de soja por alqueire, que foi a média da Coamo na safra passada, seriam necessários 1.550 quilos de ureia. “Isso encareceria muito o sistema de produção e com o inoculante temos esse ganho quase que de graça”, orienta.

Recentemente houve um avanço na tecnologia que consiste na adição de outro microorganismo benéfico para as plantas junto ao inoculante chamado coinocolulação. “A soma do inoculante mais o coinoculante aumenta ainda mais a produtividade da soja”, garante Rubio. “Queremos que os cooperados percebam a importância da inoculação e coinoculação no processo. Não é porque uma tecnologia é barata que ele tem de deixar de lado e não fazer bem feito”, alerta.

Luiz Cezar Tavares, da Embrapa Soja

Assim como outras tecnologias utilizadas no sistema de produção os benefícios da adição de inoculante podem ser observados principalmente em anos de maior estresse climático, diz. “Quando fazemos um estudo de população do inoculante no solo, essa população varia ao longo dos anos. Em anos que chove mais ou em áreas que tem melhor cobertura é melhor a sobrevivência das bactérias no solo. Então, nesses anos quando fazemos a inoculação a resposta pode ser um pouco menor. Agora em anos que temos temperaturas mais altas e clima seco, principalmente no inverno, a população de bactérias benéficas ao sistema cai drasticamente e se deixarmos de inocular certamente a produção será menor”, esclarece.

Presente na estação o pesquisador Luiz Cezar Tavares, da Embrapa Soja, defende a tecnologia dizendo que é uma forma sustentável para produzir soja. “Basicamente economizamos nitrogênio, uma vez que a inoculação ajuda a fixar o nitrogênio natural disponível do sistema, produzindo nódulos necessários para a planta. E a coinoculação favorece o sistema radicular, contribuindo com um melhor enraizamento da planta no solo”, simplifica.

Para Tavares, além dos aspectos econômicos exerce papel fundamental ao meio ambiente, pois a redução da utiliza- ção de fertilizantes nitrogenados minimiza possíveis efeitos de contaminação do lençol freático. “Com este sistema protegemos o ambiente produtivo com custo benefício”, garante.

ENCONTRO EM FOTOS

Homenagem da Coamo, Iapar e Embrapa ao agrônomo Joaquim Mariano Costa pela dedicação e trabalho desenvolvido frente à Fazenda Experimental












ENCONTRO EM NÚMEROS

28 edições do Encontro
4 mil participantes (Cooperados e técnicos do Detec e pesquisadores)
06 Instituições de Pesquisa (Embrapa Soja , Embrapa Trigo, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Fundação Meridional, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Universidade Norte do Paraná – (UENP)
02 Instituições de Ensino (Universidade Estadual de Maringá –UEM e Universidade Norte do Paraná (UENP)

Entre mais de 100 experimentos, foram escolhidas e apresentadas 10 estações aos cooperados e técnicos em 2015, sendo:
  1. Variedades de Soja I: Brasmax, Don Mário, Embrapa, Coodetec, Dow e TMG
  2. Variedades de Soja II: FT Sementes, Nidera, Syngenta, Pionner, Monsoy e Bayer
  3. Manejo do Percevejo Barriga verde no sistema de produção
  4. Sistemas de produção soja e milho safrinha: resultados finais de três safras
  5. Programa de monitoramento da eficiência de Biotecnologias Bt em soja e milho
  6. Controle de plantas daninhas pelo Sistema Enlist™
  7. Controle de plantas daninhas pelo Sistema Roundup Ready 2 Xtend (RR2 Xtend)
  8. Glifosato associado a outros herbicidas em p.e. da soja: Controle e seletividade
  9. Efeitos de resíduos de herbicidas nas culturas (pH do solo/chuvas/doses)
  10. Inoculação e Co-inoculação: o Nitrogênio da Soja
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