Imagens da chuva na soja em algumas regiões do Mato Grosso do Sul e estragos nas lavouras do Paraná
COAMO ESTÁ AO LADO DOS COOPERADOS, BUSCANDO SOLUÇÕES PARA O PROBLEMA QUE OCORREU NA MAIORIA DAS REGIÕES. UMA SITUAÇÃO JAMAIS OCORRIDA, PROVOCADA PELAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ADVERSAS DO PERÍODO
A safra de verão 2015/16 reservou surpresas inesperadas e desagradáveis para parte dos produtores rurais. A chuva que é sempre bem-vinda e garante vida e desenvolvimento para as lavouras, neste ciclo, chegou com volumes muito acima do normal, prejudicando principalmente as áreas de soja, diminuindo ou, em alguns casos, causando perdas irreparáveis nas lavouras.
Cooperados de várias regiões, principalmente, do Paraná e Mato Grosso do Sul, vivem a mesma situação. Ladi Cassol, de Laguna Carapã (Sudoeste do Mato Grosso do Sul), conta que perdeu grande parte da área para a umidade e teme agora a dificuldade para plantar o milho. “Ficou tudo debaixo d’agua e não sabemos se vamos conseguir plantar o milho”, diz. Ele recorda que a safra de verão foi toda marcada por chuvas acima da média. “Começou a chover em meados de novembro e não parou mais. A soja se desenvolveu em meio a muita água e prejudicou uma safra toda”, conta o cooperado, que plantou um total de 254 alqueires. “Estamos colhendo entre 30 e 35 sacas por alqueire. Nunca vi uma situação dessa, de tanta chuva”, complementa.
No Paraná, as regiões mais afetadas foram as Centro-Oeste e Centro-Norte, onde as lavouras estavam prontas para a colheita. Irineu Favoreto Júnior, de São João do Ivaí (Centro-Norte do Paraná), conta que, pelo menos, 80 alqueires da sua área já está dada como perdida. “É uma área que não se aproveitará nada”, lamenta. Ele calcula uma perda de pelo menos 15 mil sacas. “Havia uma boa expectativa para este ano. Estava tudo pronto para colher quando começou a chuva e vimos tudo se perder”, acrescenta. Na região, a chuva ocorre de forma ininterrupta de 16 a 29 de fevereiro, ultrapassando 300 milímetros somente neste período.
A situação surpreende dos mais novos aos mais experientes no campo. Caso do agrônomo Brasil do Reis, do Departamento Técnico da Coamo em São João do Ivaí, que garante jamais ter presenciado fato parecido. “Em mais de 30 anos de campo nunca tinha visto isso. As lavouras estavam prontas para colher e com ótima potencialidade. Com oito a nove dias de chuva perdeu tudo”, explica. Segundo o técnico, a região estava com 50% da área colhida e com produtividades que oscilavam de 150 a 170 sacas por alqueire.
Em Iretama (Centro-Oeste do Paraná), cooperados também contabilizam perdas, como é o caso de Ricardo Consalter. “Foi um problema para a região. Uma grande perda e que esperamos não ver novamente. Com mais de 40 anos na atividade estou vivendo uma situação atípica”, comenta. Ele cultiva um total de 270 alqueires em parceria com o irmão Antonio Sérgio e calcula perda geral de 70%. “Teve área em que a perda foi total e que não vamos nem mexer, enquanto que em outras até chegamos a colher, mas com prejuízo grande”, destaca.
Mesma situação vive Airton Sydulovicz, de Roncador, distante 30 quilômetros de Iretama. Ele cultivou 25 alqueires com a oleaginosa, dos quais dez foram prejudicados. “Eu nunca tinha visto uma situa- ção igual a essa. Só não tive problemas com as áreas plantadas mais tarde que estão amarelando agora. Ficamos impotentes diante da situação de ver a roça estragando sem poder fazer nada”, conta. A expectativa do cooperado era de colher pelo menos 1,5 mil sacas nos dez alqueires. “Não dá para acreditar que tudo se perdeu. Era para a produção estar toda na cooperativa”, comenta.
Outra região afetada é a de Ivaiporã (Centro- -Norte do Paraná). O cooperado José Joaquim Marques Costa Alves demorou para acreditar que havia perdido toda a produção nos oito alqueires de soja.
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Ladi Cassol, de Laguna Carapã (MS) |
Irineu Favoreto Júnior, de São João do Ivaí (PR) |
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Ricardo Consalter, de Iretama (PR) |
Joaquim Marques Costa Alves, de Ivaiporã (PR) |
“A lavoura foi muito bem tratada e tinha tudo para uma boa produtividade. No ano passado, colhemos 183 sacas de média e neste ano esperávamos 170 sacas por alqueire. É uma triste realidade que temos de enfrentar”, comenta. Segundo o cooperado, a sensação era a pior possível, em ver a soja no ponto de colheita e não poder fazer nada. “Nunca tinha visto uma situação dessas. A gente fica sem ter o que fazer, só vendo a produção se perder”, assinala.
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Airton Sydulovicz, de Roncador (PR)
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Conforme o gerente da Unidade de Ivaiporã, José Sales Saraiva, 30% da área estava colhida e outros 40% no ponto de colheita. “Temos de tudo. Teve quem já havia colhido e com médias boas, outros que começariam os trabalhos bem no período da chuva e que perderam bastante, assim como havia lavouras ainda verde e que deve ter uma média normal. Estimamos uma perda que varia de 10 a 50% na nossa região”, avalia.
O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, observa que esta safra foi totalmente diferente das demais. “Até então, não havíamos presenciado uma safra com tanta chuva e com prejuízos tão significativos. Em condições normais, não teríamos nenhum problema em receber a soja, como fizemos sempre. A Coamo sempre procura fazer o melhor para o cooperado, atendendo dentro das suas necessidades. Neste momento, é preciso tranquilidade para tomar a melhor decisão, tanto para os associados quanto para a cooperativa. A Coamo está ao lado dos cooperados, buscando soluções para o problema que ocorreu na maioria das regiões. Uma situação jamais ocorrida, mas que foi provocada pelas condições climáticas adversas do período.”
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