Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 467 | Março de 2017 | Campo Mourão - Paraná

29° ENCONTRO DE COOPERADOS

PORTEIRA ABERTA PARA O CONHECIMENTO

ENCONTRO EM NÚMEROS

Participação de 2.500 cooperados
Mais de 1.000 técnicos
65 delegações de associados do MS, PR e SC
Exposição de 50 empresas parceiras no
segmento de máquinas, óleos lubrificantes, pneus e produtos veterinários

10 estações apresentadas, sendo:   

  • Eficiência do controle da ferrugem da soja versus intervalo entre as aplicações    
  • Protetores e indutores de resistência: estratégia para a manutenção do controle químico na ferrugem da soja    
  • Calagem e Gessagem: resultados de cinco safras dos ensaios da Fazenda Experimental    
  • Manejo de nematoides em culturas anuais    
  • Variedades de Soja I e II   
  • Estratégias para o manejo do Capim Amargoso   
  • Capim pé de galinha: um novo desafio da resistência de plantas daninhas e alternativas de manejo    
  • Agricultura de Precisão: Programa Coamo e novidades tecnológicas
  • Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas

A porteira da Fazenda Experimental se abriu entre os dias 06 e 10 de fevereiro para a 29ª edição do Encontro de Verão de Cooperados. O tradicional evento é uma oportunidade para o associado ter acesso a uma fonte de conhecimento inesgotável e em constante atualização. Trata-se, também, de um momento ímpar para ter contato com pesquisadores dos principais institutos de pesquisa do país e todo o quadro técnico da Coamo.

Durante a semana, cooperados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, separados em regionais, passaram um dia no campo experimental, em que visitaram dez estações de pesquisa: 1) Eficiência do controle da ferrugem da soja versus intervalo entre as aplicações; 2)Protetores e indutores de resistência: estratégia para a manutenção do controle químico na ferrugem da soja; 3) Calagem e Gessagem: resultados de cinco safras dos ensaios da Fazenda Experimental; 4) Manejo de nematoides em culturas anuais; 5) Variedades de Soja I;6) Variedades de Soja II;7) Estratégias para o manejo do Capim Amargoso; 8) Capim pé de galinha: um novo desafio da resistência de plantas daninhas e alternativas de manejo; 9) Agricultura de Precisão: Programa Coamo e novidades tecnológicas; e 10) Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas.

Segundo o engenheiro agrônomo Lucas Simas de Oliveira Moreira, chefe da Fazenda Experimental, foram abordados temas atuais para o cenário vivenciado na safra 2016/2017. “Na estação sobre Tecnologia de Aplicação de Defensivos, por exemplo, realizamos uma abordagem diferenciada e inovadora, como nunca havíamos apresentado. Entendemos que são conhecimentos que geram resultados e, certamente, contribuirão no trabalho dos cooperados, permitindo que eles possam ter mais produtividade e rentabilidade no processo produtivo como um todo.”

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo e Lucas Simas, chefe da Fazenda Experimental

O gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, avalia que os trabalhos na Fazenda Experimental ao longo dos anos estão sendo implantados nos campos dos associados. “Observamos que áreas de soja e milho estão com boa sanidade, aspecto visual muito bonito e altamente tecnificadas. Assim, para continuar esse desenvolvimento, os produtores precisam participar dos dias de campo, trazendo dúvidas e, por meio desse contato com a pesquisa, continuar evoluindo. Essa é uma forma estratégica de trabalho, unir o cooperado e a pesquisa”, enfatiza Sumiya.

FALA COOPERADO

“Já é de costume todo ano participar deste encontro. É um dia que aguardamos com ansiedade. Dessa vez, vim com um filho e três netos. É importante que todos acompanhem as novidades, já que vivemos da agricultura e a Coamo nos proporciona isso." Afonso Gregório, de Iretama (Centro-Oeste do Paraná).

“Participar do encontro é muito produtivo. É um dia que faz toda a diferença para a nossa atividade. Nem sempre temos como buscar todas as tecnologias e é a oportunidade de vermos o trabalho da pesquisa que tem por trás de tudo que chega até nós.” Moacir Menon, de Janiópolis (Centro-Oeste do Paraná).

“Participar do encontro faz toda a diferença no campo. Sempre aprendo algo a mais e são informações que ajudam a melhorar a nossa atividade. São muitas as informações, difícil até de guardar tudo, mas aos poucos vamos adotando as práticas apresentadas. Tem que acompanhar tudo para não ficar fora do mercado e agir como empresários rurais.” Delidio Zulianelli Filho, de São João do Ivaí (Centro-Norte do Paraná).

Para o superintendente Técnico da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, o encontro foi mais uma oportunidade de se atualizar para a atividade agropecuária. “Foi expressiva a participação dos cooperados, as estações estavam de altíssimo nível, tanto que recebemos um retorno positivo de diversos participantes. Temos convênios com as melhores instituições de ensino e pesquisa do Brasil. Com essas parceiras realizamos ensaios durante todo ano para apresentar o que é mais importante ao associado, tanto para o que está acontecendo, quanto se antecipando para possíveis problemas futuros.”

É fato que diante desse empenho técnico, muito se contribuiu para a pesquisa nacional, sendo a Coamo precursora de inúmeras tecnologias, conforme comemora o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. “O Encontro na Fazenda é algo diferente, pois trata-se de um evento extremamente técnico. Temos mais de 100 experimentos, dos quais elencamos os mais adequados ao momento para apresentar e qualificar o quadro de associados.Tivemos uma semana com aproximadamente 700 cooperados por dia, que certamente irão propagar esse conhecimento e aumentar ainda mais a produtividade de suas lavouras.Devemos continuar nesse caminho, multiplicando o conhecimento e aprimorando e agriculta em nosso país.”

É fato que diante desse empenho técnico, muito se contribuiu para a pesquisa nacional, sendo a Coamo precursora de inúmeras tecnologias, conforme comemora o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. “O Encontro na Fazenda é algo diferente, pois trata-se de um evento extremamente técnico. Temos mais de 100 experimentos, dos quais elencamos os mais adequados ao momento para apresentar e qualificar o quadro de associados. Tivemos uma semana com aproximadamente 700 cooperados por dia, que certamente irão propagar esse conhecimento e aumentar ainda mais a produtividade de suas lavouras. Devemos continuar nesse caminho, multiplicando o conhecimento e aprimorando e agriculta em nosso país.”

Diretoria da Coamo presente todos os dias para a abertura do evento: Aquiles Dias (Superintendente Técnico), Marcelo Sumiya (gerente de Assistência Técnica), Ricardo Accioly Calderari (diretor-secretário); Claudio Francisco Bianchi Rizzatto (diretor-vice-presidente) e José Aroldo Gallassini (diretor-presidente)

CONTROLE NA MEDIDA CERTA

Clima é o termômetro que determina se haverá uma maior condição para a presença da ferrugem e qual a severidade

Presente nas lavouras brasileiras desde a safra 2001/2002 a ferrugem asiática da soja promoveu nos últimos anos inúmeros debates e desafios para a pesquisa. Tema recorrente nos eventos da Fazenda Experimental Coamo, neste ano uma estação mostrou a importância de respeitar o intervalo de aplicações, manejando de forma mais precisa a incidência do fungo no sistema.

Na análise do engenheiro agrônomo José Marcelo Rúbio, do Detec da Coamo em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná) e coordenador a estação, o clima é o termômetro que determina se haverá uma maior condição para a presença da ferrugem e qual a severidade. “Todas as pesquisas demonstram que temperatura não é um fator tão importante quanto imaginávamos para ocorrência do fungo. O que determina mesmo se terá uma epidemia severa da doença é a quantidade de chuva que teremos no período. Sabendo disso precisamos ser mais cuidadosos com o intervalo de aplicações dos fungicidas não alongando demais essa operação”, orienta Rúbio.

O agrônomo justifica que com menores precipitações pluviométricas nesta safra, não houve constatação de alta severidade da doença no campo. Contudo, nas regiões que plantam e colhem mais tarde, o risco foi um pouco maior porque houve mais chuva no período em que as lavouras ainda estavam em fase de maturação nas regiões mais frias na área de ação da Coamo.

José Marcelo Fernandes Rúbio (Mamborê), José Petruise Ferreira Júnior (Engenheiro Beltrão), Leo Silva dos Santos (Quarto Centenário) e Giovani Augusto Geron Pinheiro (Fênix)

IMPORTÂNCIA DE RESPEITAR O INTERVALO DE APLICAÇÕES

Mauricio Meyer, da Embrapa/Soja

O fitopatologista Mauricio Meyer, da Embrapa Soja, reforça que o intervalo de aplicação é importante porque se o produtor não entender a dinâmica da ocorrência da doença e os fatores que limitam ou favorecem o rápido desenvolvimento, ele pode imaginar que está aplicando os fungicidas de maneira correta. “Pode acontecer, também, de estarmos jogando produto sem a devida pressão de doença ou até a existência da mesma no campo. Esse ensaio está muito didático em relação a isso, porque tivemos uma condição climática não favorável ao aparecimento cedo da doença nas lavouras e as primeiras aplicações programadas provavelmente não tiveram muito resultado de controle”, exemplifica.

Baseado nisso o pesquisador entende que os intervalos de aplicação no início da cultura, antes de aparecer à doença, depois com a instalação de condições favoráveis variam bastante. “Quando a pressão é menor, os intervalos podem ser espaçados, mas com o surgimento da doença e as condições favoráveis de clima, naturalmente esses intervalos precisam ser reduzidos”, alerta.

Outro que defende o ajuste do intervalo de aplicações é Rafael Moreira Soares, também fitopatologista da Embrapa/Soja. Para ele o fator mais importante para um bom ajuste no manejo é o intervalo de aplicações. “Esse intervalo determina o sucesso ou o fracasso no controle da ferrugem, que é hoje a mais severa doença do complexo soja. Mostramos que há muitos fatores para se considerar e não é simplesmente ter um calendário fixo de aplicação”, observa Soares. Ele acrescenta que há um conjunto de medidas que o produtor precisa adotar. Entre eles estão o vazio sanitário da soja (instituído no Paraná e Mato Grosso do Sul); utilizar variedades resistentes ao maior número de doenças possíveis; boa tecnologia de aplicação; monitoramento constante para determinar o momento certo de aplicação, entre outros.

Rafael Moreira Soares, da Embrapa/Soja

ESCUDO CONTRA A FERRUGEM

Estação mostrou que todos os produtos a base de triazol e estrobilurina foram enfraquecendo com o passar do tempo, e com a utilização dos indutores houve aumento de 10 a 15% em cada aplicação

Cláudia Vieira Godoy, da Embrapa/Soja, contribuiu para a concretização da estação

Além de ajustar o melhor período de aplicação de fungicidas, outra preocupação da assistência técnica da Coamo discutida no Encontro de Verão deste ano, foi o planejamento estratégico para melhorar a eficiência dos produtos utilizados para o controle da ferrugem asiática da soja. Na prática, os técnicos da cooperativa apresentaram novas alternativas, como a utilização de protetores e indutores de resistência, que ajudam a potencializar o tratamento das lavouras, combatendo a resistência do fungo, que com o passar do tempo vem conseguindo impor-se perante a alguns produtos existentes no mercado. “Estamos utilizando essas ferramentas para melhorar as aplicações. São fungicidas multissítios [capazes de driblar a resistência] porque atuam em vários locais (sítios de ação) diferentes no fungo, dificultando o processo de resistência. Juntos com eles utilizamos os fosfitos, que são indutores de resistência, que contribuem para melhorar essa proteção contra o fungo”, explica Elerson Reis Tiburcio, agrônomo da Coamo em Luiziana (Centro-Oeste do Paraná) e responsável pela estação.

O técnico lembra que o problema da falta de eficiência dos fungicidas começou a ser identificado na safra 2008/2009 quando pesquisadores da Embrapa/Soja e Fundação Meridional perceberam que alguns produtos não surtiam mais o mesmo efeito. “Mostramos na estação que todos os produtos a base de triazol e estrobilurina foram enfraquecendo com o passar do tempo, e com a utilização dos indutores tivemos um ganho de 10 a 15% em cada aplicação. Por isso, é importante à mistura desses produtos com os protetores e indutores de resistência”, orienta.

Edenei Swartz (Campo Mourão) Luiz Eduardo de Oliveira (Boa Esperança), Álvaro Ricardo Moreira (Faxinal), Maikon Carneiro (Iretama) e Elerson Reis Tiburcio (Luiziana)

FERTILIDADE EQUILIBRADA

Sebastião Francisco Ribas Martins Neto (Palmital), Ércio Coldebella (Araruna),  Sandro Rodrigo Klein (Roncador), Diego Ferreira de Castro (Mamborê), José Eduardo Frandsen Filho (Pitanga) e Ezequiel Segatto (Xanxerê)

Qual a quantidade correta de calcário e de gesso deve ser aplicada na correção de solo? E como fazer para não prejudicar o potencial produtivo das culturas? As perguntas foram esclarecidas no Encontro de Verão, alicerçadas por um ensaio iniciado em 2012 que mostra a melhor forma de manejar corretamente os valores de calagem e gessagem adicionados ao sistema de produção.

Responsável pela estação, o engenheiro agrônomo Diego Ferreira de Castro, do Detec da Coamo em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná), garante que após cinco anos de experimento é possível afirmar que as recomendações preconizadas pela cooperativa estão corretas tanto em nível de unidade como por meio do projeto de Agricultura de Precisão, desenvolvido pela Coamo em toda área de ação. “Instalamos no experimento várias doses de calcário e gesso, de forma incorporada e superficial para saber qual seria o melhor resultado. Felizmente, depois de cinco anos, conseguimos ver que as nossas recomendações iniciais estavam corretas. Não tivemos problema de produtividade, diferindo de recomendações externas que acompanhamos”, comemora.

Com praticamente 100% das áreas corrigidas com calcário, as muitas áreas assistidas pelo departamento técnico da Coamo também recebem o gesso no sistema. Uma tecnologia, que conforme Castro, ainda precisa ser preconizada. “Se não fosse o calcário não teríamos as produtividades que temos hoje. Já o gesso, tem muita gente fazendo, mas ainda precisamos agregar mais porque os resultados mostram que vale a pena”, informa.

Qual a quantidade correta de calcário e de gesso deve ser aplicada na correção de solo? E como fazer para não prejudicar o potencial produtivo das culturas? As perguntas foram esclarecidas no Encontro de Verão

INTERVENÇÃO CRITERIOSA

Marcelo Augusto Batista, da UEM

Para o pesquisador e professor Marcelo Augusto Batista, da área de química e fertilidade do solo, da  Universidade Estadual de Maringá (UEM), existe uma desconstrução de conceito sobre a calagem e gessagem agrícola, fora do meio técnico, que precisa ser enfrentada com muito cuidado. Segundo ele, oportunistas tentam desvalorizar a utilização da tecnologia oferecendo no mercado produtos milagrosos, que na verdade não possuem nenhuma eficácia. “Estamos trabalhando para mostrar que a associação desses dois materiais, um corretivo e um melhorador de ambiente superficial, deixa as plantas em melhores condições de expressar o potencial produtivo que elas têm”, observa Batista.

De acordo com o pesquisador em ambiente de estresse hídrico o gesso responde ainda melhor, ampliando o desempenho das plantas. “Esse efeito de benefício é mais expresso neste tipo de ambiente [estresse hídrico] porque ele faz com que as raízes desçam mais no solo, buscando água em maior profundidade”, revela o especialista. Ele esclarece que a associação dos dois componentes [calcário e gesso] não contemplam apenas uma cultura e sim todo o sistema. “O produtor não pode contabilizar todo o calcário e gesso em uma cultura, essa contabilização deve ser feita para todas as culturas por várias safras. É uma intervenção que deve ser feita com critério, já que a maior parte do cálcio, magnésio e enxofre que chegam ao solo são por essas duas intervenções. E essa estação mostrou categoricamente o quanto e como usar de gesso e calcário”, afirma.

INIMIGO INVISÍVEL

O  manejo de nematóides em culturas anuais também esteve entre os temas escolhidos para o Encontro de Verão da Fazenda Experimental Coamo. Considerado preocupante do ponto de vista de que o problema nem sempre pode ser identificado com facilidade no campo, técnicos da Coamo em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) expuseram a melhor forma de manejar o fitoparasita, que quando não controlado pode causar prejuízos severos à atividade agrícola.

O engenheiro agrônomo Lucas Gouveia Esperandino, supervisor da gerência de Assistência Técnica da Coamo, esclarece que em todo solo agricultável do Brasil é possível encontrar nematóides em maior ou menor quantidade. “Obviamente em áreas com maior nível populacional o problema será revertido para a cultura. O único nematóide introduzido no Brasil é o Heterodera glycines, que veio dos EUA, os demais são nativos dos solos brasileiros e todas as vezes que analisarmos vamos encontrá-los”, esclarece o técnico, lembrando ainda que o PratyConsiderado lenchus brachyurus é um endoparasita migrador que mais preocupa nos dias atuais.

FALA COOPERADO

“É um encontro técnico, onde o produtor vem para aprender e fazer as coisas acontecerem no campo. Vale a pena participar de um encontro tão prestigiado e bem organizado. A Coamo está de parabéns e, com certeza, vamos voltar outras vezes.” Sueli e Eloídes Kramer Pedroso, de Goioxim (Centro-Sul do Paraná).

“A gente vem atrás de novas tecnologias e aprender mais sobre a nossa atividade. Sempre voltamos para casa com bastante conhecimento. Colocamos boa parte do que aprendemos em prática. O contato com a pesquisa nos dá mais segurança. É uma verdadeira aula que recebemos.”  Roberto Aparecido Ricardo, de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná).

“A Coamo contribui muito organizando um evento como este. São informações que nos ajudam a produzir mais e a nos prevenir de eventuais problemas que possam atacar a lavoura. É muito gratificante para o produtor vir aqui e levar todo esse conhecimento para casa. São informações que ajudam a melhorar a vida do agricultor no campo.” Marcio Ari Claudino Ziemer, de Palmital (Centro-Sul do Paraná).

Principal atrativo para os nematóides, as plantas hospedeiras ajudam a manter o fitoparasita presente na área. Entre elas estão o capim amargoso, picão preto, soja e milho entre tantas outras espécies. “Capim amargoso e picão preto, por exemplo, multiplica o nematóide Pratylenchus brachyurus. Nas áreas que temos a sucessão soja e milho safrinha estamos tendo um aumento de Meloidogyne spp., que é o nematóide da galha, e o Pratylenchus brachyurus que é o nematóide das lesões”, alerta.

Considerado preocupante do ponto de vista de que o problema nem sempre pode ser identificado com facilidade no campo, técnicos da Coamo em parceria com pesquisadores da UEM expuseram a melhor forma de manejar os nematóides, que quando não controlado pode causar prejuízos severos à atividade agrícola

Entre os nematóides são quatro as espécies predominantes: Rotylenchulus reniformis (nematóide do algodoeiro que também causa dano na soja); Heterodera glycines (nematóide do cisto da soja com 11 raças catalogadas no Brasil, sendo oito em Mato Grosso do Sul e uma no Paraná); Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica (nematóide das galhas) e o Pratylenchus brachyurus.

Conforme Lucas, todas as espécies podem causar prejuízos diretos às culturas, uma vez que lesionam principalmente a raiz. “Automaticamente isso reflete tanto na parte aérea como nas estruturas reprodutivas, principalmente da soja, uma vez que prejudicam o enchimento de grãos”, diz.

O agrônomo da Coamo orienta que existem diversas maneiras de manejar o problema, mas a principal é a rotação de culturas. “Outra técnica que ajuda bastante é o aumento do teor de matéria orgânica e o controle biológico, este último que vem sendo mais estudado recentemente. E temos o controle varietal, utilizando cultivares que são resistentes a algumas espécies. Mas, para isso é preciso conhecer a raça que está presente na área.”

Paulo Henrique Battisti (Brasilândia do Sul), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão) e Waltemberg Machado de Lima (Peabiru)

CADA NEMATÓIDE NO "SEU GALHO"

Cláudia Dias Arieira, da Universidade Estadual de Maringá

Com experiência de mais de 20 anos, a nematologista Claudia Dias Arieira, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), diz que a primeira ação a ser tomada é realizar o levantamento para identificação da presença ou não de nematóides na área. “Quando o produtor vê as reboleiras ou manchas na lavoura ele costuma achar que é algum problema de nutrição ou compactação e acaba não fazendo análise, quando na verdade podem ser nematóides. É importante procurar o agrônomo que presta assistência técnica para os dois juntos traçarem as estratégias de manejo, uma vez que cada nematóide tem a sua particularidade”, argumenta a pesquisadora, alertando que nenhuma estratégia usada isoladamente vai dar bom resultado. “Por isso utilizamos a rotação de culturas com plantas não hospedeiras, para cada espécie existe uma indicação. Usamos ainda o tratamento químico, biológico ou associados, além de evitar a planta hospedeira na segunda safra para quebrar o ciclo e sempre que for possível fazer adubação verde para gerar matéria orgânica naquela área”, finaliza.

VITRINE DA SOJA

É tradição mostrar em primeira mão as novidades relacionadas a variedades de soja aos cooperados

Temas relacionados a variedades de soja, estão sempre presentes no Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental Coamo. Nesta edição duas estações trataram do assunto. É a oportunidade dos visitantes conhecerem as tecnologias e os novos materiais recomendados para as diferentes situações e realidades das regiões na área de ação da cooperativa. Em uma das estações foram apresentados materiais da Embrapa, Coodetec, TMG, Brasmax e Don Mario. Em outra, os cooperados ouviram sobre as cultivares da Bayer, Monsoy, FT Sementes, Nidera e Syngenta.

O engenheiro agrônomo Luís Cesar Voytena, do Detec em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) e responsável pela Estação Variedades de Soja I, conta que é tradição da Coamo mostrar as novidades aos cooperados em primeira mão. “Os visitantes voltam para casa com bastante informação, seja relacionada à novas variedades ou ao posicionamento das tecnologias já existentes. São opções para todas as regiões em que a cooperativa está presente”, assinala.

Também foi apresentado aos cooperados um gráfico com a evolução de produtividade nos últimos 20 anos. “Houve um aumento considerável. Na safra 1994/95, por exemplo, apenas 4% dos cooperados colhiam acima de 145 sacas por alqueire. Atualmente, nessa mesma faixa de produtividade estão praticamente 50% dos associados. Aumentou a porcentagem de produtores que colhem altas produtividades e, consequentemente, diminuiu aqueles que produzem menos”, ressalta. Voytena comenta que um dos motivos para esse aumento é a melhoria genética. “Há alguns anos tínhamos poucas variedades e se plantavam as mesmas em regiões de solo, climas e épocas de plantio diferentes. Hoje temos diversas variedades adaptadas para cada região. É importante o cooperado estar atento a isso e procurar as melhores opções para a sua realidade e, assim, conseguir alta produtividade. O custo de produção não é baixo e o cooperado não pode errar.”

Salathiel Antunes Teixeira (Boa Esperança) Danilo Rodrigues Alves (Roncador), Marcio José Messias da Silva (Ivaiporã) e Breno Rovani (Campo Mourão)

Leandro Mansano Martines (Juranda), João Rafael Bauermeister (Barbosa Ferraz), Antonio Carlos de Oliveira (São João do Ivaí) e Luis Cesar Voytena (Campo Mourão)

Ralf Udo Dengler, da Fundação Meridional

Luís César Tavares, da Embrapa/Soja participou todos os dias do encontro apresentando as novidades

Conforme o engenheiro agrônomo Breno Rovani, responsável pelo Laboratório de Análise de Sementes da Coamo e coordenador da Estação Variedades de Soja II, a agricultura está dinâmica, sempre aparecendo novas tecnologias e novidades, e com as variedades não é diferente. “A todo momento surgem novidades e temos sempre mostrado isso nos encontros com cooperados. Apresentamos os lançamentos e opções de posicionamento para os materiais já existentes.”

Rovani recomenda que o primeiro passo para definir a variedade e a tecnologia a ser usada, é o cooperado conhecer a sua propriedade. “Saber sobre o clima, o tipo de solo e os possíveis problemas que podem influenciar na produtividade é muito importante. Em uma mesma região podemos ter diferentes situações e isso implica em boas lavouras. É importante o cooperado ter conhecimento sobre tudo isso, pois existem variedades adaptadas para cada região e com peculiaridades diferentes”, comenta.  

O gerente executivo da Fundação Meridional, Ralf Udo Dengler, destaca a evolução da pesquisa e a importância da parceria com a Coamo para testar e validar as novas tecnologias. “Assim, as novidades chegam aos cooperados de forma mais concreta e segura. A cooperativa apoia diretamente o trabalho de melhoramento, atendendo situações importantes onde consegue selecionar variedades cada vez mais adaptadas, produtivas, com melhor sanidade e potencial para as diferentes condições de clima e solo.”

A todo momento surgem novidades em relação a variedades de soja e a Coamo tem sempre mostrado isso nos encontros com cooperados. Também  foram apresentamos os lançamentos e opções de posicionamento para os materiais já existentes

ENRUGAMENTO FOLIAR DA SOJA EM DEBATE

Marco Antonio Nogueira, da Embrapa/Soja

Um assunto apresentado no encontro e que tem chamado a atenção dos agricultores e da pesquisa foi sobre o enrugamento foliar da soja. O pesquisador da Embrapa/Soja, Marco Antonio Nogueira, especialista em fertilidade e microbiologia do solo, observa que o problema já foi notificado há alguns anos, porém nas últimas safras está ocorrendo de forma mais intensa. “Estamos pesquisando para tentar identificar o que está por trás disso, mas ainda não chegamos a nenhuma conclusão. Algumas hipóteses já descartamos como, por exemplo, ataque de insetos ou deficiência de nutrientes. Pelo menos sabemos que não é só isso. Podem ser vários fatores e queremos solucionar a curto prazo.”

Nogueira salienta que os casos têm ocorrido em uma ou outra mancha da lavoura e não em toda área. De acordo com ele, a maior incidência do sintoma tem sido nos estágios entre V 2 e V 5 e, normalmente, a planta se recupera e produz igual. “Porém, há situações em que os ataques ocorrem com mais seriedade e pode causar perdas de 10 a 15% na produtividade. Contudo, nem sempre é assim.” A orientação do pesquisador é para que o agricultor não se desesperar e aplicar qualquer produto, sem saber as causas. “Pedimos para que o agricultor procure a assistência técnica para a melhor decisão."

PREVENIR PARA NÃO AMARGAR

Capim amargoso vem crescendo e aumentando em proporção e disseminação no Brasil. Em 2016 já atingiu 16 milhões da área produtiva do país

O capim amargoso vem crescendo e aumentando em proporção e disseminação no Brasil. Apesar de estar há poucos anos no Brasil o estrago já é grande. Previa-se que em 2020 seriam 15 milhões de hectares desta planta daninha, porém, ao contrário do esperado, em 2016 já atingiu 16 milhões da área produtiva de soja, milho e demais culturas. Um cenário que exige do produtor rural uma ação imediata e de tão preocupante foi tema de uma das estações de pesquisa da Fazenda Experimental Coamo neste ano.

Segundo o engenheiro agrônomo, Nilton Cavalheri, coordenador da estação “Estratégias para o manejo do Capim Amargoso”, a resistência ao glifosato começou no Paraguai, e depois foi ao o Brasil e Argentina. “Esta planta daninha está em praticamente todo o Brasil, nas regiões frias a disseminação é mais lenta, mas tem também.”

Nilton Cesar Cavalheri (Campo Mourão), Edimar Marques (Paulistânia), Willian Luiz Ferrari (Mariluz), Odair Johanns (Goioerê) e João Roberto Juliani (Peabiru)

Diante disso, o produtor rural deve adotar o manejo proativo conforme explica Cavalheri. “É preciso fazer uso de todas as práticas culturais, como a rotação de culturas, manejo químico utilizando dois ou mais mecanismos de ação, manejo mecânico e manejo cultural. Os pré-emergentes, são fundamentais para não deixar a planta ‘sementiar’, e nesse sentido deve-se procurar pegar sempre plantas pequenas, tentando reduzir o banco de sementes para que não tenhamos o aumento de plantas daninhas resistentes ou venha surgir outra planta daninha resistente também.”

No grupo dos pós-emergentes para o manejo do capim amargoso existe apenas um grupo de herbicidas, os inibidores de ACCase, outra realidade que exige muita atenção do homem do campo. “É muito importante fazer o manejo proativo, para preservar e garantir longevidade deste importante mecanismo de ação. Trata-se de uma única opção de herbicida pós-emergente que temos por enquanto”, alerta.

Fernando Adegas, da Embrapa/Soja, também contribuiu para a implantação da estação sobre capim amargoso e apresentou sobre o tema aos cooperados

CAMINHO CERTO

Dionizio Gazieiro, da Embrapa/Soja

Dionizio Gazieiro, pesquisador da Embrapa/Soja, especialista e doutor em plantas daninhas, com 42 anos de experiência no tema, ressalta que as plantas daninhas de um modo geral, não apenas as resistentes, são um sério problema para o agricultor. “Essas invasoras causam um prejuízo, pois competem por luz, água e nutrientes e roubam a produtividade da soja com a cultura e, muitas vezes, o agricultor não consegue perceber.”

A preocupação da pesquisa agronômica, portanto, está em deixar as áreas limpas para que se possa obter a maior produtividade possível e evitar a resistência aos herbicidas. “Com as plantas resistentes, começamos a deixar de ter eficiência com muitos produtos que antes faziam o controle. Elas se disseminam com muita facilidade e, por isso, até pelo fato de ser resistente a importantes herbicidas, podem continuar dificultando o controle.

Para que o problema não se agrave, Dionizio Gazieiro, diz que existem alternativas que foram apresentadas durante o Encontro de Verão. “É difícil, mas não é impossível controlar. O agricultor em primeiro lugar deve se conscientizar do problema. Com a buva, por exemplo, alertamos o agricultor, mas a maioria só foi se preocupar efetivamente quando teve o problema e aí já era tarde e muitos perderam em produtividade, onde em algumas áreas se chegou a perder 70% de produtividade nos talhões infestados. É preciso pensar na prevenção, ou seja, não deixar o problema entrar.”

Segundo o pesquisador da Embrapa, caso comecem a aparecer as primeiras plantas daninhas, é preciso realizar uma ação imediata. “Tem que eliminar no começo para não deixar o problema multiplicar, isso porque a planta daninha produz muitas sementes. É um problema que se deixar multiplicar, as sementes estarão no solo nos próximos anos, nascendo e incomodando o agricultor por muito tempo.”

Quanto a dosagem da aplicação dos produtos, é outro aspecto que Gazieiro afirma que exige cuidado. “Deve-se respeitar a dose recomendada para cada situação e não deixar esse problema se agravar na lavoura, pois isso significa muito custo e o lucro indo embora. O melhor momento para fazer o controle é no começo da entressafra. Pegue ela antes que ela te pegue.”

UMA NOVA INVASORA

Não bastando as inúmeras plantas daninhas presentes no sistema produtivo rural, em 2016 surgiu o capim pé de galinha. Original da Malásia, a invasora do momento está em mais de 50 países do mundo e em mais 60 culturas, onde já é motivo de problema

Não bastando as inúmeras plantas daninhas presentes no sistema produtivo rural, em 2016, surgiu o capim pé de galinha. Original da Malásia, a invasora do momento está em mais de 50 países do mundo e em mais 60 culturas, onde já é motivo de problema. No Brasil, essa planta daninha resistente ao glifosato foi encontrada na região de Campo Mourão, mais especificamente em Moreira Sales (Centro-Oeste do Paraná).

O engenheiro agrônomo Juliano Seganfredo, que coordenou a estação “Capim Pé de Galinha: um novo desafio da resistência de plantas daninhas e alternativas de manejo”, explica que trata-se de uma gramínea, a qual produz de 40 a 50 mil sementes por planta e o ano inteiro. É encontrada em beiras de carreadores e rastros de pulverização, em várias culturas.

Assim como as demais plantas invasoras, a disseminação do capim pé de galinha é por semente e pelo vento. “Não é tão rápida e não percorre uma distância tão longa quanto o capim amargoso, tem um porte de até 70 cm, aparecendo em áreas mais abertas. É menos agressiva, mas mesmo assim, temos que realizar todos os cuidados necessários para um bom manejo.”

O manejo integrado de plantas daninhas é o caminho para o produtor rural que não deseja obter mais uma preocupação na sua lavoura. “Não devemos nos prender apenas no manejo químico, mas também, no preventivo, cultural e operacional, onde se tem um controle pontual da sobra de plantas. Um manejo auxilia o outro. Se pensar de forma isolada teremos uma eficiência menor e podemos perder mecanismos de ação e, consequentemente, alguns herbicidas.”

Guilherme Teixeira Gonzaga da Silva (Quinta do Sol), Guilherme da Silva Francicani (Campo Mourão), Juliano Seganfredo (Campo Mourão) e Edson Carlos dos Santos (Rancho Alegre do Oeste)

CUIDAR PARA NÃO AGRAVAR

Hudson Takano, da Universidade Estadual de Maringá

Hudson Takano, mestrando em Plantas Daninhas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), é o autor da pesquisa científica, tese de seu mestrado, que descobriu o capim pé de galinha resistente ao glifosato. Ele vem estudando o assunto há três anos e destaca que um problema como esse afeta uma área significativa. “Avaliamos um caso na área de ação da Coamo, seguindo todos os procedimentos padrões de pesquisa e após isso, constatamos a existência do capim pé de galinha.”

Takano diz que esse é um problema preocupante, pois o glifosato é o herbicida mais utilizado na soja e no milho. “Uma planta daninha com essa resistência afeta todo o manejo, gerando muito custo ao produtor rural. Trata-se de uma invasora de importância econômica muito grande, pois está presente no mundo inteiro. É a 4ª pior planta daninha do mundo. No Brasil, não é tão agressiva quanto o capim amargoso, mas não dá para descuidar.”

O pesquisador ainda alerta que o produtor rural precisa ficar de olhos abertos à resistência múltipla do capim pé de galinha. “Existe um caso na Malásia, onde uma única planta é resistente a até quatro mecanismos de ação de herbicidas, o que torna o controle muito difícil.”

INFORMAÇÃO QUE VEM DO CÉU

Guilherme Montenegro Sávio (Campo Mourão), Fabrício Bueno Corrêa (Campo Mourão), Fernando Mauro Soster (Ivaiporã), Marcus Henrique Alberto (Coronel Vivida), Diogo Alves (Altamira do Paraná) e Paulo Nedes de Souza Peres (Cândido de Abreu)

Na Estação “Agricultura de Precisão: Programa Coamo e novidades tecnológicas”, foram apresentados os benefícios e os diferenciais do serviço prestado pela cooperativa, com detalhamento de todo o processo. Os associados também conheceram resultados de pesquisa com dois segmentos que estão crescendo na Agricultura de Precisão que são: condutividade elétrica do solo e suas correlações e imagens realizadas por drones.

“Mostramos aos cooperados o processo que a Coamo faz parte, que é amostragem de solo, geração de books, aplicação de corretivos e as novidades no mercado que podem ser processadas na Agricultura de Precisão”, comenta o engenheiro agrônomo Fabrício Bueno Correa, supervisor da gerência de Assistência Técnica da Coamo, e coordenados da estação.

Ele explica que a Agricultura de Precisão é um processo contínuo, que vai desde a colheita, plantio, aplicação de defensivos e corretivos. “A Coamo está sempre atenta no mercado para buscar novas tecnologias e oferecer aos cooperados”, frisa. Prova disso, segundo o agrônomo, é que os equipamentos utilizados pela cooperativa na Agricultura de Precisão, foram desenvolvidos de acordo com as necessidades elencadas pela Coamo para oferecer um trabalho de qualidade.

Com a Agricultura de Precisão, o cooperado gerencia as variabilidades na propriedade. Correa explica que se a produtividade média está em 160 sacas por alqueire é porque em um talhão está sendo colhido entre 100 e 120 sacas enquanto que em outro pode chegar a 220 sacas. “A tecnologia é para que o cooperado entenda a propriedade como um todo. Onde está colhendo mais, pode ser que há um manejo diferenciado e na outra área falte correção. Outro ponto fundamental da Agricultura de Precisão é a redução de custo, já que será aplicado o corretivo na quantidade correta”, assinala.

NOVAS TECNOLOGIAS AO ALCANCE DOS COOPERADOS

Foi apresentado aos cooperados o processo que a Coamo faz parte, que é amostragem de solo, geração de books, aplicação de corretivos e as novidades no mercado que podem ser processadas na Agricultura de Precisão

Dentro do processo contínuo para melhores produtividades e manejo mais adequado nas lavouras, várias tecnologias podem ser adaptadas para o trabalho no campo. A utilização de drones, por exemplo, está se tornando, cada vez mais, acessível e um grande parceiro do produtor rural. “É como se fosse o olho do agricultor com mais capacidade de enxergar várias possíveis situações na lavoura. Auxilia no mapeamento de pragas, doenças, falhas de plantio, dentre tantos outros. Usando sensores adequados o drone é uma ferramenta de grande auxílio para o agricultor”, explica Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, de São Carlos (SP).

Durante o encontro, foram realizados voos com um drone mostrando na prática as vantagens da utilização do aparelho. “Além do drone, é preciso ter alguns programas de computador para auxiliar no entendimento das imagens. A Embrapa disponibiliza gratuitamente alguns softwares e já são mais de 100 mil downloads. É uma ferramenta que auxilia a interpretar e analisar qual o caminho que o agricultor deve tomar.”

O pesquisador acrescenta que o benefício direto ao agricultor é a correção no momento certo e, com isso, reduzir custos e perdas. “É uma forma nova de olhar para a lavoura. Ferramentas digitais como essas, facilitam o manejo e faz com que se produza mais”, frisa. Em relação ao custo do equipamento, o pesquisador orienta para que o cooperado pesquise no mercado quais os tipos de drone e o qual será útil. “Existem aparelhos de vários modelos e preços. De qualquer forma, os valores estão caindo e um drone de R$ 4 a R$ 5 mil já ajudará bastante.”

Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, de São Carlos (SP)

Júlio César Franchini dos Santos, Embrapa/Soja

Outra tecnologia apresenta aos cooperado para aprimorar a agricultura de precisão é a condutividade elétrica do solo. O tema foi apresentado pelo pesquisador da Embrapa/Soja, Júlio César Franchini dos Santos. De acordo com ele, o método é bem simples e mede a corrente elétrica do solo. “A vantagem é o rendimento operacional, pois se consegue medir áreas grandes em pouco tempo e ter informação detalhada do talhão. O equipamento toma medida a cada cinco segundos, então, dentro de um talhão consegue um nível de informação detalhado. A importância dessa medida é quando passa a ser utilizada em conjunto com outros dados como, por exemplo, mapa de fertilidade, de colheita. A condutividade ajuda a diagnosticar a qualidade física do solo, que é uma lacuna na agricultura de precisão”, ressalta.

Franchini revela que está sendo realizado um trabalho em parceria com a Coamo para analisar e validar a ferramenta como indicador de qualidade física do solo. “Muitas vezes se corrige a fertilidade e há áreas com alto nível produtivo, porém algum ponto dentro do talhão produz menos. Isso mostra que não é limitação química. Não podemos esquecer que temos fatores químicos, físicos e biológicos que podem impactar na produtividade e temos deficiência em dois fatores: biológicos, que são doenças, e a física. É uma grande oportunidade para começar a usar esse instrumento.”

SEGURANÇA NA APLICAÇÃO

Em uma sala escura, com a utilização de corante e luz negra, cooperados puderam visualizar a cobertura e penetração de gotas na lavoura

A evolução tecnológica de maquinário para aplicação de defensivos agrícolas fez toda a diferença para o trabalho do homem do campo. Isso pode facilitar ainda mais quando se tem acesso à informações mais precisas via GPS, como área e volume aplicado, se houve falhas no processo. Porém, não é esse o ponto mais importante quando se aborda esse assunto, conforme destaca o engenheiro agrônomo e coordenador da estação “Tecnologia de Aplicação de defensivos agrícolas”, Paulo Boeing. “Isso tudo é um ganho para o agricultor, ele conseguirá uma aplicação mais controlada, mas não é essa a razão do sucesso”, afirma.

Boeing enfatiza que existem tamanhos de gotas diferentes dependendo do alvo que se está disposto a controlar. “Uma gota grossa utilizo quando há um risco grande de deriva, posso ter um risco elevado por temperatura alta, eu sei que uma gota grossa tem um tempo de vida maior. Mas, se ele depender de uma melhor cobertura nessa aplicação com a gota grossa ele não terá. Por isso, explicamos aos cooperados que a gota grossa pode e deve ser utilizada, assim como a gota fina. É preciso apenas saber o momento certo para aplicá-las”, explica.

Cesar Machado Carrijo (Marilândia do Sul), Ulysses Marcellos Rocha Netto (Janiópolis) Paulo Henrique Boeing Noronha Dias (Campo Mourão) e Bruno Lopes Paes (Engenheiro Beltrão)

Para o produtor rural trabalhar essa tecnologia de aplicação, contudo, existem desafios, conforme destaca o coordenador da estação. “É preciso que se ganhe em rendimento operacional. O agricultor que costumava utilizar um volume alto e trabalha com cerca de 500 litros por alqueire, hoje, está querendo fazer uma área maior, mas com o mesmo volume de calda na bomba. Isso muitas vezes também, acelerando o pulverizador, o que causa uma instabilidade muito grande na barra”, avalia Paulo Boeing.

Atenta a essa situação, a área técnica da Coamo, elencou essa estação para orientar os cooperados. “Dá para continuar o trabalho dessa forma, mas deve ser muito tecnicamente planejado junto à assistência técnica da Coamo, para que não haja nenhum problema de cobertura, de penetração e de volume de calda, atrapalhando no controle das pragas. É preciso que o produtor rural tenha mais de dois bicos na barra de pulverização para conseguir variar o tamanho da gota, inclusive durante o dia. Ele começa a aplicar cedo onde a umidade, vento e temperatura estão bons, ele pode trabalhar com uma gota fina ou muito fina e a partir do momento que a temperatura aumentar ou o vento mudar, ele pode virar o porta bico e trabalhar com uma gota um pouco mais grossa.”

Efeito visual proporcionado pelo corante e luz negra na simulação de uma aplicação

Simulador de deriva mostrou a distribuição de cada bico com adversidade climática

ESTAÇÃO TEÓRICA E SENSORIAL

Rodolfo Chechetto, da Universidade de São Paulo (Unesp)

O pesquisador colaborador da Universidade de São Paulo (Unesp), doutor em tecnologia de aplicação, Rodolfo Chechetto, afirma que a pesquisa busca que a aplicação seja realizada com boas práticas. “O produtor precisa saber a hora em que deve utilizar uma gota mais ou menos grossa. Tentamos instrui-lo desde a condição meteorológica até o efeito que essas gotas estão dando em deposição e cobertura. Quando se utiliza um fungicida, o melhor é a gota mais fina, com herbicida a gota deve ser de média a grossa, para ter uma aplicação mais segura. ”

Durante o Encontro de Verão, a equipe de pesquisadores da Unesp trouxe uma demonstração exclusiva e diferente para que os associados da Coamo pudessem visualizar cada tipo de aplicação. “Além da teoria, tivemos três práticas, uma que desenvolve o tato para o cooperado sentir a gota fina e a grossa, outra que é visual para conseguir ver, uma terceira com luz negra para que ele pudesse visualizar a diferença de cobertura e penetração das duas gotas. Além do simulador de deriva, onde ele pode ver cinco classes de gotas em associação com vento. Qual seria o mais ou menos seguro”, elenca Rodolfo Chechetto.

FALA COOPERADO

“É um grande evento promovido pela Coamo e a gente tem muito a aprender. A cooperativa sempre sai na frente mostrando as novas tecnologias para melhorar a nossa produção e a preocupação com pragas, doenças e plantas daninhas que possam nos incomodar. Viajamos mais de 500 quilômetros para estar aqui e vale a pena todo o esforço." José Gemeinski, de São Domingos (Oeste de Santa Catarina).

“Contribui bastante para o nosso conhecimento. É um dia que o cooperado tem que aproveitar, pois saímos daqui com o planejamento das próximas safras na cabeça. Dá uma boa noção para decidir o que usar para diminuir os custos e melhorar a lucratividade. Eventos como esse são importantes para que o produtor permaneça na atividade e goste daquilo que faz.” Paulo Sérgio Pudell, de Toledo (Oeste do Paraná).
“Ficamos gratificados por ter a Coamo e participar de evento como esse, onde recebemos tecnologia de ponta. A gente conhece as novidades e depois adaptamos para a nossa realidade. Todo ano tem coisas novas e o importante é que já são testadas e validadas pela pesquisa e pela Coamo." Claudio Kliemann, de Aral Moreira (Sudoeste do Mato Grosso do Sul).

 

MOMENTO DEDESCONTRAÇÃO

Uma das novidades do 29º Encontro de Cooperados foi a apresentação de mágicas durante o intervalo para o almoço. O mágico Wallace Pendloski Aoki, de Arapongas (PR), descontraiu e animou os cooperados com diversas apresentações que prenderam a atenção de todos.

 

EXPOSIÇÃO DE MÁQUINAS

Já é uma tradição nos encontros, a exposição de máquinas e implementos agrícolas de empresas parceiras da Coamo. A visitação ocorre durante o intervalo do almoço e tem grande aceitação dos visitantes e, também, dos expositores, já que apresentam o que há de mais moderno em várias linhas.

 

PRESENÇA MARCANTE

A participação de pesquisadores de várias instituições públicas e privadas mostra a grandeza e importância do Encontro de Cooperados. São profissionais que participam todos os dias passando informações e recebendo as demandas dos cooperados em várias situações.

 

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