Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 501 | Abril de 2020 | Campo Mourão - Paraná

PECUÁRIA

Gado nutrido no inverno

A proximidade do inverno reduz as temperaturas e a luminosidade em horas de irradiação solar. Isso faz com que as pastagens perenes de verão tenham um declínio na capacidade de crescimento vegetativo, pois com o período curto de luminosidade, elas tendem a alongar os caules e emitir florescência. “As pastagens entram em senescência e envelhecem. Além disso, como reflexo do pastejo dos animais, elas não voltam a crescer com a mesma velocidade dos períodos de altas temperaturas e luminosidade”, explica o médico veterinário da Coamo de Campo Mourão, Hérico Alexandre Rossetto.

Com a queda no teor nutricional, a pastagem não consegue suprir a necessidade mínima da microbiótica existente no pré-estomago dos bovinos, para que possam degradar corretamente os nutrientes consumidos na pastagem. Diante da redução da capacidade de nutrição das plantas, o médico veterinário explica o que pode ser feito para amenizar a falta nutricional no bovino. “Precisamos tentar equilibrar a quantidade de proteína bruta que essa microbiota vai precisar. Se a pastagem não está conseguindo fornecer a quantidade mínima de 7% de proteína bruta no total de alimento ingerido pelo bovino, temos que suplementar por meio de um suplemento que é fornecido o ano todo para o animal que é o sal mineral”, orienta.

De acordo com Rossetto, é preciso colocar ingredientes com proteínas no sal mineral. “Esse suplemento passa a ser chamado de sal proteinado. O produtor rural deve trabalhar com formulações específicas para cada situação da propriedade. Se, por exemplo, está iniciando o frio e ainda tem uma certa quantidade de folhas que fornecem o mínimo necessário de proteína e um pouco de energia aos animais, ele utiliza uma determinada porcentagem de 40% e 50% de equivalente proteico na sua formulação.”

Após um ou dois meses, as plantas consumidas estarão sem o vigor de crescimento e com suporte energético e proteico muito baixo. “O produtor precisa utilizar um sal chamado de proteico energético, onde o consumo vai ser um pouquinho maior, para suprir aquela microbiótica. É preciso trabalhar com um suplemento, que possua consumo um pouco maior, mas com menos proteínas na formulação, de 28% a 35% e com um pouco de energia facilitando a digestibilidade dessa massa que está sendo ingerida”, afirma o médico veterinário.

Neste período de outono e inverno, o pecuarista deve avaliar a disponibilidade de pastagem de acordo com a quantidade de bovinos existentes, optando por um suplemento proteico energético que supra a exigência de manutenção nutricional, viabilizando o ciclo de produção da atividade. “Para que a suplementação ocorra de forma correta deverá existir uma quantidade suficiente de cochos (10 cm. lineares/ cabeça), e boa palatabilidade da mistura mineral", comenta Rossetto, que ainda orienta para que os cooperados procurem os médicos veterinários da Coamo em eventuais dúvidas.

Manejo de pastagens perenes

Hérico Alexandre Rossetto, médico veterinário da Coamo, recorda que a implantação da pastagem anual requer critérios técnicos

A implantação da pastagem anual de inverno requer critérios técnicos. O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (Iapar-Emater), montou um mapa com três regiões bem definidas no Estado. Dependendo do clima e região, uma pastagem é indicada, como por exemplo, aveia e azevem, centeio forrageiro, em locais mais frios, e brachiaria ruziziensis, que é uma pastagem perene de verão, mas tem ótima adaptação como pastagem anual de inverno, nas regiões quentes, porque aceita um foto período mais curto.

O médico veterinário Hérico Alexandre Rossetto, afirma que alguns cuidados devem ser tomados de acordo com a localização da propriedade. “Após a escolha da espécie forrageira, é preciso o uso correto de quantidade de sementes certificadas, da adubação de base conforme as necessidades da propriedade e plantar respeitando a profundidade.”

Rossetto explica como deve ser o manejo de aveia e azevem. “Quando plantar utilize sementes certificadas, trabalhe em torno de 60kg de semente de aveia, mais 30kg de azevem por hectare. A regulagem da profundidade é muito importante, pois no caso da azevem, por exemplo, quando a profundidade fica abaixo de 0,7 cm, há uma queda da capacidade germinativa. Na adubação de base o ideal é a utilização de um formulado com uma boa quantidade de nitrogênio de 8% a 16%, pois esse nitrogênio na base vai auxiliar caso a planta passe por um estresse futuro”, orienta Rossetto.

O médico veterinário acrescenta que quando a aveia estiver com quatro perfilhes, o cooperado deverá fazer a primeira aplicação de adubação de cobertura de nitrogênio variando de 30 a 50 kg por hectare. "Aí ele pode usar ureia, sulfato de amônia ou nitrogênio nitrílico. Isso vai fazer com que esta aveia aumente o perfilhamento, ou seja, a capacidade do suporte de uma lotação maior de animais. Depois que fizer o segundo pastejo em cima desta aveia, vai abrir um espaço para luminosidade e para expressão do azevem. É quando deve-se fazer a segunda aplicação da adubação de cobertura de nitrogênio para o azevem vir com alto potencial vegetativo e suprir a demanda da lotação da propriedade.”

A mesma orientação vale para o uso da brachiaria ruziziensis, a partir do segundo pastejo. “Com a aplicação nitrogenada e adubação de base bem feitas, poderá ter uma lotação de 1000 a 1200kg de peso de bovino por hectare. Isso daria cinco ou seis bovinos adultos por alqueires e não deverá ultrapassar esse número para que não haja queda na capacidade de crescimento vegetativo pós pastejo dessas plantas.”


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