A proximidade do inverno reduz as temperaturas e a luminosidade em horas de irradiação solar. Isso faz com que as pastagens perenes de verão tenham um declínio na capacidade de crescimento vegetativo, pois com o período curto de luminosidade, elas tendem a alongar os caules e emitir florescência. “As pastagens entram em senescência e envelhecem. Além disso, como reflexo do pastejo dos animais, elas não voltam a crescer com a mesma velocidade dos períodos de altas temperaturas e luminosidade”, explica o médico veterinário da Coamo de Campo Mourão, Hérico Alexandre Rossetto.
Com a queda no teor nutricional, a pastagem não consegue suprir a necessidade mínima da microbiótica existente no pré-estomago dos bovinos, para que possam degradar corretamente os nutrientes consumidos na pastagem. Diante da redução da capacidade de nutrição das plantas, o médico veterinário explica o que pode ser feito para amenizar a falta nutricional no bovino. “Precisamos tentar equilibrar a quantidade de proteína bruta que essa microbiota vai precisar. Se a pastagem não está conseguindo fornecer a quantidade mínima de 7% de proteína bruta no total de alimento ingerido pelo bovino, temos que suplementar por meio de um suplemento que é fornecido o ano todo para o animal que é o sal mineral”, orienta.
De acordo com Rossetto, é preciso colocar ingredientes com proteínas no sal mineral. “Esse suplemento passa a ser chamado de sal proteinado. O produtor rural deve trabalhar com formulações específicas para cada situação da propriedade. Se, por exemplo, está iniciando o frio e ainda tem uma certa quantidade de folhas que fornecem o mínimo necessário de proteína e um pouco de energia aos animais, ele utiliza uma determinada porcentagem de 40% e 50% de equivalente proteico na sua formulação.”
Após um ou dois meses, as plantas consumidas estarão sem o vigor de crescimento e com suporte energético e proteico muito baixo. “O produtor precisa utilizar um sal chamado de proteico energético, onde o consumo vai ser um pouquinho maior, para suprir aquela microbiótica. É preciso trabalhar com um suplemento, que possua consumo um pouco maior, mas com menos proteínas na formulação, de 28% a 35% e com um pouco de energia facilitando a digestibilidade dessa massa que está sendo ingerida”, afirma o médico veterinário.
Neste período de outono e inverno, o pecuarista deve avaliar a disponibilidade de pastagem de acordo com a quantidade de bovinos existentes, optando por um suplemento proteico energético que supra a exigência de manutenção nutricional, viabilizando o ciclo de produção da atividade. “Para que a suplementação ocorra de forma correta deverá existir uma quantidade suficiente de cochos (10 cm. lineares/ cabeça), e boa palatabilidade da mistura mineral", comenta Rossetto, que ainda orienta para que os cooperados procurem os médicos veterinários da Coamo em eventuais dúvidas.
|
Hérico Alexandre Rossetto, médico veterinário da Coamo, recorda que a implantação da pastagem anual requer critérios técnicos |
A implantação da pastagem anual de inverno requer critérios técnicos. O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (Iapar-Emater), montou um mapa com três regiões bem definidas no Estado. Dependendo do clima e região, uma pastagem é indicada, como por exemplo, aveia e azevem, centeio forrageiro, em locais mais frios, e brachiaria ruziziensis, que é uma pastagem perene de verão, mas tem ótima adaptação como pastagem anual de inverno, nas regiões quentes, porque aceita um foto período mais curto.
O médico veterinário Hérico Alexandre Rossetto, afirma que alguns cuidados devem ser tomados de acordo com a localização da propriedade. “Após a escolha da espécie forrageira, é preciso o uso correto de quantidade de sementes certificadas, da adubação de base conforme as necessidades da propriedade e plantar respeitando a profundidade.”
Rossetto explica como deve ser o manejo de aveia e azevem. “Quando plantar utilize sementes certificadas, trabalhe em torno de 60kg de semente de aveia, mais 30kg de azevem por hectare. A regulagem da profundidade é muito importante, pois no caso da azevem, por exemplo, quando a profundidade fica abaixo de 0,7 cm, há uma queda da capacidade germinativa. Na adubação de base o ideal é a utilização de um formulado com uma boa quantidade de nitrogênio de 8% a 16%, pois esse nitrogênio na base vai auxiliar caso a planta passe por um estresse futuro”, orienta Rossetto.
O médico veterinário acrescenta que quando a aveia estiver com quatro perfilhes, o cooperado deverá fazer a primeira aplicação de adubação de cobertura de nitrogênio variando de 30 a 50 kg por hectare. "Aí ele pode usar ureia, sulfato de amônia ou nitrogênio nitrílico. Isso vai fazer com que esta aveia aumente o perfilhamento, ou seja, a capacidade do suporte de uma lotação maior de animais. Depois que fizer o segundo pastejo em cima desta aveia, vai abrir um espaço para luminosidade e para expressão do azevem. É quando deve-se fazer a segunda aplicação da adubação de cobertura de nitrogênio para o azevem vir com alto potencial vegetativo e suprir a demanda da lotação da propriedade.”
A mesma orientação vale para o uso da brachiaria ruziziensis, a partir do segundo pastejo. “Com a aplicação nitrogenada e adubação de base bem feitas, poderá ter uma lotação de 1000 a 1200kg de peso de bovino por hectare. Isso daria cinco ou seis bovinos adultos por alqueires e não deverá ultrapassar esse número para que não haja queda na capacidade de crescimento vegetativo pós pastejo dessas plantas.”
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados ou citados não exprimem, necessariamente, a opinião do Jornal Coamo.