Nem todo o produtor rural tem o hábito de planejar corretamente a demanda nutricional das categorias animais que existem na propriedade, quanto a volumosos e concentrados. Mas, essa ação deve fazer parte do planejamento anual da propriedade. “É preciso saber quantos volumosos são necessários para manter a necessidade de ingestos desses animais, quanto concentrado para fechar a necessidade de produção de cada categoria. Se não tiver bem calculado e ajustado, dependendo da época do ano, o agropecuarista pode passar por apuros, com quedas produtivas”, diz o médico veterinário da Coamo de Campo Mourão, Hérico Alexandre Rossetto.
Segundo o veterinário, quem não se planeja pode ter um baixo desempenho produtivo por área, principalmente no inverno. “Estamos numa fase em que cai o crescimento vegetativo das forrageiras, a base alimentar dos bovinos, de corte ou leite. Temos essa queda na produção, porque a luminosidade reduz e o fotoperíodo é mais curto. As temperaturas estão mais baixas, e isso faz com que as plantas não tenham seu crescimento vegetativo de forma normal e, principalmente, por uma deficiência hídrica. Então a planta para totalmente de crescer.”
Porém, os animais não param de comer e precisam crescer para produzir. “Há uma demanda natural de consumo. Se o produtor não suprir esse déficit alimentar do animal, ele vai ter queda na produção. A vaca precisa produzir leite, os bovinos de corte precisam ter crescimento ósseo e muscular. Se eles não estiverem nutridos vão emagrecer demais nesse período, pois vão tirar energia do próprio corpo para produzir”, enfatiza Hérico Rossetto.
O segredo, portanto, é o planejamento para não sofrer com a flutuação sazonal. “O planejamento deve ser constante, ou seja, todo mês o produtor deve pensar no mês subsequente. O principal é começar já no final do mês de agosto, começo do mês de setembro, pois em setembro o fotoperíodo começa a normalizar e já temos mais luminosidade. As temperaturas médias do dia já estão mais elevadas e está mais propício para o crescimento vegetativo das forrageiras. É o momento ideal para começar a produzir um banco alimentar dos animais”, orienta o médico veterinário.
Dessa forma, conforme Hérico, com a chegada da primavera, o produtor rural pode se planejar para comprar a semente e fazer um banco de oferta de forrageira para plantar após a colheita da soja. “Com essa organização, o associado terá uma pastagem para ser utilizada durante o período de outono e inverno. Dependendo da região, ele pode plantar aveia, azévem, centeio forrageiro, brachiaria ruziziensis. Alguns produtores plantam capineiras, para cortar e fornecer aos animais, cana de açúcar, enfim, o importante é planejar a demanda nutricional dos seus animais.”
Em um exemplo prático Rossetto ensina: “Vamos dizer que o produtor rural tem uma propriedade de corte com 100 vacas, 4 touros, os bezerros aos pés das vacas, novilhas de reposição. Ele precisa estratificar esse rebanho em categorias, e o quanto consome cada categoria mensalmente. Isso ele vai distribuir de acordo com sua produção de massa diária. Feito isso, lança o número mensal e estratifica para o ano todo. Assim, é possível ver o quanto será a demanda para planejar a oferta.”
Outra questão apontada por Hérico, é que com o planejamento é possível saber quantos animais cada forrageira irá alimentar por alqueire. “Assim podemos saber se um alqueire de aveia e azevem, por exemplo, consegue manter cinco ou seis bois adultos durante os cerca de 120 dias de período crítico. Se, hipoteticamente, tem um alqueire de silagem de milho, ele consegue manter 30 bovinos adultos, se tem por exemplo um alqueire de cana de açúcar consegue manter 40 bovinos adultos e, assim, passar períodos muito mais tranquilos mantendo em equilíbrio a produtividade da sua propriedade.”
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