Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 511 | Março de 2021 | Campo Mourão - Paraná

REUNIÃO TÉCNICA

Alerta para a cigarrinha no milho

Na safra de verão 2020/21 um tema ganhou a cena. A cigarrinha do milho se tornou a protagonista, ou melhor dizendo, a vilã. Isso preocupou os produtores rurais, pois essa praga é a causadora do complexo de enfezamento da cultura do milho. Assim, na busca de esclarecer dúvidas sobre o assunto, a Coamo realizou no dia 18 de fevereiro, uma reunião técnica por meio do canal da cooperativa no YouTube, ultrapassando seis mil visualizações. Quem conduziu a palestra no evento técnico virtual foi o engenheiro agrônomo da Coamo, Bruno Lopes Paes, com a participação dos pesquisadores Josemar Foresti e Paulo Roberto Garollo, que responderam aos questionamentos enviados pelos participantes da live.

Desde 2019, esse assunto é abordado nos dias de campo da Coamo e para o chefe da Fazenda Experimental da Coamo, João Carlos Bonani, o cooperado precisa aprender a conviver com esse problema. “O complexo de enfezamento transmitido pelas cigarrinhas é grave. Por isso, precisamos estudar e entender as estratégias do manejo da cigarrinha para minimizarmos o problema na cultura do milho.”

De acordo com o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, a extensão da área de plantio demonstra a relevância do tema. “Temos na safra de verão, uma área plantada de 100 mil hectares de milho e na segunda safra teremos um milhão e duzentos mil hectares. Se na área menor, estamos enfrentando problemas dessa gravidade, em algumas regiões, imagine na safra de inverno. A preocupação será ainda maior.”

Segundo o diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, esse assunto é preocupante. “Está sendo implantada a safra de milho 2021 e a área vai ser maior. Por isso, o potencial do problema pode ser maior do que na cultura do verão. Estamos em conjunto com a pesquisa, buscando alternativas para uma possível solução. Ainda não temos todas as respostas, mas assim como todos os desafios que surgiram ao longo desses anos, vamos superar esse também.”

Aquiles Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo

LINHA DO TEMPO DOS EVENTOS REALIZADOS PELA COAMO

04/FEV/2019: ENCONTRO DE COOPERADOS

Alerta sobre o assunto; Monitoramento do milho 2ª safra

28/FEV/2019: IMPLANTAÇÃO DE EXPERIMENTOS

36 híbridos para monitorar o complexo de enfezamentos; Avaliação visual;

Amostras enviadas para laboratório; Análises de PCR

16/JUL/2019: ENCONTRO DE COOPERADOS

Apresentação dos resultados; Problemas agravados na região da Coamo

04/FEV/2020: ENCONTRO DE COOPERADOS

Apresentação de resultados e monitoramento do vetor

Evento foi mediado por Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica, e João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental da Coamo

Estudando o problema

O inseto vetor do enfezamento do milho, a cigarrinha (Daubulus maidis), surgiu no México e está presente em todo o continente americano. A cigarrinha pode causar diversos danos à cultura do milho. “Existe o dano direto, quando há a sucção de seiva. Porém, é um dano pouco importante. O que nos preocupa é o dano indireto, onde ocorre a transmissão das doenças: enfezamento pálido, enfezamento vermelho e o vírus da risca. Esse inseto possui um plano de voo que pode chegar a 30 quilômetros, dependendo das condições do vento”, explica o engenheiro agrônomo da Coamo de Campo Mourão, Bruno Lopes Paes.

O agrônomo alerta sobre a temperatura, que pode afetar tanto a transmissão do patógeno quanto o ciclo do inseto. “Temperaturas mais elevadas, com 30 graus de dia e cerca de 25 graus a noite, favorecem o desenvolvimento dos molicutes dentro da planta e a proliferação do inseto. Temperaturas mais amenas, dificultam o surgimento de sintomas em plantas de milho, e não há eclosão de ovos em temperaturas abaixo de 20°C”, esclarece Bruno Paes.

Bruno Lopes Paes, engenheiro agrônomo da Coamo

Com relação aos sintomas, o engenheiro agrônomo detalha. “Os molicutes se desenvolvem nos vasos condutores das plantas e interferem na condução de nutrientes, causando uma desordem hormonal. Os principais sintomas são em folha, multiespigamento, redução de internódios e má formação de grãos. Existem também sintomas no espiroplasma (enfezamento-pálido), no fitoplasma (enfezamento-vermelho) e o do vírus da risca, onde a folha fica com riscas nas nervuras. Outros sintomas são o apodrecimento da espiga da planta, facilitando a entrada de água e outras doenças de espiga. Pode ocorrer o tombamento das plantas, onde podem aparecer fungos oportunistas, dentre outros.”

Para evitar esse problema Bruno apresenta diversas ações. “A primeira coisa é monitorar o inseto à campo. Na Fazenda Experimental já fazemos isso desde outubro de 2019. Colocamos armadilhas para capturar esses insetos. Eles são capturados uma vez por semana, e mandamos para análise de PCR, para ver se estão ou não contaminados. Em praticamente todas as análises tivemos a presença de cigarrinhas contaminadas.”

Outros manejos necessários são a eliminação de plantas voluntárias e sincronização de plantio. “Vemos que em diversas lavouras de soja no verão contamos com a presença do milho tiguera mal manejado. O milho serve de alimentação para a cigarrinha completar o seu ciclo. Outra ação importante é plantar o milho num intervalo de tempo mais curto. Isso desfavorece a presença no inseto vetor, pois não haverá a ponte verde”, orienta Bruno.

Segundo Bruno Paes, a escolha do híbrido também é outro ponto a ser analisado. “Precisamos usar a genética a nosso favor. Percebemos ao longo dos anos que alguns milhos toleram mais o complexo de enfezamento. Os sintomas irão variar de acordo com a fase de infecção da cigarrinha e se tenho milho suscetível ou não a campo. Medidas pontuais não são capazes de resolver o problema, recomenda-se o manejo integrado, todas essas ações devem ser realizadas em conjunto.”

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