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Luiz Vicente Suzin, presidente do Sistema Ocesc |
PERFIL
Luiz Vicente Suzin iniciou sua trajetória no cooperativismo por volta de 1975. Filho de associado, ingressou no quadro social da Coopervil e em 1983 foi eleito membro do Conselho Administrativo, passou a ser vice-presidente em 1987, o qual foi aprovado em assembleia geral. Em 1989 assumiu a presidência da Coopervil, com o apoio de Aury Luiz Bodanese, presidente da Aurora, em um momento que a cooperativa passava por dificuldades. Suzin com o apoio do conselho, funcionários e cooperados, tornou a Coopervil uma cooperativa consolidada e continua na presidência da mesma.
Em seu legado ele deixa muitas marcas. Em 1.988 foi um dos 23 membros fundadores da primeira Cooperativa de Crédito Rural de Videira – Credivil. Em 1.989 passou a ser presidente, a qual está à frente até hoje, conduzindo a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados do Vale do Vinho – Sicoob Videira.
Ele também faz parte do Conselho de Administração da Cooperativa Central Aurora Alimentos, onde a Coopervil é uma das filiadas. Na sua trajetória presidiu a Fecoagro por nove anos, onde sua gestão foi repleta de realizações. Também fez parte do Conselho da Ocesc por muitos anos e em abril deste ano foi eleito presidente da entidade.
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Dinamizando a economia do Estado e colaborando com as políticas públicas, o cooperativismo tornou-se instrumento essencial de desenvolvimento, integração e inclusão no cenário socioeconômico catarinense. Nessa entrevista, Luiz Vicente Suzin presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), discorre sobre os novos desafios do setor.
Revista Coamo: Quais são suas metas no comando do Sistema Ocesc/Sescoop?
Luiz Vicente Suzin: Em primeiro lugar, é necessário lembrar que eu participo há muitos anos do Conselho de Administração da Ocesc, portanto, sempre acompanhei as decisões, planos e programas que inovaram e dinamizaram as atividades em favor do cooperativismo catarinense. Em segundo lugar, a instituição cuja presidência assumi em abril de 2016, após mandato de oito anos do ex-presidente Marcos Antônio Zordan, vive uma excelente fase e sua atuação tem ampla aprovação da comunidade cooperativista catarinense, das autoridades, da imprensa e dos órgãos de fiscalização. Assim, vamos dar continuidade ao trabalho tão bem conduzido pelo ex-presidente Marcos Zordan. Na verdade, há um quadro que se repete: há oito anos, Zordan me passou o comando da Fecoagro, agora, ele me transmite a presidência da Ocesc. Manteremos todas as ações que estão em andamento e aprimoraremos o que for possível e necessário.
RC: Em qual estágio se encontra o cooperativismo catarinense?
Suzin: O tamanho do setor cooperativista de Santa Catarina é o ideal, se considerarmos as características do Estado e um processo de crescimento ordenado, sólido e estruturado na observância dos princípios que o regem há mais de um século. No aspecto econômico há um aumento médio de 12% a 20% nos últimos anos, o que coloca o setor em destaque no cenário Estadual. Para 2016, deveremos crescer de 6% a 8%, o que é muito bom se comparado ao quadro geral de recessão que domina a economia brasileira. O número de cooperativas de todos os ramos existentes em Santa Catarina continua relativamente estável. O dinamismo do cooperativismo barriga-verde, entretanto, manifesta-se no número de associados (cooperados), que aumenta em torno de 8% a 10% ao ano.
RC: Qual é o nível de intercooperação do sistema cooperativista catarinense?
Suzin: É muito bom. Intercooperação não é palavra vazia e, na verdade, é o sexto dos sete princípios do cooperativismo mundial. Preconiza a parceria, a ação conjunta, o relacionamento institucional, político e comercial entre as cooperativas, prática que leva ao fortalecimento recíproco das cooperativas e, por extensão, do sistema. São muitas e várias as formas de intercooperação. Pratica-se a intercooperação quando a cooperativa de produção agrícola entrega a safra de grãos para uma cooperativa regional que a industrializa e, por sua vez, entrega o produto a uma cooperativa central que abate e processa aves, suínos, bovinos etc. Ou quando a cooperativa de crédito financia a cooperativa habitacional etc. Outros desafios são a aprovação da lei geral do cooperativismo que dormita no Congresso há mais de dez anos e a regulamentação do ato cooperativo, ou seja, a relação econômica do associado com sua própria cooperativa.
RC: Por que até hoje não foi regulamentado o Ato Cooperativo, velha e justa reivindicação das cooperativas brasileiras?
Suzin: Apesar do imenso esforço da Organização das Cooperativas Brasileiras junto ao Congresso Nacional, verificamos, com pesar, que a maioria dos parlamentares federais desconhece o cooperativismo – sua doutrina, seu papel econômico, seus efeitos sociais e a contribuição que oferece ao desenvolvimento do Brasil. Por isso, há dificuldade em aprovar as matérias de interesse das cooperativas e de imensa faixa da população. O Congresso Nacional aprovou apenas a regulamentação do ato cooperativo para os ramos (segmentos) agropecuário, crédito e transporte. Falta estender esse benefício aos outros ramos. A lei geral do cooperativismo ainda não foi votada. Ato cooperativo é a relação econômica que o associado mantém com sua própria cooperativa.
NÚMEROS DO COOPERATIVISMO DE SC |
- Força do cooperativismo catarinense:
- 260 cooperativas catarinenses;
- Reúnem 1.908.435 famílias associadas;
- Mantém 56.311 empregados;
- Faturam mais de R$ 27 bilhões por ano;
- Representam 11% do PIB catarinense.
- Receita operacional bruta das cooperativas de SC em 2015:
- R$ 27 bilhões 48,9 milhões.
- Crescimento em 2015: 12,96%.
- Número de cooperados (associados) às cooperativas de SC:
- 1.908.435 pessoas. Consideradas as células familiares, mais da metade da população catarinense está vinculada ao cooperativismo.
- Crescimento em 2015: 8,7%.
Os 12 ramos do cooperativismo catarinense:
As cooperativas dos ramos agropecuário, saúde, crédito, consumo, infraestrutura e transporte registraram o movimento econômico mais expressivo. Os ramos de trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional, mesmo com menor expressão econômica, são instrumentos para a promoção de renda às pessoas físicas, que organizadas na forma de cooperativas prestam serviços especializados aos mais diversos segmentos da sociedade.
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RC: A sociedade brasileira adotará o cooperativismo como modelo de organização econômica e social como fizeram alguns países mais avançados?
Suzin: Este é o sonho dos cooperativistas: um dia o cooperativismo será bandeira de todos. O cooperativismo deixou de ser apenas uma doutrina bonita, apurada e reconhecida mundialmente para transformar-se em um grande e eficaz instrumento de transformação da sociedade humana. Os estudos comprovam que, nas regiões onde atuam, as cooperativas elevam o índice de desenvolvimento humano (IDH).
Muito além do proselitismo, essa constatação resulta das preocupações com a qualidade de vida dos colaboradores, cooperados e familiares, com o meio ambiente, com a redução da emissão de poluentes, com educação, saúde e lazer, dentre outras. Os postulados da ACI concorrem para esses resultados, razão pelas quais os apoiamos integralmente. Gostaríamos de salientar que, dentro dos pontos mais importantes no cooperativismo, a comunicação é a forma de chegar aos quatro cantos do mundo para dar uma melhor oportunidade de crescimento aos associados.
RC: Quais os principais ramos do cooperativismo do Estado?
Suzin: O setor agropecuário responde por aproximadamente 64% do peso econômico das cooperativas no Estado de Santa Catarina. Tem importância significativa também as cooperativas da área de saúde, crédito, infraestrutura e consumo as quais, além da considerável contribuição econômica, tem um importante papel na distribuição de renda e apoio social. Também são expressivos os demais ramos: transporte, trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional.
RC: Como o setor cooperativista catarinense se diferencia de outros Estados?
Suzin: Vamos falar do ramo agropecuário que é o maior de todos. As características de minifúndios do Estado de Santa Catarina levam os produtores rurais a maior necessidade de união objetivando a otimização de sua renda. Esse aspecto, aliado aos inúmeros serviços prestados pelas cooperativas a seus associados, resultam numa maior integração. Em outro angulo, há intenso direcionamento das atividades das cooperativas no sentido de agregar valor aos produtos primários, o que proporciona a melhoria da remuneração dos associados. Finalmente o forte empenho dos últimos anos na linha de reestruturações, racionalização de custos e elevação de escala tem permitido a obtenção de resultados positivos.
Fonte: Assessoria de Imprensa Ocesc
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