CAMPO MOURÃO 70 ANOS
Das terras dos "3 esses" às mais produtivas do Brasil
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Nos anos 60, Campo Mourão já era importante centro econômico. Na imagem, vista parcial de uma das avenidas centrais da cidade |
Sede do maior entroncamento rodoviário do Sul do Brasil e da Coamo - maior cooperativa agrícola da América Latina-, da quarta mais antiga Associação dos Engenheiros Agrônomos do Estado do Paraná e do segundo Município do Brasil a implantar a tecnologia do Plantio Direto, Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, comemorou 70 anos em outubro deste ano, com a força da sua gente e do seu comércio, e da agricultura e pecuária, reconhecida como um dos pilares da sua economia.
Com mais de 94 mil habitantes segundo o Censo do IBGE, e polo de uma região com 25 municípios, Campo Mourão é predominantemente agrícola, tendo no plantio de soja e milho, seus principais produtos agrícolas, que industrializados no parque industrial da Coamo em Campo Mourão são exportados para os mercados interno e externo – para os cinco continentes.
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Serrote manual era o principal instrumento de trabalho |
Tração animal na exploração da madeira em Campo Mourão |
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Campo Mourão na década de 70 |
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Alderico Raimundo chegou a região em 1971 |
O produtor associado da Coamo, Alderico Raimundo, que chegou a região em 1971, lembra bem como era a agricultura na região de Campo Mourão há quase 50 anos. “Tudo mudou depois da chegada do cooperativismo com a Coamo – ele se associou na cooperativa em 1973. O calcário chegava na roça e a gente espalhava com o prato, hoje é bem diferente, tudo ficou mais fácil. Essa geração nova não sabe como era e não sentiu na pele as nossas dificuldades. Hoje se planta em dois dias o que demorava mais de uma semana.”
Com 73 anos, Alderico destaca a inovação e o acompanhamento das tecnologias com plantio profissional e o uso do que existe de mais moderno para produzir mais. “Antes era aquele sol quente, muito suor e trabalho, hoje se trabalha bastante, mas menos que antes. O conforto chegou no campo com as colheitadeiras tendo ar-condicionado, GPS e muita coisa boa”.
Das 90 sacas de soja por alqueire, o associado comemorou na safra passada a produção média de mais de 170 sacas. “Tudo evoluiu, as variedades, tecnologias, só para ter uma ideia, antes a gente plantava soja na primeira semana do mês de novembro, hoje quando chega essa época a soja já nasceu e cresceu.”
HISTÓRIA
Segundo levantamento histórico, a região dos "Campos" bordejados pelas matas Atlântica e das Araucárias, sede da Nação Guarani, começou a ser visitada pelos jesuítas espanhóis entre 1524 e 1541 pelos bandeirantes paulistas a partir de 1628. A região pertenceu à antiga possessão espanhola chamada Província do Guairá, com capital em Assunção, hoje Paraguai.
Em 1765 começou a ser vasculhada por milícias do governo da capitania de São Paulo, que denominaram o vale descampado entre os rios Ivaí e Piquiri, de "Campos do Mourão", em homenagem ao governador da capitania de São Paulo, Dom Luís António de Sousa Botelho e Mourão (mais conhecido como Morgado de Mateus).
Na década de 1890 o pasto natural e o cerrado nativo dos "Campos do Mourão" serviam de ponto de descanso dos tropeiros que pela região passavam, tocando boiadas para negociar no Mato Grosso do Sul. Em 1903 chegou e fixou-se nos "Campos do Mourão" a família do paulista José Luiz Pereira, seguida dos Teodoro, Custódio, Oliveira, Mendonça, Mendes e dos guarapuavanos Guilherme de Paula Xavier, João Bento, Norberto Marcondes, Jorge Walter (O Russo) entre outros pioneiros.
Até 1943, Campo do Mourão pertencia ao município de Guarapuava, quando passou a ser distrito do município de Pitanga e no dia 10 de outubro de 1947 foi emancipado política e economicamente pela Lei 02/47, sancionada pelo governador Moysés Lupion, tendo como seu primeiro prefeito nomeado em 18 de outubro de 1947 José Antônio dos Santos e depois Pedro Viriato de Souza Filho, primeiro prefeito eleito.
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Uma marca de Campo Mourão
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Em 2014, pioneiros do plantio direto foram homenageados pela Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão (AEACM). Carlito e Henrique Salonski (representando o pai Henrique), Álvaro Massaretto, Gabriel Borsato, Joaquim Montans e Ricardo Calderari |
“As nossas terras estão entre as mais produtivas do país e tudo isto é resultado do surgimento da tecnologia do Plantio Direto (PD), que implantamos na região de Campo Mourão na safra 1973/74, que foi a segunda cidade do Brasil a usar esse sistema que é uma marca da nossa região e a maior revolução que aconteceu na nossa agricultura.” A afirmação é do engenheiro agrônomo Ricardo Accioly Calderari, um dos pioneiros do sistema PD no início da década de 70. “O plantio direto foi a solução, pois quando chovia, a gente nem dormia direito porque a água levava tudo dentro dos rios e o plantio direto foi a solução.”
Para Calderari, Campo Mourão chega aos seus 70 anos com bastante progresso e perspectivas de crescimento, com a força e união do seu povo com elevado espírito comunitário.
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Pioneiros do plantio direto em Campo Mourão: Ricardo Accioly Calderari, Henrique Salonski, Joaquim Peres Montans, Gabriel Borsato e Gil Rebelo, técnico da antiga ICI, ao lado da plantadeira Rotacaster, também pioneira |
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Gallassini: “As terras eram famosas por serem fracas e tinha a fama dos "três esses" – saúva, sapé e samambaia." |
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Gallassini, então extensionista da Acarpa, com seu jipe de trabalho |
Quando Campo Mourão foi emancipado em 1947, José Aroldo Gallassini tinha seis anos de idade e quando chegou a região em maio de 1968, portanto há 49 anos, estava com 27 anos. Como extensionista, carregava o ideal de promover a organização dos produtores em uma entidade que pudesse atender suas necessidades. O resultado foi o surgimento da cooperativa Coamo em novembro de 1970, da qual é idealizador, foi o primeiro gerente geral e presidente desde janeiro de 1975. “Quando cheguei aqui a cidade estava vivendo o fim do ciclo da madeira, tinha somente cinco tratores e era praticamente tudo manual, era o começo da agricultura com produtividades muito baixas, não tinha trigo e nem soja, e o arroz de sequeiro era uma lavoura de risco grande.”
Segundo o engenheiro agrônomo e presidente da Coamo, “as terras eram famosas por serem fracas e tinha a fama dos "três esses" – saúva, sapé e samambaia- e a produção era muito baixa. Mas tudo mudou, e com o trabalho de extensão rural e assistência técnica, evoluiu de forma fantástica com elevadas produções”, lembra Gallassini.
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Um dos primeiros armazéns da Coamo em Campo Mourão |
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Alvaro Machado da Luz, cooperado e neto de fundador da Coamo, lembra do início da sua família na agricultura na região de Campo Mourão |
O neto do cooperado fundador da Coamo Augusto Angelo Tonello – associado com matrícula nº 40 -, o também cooperado Alvaro Machado da Luz lembra do início da sua família na agricultura na região de Campo Mourão. “Não tinha maquinário, era tudo na mão, cavalo com boi e carrossel, eles mesmo faziam a destocada para implantar as lavouras.”
Para o jovem associado da Coamo formado em agronomia e conduzindo as atividades da família, o grande desafio é continuar progredindo e inovando, com o acompanhamento das novidades. “É necessário caminhar, pois quem para não sai do lugar. Temos que valorizar os legados dos nossos pais e avós para produzir mais e melhor. Hoje o nosso plantio é sofisticado, a tecnologia é dinâmica e a gente usa muito o celular com diversos aplicativos que nos dão o que precisamos. Tudo ficou mais fácil com as máquinas e técnicas modernas. Mudou muito a agricultura de Campo Mourão e vai mudar muito. Para isso precisamos estar antenados e com apoio da assistência da Coamo vamos continuar tendo sucesso como empresários rurais”, prevê o associado da Coamo, que graduou-se em 1993 quando Campo Mourão estava com 46 anos. “A nossa cidade é pujante, vem crescendo e tem muito que progredir assumindo a sua vocação como polo regional e uma importante cidade do nosso país"
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1954 - Procissão e missa campal em honra a São José na Praça Getúlio Vargas |
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