ENCONTRO REÚNE QUATRO MIL COOPERADOS E TÉCNICOS
Cooperados da Coamo recebem em primeira mão informações sobre as principais tecnologias do mercado por meio do contato direto com a pesquisa. Essa difusão ocorre no Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental Coamo. O evento está na 27ª edição e foi realizado de 02 a 06 de fevereiro. O objetivo é levar conhecimento de forma eficaz e direta aos associados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Quatro mil pessoas entre cooperados e técnicos passaram pela Fazenda Experimental neste ano. O encontro marcou os 40 anos da Fazenda Experimental Coamo e os 30 anos de ensaio do sistema de rotação de culturas.
MISSÃO - “São tecnologias que chegam em primeira mão ao associado por meio do contato com pesquisadores dos principais institutos do país e neste ano, temos mais um motivo para celebrar que são os 40 anos da Fazenda Experimental Coamo”, comemora o engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini, diretor-presidente da Coamo.
Ele observa que a cooperativa tem um grande laboratório a céu aberto, palco de importantes experimentos para a agricultura do país. “Aqui temos um evento de grande importância, onde testamos e aprimoramos novas tecnologias em parceria com os principais institutos de pesquisa do país. Sem contar, que essas tecnologias não ficam só na área de atuação da Coamo, são repassadas para todo país”, considera Gallassini.
O superintendente Técnico da Coamo, engenheiro agrônomo José Varago, recorda que a cooperativa sempre se preocupou em apresentar técnicas que viabilizassem uma agricultura sustentável de forma que todos os cooperados possam acompanhar a evolução. Assim, o encontro apresenta temas de interesse dos associados a cada ano e safra. “As estações de campo reforçam a importância dos cuidados que o cooperado deve ter para conduzir e manter limpa a lavoura de doenças, pragas e invasoras. Também são apresentadas novas variedades de soja e híbridos de milho com tecnologias de resistência. É preciso que o produtor esteja sempre atento para não cometer erros e ter prejuízo na lavoura”, orienta.
De acordo com Varago, a Coamo e a pesquisa buscam a cada encontro mostrar materiais que aumentem as produtividades dos cooperados. “Esta é a nossa expectativa, trabalhamos para continuar com altas produtividades e a pesquisa com empresas e instituições parceiras da Coamo são fundamentais para atingir esses objetivos”, frisa.
Em relação ao apoio do quadro técnico aos cooperados da Coamo, Varago avalia como relevante o serviço que a cooperativa disponibiliza no dia a dia ao quadro social. “A Coamo presta assistência de qualidade aos cooperados com 260 agrônomos e técnicos diretamente no campo. Eles são preparados e capacitados para a prestação dos serviços e no atendimento às necessidades dos cooperados, que têm a confiança e segurança no uso dos insumos fornecidos pela Coamo.”
EQUIPE COAMO: José Varago (superindentende Técnico), Joaquim Mariano Costa (coordenador da Fazenda Experimental), Ricardo Accioly Calderari (diretor-secretário), José Aroldo Gallassini (diretor-presidente), Claudio Francisco Bianchi Rizzatto (diretor-vice-presidente) e Marcelo Sumiya (gerente de Assistência Técnica)
Segundo o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, a organização do evento está satisfeita com o resultado obtido. “Conseguimos repassar as novidades e tecnologia aos nossos cooperados. Estamos satisfeitos. Trata-se de um evento complexo e a cada ano vemos a expectativa superada. Agora, o nosso próximo encontro já começa a ser planejado, pois esses experimentos fazem parte de um trabalho contínuo”, revela.
O dinamismo vivenciado na agricultura moderna é especialmente verificado na Fazenda Experimental. Isso porque todas as tecnologias antes de ir para o campo dos cooperados são testadas e aprimoradas em experimentos. “As novidades e as preocupações dos cooperados chegam primeiro na Fazenda Experimental. No local existe um trabalho importante testando e adaptando as tecnologias”, comenta o engenheiro agrônomo Joaquim Mariano Costa, chefe da Fazenda e do Encontro de Cooperados.
Ele explica que durante todo o ano há um grande trabalho no manejo de solo, das pragas, doenças e plantas daninhas, além das lavouras, para que se desenvolvam de maneira adequada e possam ser apresentadas aos cooperados durante os encontros. “Mais de 200 trabalhos são acompanhados durante o ano para que possamos eleger dez para apresentarmos no encontro. É um grande trabalho e ficamos sempre na expectativa. O que nos motiva é que a Fazenda vem contribuindo para o desenvolvimento do setor agrícola”, pondera.
José Renato Bouças Farias recebeu homenagem em nome da Embrapa/Soja |
Há 30 anos, Celso de Almeida Gaudêncio ajudou na implantação do ensaio do sistema na Fazenda da Coamo |
A Fazenda Experimental da Coamo está comemorando 30 anos de implantação do ensaio de rotação de culturas. Para marcar a data, duas homenagens foram prestadas durante o encontro. Uma delas para a Embrapa Soja de Londrina, recebida pelo chefe-geral, José Renato Bouças Farias.
Ele observa que sem a parceria com a Coamo, certamente, muita da tecnologia desenvolvida pelos órgãos de pesquisa não estaria sendo utilizada pelos produtores rurais. “Basta ver a rotação de culturas que estamos comemorando 30 anos de implantação. Uma prática que não é muito fácil de ser utilizada pelos agricultores, pois não há um retorno imediato, mas que é fundamental para a agricultura moderna. A Coamo acreditou e vem incentivando até hoje esse sistema”, diz.
Quem também recebeu a homenagem foi o pesquisador Celso de Almeida Gaudêncio, que ajudou na implantação do ensaio. Ele recorda que o Departamento Técnico da Coamo sempre se preocupou em adotar práticas que fossem sustentáveis e pudessem melhorar as produtividades dos cooperados. “Tivemos grandes desafios, mas hoje vemos que valeu a pena. O sistema de rotação de culturas contribui significativamente para que toda a potencialidade das culturas sejam alcançadas e isso é de suma importância para a agricultura atual”, assinala.
Fernando Adegas (Embrapa/Soja), Henrique Debiasi (Embrapa/Soja), Clara Beatriz Campos (Embrapa/Soja), Joaquim Mariano Costa (Fazenda Experimental da Coamo), Erlei Melo Reis (O. R. Sementes), Rodolfo Bianco (Iapar), Júlio Franchini (Embrapa/Soja) e Rafael Moreira Soares (Embrapa/Soja) |
Claudia Godoy (Embrapa/Soja), Joaquim, Ralf Udo Dengler (Fundação Meridional) Alvadi Balbinot (Embrapa/Soja) e Samuel Roggia (Embrapa/Soja) Joaquim, Beatriz Correia Ferreira (Embrapa/Soja) e Marcelo Sumiya (gerente de Assistência Técnica da Coamo) |
Joaquim, Beatriz Correia Ferreira(Embrapa/Soja) e Marcelo Sumiya(gerente de Assitência Técnica da Coamo) |
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“Na minha casa sempre escalamos alguém para participar, eu ou meu filho, pois sempre vale a pena estar aqui. São informações atuais e repassamos a tecnologia sempre um para o outro. Para quem ainda não participou eu recomendo que não perca mais tempo.” André Trelinski, Reserva (Centro-Norte do Paraná).
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“Desde que a Coamo chegou em Xanxerê estou aproveitando as tecnologias disponíveis aqui no Encontro de Cooperados. É um dia muito produtivo e vale vir de longe, pois é uma oportunidade única, com informações que não temos acesso em outros lugares.” Rodrigo Bagatini, Xanxerê (Santa Catarina).
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“Cada vez que participo do encontro, levo mais experiência para casa, me aprimorando sempre mais. Sem contar que aqui conhecemos pessoas diferentes e vemos realidades distintas, permitindo uma troca de experiências e informações muito produtiva.“ José Celso Ferreira, Goioxim (Centro-Sul do Paraná).
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Um dos carros-chefes da agricultura no Brasil é a soja. Falar dessa oleaginosa desperta o interesse dos produtores e também de pesquisadores.
Participar do Encontro de Cooperados e não passar pelas estações de variedades de soja é o mesmo que ir à feira e não levar nada. Tradicionalmente, duas estações apresentam novas variedades que atendem todas as regiões da cooperativa, como se fosse um verdadeiro self-service de soja.
O agrônomo Breno Rovani explica que as tecnologias existentes e a quantidade de variedades até mesmo dificulta a tomada de decisão. “Não existe a melhor variedade, mas sim a mais adaptada para a situação de cada propriedade”, esclarece.
Mas, quais os pontos que devem ser levados em consideração para a escolha? Segundo o agrônomo, são vários os aspectos que precisam ser observados, como por exemplo, a condição de altitude e temperatura da propriedade, além do tipo e fertilidade do solo. O histórico da área é outro ponto que deve ser levando em conta. “Quando observado, isso é possível identificar se existem talhões na propriedade com problemas de doenças que podem derrubar a produtividade”, frisa. Por último, e não menos importante, o produtor precisa saber qual a biotecnologia que deseja utilizar.
Danilo Rodrigues Alves (Roncador), Diogo Alves (Altamira do Paraná), Breno Rovani (Campo Mourão) e Elerson Reis Tibúrcio (Engenheiro Beltrão)
Na estação 2 foram apresentos 16 materiais transgênicos com tolerância ao glifosato e resistente a lagarta. O agrônomo Renato Di Salvo Mastrantonio, explica que as características das variedades são informadas em detalhes aos cooperados. “Queremos ajudá-los a optar pelo material mais adequado. Não é uma decisão fácil, mas estamos aqui para orientá-lo.”
Fernando Gomyde |
Ralf Udo Dengler |
Renato D. S. Mastrantonio (Mamborê), Luciano Garcia Rodrigues (São João do Ivaí), Douglas Pereira da Silva (Boa Esperança) e Marcílio Yoshio Saiki (Campo Mourão) |
Para o pesquisador Fernando Gomyde, coordenador da rede de ensaios da Embrapa, numa parceria com a Fundação Meridional, a falta de controle do percevejo é uma questão que preocupa. “Onde o percevejo é problema temos tido dificuldade em controlar. Seria ótimo se tivéssemos produtos ou variedades capazes de amenizar esse problema”, diz Gomyde. “Também seria interessante ter variedades tolerantes a seca e ao calor. Existem empresas trabalhando para que isso aconteça e dar um grande passo para a evolução da agricultura”, acrescenta.
Ralf Udo Dengler, gerente executivo da Fundação Meridional, lembra que existe uma preocupação com a manutenção das tecnologias. Conforme o pesquisador, os produtores precisam se conscientizar sobre a importância da área de refúgio. “Não ter mais a tecnologia como a intacta funcionando será muito ruim. A tecnologia Bt, por exemplo, vai estar embutida na semente, você vai pagar o preço dela e não terá o efeito desejado se não houver um manejo correto para preservar a tecnologia ”, alerta.
Marcus Henrique Alberto (Coronel Vivida), Ezequiel Segato (Mangueirinha), Thiago Montório (Campo Mourão), Nilton Cesar Cavalheri (Campo Mourão), Cleber Dienis Voidelo (Campo Mourão) e Tiago Ertel (Boa Ventura de São Roque)
O planejamento da safra começa com a escolha dos insumos e definir a semente e o respectivo tratamento é ponto fundamental. Sempre atenta às novas tecnologias e inovação no campo e pensando em proporcionar mais comodidade aos cooperados, a Coamo lançou em 2013 o Tratamento de Sementes Industrial (TSI). Nesses dois anos foram vários os avanços como, por exemplo, a disponibilidade da semente em bags. Os benefícios foram apresentados aos cooperados no encontro.
De acordo com o agrônomo Nilton César Cavalheri, o diferencial no tratamento industrial de sementes é a certeza que os cooperados receberão produto de qualidade. “A Coamo utiliza o que há de mais moderno nesse processo, o que garante eficiência”, afirma.
Os cooperados têm à disposição cinco opções de tratamento e cabe a eles escolher a mais adequada e a que melhor atenda as necessidades. Cavalheri observa que além dos fungicidas, inseticidas, micronutrientes e pó-secante, no processo industrial é adicionado o polímero. “Este último, o cooperado não costuma utilizar quando faz o tratamento na propriedade. É um produto que protege as demais tecnologias utilizadas”, diz.
O agrônomo destaca que todo o processo é acompanhado rigorosamente e as sementes são testadas em laboratório. “É um benefício a mais que os cooperados estão recebendo da Coamo”, frisa Cavalheri.
Preocupada com a incidência e a capacidade de destruição das lagartas na cultura da soja, a Coamo alerta para a utilização do pano de batida no manejo da praga. O agrônomo Lucas Gouvea Vilela Esperandino observa que os produtores são os principais aliados no sentido de retomar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), monitorando a lavoura constantemente.
Conforme o agrônomo, o problema se acentuou nos últimos anos. “Com o surgimento da helicoverpa acendemos novamente a luz vermelha. É esse recado que estamos dando”, diz.
Na estação, os produtores reviram técnicas sobre como controlar as lagartas e a melhor forma de tirar vantagem da presença de inimigos naturais, importantes aliados no combate à praga.
Além de alertar sobre o combate à lagartas, a estação abordou os aspectos de planejamento e manejo da lavoura. De acordo com Gouvea, o agricultor não pode deixar de monitorar a área, levantando o tipo de pragas presente, seja lagarta, percevejo ou qualquer outra. “As aplicações devem ocorrer após as avaliações, assim evita que inimigos naturais morram, pois eles nos ajudam no controle das pragas”, observa.
Para a entomologista Clara Beatriz Hoffman, da Embrapa/Soja, é preciso saber o momento certo do controle, para não prejudicar ainda mais a cultura. “Nossa mensagem é aplicar o produto certo, na hora certa e na dose certa, para matar apenas a praga e não os inimigos naturais.”
A entomologista Beatriz Correia Ferreira, também da Embrapa/Soja, lembra que existe um complexo de lagartas que ataca a soja e que nesta safra a principal delas não foi a helicoverpa e sim a falsa medideira. “É uma praga mais difícil de controlar por se alojar na parte mais baixa da planta. É importante que o produtor saiba utilizar bem os inimigos naturais a seu favor”, afirma a pesquisadora, que avisa: “Temos um exército de predadores naturais de lagartas que precisa ser preservado. Quando o produtor aprender a utilizá-los verá que vale a pena manejar corretamente a lavoura.”
Beatriz Correia Ferreira |
Clara Beatriz Hoffman |
Diego Bissacotti Bonilla (Laguna Carapã), Carlos Eduardo Brandão (Tupâssi), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão) e Brasil dos Reis (Engenheiro Beltrão)
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Uma nova planta daninha tem causado dor de cabeça ao homem do campo: o milho. Pode parecer sem lógica, mas esta cultura quando é sobra de colheita se torna um grande inimigo da produtividade de soja. Isso porque a planta compete com a lavoura por água, luz e nutrientes, além de disseminar pragas e doenças. Mas, o que fazer para controlar esta possível invasão do milho RR na soja? Esta foi a discussão na estação.
Brian Kin Neves (Ivaiporã), Odair Johanns (Goioerê), Carlos Vinicius Precinotto (Pitanga), Paulo Boeing Noronha Dias (Campo Mourão) e Guilherme Teixeira da Silva (Quinta do Sol)
Segundo o agrônomo Paulo Boeing Noronha Dias, o objetivo foi alertar o cooperado para que se antecipe a um problema que pode se agravar com os anos. “O milho convencional voluntário, até cerca de dez anos era controlado com o herbicida glifosato. Mas, se tornou tolerante à este agente químico, e agora precisamos usar outro graminicida para controlar, e o mais cedo possível.”
Porém, o controle não é simples. De acordo com o técnico, o milho tem vários fluxos dentro da lavoura, aspecto que complica a eliminação. “Se a colheita for mal feita ou sobrar muito milho, as chances de afetar a próxima cultura são grandes”, orienta Boeing.
Outro alerta é para o agricultor agir rápido. “Quanto mais deixar esse milho crescer, mais difícil será o controle e maior a competição. Como todas as plantas daninhas, quanto menor o estágio, mais fácil é o controle. O melhor sempre é se antecipar”, destaca.
"Realizar uma boa colheita de milho e utilizar tecnologias ajudam a prevenir a invasão. Mas, se o milho afetar a soja, a ação de combate deve ser rápida"
Fernando Adegas, da Embrapa/Soja,
O pesquisador da Embrapa/Soja, Fernando Adegas destaca que a melhor forma de combate ainda é a prevenção. “Se esses grãos estão nascendo da sobra da colheita, a prevenção é trabalhar para que sobre menos da colheita. Quanto melhor for o trabalho, menos grãos sobrará e, inclusive, o produtor terá mais rendimento. Se esse solo estiver coberto com palhada também a tendência é que esses grãos fiquem mais por cima, não se infiltrando no solo. É um conjunto de ações que começa na colheita e prossegue com manejo de solo para ter palhada”, ressalta.
Com uma ação mais específica no controle dos fungos, os fungicidas sistêmicos conseguem penetrar na planta, controlando o invasor que está na planta. Assim, esta tecnologia garante um residual mais longo, com melhor nível de combate. Sem dúvidas, um sistema revolucionário para a agricultura, mas que trouxe consigo a desvantagem da possibilidade dos fungos se tornarem resistentes. Com esta temática, uma das estações de pesquisa do encontro apresentou estratégias para a manutenção da tecnologia por mais tempo.
Segundo o agrônomo José Marcelo Rúbio, a resistência é um processo natural. “Uma baixa parcela de microrganismos são naturalmente resistentes, e conforme se utiliza o fungicida, ao longo do tempo, elimina-se os fungos que são sensíveis e os que são resistentes vão sobrevivendo e se multiplicando”, explica.
Udney de Souza Filho (Candói), Fábio da Cruz (Marilândia do Sul), José Marcelo Fernandes Rúbio (Mamborê) e Fábio Henrique Alves Freire (Tupássi)
As estratégias que podem ser adotadas são diversas, conforme orienta José Marcelo. “Deve-se rotacionar e aumentar a diversidade de produtos utilizados e usar um fungicida tradicional. Dessa forma, fica muito difícil aparecer um fungo resistente a este tipo de produto”, ressalta.
Rúbio alerta que o produtor deve utilizar estas ferramentas para preservar por um longo período a tecnologia dos fungicidas sistêmicos. “Utilizar só o que tem de novo não resolve, é preciso usar todos esses mecanismos porque se não vamos ter problemas. A pesquisa mesmo aponta que em quatro ou cinco anos não teremos novos fungicidas para utilizar na lavoura.”
Rafael Moreira Soares, da Embrapa/Soja
A fitopatologista Claudia Godoy, também destaca a vida útil dos fungicidas como um processo natural. “Existem produtos que controlavam a ferrugem em 90% e hoje dispõe apenas de 16% de eficácia. Isso é bastante grave, pois não temos novos produtos. Por este motivo, precisamos trabalhar para preservar essas moléculas, evitando fazer a aplicação sequencial do mesmo fungicida. Sem contar, que a forma mais fácil de controlar a ferrugem é plantando cedo, pois na medida que se atrasa o plantio, aumenta o inóculo do fungo, tendo que aumentar também o número de aplicações, contribuindo para o aparecimento da resistência.”
Claudia Godoy, da Embrapa/Soja
Segundo o pesquisador da Embrapa/Soja, Rafael Moreira Soares, a questão da resistência dos fungicidas sistêmicos é séria e o produtor rural precisa ficar atento para o melhor manejo. “A pesquisa tem mostrado que outras doenças como macha alvo, antracnose, mofo branco e oídio também podem apresentar resistência. As estratégias não fogem ao que o agricultor já conhece que é fazer a rotação de culturas, obedecer ao vazio sanitário e utilizar produtos diferentes em cada aplicação. Enfim, fazer um bom manejo do início ao fim da safra”, orienta Soares.
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“É a primeira vez que participo. É uma grande oportunidade estar aqui, visualizando em campo tantas novidades de controle e prevenção. Esse contato com os pesquisadores nos fornece um aprendizado único, que só encontramos aqui.” Luiz Antonio Portugal, Dourados (Mato Grosso do Sul)
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“Conseguimos levar bastante novidade e a cada edição aprendemos algo novo. A agricultura é assim, sempre tem novidades e no Encontro de Verão ficamos por dentro do que se tem de mais moderno no segmento.” Rafael Vogt, Toledo (Oeste do Paraná)
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Nos últimos trabalhos realizados em campo, tem-se observado a redução da sensibilidade dos fungos aos fungicidas. Um tema preocupante que a Coamo apresentou aos cooperados. O objetivo é que o produtor rural continue obtendo lucro e o desenvolvimento sustentável na propriedade.
O engenheiro agrônomo Guilherme Montenegro Sávio explica que, assim como todo ser vivo, o fungo tem a capacidade de se adaptar a uma nova realidade. “Com aplicações cada vez mais frequentes, os fungos estão se adaptando e criando novas formas de sobreviver. Temos notado que alguns fungicidas não tem mais a mesma eficiência e níveis de controle”, comenta
Ivo Dalpizzol (Ipuaçu), Robson Noriaki Amano (Manoel Ribas), Edson Carlos dos Santos (Boa Esperança), Guilherme Montenegro Sávio (Luiziana) e Edenei Swartz (Campo Mourão)
Sávio ressalta que o assunto é atual e merece atenção. “É de extrema importância falar sobre esse tema, pois está envolvido diretamente com nosso dia a dia. O produtor só tem a ganhar quando utiliza as melhores ferramentas.” Ele acrescenta que existem atualmente os fungicidas específicos que atuam em uma única cadeia, ou seja, na respiração, ou na reprodução ou nas membranas dos fungos. “Mas, temos também alguns fungicidas que podemos associar a estes específicos, os quais a resistência não está pronunciada”, observa Guilherme Sávio.
O importante diante deste cenário é que o cooperado trabalhe sempre em parceria com o departamento Técnico da Coamo.
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Conforme ressalta o pesquisador da OR Sementes, Erlei Reis, a mutação dos fungos é um fenômeno natural e inevitável, mas que precisa ser controlado. “Chegamos num ponto hoje que o controle não passa de 20% nas lavouras, e controle para ser econômico deve ser acima de 80%. Portanto, se não tivermos um controle eficiente não pagamos a conta.”Reis explica, que todos produtos atuais estão com esse controle reduzido e que a solução é rotacionar os modos de ação dos produtos. “Devemos lembrar o que foi feito com o tomate e a batata, quando passaram por uma crise semelhante. Usava-se produtos e matavam um alvo, mas quando passaram a misturar com outros, essas culturas foram salvas, elevando o controle para acima de 80%. Esse é o futuro, rotacionar os modos de ação desses produtos”, enfatiza Erlei Reis. |
Assuntos relacionados à biotecnologia têm sido frequentes nos encontros promovidos pela Coamo. O objetivo é sempre conscientizar os cooperados sobre as práticas que devem ser adotadas para que as novas tecnologias possam se estender por mais tempo. E neste ano não foi diferente. A estação denominada ‘Manejo e Performance da Tecnologia BT em Milho’, mostrou as principais novidades em relação ao controle de pragas e os cuidados com o uso dos produtos.
“O cooperado precisa conhecer a tecnologia que está utilizando e ter certeza de que realmente é a que ele necessita. Esse uso consciente é importante para que o sistema responda de forma eficaz. O que não pode é o produtor usar a tecnologia de forma errada e fazer com o que era para ser a solução se transformar em um problema”, comenta o engenheiro agrônomo Fabrício Bueno Correa.
Também foram apresentadas as práticas mais adequadas após a implantação das lavouras, e todas passam primeiro pelo monitoramento. “Essa é a palavra chave na agricultura moderna. O cooperado precisa verificar se há lagartas, por exemplo, a quantidade e a severidade do ataque. Também precisa avaliar as lesões para só depois tomar a decisão de fazer as aplicações”, diz.
Outra orientação é sobre a importância da adoção de área de refúgio. “Essa prática associada ao monitoramento e as aplicações conscientes é que determinarão a vida útil da tecnologia Bt. O cooperado deve ficar atento as recomendações e na dúvida sempre procurar a assistência técnica”, destaca o agrônomo.
Para o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Rodolfo Bianco, ainda há questões sobre o milho Bt que precisam ser esclarecidas. “Mostramos aos cooperados que eles têm que vistoriar a lavoura e não podem tomar decisões pelo achismo para não correr o risco de pulverizar desnecessariamente”, pondera.
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Acima: Fabrício Bueno Correa (Campo Mourão), João Rafael Bauermeister (Vila Nova), Wilson Aparecido Juliani (Guarapuava), Diego Ferreira de Castro (Mamborê) e Maikon Carneiro (Iretama)
Ao lado: Rodolfo Bianco, pesquisador do nstituto Agronômico do Paraná (Iapar)
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Cooperados acompanharam e viram na prática os benefícios do sistema de rotação de culturas para o sistema de produção agrícola
Pioneira no Brasil em ensaios com rotação de culturas a Fazenda Experimental da Coamo celebra 30 anos de desenvolvimento e pesquisa da tecnologia. O sistema foi um dos destaques do encontro.Os
José Eduardo Frandsen Filho (Pitanga), Sandro Rodrigo Klein (Roncador), João Roberto Juliani (Araruna) e José Ricardo Romani (Mangueirinha)
participantes viram na prática os benefícios do sistema. “Apresentamos números de como o sistema de produção pode ser influenciado positivamente com a rotação de culturas. Ficou bem claro que tanto o milho como a soja ganha muito com essa tecnologia”, explica o agrônomo José Eduardo Frentzen Filho.
Foram abertas trincheiras no solo e os visitantes puderam ver como se comporta o sistema radicular das plantas. “Onde há rotação a planta aproveita mais o solo buscando profundidade e umidade que fica alojada na parte mais profunda da terra. A rotação é um investimento a longo prazo que dá certo”, garante o Eduardo.
O pesquisador Júlio Franchini, da área de manejo de solo da Embrapa/Soja, observa que a receptividade do produtor é bem melhor para o sistema. “Os problemas no sistema de produção estão fazendo com que o produtor passe a adotar a rotação. Precisamos, é claro, de mais adesão, mas estamos no caminho certo”, acredita.
Segundo o pesquisador, a técnica utilizada na estação para mostrar os benefícios da tecnologia choca o produtor, que consegue ver na prática as vantagens. “O produtor precisa parar de pensar que a rotação só vai aumentar o trabalho. Queremos mostrar que com a rotação ele consegue aumentar a produtividade e a renda da propriedade”, acrescenta.
Júlio Franchini, pesquisador da Embrapa/Soja
A estação experimental da Coamo foi berço para o nascimento da rotação de culturas. Uma técnica vitoriosa no combate aos problemas causados pela sucessão de culturas. As vantagens do sistema são inúmeras. Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, a prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do sistema de semeadura direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e o ambiente como um todo. Promove ainda o acúmulo de carbono disponibilizado pelo sistema rotacionado; controle de erosão e de doenças, que muitas vezes são eliminadas somente com a rotação, que diminui os efeitos na cultura.
Presente de forma cada vez mais incisiva nas lavouras, as plantas daninhas resistentes ao glifosato crescem ano após ano e tem preocupado produtores, assistência técnica e pesquisa.
De acordo com agrônomo Lucas Simas de Oliveira Moreira a disseminação das plantas daninhas ocorre, principalmente, por meio das sementes. “As plantas que se destacam nessa expansão, são as que produzem uma quantidade absurda de sementes, as quais são muito pequenas e facilmente carregadas pelo vento”, explica.
Simas aponta o manejo integrado de tecnologias como a melhor estratégia para evitar esse problema. “É preciso fazer a cobertura do solo com palhada, rotacionar as culturas e os mecanismos de ação. Uma única ferramenta não é a solução absoluta para todos os problemas. Temos que dar um fôlego para o glifosato, o que não significa parar de utilizá-lo, pois ninguém irá parar de plantar soja RR. Porém, temos que aplicá-lo de forma mais racional.”
Marcelo Balão da Silva (Candói), Nilton Cesar Testa de Brito (Luiziana), Ulysses Rocha Netto (Janiópolis), Rhodolfo Dutra Lameu (Palmas) e Lucas Simas de Oliveira Moreira (Campo Mourão)
Diante da necessidade deste manejo, uma ferramenta que está sendo retomada é a utilização dos herbicidas pré-emergentes. “São ferramentas interessantes que nos dão um residual para inibir a competição, uma vez que, controlam a planta antes dela se estabelecer na lavoura”, explica.
O agrônomo ainda alerta que para realizar este manejo químico é preciso procurar a assistência técnica. “Cada caso é um caso, não existe uma receita de bolo. Por este motivo, recomendamos que o cooperado chame o agrônomo, para que ele faça a composição para cada propriedade, por meio da mistura destes herbicidas pré-emergentes com o glifosato. Isso, precisa muito ser feito para o glifosato ganhar uma sobrevida maior.”
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“A cada ano aprendo algo novo. As estações que abordaram o manejo dos fungicidas e da rotação de culturas me chamaram a atenção e com certeza vão agregar ao meu dia a dia. Quem vem aqui não perde tempo, só ganha.” Izauro Iorino, Peabiru (Centro-Oeste do Paraná)
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“Venho buscar conhecimento e tecnologias para melhorar a produtividade. Todos deveriam participar para não ficar para trás. Os materiais novos que surgem e que conheço neste evento tem garantido um bom incremento da minha produtividade.” Massami Goto, de São João do Ivaí (Centro-Norte do Paraná)
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“Aqui aprendemos muito, pois esse contato direto com os pesquisadores é algo que só o Encontro na Fazenda tem para nos oferecer e nós cooperados da Coamo temos esse privilégio. Por isso, não passo um ano sem participar.” Fabiano Romitti, Pitanga (Centro do Paraná).
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