Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 455 | Janeiro/Fevereiro de 2016 | Campo Mourão - Paraná

SAFRA 2015/16

MANEJO NA MEDIDA CERTA

EXCESSO DE UMIDADE AFETOU RENDIMENTO DA SOJA MENOS QUE O ESPERADO. PRODUTOR COMEMORA RESULTADO NUM ANO DE CHUVAS ACIMA DO NORMAL

Marcada pelo grande volume de chuvas desde o início da implantação das culturas,  a safra de verão 2015/16 deixará importantes lições. Aprendizado para os produtores de grãos, que a cada ano superam desafios, driblando as dificuldades encontradas pelo caminho, para garantir o sucesso da lavoura e abastecer a mesa dos brasileiros. 

Houve excesso de umidade durante as operações de implantação e o desenvolvimento das plantas. Uma condição que permanece até  neste momento de colheita. Em algumas regiões, com maior ou menor intensidade, a chuva esteve sempre presente durante todo o ciclo da lavoura. 

Entretanto, em muitos casos para sorte e alegria do produtor, apesar da condição climática a produtividade quase não foi afetada, principalmente por conta do manejo e tecnologia adotada. É o caso do cooperado Cireneu Stiipp, de Ouro Verde do Oeste (Oeste do Paraná). Ele revela que apesar de ter chovido além do normal durante o processo vegetativo da soja, a produção acabou sendo praticamente normal. “O resultado até nos surpreendeu positivamente pela nossa expectativa. Estávamos com receio em razão do volume de chuvas, mas acho que conseguimos produzir até bem. A perda foi em média de 10% apenas. Considerando a condição climática estamos muito satisfeitos”, garante o cooperado que fechou a média em 150 sacas de soja por alqueire.

Atento às novas tecnologias, Stiipp revela que não abre mão de investir em novas variedades e comercializar a produção de acordo com a movimentação do mercado. “Estamos sempre ligados às novidades, utilizando as melhores tecnologias que possam nos ajudar a incrementar a produção. O mercado é outro fator que não podemos relaxar. Graças a Deus temos conseguido produzir e vender bem.” 

De acordo com o engenheiro agrônomo Miguel Zimann, do departamento de assistência técnica da Coamo em Ouro Verde do Oeste, quem seguiu as recomendações e fez o manejo na hora certa se deu bem. “Quem trabalhou corretamente e utilizou produtos de boa qualidade está tendo bons resultados, como o Cirineu. Estamos comemorando este resultado em função da dificuldade do ano”, afirma o agrônomo lembrando que em poucos casos houve maior perda de produtividade por falta de cuidado no manejo. “Ao seguir as recomendações o cooperado consegue amenizar as situações adversas e obter melhores resultados”, diz.

RENDIMENTO DENTRO DO ESPERADO

Se em muitas propriedades o excesso de chuva atrapalhou, na fazenda Santo Antonio, da família Frenhan, de Caarapó (Sudoeste de Mato Grosso do Sul), tudo correu bem. Enquanto em algumas regiões houve perda de produtividade por conta da umidade elevada, na área dos Frenhan a soja se desenvolveu normalmente e os resultados não poderiam ser melhores, segundo o cooperado José Carlos, um dos filhos do ‘seo’ Moacir, o patriarca da família. 

Ele conta que a média não será a melhor já alcançada, mas ainda assim satisfatória, a julgar pelas condições climáticas. “O resultado está ótimo, melhor impossível”, comemora o cooperado, despreocupado com a adversidade que derrubou a produtividade em muitas regiões. “Na verdade não podemos reclamar. Perder um pouco faz parte da natureza e da atividade, não dá só pra ganhar”, analisa José Carlos Frenhan, que deve fechar a média também em 150 sacas, nos mais de 800 alqueires que cultivou neste verão. “Lógico que não será o nosso melhor resultado, mas estamos contentes”, garante. 

José Carlos Frenhan, o pai ‘seo’ Moacir e o irmão Gilmar, em Caarapó-MS

PARCERIA - Para José Carlos, o resultado não depende somente de quem planta e colhe, mas também de que acompanha e orienta, no caso, a assistência técnica. “Definimos nosso planejamento de acordo com as orientações que recebemos. Fazemos as operações de manejo conforme o pedido do nosso agrônomo e, graças a Deus, estamos tendo ótimos resultados. Depois que a Coamo chegou estamos tendo mais sucesso na nossa atividade”, agradece o produtor. Ele trabalha em parceria com os irmãos e o pai, e está plantando milho safrinha na medida em que colhe a soja. 

A  parceria da família Frenhan com a Coamo começou desde a chegada da cooperativa na região de Caarapó. O agrônomo Guilherme Willian Fengler, lembra que o trabalho em conjunto desenvolvido por eles faz toda a diferença no campo. “Nossa luta é para melhorar sempre os resultados deles, que hoje são muito bons. Temos uma boa relação com os Frenhan e com todos os cooperados na região. Essa parceria tem sido convertida em sucesso para ambos os lados. Eles estão colhendo os frutos de um investimento em longo prazo. É difícil manter essa média numa área grande como a deles”, observa. 

ROTAÇÃO NO SISTEMA

Integração do milho com a soja no verão propicia equilíbrio do sistema de produção, garantindo mais efiência rentabilidade da atividade

Em São Domingos (Oeste de Santa Catarina) o milho virou um personagens sempre presente na propriedade da tradicional família Bellé. O cultivo do cereal há anos está inserido no sistema de produção da fazenda, localizada na comunidade Quebra Queixo, onde tanto a soja como o milho já foram colhidos nesta safra. 

Na propriedade de 75 alqueires a oleaginosa ocupou 52. O restante foi destinado ao milho, que todo ano entra no esquema principalmente como opção de rotação de culturas. “Lógico que queremos ganhar dinheiro com milho, mas pensamos primeiro no sistema de produção que é todo beneficiado com a cultura”, explica Nilson Bellé, responsável pela administração da fazenda.

Conforme o produtor, extremamente detalhista com o manejo das lavouras e o planejamento da propriedade, o cereal jamais deixou de ser plantado por lá. “Plantamos milho há muitos anos porque é uma opção para fazer rotação e também pensando em resultado. Hoje não dá para ficar só apostando na soja. O milho em anos normais produz bem e se o mercado for favorável, como neste ano, ainda dá para ganhar dinheiro”, comenta Belé. 

Com mercado em alta, ele comemora os bons resultados do milho neste ano. “Não imaginávamos que teríamos bom preço agora na colheita, quando plantamos o milho lá atrás. Pena não ter plantado mais”, brinca o produtor, que fechou a média em 424 sacas por alqueire.

MUDANÇA DE HÁBITO

A colheita das culturas de verão tem ocorrido cada vez mais cedo na região de São Domingos. Tanto que nesta safra a unidade da Coamo no município foi uma das primeiras a receber soja na região da cooperativa. Uma mudança de atitude motivada pelo posicionamento das cultivares de soja, segundo o agrônomo Lucas Bonorino Martini, encarregado do departamento técnico da Coamo em São Domingos. “Estamos tendo condições favoráveis para implantar as culturas mais cedo e ainda fazer uma segunda safra. O clima, aliado com a atitude dos produtores, tem motivado essa mudança de hábito por aqui que está gerando bons resultados para todos”, esclarece. 

INVERNO OTIMIZADO

Laércio Dalla Vecchia, feliz com os resultados da colheita de milho verão

O cenário do inverno já não é mais o mesmo na região de Mangueirinha, no Sudoeste do Paraná. Com altitudes que variam entre 800 a 1.000 metros, a região é conhecida pelas baixas temperaturas no período mais frio do ano, e era comum geada no mês de abril, o que impossibilitava o cultivo de lavouras nessa época.

Mas nos últimos cinco anos a realidade é outra. Com o clima mais quente, vem sendo possível produzir milho de segunda safra na região, o que até então era utopia para a maioria dos produtores. Menos para Laércio Dalla Vecchia, um dos pioneiros na implantação da safrinha de milho em Mangueirinha, onde possui propriedade na comunidade Linha Clara. Curioso, ele conta que há cinco safras passadas começou por impulso a plantar milho no inverno e acabou, dando certo. Tanto, que hoje o cereal já ocupa 25% da sua área nesta época e se tornou uma importante ferramenta dentro do sistema de produção da propriedade. “Sempre cultivei o milho no verão para fazer rotação de culturas. Antigamente era normal gear em abril, mas com o passar dos anos essa geada sumiu. Por isso, resolvi iniciar o plantio há cinco anos com um saco de milho e deu certo. De lá para cá venho plantando todo ano e tenho tido bons resultados”, conta.

Inovador o cooperado teve que quebrar preconceitos e buscar conhecimento para explorar a cultura no inverno, e hoje vem se dando bem. “Lembro que disseram em um dia de campo que o pessoal do Sudoeste não precisa ficar na estação de milho safrinha. Eu disse que não, que queria assistir a palestra porque um dia quem sabe poderíamos plantar a cultura por aqui. E acabou acontecendo, hoje estamos conseguindo bons resultados aqui também”, comenta sorrindo Dalla Vecchia.

Para o cooperado o milho de segunda safra representa muito mais que um incremento de renda. O cereal é visto como mais uma opção para melhorar o sistema produtivo da propriedade. “É uma planta diferente que contribui para o sistema. Plantando após a safra de soja conseguimos matar a soqueira de soja, eliminar pragas e acrescentar um sistema radicular diferente no solo, além de produzir uma palhada fantástica”, explica.

Laércio Dalla Vecchia junto com o filho e o agrônomo José Ricardo avaliam o desenvolvimento do milho de inverno 

Se o clima continuar favorável à implantação da safrinha de milho no Sudoeste, a exploração da cultura no inverno pode crescer muito por conta do apoio creditício e legal que acaba de chegar à região. Nos últimos dois anos o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) liberou o zoneamento agrícola para o milho de segunda safra, que vai de 1º a 31 de janeiro. E ainda é possível financiar a implantação da lavoura na Credicoamo (Cooperativa de Crédito dos Cooperados Coamo) e até segurar a lavoura com Proagro. “Vai ser muito interessante plantar milho safrinha agora. Acho que a tendência é aumentar bastante”, prevê Laércio, que colheu na última safra 311 sacas de média. “Paguei os custos e ainda sobrou um bom dinheiro”, comemora o produtor, que planta também feijão, soja e milho verão.

O agrônomo José Ricardo Pedron Romani, encarregado do departamento técnico da Coamo em Mangueirinha, alerta para utilização correta do sistema, manejando a tecnologia sem prejudicar as culturas de verão. “É importante implantar essas novas técnicas, mas não podemos esquecer da rotação de culturas e da safra de verão. O Láercio por exemplo, faz a manutenção do milho verão para rotação de culturas. Temos de lembrar sempre que as culturas de verão são prioridades e que ao implantar a safrinha essa opção não pode atrapalhar o principal negócio, as culturas de verão como soja e milho”, orienta. 

CULTIVO

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