Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 478 | Março de 2018 | Campo Mourão - Paraná

30° ENCONTRO DE COOPERADOS

ENCONTRO DE VERÃO COMPLETA 30 ANOS


NELSON ARI MULLER,

Pitanga (Pitanga)

O  cooperado não pode deixar de participar, pois as novidades estão todas aqui. São assuntos que podemos colocar em prática, depois na propriedade. E o melhor é que tudo já está testado e validado pela Coamo.

NILTON JOAREZ ENGLERT E LUCIANE,

Nova Santa Rosa (Paraná)

Somos agricultores e professores e ficamos encantados com o encontro. Vimos a importância de cada ingrediente para fazer a lavoura crescer e produzir bem. O contato com a pesquisa sempre nos traz alguma coisa nova, é uma boa forma de aprender mais.

Imagine um laboratório, local de experimentos e pesquisas, onde cientistas trabalham arduamente para trazer inovação e desenvolvimento tecnológico à população. Agora, imagine transportar essa realidade para a agricultura. É preciso que seja um laboratório a céu aberto e com a nobre missão de desenvolver pesquisas para a produção de alimentos.  Com esse objetivo a Fazenda Experimental da Coamo surgiu, porém, com um diferencial, duas vezes ao ano, as suas porteiras são abertas para a realização dos Encontros de Verão e Inverno.

Neste ano foi realizado o 30º Encontro de Verão entre os dias 5 e 9 de fevereiro para mais de 4.500 cooperados divididos diariamente por região para conhecer os dez principais experimentos da Coamo. Uma oportunidade de conhecer um laboratório da agropecuária com pesquisas pioneiras no país e com a explicação de técnicos especializados da Coamo, bem como, pesquisadores dos principais institutos de pesquisa do Brasil. 

O melhor de tudo é que trata-se de um evento contínuo, que nos últimos 30 anos, não deixou uma única vez sequer de ser realizado, conforme destaca o chefe da Fazenda Experimental da Coamo, Lucas Simas. “São 30 edições de um evento sério e respeitado pela comunidade científica agronômica do Brasil. Nosso desafio é  continuar levando informações e conhecimento que gerem resultados na propriedade dos associados da Coamo.”

Nesse cenário, o gerente Técnico da Coamo, Marcelo Sumiya, explica que o impacto observado nesses 30 anos nas propriedades dos cooperados é de constante evolução. “Esse é um suporte que procuramos dar aos cooperados para que eles compreendam as mudanças que estão acontecendo e como é possível aplica-las da melhor forma. Com o passar dos anos as mudanças em tecnologia têm refletido muito na produtividade, atrelado principalmente ao aspecto genético. Por isso, as influencias que podemos controlar, tirando o aspecto climático, são significativas e nos colocaram em altos patamares de produtividade.”

De acordo com o superintendente Técnico da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, são trinta anos de realização do encontro onde ano a ano no momento da preparação do evento se busca melhorar. “Em todas as edições do Encontro de Verão trazemos os temas do momento, ou seja, aquilo que realmente necessita ser discutido pelos nossos cooperados, técnicos e pesquisadores”, considera Dias.

O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini é o maior incentivador desse centro de pesquisas, bem como, da realização dos eventos técnicos da cooperativa. “São 30 anos de constante melhoria das pesquisas, cada vez mais, trazendo tecnologias para os cooperados juntamente com institutos de pesquisa e universidades, e com um único objetivo de levar mais tecnologias ao campo para o associado ter mais produtividade e barateamento de custo. ”

Gallassini ainda ressalta que durante os encontros na Fazenda Experimental, o associado pode interagir com a pesquisa. “O cooperado tem uma aula de 40 minutos em cada estação, onde ele pode tirar dúvidas e contar para os pesquisadores qual a sua realidade no campo. Essa interação permite uma troca de conhecimento extremamente eficaz, e os bons resultados vemos safra após safra com o incremento constante da produção”, considera o presidente da Coamo.

Lucas Simas, chefe da Fazenda Experimental da Coamo José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo, participou todos os dias do encontro

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica, Aquiles Dias, superintendente Técnico, José Aroldo Gallassini, diretor-presidente, Claudio Francisco Bianchi Rizzatto, diretor-vice-presidente, e Ricardo Accioly Calderari, diretor-secretário. Diretoria da Coamo apoia e participa de forma ativa de todos os encontros na Fazenda Experimental

EQUILÍBRIO ABRE AS PORTAS DA PRODUTIVIDADE

ESTAÇÃO 1:  Nutrição de plantas e adubação de manutenção em culturas anuais Tiago Ertel (Manoel Ribas), Ezequiel Segatto (Xanxerê), José Petruise Ferreira Junior (Campo Mourão), Antonio Marcos David (Mangueirinha) e Luis Gustavo Mendes Passos (Cândido de Abreu)

Equilibrar o sistema produtivo é a chave para obter bons resultados em campo. Com esta premissa a 1ª estação de pesquisa do 30º Encontro de Verão teve como tema “Nutrição de plantas e adubação de manutenção em culturas anuais”, sob a coordenação do engenheiro agrônomo da Coamo em Campo Mourão, José Petruise Ferreira Junior. Um assunto relevante, uma vez que, a nutrição está relacionada ao fornecimento de todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da lavoura.

O foco da estação foi abordar o equilíbrio nutricional da planta, uma vez que, é necessário, equilibrar a parte química, física e biológica. “É um estudo de como as plantas absorvem, transportam, translocam e assimilam os nutrientes, bem como, as relações existentes entre esse processo”, explica o engenheiro agrônomo. 

Petruise orienta o que é preciso para o nutriente ser essencial. “Existem dois critérios que precisam ser atendidos: direto e indireto. O primeiro exige que o nutriente esteja envolvido em algum processo ou reação, sem a qual a planta não consiga sobreviver, e o segundo, está relacionado ao fato de que na ausência desse nutriente, ele não pode ser substituído por outro.”

Conhecendo bem os nutrientes e suas funções na planta, o cooperado consegue obter mais produtividade. “O produtor, muitas vezes tem conhecimento da quantidade dos nutrientes extraídos pela planta, ou seja, os macronutrientes. Mas, não dá a devida importância a extração e absorção dos micronutrientes. Por isso, é preciso se conscientizar de que independente da quantidade dos nutrientes absorvidos pela planta, todos são essenciais. Na ausência do nitrogênio que é absorvido em maior quantidade ou do boro, por exemplo, absorvido em menor quantidade, todos podem impactar diretamente na produtividade da soja”, reforça o coordenador da estação.

Assim, para verificar a quantidade de nutrientes no solo é preciso realizar uma análise química, conforme orienta José Petruise. “Por meio do diagnóstico correto, conseguimos obter as informações e criar estratégias para as devidas correções de solo. Com o programa Agricultura de Precisão da Coamo, o cooperado com o seu agrônomo, consegue fazer esse diagnóstico do que acontece na propriedade, para realizar a correção.”

Petruise ainda acrescenta que a Lei do Mínimo – de 1950, criada por Justus von Liebig – resume a importância desse equilíbrio. “Essa lei estabelece que o desenvolvimento de uma planta fica limitado ao nutriente faltoso ou em menor quantidade, mesmo que todos os elementos estejam em maior quantidade, a base da nutrição será sempre estabelecida pelo elemento em menor quantidade.”

TRABALHO DA PESQUISA

A montagem e apresentação na estação contou com a participação dos pesquisadores e professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Marcelo Augusto Batista e Tadeu Takeyoshi Inoue, e do pesquisador da Embrapa/Soja, Adilson de Oliveira Junior.

Batista, doutor em Fertilidade e Nutrição Mineral de Plantas pela High State University, destaca que a discussão da nutrição mineral das plantas é de extrema relevância. “Muitas vezes, focamos na parte aérea da planta e esquecemos de olhar para o solo e raízes. Boa parte da nutrição é feita via raiz. Por isso, é importante saber quais nutrientes limitam a produção e quanto precisamos colocar para compensar e alcançar altas produtividades.”

Oliveira Junior, doutor em Fertilidade de Solo e Nutrição Mineral de Plantas pela Esalq/USP – Universidade de São Paulo, lembra que a adubação mineral é uma das práticas para se produzir bem. “Como os nutrientes estão envolvidos em processos metabólicos da planta e que, por sua vez, estão associados em produtividade, precisamos avaliar e conhecer em que condições está o teor de nutrientes nas culturas para direcionar o manejo da adubação. O nutriente que está faltando nos limita em produtividade.”

Marcelo Augusto Batista, UEM Adilson de Oliveira Junior, Embrapa Tadeu Takeyoshi Inoue, UEM

MEMÓRIAS ETERNIZADAS

Roberto Bueno Silva (Campo Mourão), César Machado Carrijo (Marilândia do Sul), Thiago Sandoli Dias (Ivaiporã) e Alvaro Ricardo Moreira (Faxinal)

As 30 edições do Encontro de Verão na Fazenda Experimental construíram uma história de progresso e incremento na produção dos milhares de cooperados da Coamo que adentraram as porteiras do laboratório da cooperativa.  A demonstração dessa trajetória ficou para a 2ª estação do evento, coordenada pelo engenheiro agrônomo Roberto Bueno Silva, do Detec da Coamo em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), que participou de todas as edições do encontro.

“Memorial do 30° Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental”, foi o tema escolhido para a estação. “Neste ano trouxemos uma estação um pouco diferente, dedicada a contar a história dos encontros de verão que se confunde com a da Coamo, pois já em 1970, a visão do presidente da Coamo, Dr. Aroldo Gallassini, estava voltada a importância de ter uma área exclusiva de experimentação.”

Nas palavras de Bueno essa foi uma “grande iniciativa da diretoria da Coamo para o desenvolvimento do agronegócio”. “Eu tive a oportunidade de participar desde o início. É um evento que agrega conhecimento aos cooperados e também para nós técnicos que estamos aqui apresentando. ”

Bueno acredita que o cooperado está muito bem respaldado para o exercício da atividade agrícola. “O associado tem uma recomendação atualizada, ética e profissional. Sem contar, que o produtor rural tem a tranquilidade de ser atendido por um departamento técnico imparcial para recomendar o que é melhor tecnicamente efinanceiramente para o cooperado.”

Bueno lembra que quem passa atualmente pela região da área de ação da Coamo, não sabe como era antigamente. “Os associados da Coamo têm destaque por altas produtividades no cenário nacional, uma conquista que se deve a todo esse suporte científico. Em Campo Mourão, antes da Coamo chegar, por exemplo, o solo era pobre em fertilidade, precisava de insumos e, principalmente, conhecimento para transformar aquele solo que os pioneiros encontraram na década de 70, nesse campo fértil que é hoje."

Para Bueno, existem ensaios da Fazenda Experimental que marcaram toda a história da agricultura nacional. “Um dos experimentos mais importantes que temos é o de rotação de culturas que neste ano completa 33 anos. É o 2º mais antigo do Brasil. E isso para a sustentabilidade do agronegócio é fundamental”, salienta.


ALIMENTOS COAMO

Ao longo de sua história, a Coamo realiza um trabalho de conscientização junto aos seus mais de 28 mil cooperados, da importância de se obter uma matéria prima que produz um alimento diferenciado. Esse é um trabalho que começa na Fazenda Experimental, por meio da pesquisa científica das melhores tecnologias a serem aplicadas em campo, e por este motivo a estação do memorial também contou com um espaço dedicado a demonstrar o resultado da industrialização do trabalho dos associados. O processo começa pela escolha da semente. A origem e qualidade são os pré-requisitos para que isto ocorra, e além da condução tecnológica da produção agrícola há um rigoroso controle de qualidade na industrialização e transporte. Tudo isso para que os Alimentos Coamo cheguem aos pontos de vendas com a qualidade com que foram produzidos.

Linha de Alimentos Coamo foi apresentada aos cooperados na estação sobre os 30 anos do Encontro ESTAÇÃO 2: Memorial 30° Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental

CUIDAR PARA NÃO PERDER

ESTAÇÃO 3: Fungicida I: Importância de programas e rotação de mecanismo de ação na aplicação de fungicidas

No Encontro de Verão deste ano, duas estações trataram sobre a utilização de fungicidas. A primeira destacou a importância de programas e rotação de mecanismo de ação na aplicação de fungicidas. O objetivo foi mostrar a necessidade da utilização de diferentes combinações de produtos aumentando, assim, a quantidade de mecanismos de ação na aplicação dos fungicidas. A prática contribui ainda para a longevidade dos produtos e reduz a pressão de seleção. A mensagem é: se não fizer isso corretamente continuará com alta pressão de seleção e novas resistências irão surgir, ou seja, cada vez mais teremos menos produtos e soluções.

“Os fungicidas foram perdendo eficiência no controle da ferrugem ao longo do tempo. Quanto mais se utiliza o mesmo produto, maior é a chance do fungo se tornar resistente. Utilizando o conhecimento,  podemos rotacionar os fungicidas e os mecanismos de ação. Quanto mais se diversifica, mais alterna os princípios ativos para o controle da ferrugem asiática, menor o risco que o produtor fica exposto”, destaca o engenheiro agrônomo José Marcelo Fernandes Rúbio, encarregado do Detec em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná) e coordenador da estação.

Bruno Lopes Paes (Engenheiro Beltrão), Diogo Alves (Altamira do Paraná), José Marcelo Fernandes Rúbio (Mamborê) e Odair Johans (Goioerê)

Foram apresentados 12 programas de controle utilizando diferentes tipos de mecanismo de ação. “Todos os tratamentos têm custo semelhante e apresentaram bons resultados”, assinala Rubio. Ele ressalta que não há previsão de novos produtos para os próximos anos e reitera a importância de se rotacionar os existentes para manter a eficiência no controle da ferrugem. “O cooperado deve procurar a assistência técnica da Coamo para ver qual a melhor combinação. Todas são viáveis, mas para cada região há um melhor tratamento”, diz.

VIDA LONGA AOS FUNGICIDAS

ESTAÇÃO 4: Fungicidas II: Utilização de fungicidas protetores X momento de aplicação Felipe Antonio Battiston (Campo Mourão), Paulo Nedes de Souza Peres (Cândido de Abreu), Elerson Reis Tibúrcio (Luiziana) e Luiz Eduardo de Oliveira (Boa Esperança)

REGINALDO JOÃO STAVSKI,

Cantagalo (Paraná)

É a oportunidade que temos de adquirir mais conhecimento. A Coamo nos mostra o caminho para produzir mais e, consequentemente, ter uma melhor renda. São sistemas e tecnologias que podem ser colocadas em prática na propriedade.

RENATO BARBIERI,

Maracaju (Mato Grosso do Sul)

É uma satisfação acompanhar este encontro. É um evento que mostra os desafios e as novidades. Utilizamos várias tecnologias, mas ainda temos muita coisa para aprender. Se não fosse a pesquisa estaríamos nos patamares de 60 a 70 sacas por alqueire.

A segunda estação tratou da utilização de fungicidas protetores/multissítios e o momento de aplicação. O objetivo foi mostrar a necessidade da utilização de fungicidas protetores em função da perda de sensibilidade dos produtos a base de estrobilurinas e carboxamidas. O engenheiro agrônomo Elerson Reis Tiburcio, encarregado do Detec em Luiziana (Centro-Oeste do Paraná) e coordenador da estação, lembra que desde o aparecimento da ferrugem asiática no Brasil, em 2001/2002, o principal método de controle sempre foi com fungicidas. “No primeiro momento utilizava-se produtos a base de triazol. Com o passar do tempo foram perdendo a eficiência no campo. Aí vieram as misturas de estrobilurina com triazol que proporcionavam um controle satisfatório. Porém, nas safras de 2009 e 2010 essa mistura começou a perder a performance, ou seja, o fungo foi criando resistência, também, a essa mistura.”

Nesse sentido, Tiburcio explica que os fungicidas protetores, e ou multissítio, dentro de um manejo de anti-resistência, ajudam os fungicidas utilizados no controle da ferrugem, potencializando o controle e dando longevidade aos produtos e, também, protegendo as moléculas novas, como as carboxamidas, que, também, já começaram a perder sua performance a campo. “Nos próximos seis ou sete anos não temos nenhum produto novo no mercado. Então, os fungicidas multissítios, que agem em vários locais da célula do fungo, dificultando, assim, a resistência da ferrugem a esse grupo de fungicida.”

Conforme o agrônomo, os cooperados devem seguir as recomendações técnicas e respeitar a caraterística de cada região para um melhor controle da ferrugem asiática. “Dentro de um manejo em que se respeita a época de plantio, o intervalo de aplicação, dentre outras técnicas importantes, os fungicidas multissítio estão se encaixando muito bem.”


PALAVRA DA PESQUISA

As duas estações sobre fungicidas contaram com a presença de pesquisadores da Embrapa/Soja de Londrina, que auxiliaram na preparação e apresentação dos assuntos aos cooperados. A fitopatologista Cláudia Godoy recorda que desde a entrada da ferrugem asiática no Brasil, o uso de fungicida tem sido intensificado, permitindo a estabilidade da produção. “Contudo, não temos novas moléculas para entrar no mercado e precisamos preservar as existentes. Já os fungicidas que perderam a sua eficiência podem ser associados aos multissítios e melhorar o desempenho”, comenta e lembra que os fungicidas contam com três principais modos de ação e os produtos são sempre misturas de dois ou três. “Muitos pensam que não compensa rotacionar, mas a resistência age diferente em cada molécula. Rotacionar o produto comercial é importante porque está rotacionando a molécula.”

A também fitopatologista Claudine Seixas reitera que os multissítios são uma ferramenta a mais no controle da ferrugem asiática. “Associados com outros fungicidas podemos melhorar a eficiência do controle e, também, funciona como estratégia anti-resistência. O desafio é fazer com que os produtos não percam a eficiência para o controle da ferrugem, que é a principal doença da soja.”

O fitopatologista Mauricio Meyer lembra que cabe ao produtor cuidar da sua lavoura e seguir as recomendações técnicas e legislativas para evitar a ferrugem asiática. “São medidas que ajudam no controle da doença. Começar a safra sem inóculo de ferrugem é fundamental. Quanto mais tarde aparecer a doença na lavoura, melhor será a condição de controle. É importante que seja adotado um conjunto de ações para que os grupos de fungicidas não percam rapidamente a eficiência.”

Cláudia Godoy, Embrapa/Soja Claudine Seixas, Embrapa/Soja Mauricio Meyer, Embrapa/Soja

DIAGNÓSTICO RÁPIDO DA ESTRUTURA DO SOLO

ESTAÇÃO 5: Manejo de solo: DRES – diagnóstico rápido da estrutura do solo

DRES. Para quem ouve pela primeira vez, a sigla pode parecer complicada, mas quando se tem o significado se torna simples de entender. O DRES, ou Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo, é um método para qualificar a estrutura da camada superficial do solo, baseado em características detectadas visualmente em amostras dos primeiros 25 cm. É um método de campo de execução simples e rápida.

O coordenador da estação Fabricio Bueno Correa, do Departamento de Suporte Técnico –Astec, da Coamo em Campo Mourão, explica que com o método é possível analisar se o manejo adotado está correto e se efetivamente precisa fazer alguma operação mecânica. “É um processo simples e de baixo custo para se verificar a estrutura do solo. É possível analisar se o solo está em conservação, formação ou entrando no processo de degradação”, assinala. 

Correa explica que o DRES se baseia na coleta de amostra de solo com uma pá, fazendo uma minitrincheira. Essa amostra é manipulada, isolando os torrões ou agregados do solo e atribuídas notas conforme tamanho e forma dos agregados e também a presença e morfologia das raízes. “Com base nesse diagnóstico é possível tomar decisão de manejo a ser empregado para que a planta possa responder a todo investimento.” 

De acordo com o pesquisador Henrique Debiasi, da área de manejo de solo da Embrapa/Soja, o começo de uma boa safra passa por um solo bem manejado e com boa estrutura. “Analisar a parte química é mais fácil, basta coletar amostra de solo, enviar para laboratório e ver o resultado. O ponto mais complicado é a parte física, para saber se o solo oferece condições para a planta crescer e absorver tudo o que precisar para o bom desenvolvimento. O DRES é uma ferramenta que tem o propósito de ajudar neste sentido.”

O pesquisador Julio Cesar Franchini, também da área de manejo de solo da Embrapa/Soja, lembra que a cada safra os produtores colocam toda a expectativa e utilizam tecnologias e insumos de ponta em várias áreas, porém acabam deixando de lado os cuidados com o solo. “O solo é a base de tudo e a metodologia desenvolvida com o DRES consegue uma boa estrutura para dar segurança e estabilidade para a cultura. Isso é importante, pois em um ano bom, as lavouras atingem todo o potencial produtivo e em ano ruim, se perde menos.


MAIS SOBRE O DRES

O DRES é um método para qualificar a estrutura da camada superficial do solo, baseado em características detectadas visualmente em amostras dos primeiros 25 cm. As avaliações nas amostras constam da observação de tamanho e forma dos agregados e torrões, presença ou não de feições de compactação ou outra modalidade de degradação do solo, forma e orientação das fissurações, rugosidade das faces de ruptura, resistência à ruptura, distribuição e aspecto do sistema radicular, e evidências de atividade biológica. A partir desses critérios, atribui-se uma pontuação de 1 a 6, onde ”6” é indicativo de melhor condição estrutural, e “1” representa o solo totalmente degradado. Ressalta-se, entretanto, que solos como os Neossolos Quartzarênicos naturalmente não tem agregados ou os tem fracos e poucos.

Julio Cesar Franchini, Embrapa/Soja Henrique Debiasi, Embrapa/Soja

Wilson Aparecido Juliani (Guarapuava), Fabrício Bueno Correa (Campo Mourão), Edimar Marques (Luiziana) e Antonio Carlos de Oliveira (São João do Ivaí) ESTAÇÃO 5: Manejo de solo: DRES – diagnóstico rápido da estrutura do solo

BIOTECNOLOGIA PARA TODOS OS GOSTOS

ESTAÇÃO 6: Plantas Daninhas I: Inovações em biotecnologia no manejo de plantas daninhas

Darci Baggio (Ouro Verde/SC), Paulo Henrique Battisti (Brasilândia do Sul), Marlon de Barros (Boa Ventura de São Roque), Diego Ferreira de Castro (Mamborê) e Gilson Bernardino (Palmital)

A biotecnologia tem um papel importante no processo de constante transformação do planeta. É um fenômeno cujo sucesso se baseia na superação de barreiras, que possibilita vislumbrar caminhos alternativos aos tradicionais. Na agricultura, a biotecnologia tem sido fundamental para o avanço de processos que passam pelo aumento de produtividade até a agregação de renda e sustentabilidade da atividade.

Com o objetivo de mostrar ao cooperado Coamo à importância da biotecnologia e o que vem pela frente, duas estações foram dedicadas ao tema neste ano no Encontro de Verão, alertando o produtor quanto à seletividade dos produtos. Quando mal utilizados podem trazer sérios prejuízos à atividade e por outro lado, quando adotados de forma correta são fundamentais para obtenção de bons resultados. “Procuramos chamar a atenção dos cooperados sobre a importância do uso adequado de herbicidas, uma vez que temos percebido um recorrente aumento de plantas daninhas resistentes aos diversos produtos disponíveis no mercado. Neste evento falamos um pouco mais da tecnologia Enlist, que já foi lançada, mas ainda não está disponível no mercado. É uma ferramenta a mais que vai contribuir muito no manejo de plantas daninhas, mas que assim como as demais precisa ser utilizada com responsabilidade”, explica o engenheiro agrônomo Diego Ferreira de Castro, do Detec da Coamo em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná) que coordenou a estação.

De acordo com o técnico, cada dia mais, o produtor deverá ficar atento sobre o que poderá aplicar nas culturas, por conta da seletividade dos produtos. “Essas tecnologias trazem mecanismos de ação diferentes, que podem ou não ser benéficos para determinada cultura. Então tanto o produtor como o técnico precisam estar cientes do produto que será utilizado para não ter problema de matar alguma lavoura ou causar fito por conta do herbicida, uma vez que, são muitas as tecnologias disponíveis e que podem causar certa confusão na cabeça do produtor”, alerta.

Fernando Adegas, da Embrapa/Soja

Somente no Brasil já existem quase 50 plantas daninhas resistentes e o número aumenta a cada ano, por conta da utilização de produtos com o mesmo mecanismo de ação. Um problema, que conforme Castro será crescente. “A natureza é assim, ela vai estar sempre tentando driblar as nossas ações. E nós, da mesma forma, vamos utilizando mecanismos para combater plantas daninhas, doenças e pragas, pensando em produzir mais”, argumenta.

PREPARAÇÃO

Especialista em manejo de plantas daninhas, o pesquisador Fernando Adegas, da Embrapa/Soja, entende que o tema ajuda o produtor a se preparar para as novas tecnologias que em breve estarão disponíveis. “É interessante, porque novamente estamos falando das futuras tecnologias. O agricultor está acostumado com a tecnologia RR (resistente a glifosato) e a Coamo está mostrando que vamos ter outras tecnologias, tanto em soja como em milho, e que ele [produtor] deve ir se preparando para isso.”

PLANTA DANINHA OU CULTURA?

ESTAÇÃO 7: Plantas Daninhas II: Manejo de plantas voluntárias no cenário de novas biotecnologias

ERENI JOSÉ HENNERICH,

São Domingos (Santa Catarina)

Quem participa fica por dentro de todas as tecnologias para usar na lavoura, seja relacionado a sementes, fungicidas ou inseticidas. Temos que evoluir a cada dia e em eventos como esses recebemos conhecimento para conduzir a lavoura.

DEVANIR RUFINO DA SILVA,

Quarto Centenário (Paraná)

É um evento muito bem organizado e com assuntos que chamam a atenção de quem trabalha com a lavoura, seja relacionado a variedades ou aos tratos culturais. Com o acompanhamento e participando dos eventos técnicos fica mais fácil trabalhar.

Se uma estação apresentou a variedade em biotecnologia disponível nos dias de hoje, outra se preocupou em abrir os olhos do cooperado Coamo quanto à necessidade de manejar corretamente todas essas ferramentas, para não errar no momento da aplicação e causar estragos a lavoura, seja de soja ou milho. Cada vez mais presente nas lavouras, às plantas guaxas se tornaram um grande problema no campo, que deve ser resolvido com uma boa dose de cautela e manejo correto. “Por isso o intuito foi trazer de forma prática para o cooperado, como ele pode manejar essas biotecnologias acertando sempre na escolha do material a ser plantado e o produto utilizado para conter invasoras. Nossa preocupação é alertar para que ele conheça o que vai utilizar para não correr riscos no momento de uma aplicação de herbicida, por exemplo. Alguns produtores ainda se confundem quanto à tolerância de certos materiais e acabam cometendo erros fatais para a lavoura, dizimando as invasoras e a cultura”, esclarece o agrônomo José Eduardo Frendsen Filho, do Detec da Coamo em Pitanga (Centro do Paraná) e responsável pelo ensaio.

Conforme o agrônomo é fundamental que o agricultor esteja bem informado e não deixe de trocar ideias com a assistência técnica, que poderá auxiliar sobre as diferentes biotecnologias, suas vantagens e cuidados que devem ser tomados ao utilizá-las. “Para ter uma ideia temos no milho cinco biotecnologias, que vão desde a resistência a lagartas, até as que são resistentes a herbicidas e lagartas. O mesmo acontece com a soja que já vem sendo utilizada há um bom tempo no mercado e possui vários tipos de biotecnologias”, comenta.

Robson Osipe,

da UENP-Bandeirantes

Cada tecnologia traz uma sigla que define a utilidade e o tipo de resistência aplicado ao material. Um jogo de letras que precisa ser entendido e muito bem conhecido pelo produtor. “Na prática demostramos que é preciso saber exatamente qual o tipo de produto para cada cultura, como forma de controlar as plantas daninhas. Por isso é importante saber o que está comprando, mediante planejamento eficiente e a médio e longo prazo junto com a assistência técnica”, comenta.

ACERTANDO NO ALVO

Na opinião do pesquisador Robson Osipe, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), de Bandeirantes, a questão principal é diferenciar o mecanismo de ação de cada tecnologia e dar o tiro certo na hora de matar a planta invasora e não a cultura. “Se temos planta de milho na lavoura de soja, ou vice-versa, ela é planta daninha. Então é preciso saber exatamente qual biotecnologia está sendo utilizada e qual o produto a ser aplicado para não cometer o erro de conter a invasora e a lavoura. Essa é a essência do tema abordado aqui, que vem ao encontro da necessidade dos produtores”, salienta o pesquisador, que também marcou presença no evento da Coamo.

Hugo Lorran de Melho Rocha (Mariluz), José Ricardo Pedron Romani (Mangueirinha), Waltemberg Machado de Lima (Peabiru), José Eduardo Frandsen Filho (Pitanga)

LEQUE DE OPÇÕES

ESTAÇÃO 8: Variedades de Soja I Andrei Henrique de Tomasi (Manoel Ribas), Rubem Carlos de Oliveira Hubner (Mamborê), Luis Cesar Voytena (Campo Mourão) e João Rafael Bauermeister (Barbosa Ferraz)

Qual variedade plantar? Quando e em qual região o material se desenvolve melhor? Essas e outras perguntas foram respondidas nas estações de variedades de soja, sempre presentes no Encontro de Verão, e chamam a atenção dos cooperados que buscam novas opções e novidades para multiplicação.

Além da apresentação das novas cultivares, a estação também abordou o abortamento de vagens que ocorreu em algumas regiões, motivado, segundo a pesquisa, por uma série de fatores relacionados ao clima. “Tivemos muita chuva e praticamente não tivemos a presença da luz solar, especialmente entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira de janeiro. Isso somado às vezes as características de solo, características de variedades, época de plantio e práticas culturais, pode ter agravado para ocorrer esse abortamento em algumas lavouras”, explica o engenheiro agrônomo Luiz Cezar Voytena, do Detec da Coamo em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) e que conduziu os trabalhos na estação.

Segundo ele, em alguns casos o problema aconteceu na mesma região, mas somente em algumas lavouras, o que caracteriza o diagnóstico. “Por isso acreditamos que não foi somente a questão climática e sim esse conjunto de fatores”, declara.

A estação apresentou 15 variedades de soja das obtentoras FT Sementes; Nidera; Syngenta; Monsoy e Bayer, com características variadas, atendendo as mais diversas épocas de plantio, condições de temperatura e altitude. “Nessas quinze variedades temos opções para todos os gostos, podendo atender todas as regiões da Coamo desde a região de Santa Catarina até o Mato Grosso do Sul, passando pelo Paraná.”

LIVRE ESCOLHA

ESTAÇÃO 9: Variedades de Soja II Conrado Vitor Moreira de Souza Zanuto (Ivailândia), Breno Rovani (Campo Mourão), Giovani Augusto Geron Pinheiro (Fênix), Sandro Magnani (Campo Mourão), Sandro Rodrigo Gheller (Mamborê)


RONEL DA SILVA GOBBI,

Mamborê (Paraná)

É importante esse contato com a pesquisa, para conhecer as novidades e tirar as dúvidas. Saímos daqui com algumas decisões já tomadas para as próximas safras. Precisamos produzir cada vez mais e com sustentabilidade.

FÁBIO CASTILHO,

Marilândia do Sul (Paraná)

É a primeira veza que participo, pois comecei há pouco tempo na agricultura. Fiquei muito surpreso pela magnitude e organização do evento. Aprendi muita coisa e volto para casa com uma bagagem bem maior.


Em uma segunda estação, outros 19 materiais das obtentoras Brasmax; Don Mário; Embrapa; Coodetec e TMG foram apresentados aos cooperados, sendo 18 intactas (com tolerância a lagartas) e uma RR1 (tolerância a Glifosato).  “De maneira geral trouxemos materiais novos de todas as parceiras. Aproveitamos para fazer um comparativo de clima entre às safras 2016/17 e 2017/18 onde mostramos para o cooperado questões relacionadas à umidade relativa do ar, potencial hídrico do solo, precipitação e radiação solar. É uma forma de esclarecer que as condições climáticas nesta safra não foram tão favoráveis quanto foram na safra 16/17, o que justifica o ‘amarramento’ que a soja teve no início do cultivo”, comenta o engenheiro agrônomo Sandro Magnani, chefe do Departamento de Produção de Sementes em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) que esteve à frente dos trabalhos no ensaio.

Nas estações de soja, o cooperado consegue observar o desenvolvimento dos materiais em um laboratório a céu aberto, onde é possível sanar dúvidas e escolher a melhor variedade para multiplicação no campo, que ofereça o máximo de retorno possível à atividade.

Luiz Cezar Tavares, da Embrapa/Soja Ralf Udo Dengler, da Fundação Meridional

CONHECIMENTO NA FONTE

Pesquisador da Embrapa/ Soja, que trabalha em conjunto com a Fundação Meridional, o engenheiro agrônomo Luiz Cezar Tavares, da área de Transferência de Tecnologia, observa que ao participar do evento o produtor tem a oportunidade de, além de ver a genética das cultivares, entender melhor questões relacionadas a manejo de solo, entre outros aspectos. “O que garante hoje o rendimento das cultivares no campo e a sustentabilidade dessas tecnologias são as boas práticas agrícolas. Quando você tem uma boa cultivar e um solo bem manejado, com rotação de culturas, manejo integrado de pragas e doenças, você reduz muitos os riscos o que ajuda a ter sucesso na atividade com ganhos significativos” orienta.

JUNTO E MISTURADO

ESTAÇÃO 10: Tecnologia de Aplicação de Defensivos Agrícolas: formulações e misturas de defensivos em tanque de pulverização

Rone Batista de Oliveira,

UENP – Bandeirantes

Dionizio Gazziero,

da Embrapa Soja

Fazer a melhor combinação de mistura de produtos e homogeneizar a concentração no tanque do pulverizador nem sempre é tarefa fácil. A ação, quando feita de forma errada, ocasiona na maioria das vezes, o desperdício do produto que não age de forma ideal na planta e por consequência gera prejuízos. 

Mas, qual a melhor formulação de mistura e como garantir essa homogeneização? As respostas foram apresentadas por técnicos da Coamo e da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), de Bandeirantes-PR. Eles mostraram no Encontro de Verão as melhores opções de misturas de produtos e como garantir a homogeneização da concentração no tanque, fazendo com que a ação da formulação seja mais eficiente.

Coordenador da estação, o engenheiro agrônomo Lucas Gouvea Vilela Esperandino, chefe do Departamento de Suporte Técnico da gerência Técnica da Coamo, informou que a ideia foi mostrar apenas as principais formulações, de 81 registradas no Ministério da Agricultura. “Nosso objetivo foi esclarecer porque um produto às vezes é formulado em WG e não numa formulação líquida, entre outras questões pertinentes a tecnologia de aplicação que é um assunto bastante amplo. Outra preocupação foi mostrar um pouco sobre ordem de mistura no tanque, já que existe uma ordem cronológica na hora de adicionar os produtos. Uma vez que se essa ordem não é respeitada, a chance de dar problema no aspecto físico da calda é muito grande”, alerta.


DOSE CERTA

“Quem nunca foi numa festa e tomou um fermentado com um destilado? Está aí a prova de que uma mistura mal feita pode dar dor de cabeça”. A comparação é feita pelo pesquisador Rone Batista de Oliveira, doutor em Tecnologia de Aplicação, da Universidade de Bandeirantes(UENP). Ele afirma que o objetivo foi trabalhar o conceito das misturas em tanque envolvido com o conceito da tecnologia de aplicação. “Não podemos separar uma coisa da outra, porque uma vez que trabalhamos isoladamente e esquecemos que essa mistura vai influenciar a tecnologia de aplicação, vamos ter problemas, com certeza, uma vez que temos especificidades de misturas que merecem tecnologias diferentes”, explica.

A universidade levou para o evento um simulador de misturas, desenvolvido pela equipe do pesquisador Rone Oliveira, onde foi possível demonstrar qual a melhor ordem de se fazer a mistura, como essa ordem influencia em todos os momentos da aplicação, como a mistura influencia no desenvolvimento da máquina(pulverizador) e o sistema de agitação e filtros do equipamento, entre outras características do processo de aplicação. “Quebramos, de certa forma, um pouco do mito de que somente um simples teste na garrafa pet não é o suficiente para dizer que a mistura está certa ou errada”, revela Oliveira, acrescentando que o mais importante é o produtor refletir da importância de melhorar a eficiência das misturas, como forma de obter melhores resultados no campo.


POR DENTRO DA LEI

BOHDAN UHREN E EDUARDO,

Roncador (Paraná)

O encontro é muito bom, é uma faculdade para nós. É a oportunidade que temos de conhecer todas as novidades e trocar informações com os técnicos e colegas de outras regiões. Já é o quarto ano que trago meu neto junto, estou preparando ele para dar sequência aos trabalhos.

Misturar produtos agrotóxicos no tanque no pulverizador envolve questões que vão além da operacionalização no campo. Segundo a lei, qualquer tipo de agrotóxico precisa ser receitado por um profissional legalmente habilitado, sendo respeitadas as recomendações de utilização aprovadas no rótulo e na bula do produto, conforme estabelece o Decreto 4.074/02. Embora as misturas sejam prática comum e façam parte do dia a dia da atividade, não podem ser prescritas em uma receita agronômica.

O tema foi levantado pelo pesquisador Dionizio Gazziero, da área de plantas daninhas da Embrapa Soja, quem vem questionando a regularização da operação. “São mais de 30 anos de discussões e ao longo do tempo fomos perdendo informações sobre o assunto. Por isso é fundamental que toda tecnologia seja disponível ao agricultor, já que com a proibição as discussões foram diminuindo e fomos perdendo essa tecnologia que contribui muito para a atividade”, informa Gazziero. Ele acrescenta que um estudo da Embrapa, levantou que embora sejam “proibidas”, 97% das aplicações são feitas com misturas em tanque com a utilização de dois a cinco produtos em uma só aplicação, ou mais, e envolvem combinações não só de agrotóxicos, mas também de adubos foliares e outras classes de produtos. “Há muito tempo estamos na luta para que esse assunto seja regulamentado. Queremos a possibilidade de falar abertamente sobre isso, como fizemos aqui, esclarecendo o que podemos ou não fazer do ponto de vista técnico em relação a esses produtos”.

No momento existe uma consulta pública no Ministério da Agricultura, o que vem provocando uma maior liberdade de abrangência do tema. “Na verdade, havia um entendimento errado e foi um grande avanço a gente conseguir chegar nesse ponto. Esperamos que de fato o governo regulamente isso. A Coamo está de parabéns por colocar isso em pauta, numa discussão aberta com todos os técnicos e agricultores”, diz.

Thiago Miguel Rzeczycki (Cruzmaltina), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão), Ulysses Marcellos Rocha Neto (Janiópolis), Roberto Shigueo Takeda (Moreira Sales) Parte da equipe de funcionários da Fazenda Experimental, responsáveis pela organização e realização do Encontro de Cooperados

Acima, José Aroldo Gallassini na abertura do primeiro encontro de cooperados e abaixo, durante a 30ª edição na Fazenda Experimental Coamo

“Mil duzentos e sessenta produtores a campo percorrendo ensaios e experimentos; verificando ‘in loco’ o que a pesquisa agrícola tem a lhes oferecer; trocando experiências sobre as dificuldades de se produzir melhor e avaliando junto com os técnicos e agrônomos tudo o que foi observado.” Essa foi a chamada para a reportagem no Jornal Coamo sobre a primeira edição do Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental, em março de 1989. De lá para cá, muitas coisas mudaram, novas tecnologias surgiram, sistemas foram implantados e implementados, assim como os desafios que fazem parte do dia a dia de quem trabalha no campo. O que não mudou, é a maneira como a Coamo se preocupa em atualizar os cooperados para que produzam, cada vez mais, e com sustentabilidade.

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