Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 479 | Abril de 2018 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

"AGRÔNOMOS ESTÃO INTEGRADOS E CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA AGROPECUÁRIA"

Ricardo Antonio Palma, presidente Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná

O entrevistado do mês na Revista Coamo é o presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, Ricardo Antonio Palma. Ele fala do trabalho desenvolvido e os desafios para os próximos anos. Segundo ele, os profissionais precisam buscar sempre se capacitar e atualizar. "O profissional do futuro, independente de sua idade, terá de estar preparado para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e digital.  Ele não pode abrir mão do conhecimento eclético na graduação e precisa galgar especializações (pós-graduação, mestrado e doutorado) para conhecer especificamente as soluções dos seus problemas", diz.


Revista Coamo: Qual a atuação da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (FEAPR)?

Ricardo Antonio Palma: A nossa entidade fundada em Curitiba, no ano de 1947, é uma sociedade civil de direito privado, de âmbito estadual, sem fins lucrativos, de duração indeterminada. Possui um estatuto moderno e reformulado em 2014. Temos 17 objetivos principais estatutários, com destaque para representar politicamente e congregar a defesa dos interesses dos engenheiros agrônomos no cenário estadual e federal; congregar e representar as Associações de Engenheiros Agrônomos do Estado do Paraná; buscar a colaboração de órgãos, empresas e entidades públicas e privadas, visando o desenvolvimento agronômico, socioeconômico, ambiental e rural por meio de convênios, contratos, parcerias e outras formas juridicamente legítimas.


RC: Quais os desafios do presente e do futuro?

Palma: A primeira escola de Agronomia no Brasil surgiu em 1875 - em São Bento de Lajes- e hoje integra a Universidade Federal da Bahia. A segunda Escola foi em Pelotas (1883) chamada na época de Imperial Escola de Medicina Veterinária e de Agricultura Prática. A origem do ensino agrícola é agronômica e prática. Com o passar dos anos vieram muitas outras escolas qualificadas, as quais destacamos a UFPR de Curitiba – com 100 anos de fundação e cujo coordenador do curso foi presidente e hoje é conselheiro da FEA/PR, Luis Carlos Correa Lucchesi. Os desafios dos engenheiros agrônomos são muitos, destacamos o firme posicionamento da FEA/PR na defesa das atribuições conferidas pelo  Decreto de 1933  e pela Lei 5194 /66, o aumento da remuneração aos profissionais engenheiros agrônomos do sistema; a incorporação de novas tecnologias na grade curricular dos cursos de Agronomia e  capacitação dos profissionais atuantes no mercado de trabalho. Também a manutenção nas Faculdades de Agronomia do ensino presencial ministrado pelos mestres doutores em salas de aula, laboratórios e práticas de campo, a revisão dos cursos de Agronomia existentes e uma moratória de 5 anos sem abertura de novos cursos no Brasil.


RC: Como será o profissional da agronomia no futuro?

Palma: A profissão do engenheiro agrônomo foi regulamentada pelo decreto 23.196 de 12/10/1.933, data em que se comemora o Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo. O profissional do futuro, independente de sua idade, terá de estar preparado para um mercado de trabalho cada vez mais exigente e digital.  Ele não pode abrir mão do conhecimento eclético na graduação e precisa galgar especializações (pós-graduação, mestrado e doutorado) para conhecer especificamente as soluções dos seus problemas.


RC: Como estão saindo das faculdades os novos profissionais?

Palma: Os cursos de Engenharia Agronômica/Agronomia no passado eram todos integrais com aulas de manhã e tarde,  às vezes a noite e aos sábados com 5.500 horas -aulas ministradas em 5 anos, e ainda permanecem em muitas escolas. Mas, também foram criados muitos cursos de um período só - manhã ou noite-, reduzindo para 3.200 a 3.600 horas/ aula.  Neste ano, duas faculdades estão oferecendo o curso semipresencial com somente uma ou duas aulas práticas por semana. Temos conhecimento que hoje o Brasil tem perto de 400 cursos de Engenharia Agronômica/Agronomia e no Paraná existem 43 cursos. Acreditamos ser necessário a residência agronômica onde o aluno teria um ano de práticas sobre o que aprendeu na academia e também um exame de proficiência ao recém-formado para poder exercer a profissão. A qualidade na formação profissional decaiu significativamente no Brasil.


RC: Como é a parceria da entidade com as instituições?

Palma: Ao longo dos anos, a Federação tem buscado se aproximar de todas as Instituições, principalmente da área Agropecuária.  A diretoria, os conselheiros e os presidentes das filiadas e os profissionais estão integrados na comunidade regional e contribuem para o desenvolvimento da agropecuária paranaense.


RC: Como observa a atuação da AEACM, a quarta mais antiga do Paraná?

Palma: Atualmente são 20 Associações Regionais de Engenheiros Agrônomos no Paraná e a de Campo Mourão (AEACM) está bem-estruturada. Na visita que fizemos no ano passado constatamos a excelente estrutura que é oferecida aos associados. É uma associação fundada em 1972 que possui mais de 200 sócios ativos, sendo uma referência como entidade de classe.


RC: O Engenheiro Agrônomo faz parte da história do agronegócio, que alavanca a economia do país. Isso orgulha a categoria?

Palma: Com certeza, o profissional engenheiro agrônomo é um dos grandes responsáveis pelo sucesso, atuando de forma direta na pesquisa pública como a Embrapa, que inovou com a produção  do baculovírus no controle da lagarta da soja, com o controle biológico do percevejo da soja através da vespinha (trissolcus basilis), com a produção de inoculantes a base de rhizobium, que dispensou a adubação nitrogenada na cultura da soja e tantas outras tecnologias em outras culturas e na pecuária.  Com os profissionais do Iapar a frente principalmente na implantação da conservação de solos, estradas e águas em sistema de microbacias hidrográficas e executados com eficiência pelos técnicos da Emater, das cooperativas e empresas de planejamento.  Os profissionais das empresas privadas também desempenham importante papel na pesquisa aplicada e experimentação agrícola de variedades e produtos fitossanitários e respectivas tecnologias de aplicação. Os professores engenheiros agrônomos que ministraram e ministram aulas nas Instituições de Ensino tiveram e têm esta grande responsabilidade de formar profissionais para este competitivo mercado de trabalho. Enfim, onde tem animal, vegetal ou mineral aí está a mão do Engenheiro Agrônomo.


RC: Qual sua opinião sobre o trabalho do cooperativismo do Paraná?

Palma: A Ocepar tem como presidente o engenheiro agrônomo José Roberto Ricken e junto com sua diretoria, realiza uma grande gestão em prol das cooperativas e dos associados para a agropecuária e sociedade do Estado do Paraná e do Brasil. Os números provam isso - 1,5 milhões de cooperados, R$ 2 bilhões em impostos recolhidos e quase 60% da produção agropecuária do estado. A nossa diretoria pretende realizar parcerias por meio da Ocepar com todas as cooperativas de produção e aproximar seu quadro técnico das entidades dos engenheiros agrônomos.


RC: Como percebe o trabalho e o investimento da Coamo na capacitação e formação dos profissionais?

Palma: Recentemente, estivemos na Coamo e fomos muito bem recebidos pela diretoria. De 79 agricultores para mais de 28.000 associados e mais de 7 mil colaboradores efetivos, trata-se de uma grande evolução ao longo de quase 50 anos. Particularmente, como profissional participei de mais de dez Dias de Campo para técnicos na Fazenda Experimental da Coamo com estações organizadas e uma excelente estrutura em benefício de centenas de engenheiros agrônomos de diferentes Instituições públicas e privadas. A Coamo investe bastante no seu quadro técnico e sua atuação é exemplo para a categoria. Falar da Coamo é fácil, é falar da maior cooperativa da América Latina.

Ricardo Palma, em visita à diretoria da Coamo e Associação do Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão

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