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PERFIL
Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias nasceu em Campo Grande (MS). É casada com o economista Caio Dias, mãe de dois filhos, Luis Felipe e Ana Luiza e avó do Eduardo. Após formar-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais), trabalhou em fazendas da família, até ser convidada para cargos de direção de empresas multinacionais, em São Paulo, onde conheceu melhor a raça Brangus, que acabou levando para desenvolver na região Centro-Oeste.
De volta ao Estado, no fim da década de 1990, foi convidada para ocupar a segunda secretaria da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Em 2006, assumiu o cargo de superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e, no final desse mesmo ano, foi convidada para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo do Governo do Estado Mato Grosso do Sul (Seprotur), ficando no cargo por sete anos. Deixou o Executivo Estadual para concorrer ao cargo de deputada federal, sendo eleita em 2014, quando passou a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional representando o setor produtivo.
Foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, maior grupo suprapartidário em defesa do agronegócio do Congresso Nacional. Como membro titular atuou em importantes comissões na Casa como a de Finanças e Tributação; Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Tereza Cristina recebeu um dos maiores reconhecimentos de seu trabalho como parlamentar, sendo premiada na categoria “Melhores deputados” na 11ª edição do Prêmio Congresso em Foco, veículo especializado na cobertura do Congresso Nacional.
A parlamentar ficou entre os 10 mais bem avaliados parlamentares da Câmara dos Deputados. Também foi reconhecida como a maior defensora do agronegócio brasileiro ao receber o prêmio na categoria “Defesa Agropecuária” na mesma edição.
Nas eleições de 2018 a deputada federal Tereza Cristina foi reeleita para mais uma legislatura na Câmara dos Deputados.
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Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias assumiu no início deste ano um grande desafio, que é comandar uma das pastas mais importes no governo Bolsonaro: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Formada em engenharia agronômica, ela tem experiência com administração rural e trabalhou em empresas privadas antes de iniciar na vida política. "Recebi o convite com muito entusiasmo e coragem para assumir os desafios de uma pasta que cuida de um setor tão importante para o presidente Jair Bolsonaro", diz.
Confira na sequência uma entrevista exclusiva com a ministra para a Revista Coamo, onde ela aborda sobre as questões que envolvem o agronegócio e cooperativismo.
Revista Coamo: Ministra Tereza Cristina, como recebeu o convite do presidente Bolsonaro e como encontrou o Mapa?
Tereza Cristina: Com muito entusiasmo e coragem para assumir os desafios de uma pasta que cuida de um setor tão importante para o presidente Jair Bolsonaro. E, claro, com o qual me identifico totalmente, tendo em vista minha trajetória política e profissional. Reconheço o trabalho de meus antecessores, mas sempre há mais a ser feito. A evolução é muito rápida e sempre há o que melhorar, aperfeiçoar e é, com esse objetivo que estou trabalhando junto com uma equipe muito dedicada do ministério.
RC: O presidente Bolsonaro tem se manifestado sobre a importância do agronegócio. Este é um indicativo de que o setor será valorizado, como agente de alavanca para o progresso e crescimento da balança comercial?
Tereza Cristina: Exatamente, o presidente é muito comprometido com as necessidades do setor. E, não é para menos, pois o agro tem dados respostas positivas e contribuído, sobremaneira, para a recuperação da atividade econômica e para o resultado de nossa balança comercial, com vendas externas acima de UUS$ 100 bilhões. Desde que assumi o ministério, tenho buscado e encontrado seu apoio quando as questões envolvem uma decisão que extrapola a do meu gabinete.
RC: Quais as prioridades do Ministério da Agricultura?
Tereza Cristina: Tenho batido na tecla do autocontrole, falado sobre isso com os representantes do setor privado, já realizamos um seminário e criamos um comitê técnico com ampla participação para identificar as cadeias produtivas por onde deve ser iniciado esse processo. E também para que crie a normatização necessária. O autocontrole nada mais é do que a responsabilidade de ambos os lados. O setor privado tem que cumprir sua parte e nós precisamos ir lá e ver se os protocolos estão sendo seguidos. Mas o ministério agora tem muitos assuntos a tratar, como o serviço de florestas, assuntos fundiários, agricultura familiar, pesca. Vou olhar com atenção para cada um deles.
RC: Quais são os principais entraves que emperram o agronegócio?
Tereza Cristina: Assim que assumi o ministério, me voltei para problemas de escoamento da safra. Por isso, já tivemos medidas adotadas em conjunto com o Ministério dos Transportes e Defesa. Entre as medidas, se incluem providências imediatas para evitar atoleiro na BR 163, na região Norte, além de inciativas que envolvem concessões de ferrovias. Mas tenho me debruçado muito sobre o planejamento do Plano Safra, a fim de obter mais crédito e ampliar a abrangência do seguro rural ao produtor. E a inovação está, sim, na ordem do dia. Tanto é que temos uma secretaria especialmente voltada para esse tema e também já tratei com o presidente da Embrapa sobre o objetivo de levar as novas tecnologias ao maior número possível de produtores. Vivemos a fase da agricultura 4,0, já de olho na 5.0 e precisamos não só manter nosso espaço como grandes fornecedores do mercado mundial de alimentos, como ampliá-lo, modernizando nosso modo de produção ainda mais.
RC: Com origem no Mato Grosso do Sul, que tem o agronegócio como setor importante, qual é a importância do cooperativismo para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro?
Tereza Cristina: O cooperativismo é outro assunto importantíssimo. Percorri recentemente cidades e estados na região do semiárido nordestino e a grata surpresa foi a de ver o que as cooperativas têm conseguido por lá. Há modelos de experiências exitosas, que servem de exemplo para muitos brasileiros. Mas como funcionam de forma isolada é interessante que isso seja ampliado largamente, porque mudam a vida das pessoas nas localidades onde existem. Quando voltei já tive reunião com a OCB, recebi boas sugestões e planejo organizar todas as ações que tratam de cooperativismo no Mapa e criar o programa Mais Cooperativismo em parceria com a entidade.
RC: Como analisa o cooperativismo paranaense e seus resultados?
Tereza Cristina: Conheço e sei da dimensão que as cooperativas têm no Paraná e em toda a Região Sul. Por isso, a parceria com a OCB pode nos ajudar a expandir o seu modo de funcionamento, a fim de que o cooperativismo tenha um papel ainda mais representativo do que já tem hoje no cenário do agro brasileiro. As cooperativas do estado têm mérito pela qualidade de vida do homem do campo no estado, que se deve à organização, à gestão compartilhada com eficiência, pela oferta de crédito e de assistência técnica aos seus cooperados. E a Coamo, sem sombra de dúvida, construiu uma história não somente no Sul, mas no Brasil também.
RC: A Coamo está investindo mais de R$ 720 milhões em duas novas indústrias de soja em Dourados (MS). Como avalia este investimento para o agronegócio em seu estado?
Tereza Cristina: Fico feliz como ministra pela confiança no setor, que ainda tem muito potencial para crescer, e também pelo meu estado, pelos empregos e melhoria da renda que esse investimento vai gerar, o que já começou a acontecer com o projeto em andamento. O que é também positivo é a agregação de valor aos nossos produtos que esse investimento da Coamo proporciona.
RC: Com relação a pesquisa, biotecnologia, e as instituições de pesquisa, como será a atuação do Mapa nesta área?
Tereza Cristina: O Mapa dará todo o apoio possível, dentro das restrições orçamentárias que ainda temos, para que a pesquisa e as tecnologias avancem. Não há outro caminho para a agricultura que não seja esse. A necessidade de preservar e aumentar a produtividade nos impõe esse desafio. Ele é ainda maior quando pensamos no potencial de consumo de alimentos que é crescente no mundo e no espaço que queremos ainda conquistar lá fora. Parcerias são muito bem-vindas, por isso devem ser ampliadas, e a disseminação do conhecimento, gostaria de reforçar, considero fundamental.
RC: O que pensa com relação as questões do meio ambiente e o papel do Brasil que tem área com mais de 60% preservada, bem diferente de países europeus cuja preservação não ultrapassa os 10%? Qual deve ser o papel dos agricultores com relação ao meio ambiente?
Tereza Cristina: Esse é um trunfo que temos para vender nossos produtos aqui e no exterior. Produzimos com sustentabilidade ambiental. E a imagem do nosso produtor rural precisa ser melhorada, porque ele ajuda a preservar rios, córregos, florestas nativas. Aqui a preservação das propriedades rurais é bem acima de 10%, atinge de 20% a 80% das áreas, dependendo da região em que se encontram. Então, o que acho é que isso precisa ser difundido. O produtor sabe da importância que o meio ambiente tem para o clima, da importância dos mananciais em sua propriedade, como tudo se reverte na produtividade, no retorno que obtém com a preservação.
RC: Qual sua mensagem para o agricultor nesse momento novo que o país vive, com novo governo e desafios para a retomada do crescimento?
Tereza Cristina: Minha mensagem é para que confiem, que continuem investindo, que diversifiquem sua produção, que agreguem valor aos seus produtos, que busquem sempre assistência técnica, conhecimento, capacitação, que se orgulhem do que fazem e que mantenham sempre esse diálogo com o governo, trocando experiências, trazendo sugestões e buscando cada vez mais a qualidade, a modernização de olho no consumidor que está lá ponta.
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