Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 518 | Outubro de 2021 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

FAUSTO DE ANDRADE RIBEIRO Presidente do Banco do Brasil

Com mais de 33 anos de experiência no setor bancário e trabalhando desde 1988 dentro do BB, Fausto de Andrade Ribeiro atuou como representante na compra do Banco da Patagônia, trabalhou como diretor geral da unidade do Banco do Brasil na Espanha, foi diretor presidente da BB Administradora de Consórcios e hoje é presidente do Banco do Brasil. Ele é servidor do Banco do Brasil desde 1988, é formado em Direito e Administração de Empresas, com especialização em finanças internacionais e pós-graduação em Economia.

O cooperativismo agropecuário é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Ao reunir e organizar os produtores rurais, promove-se o poder de escala e a atuação no mercado. É perfeitamente possível aliar o desenvolvimento econômico e social, a produtividade e a sustentabilidade. A afirmação é do presidente do Banco do Brasil, Fausto Andrade Ribeiro, que no dia 21 de setembro visitou a Coamo com outros diretores da instituição, que é parceira da cooperativa desde a sua fundação. “Em nossa visita, destacamos a vocação de organização das cadeias produtivas na produção de alimentos, na geração de renda e sua contribuição na produção agrícola nacional, bem como na composição significativa no saldo da balança comercial, colaborando para o desenvolvimento do país.



Revista Coamo: Qual a missão do Banco do Brasil?

Fausto Ribeiro: O Banco do Brasil tem como propósito cuidar do que é valioso para as pessoas. Isso significa dedicar atenção, assessorar, rentabilizar, preservar e responsabilizar-se por tudo que mais estimam os nossos clientes, acionistas, funcionários e sociedade em geral. E todo esse cuidado é pautado nos valores seguidos pelo Banco do Brasil, com foco no cliente, eficiência e otimização de recursos, ética, confiabilidade, inovação e espírito público, uma vez que consideramos o interesse coletivo na tomada de decisões.



RC: Qual é o momento do Banco do Brasil?

Fausto Ribeiro: Estamos vindo de dois resultados trimestrais recordes, alcançando R$ 10 bi de lucro no semestre. Esse resultado é bastante impactado por crescimentos das carteiras de crédito de varejo e de agronegócio. Nossas carteiras atingiram patamares históricos, com mais de R$ 200 bi no Agro e mais de R$ 100 bi no crédito consignado, por exemplo. Tudo isso com inadimplência em queda. Um bom desempenho, que reflete o bom momento do BB, que acaba de celebrar 213 anos de sua fundação.



RC: Quais são seus desafios à frente do BB?

Fausto Ribeiro: Como presidente e representante do Conselho Diretor do BB, o maior desafio é preparar o banco para o cenário de transformação digital, o que implica em forte treinamento dos nossos funcionários, adaptação da cultura organizacional e, claro, investimento em tecnologia e estratégia empresarial. Tudo isso sendo um banco de relacionamento muito próximo dos clientes. No agronegócio, o desafio é ampliar ainda mais a nossa liderança no segmento. Lançamos, em julho, o maior Plano Safra de todos os tempos, com R$ 135 bilhões em recursos para custeio e investimentos e anunciamos o Programa BB Investimentos Agro, com incremento de R$ 10,5 bilhões em linhas destinadas a ampliação de tecnologia, sustentabilidade e infraestrutura no campo.



RC: Quais fatores podem determinar a excelência na gestão do agronegócio?

Fausto Ribeiro: A gestão do Agro envolve a análise conjunta de todo o elo produtivo do segmento, o que viabiliza soluções antes, durante e após a produção, para todos os portes de clientes. O BB não se limita a ofertar crédito, investe na parceria e na proximidade com os produtores rurais, buscando conhecer cada vez mais sua realidade no campo, suas necessidades e potencialidades. O BB possui uma rede de assessoramento técnico rural composta por mais de 220 profissionais especializados, que oferecem mais proximidade e agilidade na contratação do crédito. E de forma a complementar a assessoria humana, o BB é destaque na utilização de soluções digitais, como o uso de aplicativos móveis para inúmeras transações, incluindo a contratação de crédito, proporcionando maior comodidade ao cliente.



RC: Quanto a sustentabilidade, quais os projetos do BB?

Fausto Ribeiro: Nossa instituição possui compromissos para um mundo mais sustentável. Acreditamos na capacidade de desenvolver e ofertar produtos e serviços voltados para uma economia de baixo carbono e inclusiva, que possa agregar cada vez mais qualidade e inovação ao atendimento de clientes e promover menor impacto social e ambiental. Assim, torna-se possível oferecer as soluções com total assertividade, gerando excelência na gestão do agronegócio. Temos promovido uma agenda importante relacionada ao futuro sustentável. Dessa agenda, originamos 10 compromissos ancorados em três frentes: Negócios Sustentáveis, Investimento Responsável e Gestão ASG (Ambiental, Social e de Governança). Especificamente em Negócios Sustentáveis, o apoio à agricultura sustentável e ao fomento à energia renovável são temas que podemos avançar em conjunto.



RC: Como será o agronegócio do futuro? Mais digital ou mais relacional?

Fausto Ribeiro: Não há dúvidas que o agronegócio do futuro será muito digital. Vemos o desenvolvimento de tecnologias que deverão ser adotadas pelos produtores rurais nos próximos anos, tais como conectividade, internet das coisas, monitoramento em tempo real, rede celular 5g, aprendizado da máquina, entre outros. Todas essas novas tecnologias estarão focadas na produtividade, no uso eficiente de insumos e maquinário, mas sem descuidar do respeito ao meio ambiente. Contudo, é importante destacar que esse caminho “mais digital” não significará um agronegócio “menos relacional”. Muito pelo contrário. Na medida em que o produtor tenha mais e melhores informações sobre sua produção, isso permitirá ampliar seu relacionamento com os demais atores da cadeia, capturando novas oportunidades e com mais chances de aproveitá- -las corretamente. O digital hoje faz parte do dia a dia do agro brasileiro, através da melhoria constante em máquinas e implementos agrícolas, equipamentos de alta precisão para tomadas de decisões e aprimoramento contínuo nas sementes, insumos e genética dos semoventes. Para acompanhar a transformação do campo, o Banco do Brasil busca investir em soluções que viabilizem modernização e sustentabilidade aos negócios dentro e fora da porteira e proporcionem uma jornada mais agradável para os clientes. O BB entende que a transformação digital não acontece sem as pessoas, evidenciando a necessidade de manutenção permanente do contato com os clientes. Este posicionamento permite a contínua inovação dos processos.



RC: Como avalia atualmente o cooperativismo agropecuário?

Fausto Ribeiro: O cooperativismo agropecuário é fundamental para o desenvolvimento do Brasil. Ao reunir e organizar os produtores rurais, promove-se o poder de escala e a atuação no mercado. É perfeitamente possível aliar o desenvolvimento econômico e social, a produtividade e a sustentabilidade. As cooperativas e o Banco do Brasil são parceiros de longa data. Em nossas visitas recentes às cooperativas do Brasil, destacamos a vocação de organização das cadeias produtivas na produção de alimentos, na geração de renda e sua contribuição na produção agrícola nacional, bem como na composição significativa no saldo da balança comercial, colaborando para o desenvolvimento do país.



RC: Como as cooperativas de produção e o BB poderão atuar no sentido de alavancar recursos para o setor e para o próprio desenvolvimento do sistema?

Fausto Ribeiro: O BB é o maior parceiro do Agro e tem um relacionamento histórico com as cooperativas de produção, seja apoiando diretamente seus projetos ou no atendimento às necessidades de seus cooperados. Exemplo dessa atuação é o protocolo de intenções, que assinamos em setembro com a Coamo, para disponibilizar aos cooperados R$ 90 milhões em investimentos de melhoria, modernização, construção e ampliação de unidades de armazenamento, processamento e beneficiamento. O Banco do Brasil, ao longo dos seus mais de 200 anos, sempre participou ativamente do desenvolvimento da economia brasileira, fomentando os mais diversos setores, em especial o agronegócio. Buscamos, constantemente, incentivar o crédito rural com a disponibilização de recursos e soluções para que os produtores rurais possam maximizar a sua produção. Neste sentido, é fundamental a parceria com as cooperativas para a aplicação desses recursos, levando tecnologia, conhecimento e inovação ao campo, fortalecendo toda a cadeia produtiva.



RC: Existe no planejamento estratégico do BB o aumento de sua capilaridade ou essa parte já se considera ideal para suas atividades?

Fausto Ribeiro: O BB possui a maior rede de atendimento ao produtor rural no País, está presente em todo o território nacional e disponibiliza canais digitais, como soluções via mobile, internet, gerenciador financeiro, canais de autoatendimento, redes sociais e outros. Além disso, contamos com o importante trabalho dos parceiros agro, representados pelos ATNI, Agentes de Crédito Rural, Correspondentes Pronaf e Esteira Agro, que oferecem aos clientes mais agilidade e segurança no processo de contratação de operações. Nossa rede terá sempre o tamanho necessário para manter o atendimento de qualidade que o produtor rural demanda do banco que é líder neste segmento, tendo sempre em vista a eficiência e a qualidade no atendimento. No Banco do Brasil acreditamos na capacidade de desenvolver e ofertar produtos e serviços voltados para a melhoria contínua dos processos produtivos e sustentáveis, que agreguem cada vez mais qualidade e inovação ao atendimento de clientes e promovam o menor impacto social e ambiental.



RC: O senhor visitou a Coamo e conheceu um pouco do trabalho da cooperativa.

Fausto Ribeiro: Sim, foi uma visita muito produtiva e interessante, pois vi que a Coamo tem conexão com o cooperado, alternativas de diversificação das atividades, tecnologia, capacitação e sustentabilidade, aumentando a competitividade e possibilidades de crescimento do produtor rural. Destaco o trabalho de base realizado junto aos jovens e mulheres, demonstrando a preocupação em inserir toda a família no espírito cooperativista e ao mesmo tempo formar pessoas para a sucessão familiar. Tenho admiração pelo trabalho da Coamo, que vem transformando a vida dos seus associados, promovendo o desenvolvimento e transformando sonhos em realizações. O Banco do Brasil é o principal parceiro do agronegócio brasileiro e tem uma histórica ligação com a Coamo há mais de 50 anos. Sempre tivemos um relacionamento de forte parceria, que com certeza, se fortalecerá cada vez mais.

Fausto Andrade Ribeiro, presidente do Banco do Brasil
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