Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 525 | Junho de 2022 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE INVERNO

SISTEMA EQUILIBRADO

Tecnologia é conhecimento, e a assistência técnica é o elo entre o cooperado e a pesquisa

Após dois anos, a Coamo retomou de forma presencial, o tradicional Encontro de Inverno na Fazenda Experimental. Milhares de cooperados participaram do evento realizado entre 07 e 09 de junho com apresentações em sete estações de pesquisa. O evento está na 16ª edição e visa difundir tecnologias e manter o quadro social atualizado. Junto com o encontro, foi realizada a Feira de Negócios com exposição de maquinários e produtos de empresas parceiras da cooperativa.

O presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo, José Aroldo Gallassini, destaca que o cooperado que se mantém atualizado sai na frente na produção. “A Fazenda Experimental presta um importante trabalho de difundir novas tecnologias para o quadro social. A cada encontro são definidos assuntos atuais e os resultados repassados aos cooperados”, comenta.

Conforme o presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari, o retorno do encontro no formato virtual foi realizado de forma segura para que todos os cooperados pudessem participar. “Vimos um perfil interessante dos participantes, com muitos jovens e mulheres, que agora são protagonistas do agronegócio e mostram interesse em adquirir mais conhecimento e evoluir na atividade agrícola”, diz. Ele ressalta que o encontro é realizado em um laboratório a céu aberto, com o objetivo de transferir conhecimento de forma direta e com resultado consistente. “Tecnologia é conhecimento, é o que gera valor. O trabalho da cooperativa por meio da assistência técnica é ser o elo entre a pesquisa e o cooperado, que recebe as novas tecnologias de forma segura e pode implantar em sua propriedade para continuar evoluindo de forma sustentável”, acrescenta.

Valdemiro Nesi, gerente de Compras de Bens de Fornecimento; Paulo Roberto Bacini, gerente de Fornecimento de Bens de Lojas; Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica; Airton Galinari, presidente Executivo; José Aroldo Gallassini, presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo

Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica

TEMAS APRESENTADOS

  • Uso de trigo para nutrição animal: um novo conceito
  • Manejo de lagartas, biotecnologias e refúgio na cultura da soja
  • Diversificação de culturas x produtividade x projeto carbono
  • Azevém e nabo resistentes a herbicidas: cenário atual e manejo
  • Agricultura de precisão como ferramenta para o controle de plantas daninhas
  • Pneus truck/agro e suas aplicações
  • Lubrificantes e filtros, vida longa para seus equipamentos

O diretor de Suprimentos e Assistência Técnica, Aquiles de Oliveira Dias, recorda que há 47 anos a Fazenda Experimental da Coamo vem na vanguarda da pesquisa no país. “Temos em nosso DNA a difusão de tecnologia para os nossos cooperados. Foi isso que transformou a agricultura na área de ação da cooperativa. A Coamo tem esse espírito desde o início, pois com apenas cinco anos de fundação, começou o trabalho de pesquisa. Na Fazenda Experimental testamos produtos e tecnologias para repassar aos nossos cooperados”, assinala Aquiles Dias.

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo, observa que o encontro marca uma transformação nos eventos realizados pela cooperativa relacionado aos dias de campo. “Estamos trabalhando os eventos técnicos aproximando o sistema de produção na propriedade, trazendo assuntos que tratam das culturas já estabelecidas e buscando o planejamento das próximas lavouras. Nesse encontro de inverno tivemos estações relacionadas a segunda safra e pecuária, mas também apresentamos tendências para as lavouras de verão preparando os cooperados e a nossa equipe técnica para fazer um bom trabalho na condução das lavouras.”

João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental, ressalta que foram três dias de encontro na fazenda Experimental e com um bom público.

“Tínhamos vagas limitadas para que pudéssemos atender todos os cooperados da melhorar maneira possível. São produtores que tiveram a oportunidade de se atualizarem, com informações seguras para a propriedade.”

Ele lembra que na Fazenda Experimental são mais de 200 experimentos durante o ano e escolhidos a cada evento os temas mais atuais para o cenário atual. “Tivemos um cuidado com a escolha dos temas. Temos muitos trabalhos, com muitas informações e entendemos que foram apresentados os mais relevantes. São informações que podem ser utilizadas de forma imediata na propriedade, gerando benefícios diretos e rentabilidade aos cooperados.”

Alvadi Antonio Balbinoti Junior, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, ressalta que a parceria com a Coamo é de longa data e extremamente importante para validar e desenvolver as tecnologias. “Nesses encontros repassamos as informações, mas também ouvimos as demandas do setor produtivo. É oportunidade para a pesquisa aprimorar as tecnologias e ser alimentada para novos projetos de pesquisas, desenvolvimento e inovação”, assinala.

SELSO APARECIDO DA SILVA São João do Ivaí (PR)

"O evento só traz novidades, um dia de aprendizado. Encontros como esse repassam informações para o nosso dia a dia no campo. Já participei de vários e estava com saudade de voltar de forma presencial. Todas os assuntos apresentados foram importantes."

MAURO ANGELO ZANIN Mamborê (PR)

"Participar do 16º encontro é como se fosse um marco, por estar voltando no formato presencial. É importante ter esse contato com os pesquisadores e colegas cooperados, além de poder ver os resultados das estações na prática. É importante acompanhar as novidades para não ficar para trás."

Feira de Negócios é atração na Fazenda Experimental

No mês de junho, a Coamo promoveu mais uma edição da Feira de Negócios. Oportunidade para os cooperados adquirirem produtos com bons preços e prazos de pagamento. A Feira de Negócios foi realizada em todas as unidades da Coamo, no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Em Campo Mourão, a feira com exposição de máquinas foi junto com o Encontro de Inverno na Fazenda Experimental. A Feira de Negócios já é uma tradição e muitos cooperados aguardam a oportunidade para aquisição de produtos da área agrícola e pecuária, com as melhores condições do mercado.

O diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, ressalta que o objetivo da Feira de Negócios é fornecer para os cooperados todos os bens, máquinas e ferramentas. “Enfim, são produtos ligados as lojas de peças e veterinária que os cooperados buscam, com condições especiais de preço, além de opções de financiamentos na Credicoamo.

De acordo com Denilson Aparecido Biasi, chefe de departamento de Fornecimento de Bens de Lojas da Coamo, a feira proporcionou para o cooperado a melhor opção para bons negócios. “Foi uma oportunidade para os produtores associados adquirirem máquinas, peças, óleo, lubrificantes, pneus e baterias. Trabalhamos sempre com o intuito de buscar a melhor opção para o cooperado”. Biasi observa que após a Feira de Negócios, a Coamo continua oferecendo as melhores condições de negócio para os cooperados. “A feira é uma atração a mais, mas é bom lembrar que temos condições de oferecer a melhor condição o ano todo”, frisa.

Vinicius Dziubate de Andrade, chefe de departamento de Fornecimento de Insumos Veterinários da Coamo, recorda que a Feira de Negócios é um momento importante para a Coamo, onde os cooperados tem oportunidade de conhecer o que existe de melhor em tecnologia para sua atividade, seja agrícola ou pecuária. “Os cooperados visitaram os estandes e puderam conhecer e tirar dúvidas sobre as novas tecnologias oferecidas pelas empresas parceiras da Coamo”, assinala.

Cooperados puderam conhecer novidades na área de agricultura e pecuária em exposições de produtos de empresas parceiras

Alimentação para o gado no inverno

Sandro Colaço Vaz (Guarapuava), Clécio Jorge Hansen Mangolin (Goioerê), Matheus Ferreira Shikasho (Roncador), Edenei Swartz (Campo Mourão) e Bruno Vinicius Pereira Fornari (Campo Mourão)

Ederson Luiz Heinz, da Biotrigo

No outono e inverno, há uma redução na oferta de forragem para o gado, devido ao menor volume pluviométrico e as baixas temperaturas. Nesses períodos, o trigo surge como opção para somar com as demais espécies forrageiras já presentes na propriedade, tanto para pastejo, quanto para silagem e pré-secado. Segundo o médico veterinário, Bruno Vinícius Fornari, da Coamo em Campo Mourão, a área de ação da cooperativa é abrangente, e entre as opções de variedades de forrageiras de inverno, o trigo é uma alternativa interessante.

Para suprir o vazio forrageiro, mantendo o solo coberto, a estação apresentou aos associados alguns materiais testados e aprovados pela área técnica. “Temos variedades de excelente qualidade nutricional que vão manter o desempenho na propriedade, garantindo mais lucratividade para o cooperado no inverno”, explica Fornari.

O médico veterinário, orienta que o Lenox, por exemplo, é um trigo exclusivo para pastejo, que pode ser semeado já no final de fevereiro. “Esse material cresce rápido e pode ser pastejado no final de março, início de abril, enquanto outras espécies como aveia preta e azevém, por exemplo, ocupam uma janela de pastejo mais à frente. O foco não é trocar a aveia e o azevém, mas oferecer alternativas ao produtor rural.”

O trigo para pastoreio pode ser semeado após a soja, no final de fevereiro e começo de março. “Com 30 dias já dá pastoreio. Uma época em que uma pastagem perene, começa a perder qualidade.

O Lenox tem excelente valor nutricional, com 30% de proteína”, explica.

Já as cultivares Energix são específicas para silagem e pré-secado. “Esses materiais oferecem silagem com teor de proteína mais elevado que a silagem de milho, com o benefício de ser implantado na região mais fria, onde o milho de segunda safra não é cultivado”, revela o médico veterinário.

O foco é fechar o vazio forrageiro que ocorre entre os meses de maio e setembro, em que a produção perene é baixa. “É uma alternativa muito boa pensando, também em lugares onde tem geada e não se consegue uma segunda safra. Com o trigo Energix 202, por exemplo, é possível obter uma produção de silagem na época de inverno. Esse trigo resiste ao frio e à geada e não tem aristas”, observa.

Pensando em silagem, Fornari diz que em maio pode inserir o trigo com um ciclo de silagem de 90 a 100 dias para o ponto de corte. “Ele também pode ser feito para pré-secado. Tudo vai depender da região e da recomendação técnica.”

O zootecnista e pesquisador da Biotrigo, Ederson Luiz Heinz, revela que o foco é a integração lavoura-pecuária, com a utilização de forragens de inverno com o trigo. “Temos na Fazenda Experimental um trigo para pastejo, que já está pelo segundo ano consecutivo garantindo ao gado um ganho médio diário em torno de 1,5 kg por animal, junto com uma mineralização normal. São materiais que expressam esse potencial genético. Automaticamente o produtor, na propriedade, tem mais ganho na produção de leite e na carne produzida por hectare, numa época que muitas vezes se tem a área parada.”

O ataque da falsa-medideira

Nas safras de 2019 e 2020, foram relatadas ocorrências da lagarta falsa-medideira da espécie rachiplusia nu em algumas lavouras de soja com a tecnologia BT, a Intacta 1ª geração. Na safra de 2021, vieram novos relatos, que preocuparam ainda mais o produtor rural.

As cultivares de soja existentes com a tecnologia RR de 1ª geração não controlam essa lagarta, e o monitoramento minucioso ajuda na identificação da espécie. “É preciso saber qual lagarta está na lavoura para direcionar o manejo. Sempre reforçamos a importância do Manejo Integrado de Pragas (MIP). No futuro devemos ter algo mais digital, mas ainda o que traz resultados é o bom e velho pano de batida para verificar se é a rachiplusia nu ou chrysodeixis”, explica o engenheiro agrônomo, Lucas Gouveia Vilela Esperandino, da gerência de Assistência Técnica da Coamo.

A rachiplusia nu é altamente destrutiva, pois é uma lagarta desfolhadora, reduzindo drasticamente as folhas da planta. “Se ocorrer um ataque muito severo na área, reduzirá o índice de área foliar e, consequentemente, menor produtividade e menor peso de grão. Por isso, é importante monitorar e conhecer as espécies.”

PAULO ARBOIT Mangueirinha (PR)

"Participo desde 1996 dos encontros na Fazenda Experimental. Para adaptarmos às novas tecnologias, é essencial participarmos dos eventos promovidos pela Coamo. Todos os assuntos apresentados têm a sua importância dentro do sistema produtivo."

LEANDRO RICARDO CELLA Xanxerê (SC)

"Para a nossa região, as culturas de inverno são de extrema importância, principalmente o trigo. No encontro pudemos conhecer, também, outras culturas que podem ser inseridas no nosso sistema. O evento agrega e descobrimos novas tecnologias."

Leonardo Alexandre Pereira (Goioerê) Gabriel Felipe Vogel (Pitanga), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão), André Felipe Petry (Goioxim) e Marcelo Johnny Ballao da Silva (Amambai)

Cristiane Muller, Julia Auth e Jéssica Zanelato, da Corteva

Na safra 21/22, houve relatos de incidência dessa praga praticamente em toda área produtiva no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. “O agravante é que nessas regiões, foram feitas coletas e levadas para laboratório, onde se identificou um índice acima de 95% da espécie rachiplusia nu”, relata Lucas Gouveia.

Cristiane Muller, doutora em entomologia da Corteva, reforça que há dois anos a rachiplusia nu vem se distribuindo de uma forma mais homogênea em todo o país. “As tecnologias que temos no mercado, não garantem um bom controle nessa espécie, que antes não era tão comum”, destaca. A falsa-medideira é uma espécie muito comum na Argentina, por exemplo, e tinha alguma ocorrência no Rio Grande do Sul, mas hoje está presente em outras regiões e muito mais dispersa. “O que antes era pontual, virou um problema mais abrangente. Por isso, o produtor rural deve lembrar que o monitoramento é crucial para detectar a presença dessa praga na lavoura”, frisa.

Cristiane ressalta que a rachiplusia nu é muito semelhante fisicamente com a lagarta falsa- -medideira da espécie chrysodeixis, mas tem um comportamento alimentar um pouco diferente. “Ela ataca a planta da metade para cima, ao contrário da chrysodeixis que é uma lagarta mais de baixeiro, facilitando o controle no momento certo.”

A rachiplusia nu até o terceiro e quarto instar, não tem força para furar completamente a folha, mas ela vai rendilhando e comendo a parte verde. “É importante que o produtor, examine muito bem a planta, que tire umas folhas e olhe contra o sol. Às vezes pode não ser visível, mas a desfolha já está ocorrendo”, comenta.

De acordo com a pesquisadora, o controle da rachiplusia nu não é preventivo. Mas, quando é verificada a presença da lagarta por meio do monitoramento é possível utilizar várias ferramentas. “Existem produtos mais específicos que trazem um bom controle da lagarta e preservam o equilíbrio da lavoura, porque já que estamos usando biotecnologia para reduzir aplicação, não faz muito sentido entrar com produtos que tem um espectro muito grande e que possam derrubar inimigos naturais. Além disso, mesmo após esse controle é preciso manter o monitoramento pois pode ocorrer a migração para outras áreas.”

Solo nutrido e mais produtivo

As culturas de cobertura servem para a melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Como o próprio nome já diz, essas plantas têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo contra a erosão e lixiviação de nutrientes, aumentando a infiltração e retenção de água no solo, ciclagem de nutrientes, controle de plantas daninhas etc. Tudo isso aumenta a estabilidade de produção das culturas envolvidas no sistema, conforme ressalta o engenheiro agrônomo, Roberto Bueno Silva, da Coamo em Campo Mourão.

Bueno explica que na área de ação da Coamo, ao Norte onde é mais quente, planta-se milho de segunda safra e soja, e mais ao Sul com o clima mais frio, o trigo e a soja. Trata-se de um bom sistema e rentável, mas que pode ser aprimorado para melhorar a qualidade do solo e a interferência de pragas, doenças e plantas daninhas. “Ao longo dos anos esses fatores se agravam e trazem consequências graves para o produtor rural.”

De acordo com o engenheiro agrônomo é preciso diversificar o sistema de produção. Isso vai além de colocar espécies diferentes, é necessário manter o solo coberto o maior tempo possível, preferencialmente com plantas vivas. “Um solo coberto com palha e plantas vivas compete com as plantas daninhas. Então, elas emergem menos e se desenvolvem menos. É uma grande ferramenta de controle, reduzindo custos e evitando o surgimento de biótipos de plantas daninhas resistentes”, considera Bueno.

Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi, nos últimos anos os produtores têm tido aumentos expressivos de produtividade. “Os cooperados da Coamo em geral, já tem um nível tecnológico bastante elevado. Porém, é possível melhorar ainda mais. Um dos pontos é a questão da diversidade de plantas nos sistemas de produção. Os sistemas soja e milho e soja e trigo, embora sejam rentáveis para o produtor, estão começando a trazer alguns problemas, com o aumento da incidência de doenças de solo e prejuízos devido a problemas de plantas daninhas resistentes, além de perda da fertilidade física e biológica do solo.”

IVAR E NATALIA HEIMERDINGER Nova Santa Rosa (PR)

"Eu e minha filha fazemos questão de participar dos encontros promovidos pela Coamo. Sempre levamos novidade para o nosso sistema de produção. Algumas coisas sabemos na teoria, mas ver na prática enriquece e muito o conhecimento."

EDIVAR MARTINS ALVES Amambai (MS)

"Uma viagem longa, mas que compensa pelo conhecimento adquirido. Vale a pena participar, pois o incremento de tecnologia para os produtores é fantástico, nós precisamos disso. O conhecimento é transformado em ações no campo, seja na área da pecuária ou da agricultura."

Roberto Bueno Silva (Campo Mourão), Carlos Vinicius Precinotto (Juranda), Bruno Lopes Paes (Campo Mourão) e Carlos Alberto Della Riva (São Pedro do Iguaçu)

Henrique Debiasi, Embrapa/Soja

Debiasi diz que esses fatores são associados ao uso de sistemas pouco diversificados, e isso pode aumentar os custos de produção e acarretar perdas de produtividade em anos de seca. “No ano passado, a região Sul do Brasil sofreu com a seca, por conta dessa perda da fertilidade física e biológica, que reduziu a infiltração de água no solo e a retenção de água também. Isso aumenta as perdas de água por evaporação, porque se tem pouca cobertura e aumenta a competição com as plantas daninhas. Tudo isso leva a reduzir mais a produtividade, principalmente em anos de seca.”

Para que isso não ocorra existem alternativas para o produtor rural. “Um exemplo é o consórcio do milho com a braquiária, onde o cereal é a principal cultura de inverno. Nas regiões mais frias, uma opção é utilizar uma cultura de cobertura entre a colheita de soja e o plantio de trigo para fechar esse vazio outonal. A tecnologia é acessível ao produtor e se utilizada, oferece benefícios tanto na safra de inverno quanto na de verão”, salienta o pesquisador.

Conforme Debiasi, tudo isso aumenta a estabilidade da produção. “Os benefícios vão além do incremento na produtividade, há melhoria da fertilidade física e biológica, assim como a maior cobertura do solo, que ativa biologicamente o solo. Isso reduz os danos ocasionados por doenças radiculares e aumenta o armazenamento de água disponível, o enraizamento das culturas de verão, principalmente a soja, o milho de verão. As culturas de outono e inverno também se beneficiam, e com isso se tem não só aumento de produtividade, mas também o da estabilidade de produção, evitando assim grandes perdas em anos secos.”

O produtor precisa olhar mais ainda para o solo, a parte que está escondida, que são as raízes e fertilidade do solo. “Não é só a parte da adubação, da correção com calcário. Para ter um solo fértil, precisamos melhorar a parte estrutural, física e biológica, e para isso, temos tecnologias conhecidas, que envolvem basicamente a planta, a produção de raiz e de palha. É isso que precisamos para avançar na fertilidade do solo”, enfatiza Henrique Debiasi.

Plantas daninhas no trigo

Diego Monteiro (Mamborê), Fabio da Cruz (Candói), Marcus Vinicius Goda Gimenes (Campo Mourão), Fernando Mauro Soster (Ivaiporã) e Cristiano Fabbris (Mangueirinha)

Fernando Adegas, Embrapa/Soja

As plantas daninhas são um problema para a cultura do trigo. Elevam os custos de produção devido a necessidade do uso de herbicidas e quando não controladas acarretam perdas de produtividade. Na cultura do trigo, que por sinal tem relevância em algumas unidades da Coamo onde o clima é mais frio, o azevém e o nabo resistentes são os inimigos do cereal.

Conforme o engenheiro agrônomo, Marcos Vinícius Gimenes, da Coamo em Campo Mourão, no encontro foram abordadas estratégias para manejar estas invasoras e as opções de herbicidas pré e pós-emergentes. Gimenes explica que essas plantas daninhas conferem resistência a alguns herbicidas, o que dificulta o manejo e a condução da lavoura, devido a perda de algumas ferramentas de controle químico que foram muito utilizadas nos últimos anos. “Esse cenário, provavelmente é resultado do uso de herbicidas por muito tempo e pela falta de rotação de culturas e ativos, que influenciam na pressão de seleção desses indivíduos.”

Existem algumas alternativas de manejo destas plantas daninhas. Dois herbicidas pré-emergentes entram como uma alternativa de manejo na cultura, sendo que a utilização deles não elimina a aplicação em pós emergência na cultura do trigo para controle, mas auxiliam no controle do banco de sementes e no manejo de resistência dessas plantas.

Antes, se tinha opções em pós-emergência, mas com o advento da resistência dessas plantas aos herbicidas, o controle diminuiu. Por isso, é necessário ter uma estratégia de manejo. “Se perdermos todos os outros herbicidas em pós, pode-se inviabilizar a cultura do trigo em algumas regiões. Por isso, sempre recomendamos um conjunto de ações. Uma prática isolada sempre será a menos eficiente. Então, é preciso aliar o controle químico às boas práticas de manejo da cultura. Isso vai amenizar o aparecimento de plantas daninhas na propriedade”, assinala Gimenes.

Segundo o pesquisador Fernando Adegas, da área de Manejo de Plantas Daninhas, da Embrapa Soja, essas duas plantas que estão presentes na lavoura de trigo têm complicado o cenário do cereal. “Estamos acompanhando uma infestação dessas plantas que sempre estiveram presentes na cultura do trigo. Mas, o grande problema é que elas apresentam populações tolerante a herbicidas. Um exemplo, é o azevém resistente ao glifosato e a alguns inibidores de ALS. Estamos perdendo essas ferramentas.”

Adegas revela que existem algumas opções, principalmente herbicidas em pré-emergência, tanto para azevém quanto para nabo, e a associação deles com alguns pós-emergentes. “O produtor rural precisa saber que a planta daninha no trigo voltou a ser importante. Isso faz o cereal perder a produtividade e alguns podem até trazer problemas de nematoides, por exemplo, como o nabo. Além disso, não são apenas os herbicidas que vão controlar, é preciso ter um manejo da cultura com cobertura, palhada, rotação e, depois, monitoramento da área para ver onde essas plantas estão presentes, não deixar aumentar e, aí sim, escolher o herbicida que será utilizado.”

Precisão no controle das plantas daninhas

Gabriel de Souza Dossi (Candói), Getulio Adriano Espindola Filho (Juranda), José Petruise Ferreira Junior (Campo Mourão), Fabrício Bueno Corrêa (Campo Mourão) e Victor Hugo Matias Cangussu de Moura (Engenheiro Beltrão)

Lucas Fontes Veloso e Guilherme Cesário Sguissardi, Xarvio/Basf

Júlio Franchini, Embrapa/Soja

As plantas daninhas resistentes têm elevado o custo de produção das culturas. Nem sempre elas estão distribuídas em toda a área cultivada, apresentando-se isoladas ou em reboleiras. Neste sentido a agricultura de precisão é uma aliada do produtor rural para manejar as plantas resistentes que sobram das aplicações.

Fabrício Bueno Corrêa, da gerência de Assistência Técnica Coamo, explica que existem tecnologias disponíveis que podem fazer a diferença no controle das plantas daninhas. “Com a agricultura de precisão é possível controlar a planta daninha em taxa variável, ou seja, temos sistemas e tecnologia disponíveis onde o produtor consegue mapear a propriedade, identificar as plantas daninhas presentes, gerando um mapa da presença delas. Esse mapa se transforma em um arquivo que colocamos na máquina que vai pulverizar somente onde foi identificada a presença de plantas.”

Essa forma de controlar as plantas invasoras otimiza os recursos. “Ele terá uma economia de herbicidas. Dependendo do cenário, essa economia, pode ser de 40% a 80% do produto aplicado. Gerando, obviamente, um ganho financeiro direto para o cooperado, além de todo o ganho em sustentabilidade em todo o processo”, observa.

Segundo Corrêa, essa tecnologia é oportuna para o cenário atual. “Dependendo do sistema de produção do cooperado, entre os intervalos da colheita e plantio de uma safra, existem janelas que são consideradas períodos de pousios. Podem ser mais extensas ou mais curtas, mas nestes momentos se tem a presença de plantas daninhas. Isso gera, cada vez mais, problemas ao produtor rural e dependendo do cenário, impacta muito no valor final do custo de produção.”

Outro aspecto é a escassez de recursos. “Muitas vezes não tem disponível aquele herbicida que precisamos. Então, a tecnologia se encaixa muito bem, pois leva uma solução ao cooperado, para ele otimizar esse recurso e aplicar de forma racional, gerando uma economia direta”, acrescenta Corrêa.

Para esse trabalho é utilizado um drone com uma câmera fotográfica e com configurações específicas. Esse conjunto de imagens é transferido para um software com inteligência artificial que reconhece onde tem plantas daninhas, gerando um mapa digital. Na estação foi demonstrada a plataforma Xarvio, desenvolvida pela Basf. “As máquinas mais modernas, leem o mapa digital e aplicam de forma localizada. É um liga e desliga. Onde tem a planta, liga o bico ou a seção de barra e onde não tem, desliga. É uma tecnologia acessível, que o produtor consegue ter um grande custo-benefício.”

De acordo com o pesquisador Júlio Franchini, da área de Manejo de Solos da Embrapa Soja, a agricultura de precisão aumenta a eficiência no controle. “Com essas tecnologias é possível racionalizar o uso de produtos, diminuir o impacto ambiental e o custo de produção, além de aumentar a eficiência no controle porque pode ser usada uma calda mais concentrada, no caso de planta daninha resistente, com um produto específico, que às vezes tem um custo mais alto. Mas aplica só onde é necessário.”

Franchini revela que o drone sobrevoa uma altitude de aproximadamente 120 metros e capta várias imagens que são processadas. “Essa tecnologia se aplica no pré-plantio da soja, então se tem as áreas com palhada e as plantas daninhas que aparecem no mapa na cor verde. O mapa gerado pode ser carregado na maior parte dos maquinários que têm no mercado, desde que tenha GPS e o software, para receber as informações e acionar o sistema de aplicação. Dos últimos cinco anos para cá, a maioria dos pulverizadores do mercado, estão vindo com essa tecnologia embarcada.”

Os ganhos são financeiros e ambientais. “É fundamental o uso racional dos insumos. A tecnologia está se popularizando, pois na medida que começa a ganhar escala você consegue reduzir custos. Está ficando cada vez mais acessível também para o produtor”, reforça o pesquisador.

Manutenção em dia

Duas estações do Encontro de Inverno apresentaram a importância do conhecimento técnico para o uso adequado de pneus, filtros, óleos e lubrificantes. Uma manutenção correta garante longevidade para os equipamentos e, consequente, economia no bolso do produtor rural. Assim, é possível potencializar o desempenho e a disponibilidade física dos equipamentos, identificando problemas, antes que se tornem grandes danos.

Pneus

O instrutor Técnico da Prometeon, Douglas Vieira da Silva, falou sobre a correta utilizações dos pneus agrícolas e truck (para caminhões). Ele ressalta que o melhor pneu é aquele utilizado corretamente. “A pressão e o lastro quando alinhados melhoram a performance do pneu e do maquinário. É preciso analisar o que é transportado no veículo, onde esse veículo irá passar, estrada de terra ou asfalto. Simplesmente dirigir, sem pensar no equilíbrio operacional, pode causar o que chamamos tecnicamente de uma morte prematura. Sem contar, que pode influenciar no desgaste de todos os componentes do veículo.”

Filtros

Outro produto muito utilizado pelo homem do campo é o filtro. “Os filtros servem para garantir a vida do seu equipamento, reduzir o custo de manutenção, melhorar o desempenho, reduzir o consumo de combustível. Os filtros mantêm o seu investimento em dia sem ter que fazer manutenção, evitando gastos desnecessários”, esclarece Ivan Rizatto, gerente de Vendas da filtros Fram do Brasil.

Óleos e Lubrificantes

Juliana Dourado, coordenadora técnica na parte de Lubrificantes da Mobil destaca que o agricultor precisa também estar atento a lubrificação correta, atento ao espaço de troca do lubrificante para evitar alguns danos severos. “Ao realizar a manutenção preventivamente, se consegue evitar alguns erros. Por exemplo, se não troca o óleo no momento certo, a quantidade de aditivo que tem lá dentro se esgota. Esse aditivo é fundamental para evitar um entupimento, por exemplo, e aí é preciso parar o maquinário para limpar. Quando se troca o óleo e o filtro, de uma forma adequada, na hora especificada, se evita a manutenção corretiva que sempre é mais demorada.”

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