No dia 20 de maio de 1956, há 60 anos, começou a história da Extensão Rural no Estado do Paraná com a instalação do Escritório Técnico de Agricultura (ETA) – Projeto 15, por meio de um convênio firmado entre os governos paranaense e norte-americano. Na época, o objetivo era melhorar a produtividade da agricultura brasileira e paranaense, e a iniciativa deu tão certo que ao terminar o prazo do projeto, uma ONG assumiu a continuidade do trabalho, a Acarpa (Associação de Crédito e Assistência Rural).
Quando o governo do Estado assumiu a assistência aos produtores, a ONG deu lugar à Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná) que em 2005 foi transformada em autarquia, o Instituto Emater.
O Instituto Emater conta com 1.200 funcionários, reunindo mais de 40 categorias profissionais. Eles atendem todos os municípios paranaenses. “O nosso propósito é promover o desenvolvimento rural sustentável, coordenando, articulando e executando assistência técnica e extensão rural em benefício da sociedade paranaense”, explica Rubens Ernesto Niederheitmann, presidente do Instituto Emater.
A Extensão rural oficial, desenvolvida pelo Instituto Emater, influencia anualmente em mais de R$ 3 bilhões em programas econômicos. A demanda decorre do compromisso que a Instituição sempre teve com o mantenedor maior que é o Governo do Estado, com as prefeituras e as entidades representativas dos agricultores e todos os agentes que buscam parcerias.
Segundo Niederheitmann, a Emater tem atuado em parceria com entidades representativas como a Faep e Ocepar, entre outras, e tem sido apoio importante para os projetos de desenvolvimento.
A importância dos extensionistas pode ser notado a medida em que os produtos consumidos no meio urbano tem sua origem nas propriedades rurais assistidas por eles. Até mesmo a qualidade da água e do ar das cidades sofre a influência do que acontece no campo.
O extensionista tem uma atuação diversificada, pois além da assistência técnica, ele ainda orienta sobre saneamento básico, alimentação, meio ambiente, gestão da propriedade, geração de renda e emprego, conservação dos solos e da água e prepara os jovens para assumir os estabelecimentos rurais. É a ele que se deve a difusão de conhecimento sobre o uso racional de agrotóxicos e outros insumos agrícolas, preservação do meio ambiente e turismo rural.
O desafio do extensionista é aumentar a riqueza no meio rural, ampliando a renda das famílias, diminuindo as diferenças regionais, mitigando danos ambientais, promovendo a inclusão social e produtiva das famílias que ainda dependem do Estado. Além de executar ações de assistência técnica e promover a inovação tecnológica, o Instituto Emater apoia e promove a articulação dos diversos segmentos do setor rural, em busca do desenvolvimento do Estado.
“Diversas atividades vão marcar os 60 anos do Instituto Emater no Paraná. Porém, nenhuma dessas atividades é mais significativa do que o trabalho dos extensionistas junto ao agricultor que deve ser lembrado todos os dias”, comemora Niederheitmann.
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Ao longo dos 60 anos, a Extensão Rural tem apoiado as diferentes formas de organização dos agricultores
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José Aroldo Gallassini, com o Jeep que usava para trabalhar na então Acarpa, assim que chegou em Campo Mourão, em 1968 |
Ao longo dos 60 anos, a Extensão Rural tem apoiado as diferentes formas de organização dos agricultores. O resultado pode ser observado no grande número de cooperativas no Paraná. “Coube à Extensão Rural difundir os princípios cooperativistas. A Instituição esteve presente na constituição de cooperativas como a Coamo, na pessoa de José Aroldo Gallassini”, conta o presidente da Emater, Rubens Ernesto Niederheitmann.
Foi em maio de 1968 que o engenheiro agrônomo recém-formado pela Universidade Federal do Paraná em Curitiba, José Aroldo Gallassini, então extensionista da Acarpa, chegou a Campo Mourão. Ele veio para chefiar o escritório da Acarpa e iniciou o trabalho responsável pela organização dos produtores e a entrada no cooperativismo. “O conhecimento sobre cooperativismo adquiri nos treinamentos realizados no ´Pré-serviço´, que era um estágio profissional. Vim para Campo Mourão mesmo sem conhecer e nunca ter ouvido sobre a cidade, que na época tinha 65 mil habitantes, dos quais 45 mil no campo e estava no período da transição com o fim do ciclo da madeira e o início da agricultura”, recorda Gallassini.
Com entusiasmo, vontade e idealismo, ele sabia dos desafios que teria pela frente, e assim concluiu o levantamento da realidade rural do município e também conduziu os primeiros experimentos de trigo na região entre abril e setembro de 1969. “Realizamos trabalho de pesquisa de variedades, adubação, calagem e época de plantio, e também a implantação da soja na região. Os agricultores sabiam que a mecanização agrícola era a solução para o desenvolvimento da agricultura, e a Acarpa com a extensão rural foi decisiva para o sucesso deste trabalho.”
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