Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 546 | Maio de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

MEIRE MACIEL

Palestrante e mentora em Desenvolvimento Comportamental, especialista em Gestão de Pessoas


“A inteligência emocional na gestão da propriedade e nas famílias melhoram as relações e aumentam a eficiência e o sucesso nas atividades."

Para ter a inteligência emocional é necessário desenvolver o autoconhecimento, pois reconhecer e compreender suas próprias emoções, e como elas podem impactar suas decisões e interações com os membros da família, é fator primordial em situações de confl ito ou tensão, evitando assim reações impulsivas”, afirma a palestrante e mentora em Desenvolvimento Comportamental, especialista em Gestão de Pessoas, Meire Maciel, personagem da Entrevista deste mês na Revista Coamo. Ela tem vasta experiência em diversas áreas como administrativa, contábil, gestão de pessoas, consultoria, treinamentos, educação e ensino.

Revista Coamo: As famílias estão mais participativas na gestão das propriedades?

Meire Maciel: O envolvimento de todos os integrantes da família na gestão das propriedades é crucial por diversos motivos. Primeiro, é que cada membro da família traz diferentes habilidades, conhecimento e perspectiva. Isso enriquece a tomada de decisões e permite soluções mais criativas e efi cazes para os desafi os. Segundo, é que com todos os membros da família envolvidos, as responsabilidades podem ser distribuídas de maneira mais equilibrada, isso evita sobrecarga para uma única pessoa, e garante que as tarefas sejam realizadas de forma mais efi ciente. Ainda nesse contexto, o trabalhar juntos na gestão da propriedade fortalece os laços familiares, pois a cooperação e a comunicação frequentes promovem uma maior compreensão e respeito entre os membros da família. E tão importante quanto, é envolver todos desde cedo, pois assim prepara a próxima geração para assumir as responsabilidades. Isso é essencial para garantir a continuidade da gestão da propriedade e a preservação do legado familiar. Quando todos participam na gestão, há mais sentimento de pertencimento e compromisso com o sucesso da propriedade.

RC: Quanto ao planejamento, transferência de gestão e a preparação das pessoas, como isso deve ocorrer dentro de uma propriedade rural?

Meire: É importante ressaltar, que esses processos devem ser bem estruturados e conduzidos de maneira estratégica, pois com um planejamento bem elaborado, a transferência gradual e estruturada da gestão, juntamente com a capacitação contínua dos envolvidos no processo, são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o sucesso da propriedade rural. Esses processos fortalecem não só a estrutura familiar, como a empresarial, promovendo um ambiente de inovação, resiliência e crescimento.

RC: A gestão da propriedade rural dever ser igual a de uma empresa. Como ter inteligência emocional nesse processo de gestão entre membros da mesma família?

Meire: Primeiro passo, é desenvolver o autoconhecimento, pois reconhecer e compreender suas próprias emoções, e como elas podem impactar suas decisões e interações com os membros da família, é fator primordial em situações de conflito ou tensão, evitando assim reações impulsivas. Um segundo passo importante, é saber desenvolver habilidades para resolver conflitos de maneira construtiva, buscando sempre soluções que beneficiem a todos. Defina objetivos comuns para a propriedade onde todos possam apoiar e trabalhar juntos em prol desses mesmos objetivos. O que eu percebo é que ao aplicar a inteligência emocional na gestão da propriedade, as famílias podem não apenas melhorar suas relações internas uns com os outros, mas também aumentar a eficiência e o sucesso de seus objetivos.

Rosemeire Francisco de Lima Maciel, mais conhecida como Meire Maciel, é casada com o Marcelo Motta Maciel, mãe da Brenda e da Leticia, é filha dos agricultores Manoel Francisco de Lima Filho (in memoriam) e Maria José da Rocha Lima. Palestrante e Mentora em Desenvolvimento Comportamental, há mais de 14 anos. Analista Comportamental pela Coachecom/Pessoas99 e Innermetrix Brasil. Especialista em Gestão de Pessoas, Administração Estratégica e Recursos Humanos pela Unespar – Universidade Estadual do Paraná. Graduada em Administração de Empresas pela Unespar – Universidade Estadual do Paraná. Com experiência de mais de 35 anos em diversas áreas, foi Consultora Empresarial pela The99 e presidente Conselho da Mulher Empresária de Goioerê. É professora e orientadora de projetos (TCC) do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco.

“OS PROCESSOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO FORTALECEM A ESTRUTURA FAMILIAR, EMPRESARIAL E PROMOVEM UM AMBIENTE DE INOVAÇÃO, RESILIÊNCIA E CRESCIMENTO.”

RC: Você acredita que o processo de desenvolvimento profi ssional é algo que ainda precisa evoluir entre os profi ssionais do campo?

Meire: Com certeza, profi ssionais do campo bem treinados e atualizados podem aumentar sua produtividade e qualidade de produção, contribuindo desta forma para o crescimento sustentável do setor agrícola. Sendo assim, o desenvolvimento profissional contínuo permite que esses profissionais estejam atualizados com as últimas inovações e tecnologias, capacitando-os a se adaptar às mudanças no mercado e nas condições ambientais.

RC: E quanto ao desempenho, de que maneira as pessoas podem explorar o máximo do seu potencial?

Meire: Meu olhar sempre vai estar voltado para o desenvolvimento contínuo, que requer autoconhecimento, aperfeiçoar habilidades, feedback construtivo, um ambiente de trabalho positivo e uma abordagem equilibrada entre a vida profissional e pessoal.

 

RC: Como avalia a atuação das cooperativas no trabalho junto aos cooperados e familiares, e as comunidades onde estão inseridas?

Meire: É importante evidenciar, que as cooperativas têm desempenhado um papel vital no apoio aos cooperados, suas famílias e comunidades, promovendo desenvolvimento econômico, social e ambiental. Por meio de educação, assistência técnica, suporte financeiro, programas sociais e práticas sustentáveis, as cooperativas ajudam a melhorar a qualidade de vida e a garantir a sustentabilidade. Um bom exemplo disso é o desenvolvimento local, onde geram empregos e promovem a circulação de renda na comunidade.

Meire Maciel é instrutora do Programa FuturoCoop da Coamo

RC: Como as cooperativas auxiliam no processo de desenvolvimento profissional dos talentos que estão no campo, iniciando inclusive pelos adolescentes?

Meire: As cooperativas realizam esse processo por meio da implementação de diversas estratégias e programas, que visam capacitar os adolescentes e jovens, os preparando para um futuro mais promissor. Por meio de educação, capacitação, mentoria, apoio financeiro e engajamento comunitário, elas criam um ambiente propício para o crescimento pessoal e profissional. Essas iniciativas não apenas fortalecem os cooperados, esposas, filhos e filhas, mas também contribuem para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade das comunidades onde estão inseridas, praticando com mais evidência o quinto e sétimo princípios do cooperativismo que é educação, formação e informação e o interesse pela comunidade, respectivamente.

RC: Você tem acompanhado as ações da Coamo para toda a família. Como analisa esta visão e atuação da cooperativa?

Meire: Ao focar no desenvolvimento integral, bem-estar familiar, fortalecimento da comunidade e sustentabilidade, a Coamo melhora a qualidade de vida de seus cooperados e de toda família, e também garante a continuidade e o sucesso a longo prazo. Essa abordagem fortalece os laços, e promove um ambiente onde todos os membros da família podem prosperar e contribuir para o bem comum. Fazendo isso, a Coamo demonstra cada vez mais, o compromisso abrangente com o desenvolvimento integral da comunidade a qual a cooperativa está inserida.

RC: Qual o sentimento de mãe que aflora ao colaborar na educação e formação dos filhos de outras mães?

Meire: Posso dizer, que é umamistura de sentimentos, pois também sou mãe, sei da responsabilidade que tenho ao estar à frente de adolescentes e jovens que buscam por conhecimento, e ao mesmo tempo estão passando pela fase das mudanças e incertezas. Isso faz com que eu precise ter empatia e as habilidades necessárias para poder contribuir com o desenvolvimento de cada um, de acordo com o seu objetivo de vida, me sinto honrada e privilegiada em fazer parte desse momento da vida deles.

RC: Deixe uma mensagem para a família Coamo?

Meire: Família para mim, é algo primordial, carregada de valores, princípios, formada por laços de respeito e conduta, onde as pessoas que fazem parte dessa família, se comprometem a viverem e trabalharem juntas em prol de um mesmo objetivo. Assim vejo a família Coamo, onde a participação de todos crianças, jovens, homens, mulheres e profissionais é essencial para crescimento contínuo e sustentável. Sabendo que a diversidade de talentos e a dedicação de cada família, contribuem para um ambiente mais forte e unido. Tem uma frase minha que diz assim: “Sua atitude e ação podem mudar a sua história!”. Acredito que não basta querer muito alguma coisa, você precisa acreditar, ter atitude e entrar em ação, então faça acontecer a partir de agora.

“As cooperativas têm desempenhado um papel vital no apoio aos cooperados, suas famílias e comunidades, promovendo desenvolvimento econômico, social e ambiental.”

RC: Como observa o aumento das mulheres cooperativistas no agronegócio, seja a frente dos negócios ou na manutenção do lar?

Meire: As mulheres demonstram grande competência e resiliência, equilibrando suas responsabilidades no agronegócio e na gestão do lar. Com o apoio de programas de capacitação realizados em grande parte pelas cooperativas, elas estão conquistando o seu espaço e contribuindo signifi cativamente para o desenvolvimento econômico, social e sustentável das comunidades as quais estão inseridas.

RC: Qual a motivação neste trabalho para ser agente de transformação?

Meire: Cresci em uma família de agricultores, onde tive minha base de valores e princípios pautados na honestidade e na educação passados pelos meus pais, que me ensinaram o valor do trabalho e da resiliência. Habilidades que aplico todos os dias na minha vida. Minha carreira profi ssional começou há 35 anos, onde desempenhei vários cargos e funções nas empresas, sendo uma delas cooperativa, e que me proporcionou ter toda essa bagagem para chegar até aqui. Mas, quando pisei no palco pela primeira vez, há 14 anos, para palestrar, foi quando me encontrei verdadeiramente, e a partir daí, entendi que a minha missão é contribuir por meio do meu conhecimento com a transformação das pessoas, levando-as a desenvolverem o seu melhor, seja no âmbito pessoal ou profissional.

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