Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 547 | Junho de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE INVERNO

SUSTENTABILIDADE NA AGRICULTURA, UM CAMINHO PARA O FUTURO

Por meio da adoção de boas práticas e da inovação, é possível alcançar um equilíbrio entre a produtividade e a preservação do meio ambiente, assegurando um futuro produtivo

A sustentabilidade é um tema crucial para a manutenção do sistema de produção agrícola. São ações quem envolvem práticas que atendem às necessidades de produção. Isso inclui gestão eficiente dos recursos naturais e promoção da biodiversidade. O objetivo é construir e manter um sistema agrícola efi ciente e sustentável.

No mês em que se comemorou a semana do meio ambiente, a Coamo realizou dois importantes eventos que destacaram a relevância da sustentabilidade. Os eventos ocorreram nas fazendas experimentais da cooperativa em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e em Campo Mourão, no Paraná. Durante os encontros, diversos temas sobre boas práticas na agricultura foram apresentados aos cooperados.

Em Campo Mourão, uma das estações de demonstração chamou a atenção dos participantes. No local, foi escavada uma trincheira no solo com 18 metros de largura e dois metros de altura. A estação foi projetada para facilitar a visualização do sistema radicular das culturas, permitindo um entendimento mais profundo sobre o desempenho das raízes em diferentes condições de plantio.

Os agricultores tiveram a oportunidade de observar o desempenho das raízes de nove sistemas de plantio. A inovação na arquitetura e a forma como as raízes se distribuíram no solo impressionaram os visitantes. A estação didática serviu como uma vitrine de raízes, proporcionando uma compreensão visual clara e direta de como diferentes práticas de plantio afetam o desenvolvimento das plantas.



 

Aveia branca IPR esmeralda + aveia preta Embrapa 139 + centeio IPR 89 + nabo pivotante + nabo forrageiro IPR 116

Aveia branca

Aveia preta

Trigo

No local, foi escavada uma trincheira no solo com 18 metros de largura e dois metros de altura. Esta trincheira foi projetada para facilitar a visualização do sistema radicular das culturas, permitindo um entendimento mais profundo sobre o desempenho das raízes em diferentes condições de plantio.

Os cooperados observaram o desempenho das raízes de nove sistemas de plantio

O engenheiro agrônomo Fabrício Bueno Corrêa, da Coamo em Campo Mourão, afi rma que na estação, foi apresentada aos cooperados a importância das raízes no sistema de produção. Segundo ele, o principal objetivo foi demonstrar na prática, dentro de uma trincheira onde foram plantadas algumas forrageiras de inverno e de verão, a importância das raízes no sistema de produção.

“Mostramos aos cooperados que, para alcançar altas produtividades, a diversificação de culturas e de raízes desempenha um papel fundamental.” Ele destaca a resolução de problemas estruturais do solo, a reciclagem de nutrientes, a melhoria da matéria orgânica e, principalmente, os aspectos biológicos com a diversificação de culturas.

A proposta foi apresentar aos cooperados um diagnóstico abrangente da situação, incluindo as partes química, física e biológica do solo. "Estamos apresentando a metodologia da análise biológica, a rede BioAS da Embrapa (Tecnologia de Bioanálise de Solo), que oferece mais uma opção para entender o estado do solo e como alternativa de manejo, com destaque para a infl uência das raízes na redução do estresse das culturas", detalha Corrêa. Ele acrescenta que as raízes influenciam no sistema, permitindo altos tetos produtivos na cultura principal.

Corrêa menciona as principais dificuldades enfrentadas pelos cooperados em adotar o sistema. Ele explica que tecnicamente, não há dificuldade em convencer o produtor de que a diversifi cação de culturas e raízes é essencial para a manutenção do sistema de produção. A maior barreira, segundo ele, é econômica: "O produtor, muitas vezes, não quer abrir mão de uma cultura comercial, como soja e milho na segunda safra, ou soja e trigo, em detrimento de uma forrageira que serve como adubo verde e recicla o sistema. Essa dificuldade é mais de ordem econômica e cultural do que técnica, pois temos dados consolidados da Coamo, Embrapa e inúmeros parceiros que ratificam a importância da diversificação para a manutenção do sistema de produção.”

Joice Scheeren (Ouro Verde do Oeste), Fabrício Bueno Corrêa (Campo Mourão), Edenei Swartz (Campo Mourão), Roberto Bueno da Silva (Campo Mourão), Marcelo Henrique Daneluz (Mangueirinha), Cleiton de Souza Bukoski (Mamborê)

Sobre as áreas em pousio, Correa destaca que visualmente, é possível notar a diferença entre um sistema sem cobertura no inverno e um sistema com cobertura verde, seja de forrageira de inverno ou verão. Ele conclui que uma área de pousio não traz benefício econômico ou agregado ao sistema, já que sem raízes crescendo e sem diversificação, essa área, a longo prazo, entra em processo de degradação.

O pesquisador Henrique Debiasi, da Embrapa Soja, ressalta a importância de o produtor investir na produção de raízes no sistema de produção. Ele afirma que as raízes das culturas que compõem o sistema de produção são a base da fertilidade química, física e biológica do solo. Segundo Debiasi, o produtor que investe em um sistema diversificado de produção, com espécies que produzem grãos e forragem para cobertura de solo, obtém retorno em aumento de produtividade das culturas de grãos e redução dos custos. “A ideia é chamar a atenção do produtor para investir nas raízes, o que resulta em mais rentabilidade para a atividade agrícola.” Ele acrescenta que, embora o cooperado da Coamo já seja um exemplo no uso de tecnologia, sempre há espaço para melhorar e investir na questão das raízes.




Henrique Debiasi, da Embrapa Soja

Debiasi explica que as raízes têm um efeito no solo de abrir poros, principalmente as de cobertura, mais profundas e rústicas, capazes de vencer a resistência do solo. Esses poros são longos, contínuos e estáveis, suportando a pressão de máquinas agrícolas e o impacto da chuva. Quando o ciclo das culturas de outono e inverno de cobertura é interrompido e se cultiva soja ou milho, as raízes dessas culturas usam os poros abertos pelas raízes das culturas de inverno para crescer. Como resultado, há um crescimento mais profundo das raízes no perfil do solo, aumentando a capacidade de armazenamento de água. "Isso permite que as culturas suportem períodos de seca sem perda significativa de produtividade", orienta o pesquisador.

O pesquisador exemplifica que a cada dez centímetros a mais de raízes, a planta tem acesso a mais 12 milímetros de água. Assim, se a profundidade da raiz da soja aumentar de meio metro para um metro, o reservatório de água disponível aumenta em cerca de 60 milímetros, permitindo que a planta suporte de dez a 12 dias de calor intenso durante o período de maior demanda. “O grande efeito das raízes é realmente armazenar mais água, permitindo que soja e milho cresçam melhor e resistam mais ao estresse hídrico.”

José Aroldo Gallassini, presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo, destaca a importância dos encontros para a disseminação de tecnologia entre os cooperados. "Tivemos uma participação muito grande do quadro social e isso demonstra o interesse dos cooperados. Nos permite apresentar novas tecnologias e fornecê-las aos agricultores, garantindo mais produtividade e renda no campo."
























Gallassini observa que este ano não tem sido favorável, com problemas climáticos afetando a cultura de inverno. "Em anos como este, percebemos a necessidade de adotar práticas e sistemas mais sustentáveis a médio e longo prazo. É importante essa oportunidade de levar ao quadro social todas as novas tecnologias que estão chegando."
Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo, comenta sobre o papel da Fazenda Experimental, que em 2025 completará 50 anos. "O objetivo é promover o encontro dos cooperados com a tecnologia. O que nós fazemos aqui é a transferência de tecnologia, de forma isenta, com todos os fornecedores, seja de insumos, sementes ou práticas de manejo."

Galinari explica que o trabalho realizado na fazenda visa economizar tempo e aumentar a assertividade das ações dos produtores. "Nós testamos tudo. Existe um protocolo muito rigoroso para que qualquer produto ou serviço seja testado. Se aprovado, levamos ao produtor. Quando o produtor vem aqui, ele vê o que pode levar para a sua propriedade."

"Fazemos isso com todos os bons fornecedores do mercado. Não temos nenhum viés, o nosso compromisso é com o produtor", reforça Galinari, destacando ainda que a missão da Coamo é gerar renda com sustentabilidade: "São duas palavras-chave: sustentabilidade e renda. As práticas aqui são as melhores do mundo, sustentáveis e que protegem o meio ambiente, agregam produtividade e viabilizam a atividade do produtor."

João Carlos Bonani, coordenador da Fazenda Experimental em Campo Mourão, conta que é realizado um grande planejamento. "Nos três dias de encontro, tivemos um grande público de cooperados que atenderam ao convite da equipe das unidades, participando ativamente, fazendo perguntas e tirando dúvidas."

Bonani destaca que os temas escolhidos são relevantes tanto para os cooperados quanto para a equipe técnica. "O encontro de inverno é uma extensão dos dias de campo realizados nas unidades. Os entrepostos realizaram inúmeros dias de campo sobre as culturas de inverno, como milho safrinha e trigo, que ainda está por vir."

"A participação dos cooperados foi muito grande, e nossa equipe técnica fez um trabalho levando novas cultivares, novos híbridos, manejos e tecnologias para cada região, adaptados ao contexto local", afi rma Bonani e ainda explica que esses encontros na fazenda experimental abordam assuntos mais amplos, mas igualmente importantes. "Os cooperados tiveram a oportunidade de aprender, debater, discutir e levar mais conhecimento para suas propriedades."

Bonani diz que a partir deste momento já começa o pensamento para o encontro de verão, com o planejamento dos ensaios na Fazenda Experimental, que comemorará 50 anos.

José Aroldo Gallassini, presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo

Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo

João Carlos Bonani, coordenador da Fazenda Experimental em Campo Mourão

Manejo do complexo de pragas na cultura do milho

A cultura do milho, especialmente a segunda safra, se tornou central no sistema agrícola. No entanto, a expansão das áreas de plantio trouxe um aumento de pragas como percevejos, lagartas e cigarrinha-do-milho. No encontro com cooperados, foram discutidos os principais problemas causados por essas pragas e as melhores práticas de manejo para minimizar os danos.

O engenheiro agrônomo Juliano Seganfredo, da Coamo em Engenheiro Beltrão, destaca que há um grande complexo de pragas na cultura do milho. Entre as principais, estão o percevejo, a cigarrinha, os pulgões e as lagartas. “Além dessas, pragas emergentes como ácaros e tripes também estão começando a aparecer com mais frequência”, diz.

Seganfredo enfatiza que o monitoramento é o principal fator no manejo dessas pragas. “Tanto o produtor quanto a assistência técnica devem monitorar a lavoura, observando a população de pragas e aplicando os manejos corretos a partir dessas observações”, assinala.

Na área de ação da Coamo, há lavouras de verão com áreas menores e milho segunda safra com áreas mais extensas, especialmente nas safras comerciais. Além disso, os pecuaristas utilizam o milho para a alimentação animal. O desafi o, segundo Seganfredo, é trabalhar para controlar o complexo de pragas e diminuir as perdas. “Cada lavoura tem seu potencial produtivo, e perder esse potencial resulta em prejuízos, afetando a viabilidade econômica para o cooperado.”

A assistência técnica da Coamo está bem alinhada e treinada para, junto com o cooperado, indicar os melhores manejos. "Quando se fala em manejo, existem vários tipos: químico, biológico e genético, para que a planta possa tolerar um pouco mais as pragas existentes", explica Seganfredo.

Ele reforça que é necessário trabalhar com um conjunto de manejos, não dependendo apenas de um tipo de controle. “O recado principal é que, devido ao complexo de pragas, é crucial monitorar e utilizar todos os manejos disponíveis para o melhor controle. Utilizar apenas um manejo pode tornar o controle mais caro e o resultado pode não ser o esperado", conclui Seganfredo.

José Petruise Fereira Junior (Campo Mourão), Jefferson Wellington Volpato Jede (Nova Santa Rosa), Juliano Seganfredo (Engenheiro Beltrão), Andressa Schirmer (Dez de Maio), Lucas Ricardo Vanzzo (Campo Mourão) e Elias Roveda (Juranda)

Fatores essenciais para escolha do híbrido de milho

A ampla diversidade de híbridos de milho disponíveis para os cooperados da Coamo foi destaque nesta edição do Encontro de Inverno na Fazenda Experimental. Foram abordados os principais critérios para a escolha dos materiais, como ciclo, rusticidade e relação com o complexo de enfezamento. Cerca de 30 híbridos do portfólio da Coamo foram apresentados no campo, com explicações técnicas, para que os produtores pudessem avaliar melhor cada opção.

O engenheiro agrônomo Vinícius Francisco Albarello, da Coamo em Campo Mourão, explica como posicionar o melhor híbrido para cada situação, propriedade e condição climática. “A Fazenda Experimental presta um serviço de pesquisa para mostrar ao cooperado qual é a melhor escolha para a sua propriedade,” afirma Albarello. Na estação, foram selecionados híbridos de todas as empresas parceiras da Coamo, e com a população recomendada de cada híbrido, mostrado o potencial produtivo de cada material.

Albarello recorda que a segunda safra de milho em 2024 contou com condições climáticas severas de estresse hídrico. No entanto, com um manejo eficiente e a rotação de culturas praticada na Fazenda Experimental, foi possível apresentar que não é somente o híbrido que garante o sucesso da propriedade, mas todo um sistema de manejo. “Os cooperados se surpreenderam com o potencial encontrado no campo e com os materiais apresentados, muitos dos quais eram lançamentos e novidades, colaborando para mais sucesso no campo.”

O agrônomo destaca fatores essenciais para a escolha do híbrido de milho. Entre esses critérios estão o clima, a tolerância à seca, doenças, especialmente o enfezamento que tem reduzido a produtividade nos últimos anos, e o ataque de pragas como lagartas, percevejos e pulgões. "A ideia da estação foi fazer um mix de todos esses fatores para que o cooperado consiga escolher o híbrido que terá o maior potencial em sua propriedade," explica Albarello.

Entre os desafios, Albarello cita o clima, mas enfatiza que as perdas podem ser reduzidas com um sistema efi ciente que reduz os custos de produção e melhora na lucratividade da propriedade. "O desafio é conseguir prevenir e ter mais êxito na lavoura, de acordo com cada condição climática de cada safra," ressalta e acrescenta que o planejamento é crucial para mitigar os riscos enfrentados na produção agrícola. Isso inclui não apenas a escolha do híbrido, mas também outros sistemas de manejo e tecnologias. "O encontro foi organizado para mostrar todas as ferramentas disponíveis para o cooperado alcançar mais sucesso e lucratividade na propriedade," conclui Albarello.


Paulo Nedes de Souza Peres (Manoel Ribas), Natanaely Pereira do Nascimento (Manoel Ribas), Vinícius Francisco Albarello (Campo Mourão), Anderson Becker Furlanetto (Santa Maria do Oeste) e Andrei Henrique de Tomasi (Campo Mourão)

Adubação de pastagem para altas produtividades de carne e leite

A modernização da atividade pecuária exige cada vez mais conhecimento de técnicos e produtores. Com isso, a adubação das pastagens se torna um tema crucial para os pecuaristas que buscam aumentar a produtividade.

O médico veterinário, Clécio Jorge Hansen Mangolin, da Coamo em Campo Mourão, afi rma que na estação de pesquisa foi repassado aos cooperados um panorama geral sobre as pastagens brasileiras. Em parceria com a empresa Mosaic, que tem um trabalho importante em pastagens, e o instituto de pesquisa Inttegra, foram analisados o volume de pasto disponível no Brasil e a quantidade de animais sobre essas pastagens, além das rentabilidades dessas propriedades. "Observamos que a taxa de lotação média é inferior a um animal por hectare e que 30% das propriedades brasileiras que estão lucrando com a pecuária possuem uma taxa de lotação de dois animais por hectare," diz Mangolin. Com essa informação, ele ressalta que é possível dobrar a produção de animais com as pastagens existentes.

Mangolin explica que muitas áreas de pastagem nunca receberam correção ou adubação de manutenção e estão em algum grau de degradação. "Precisamos mostrar aos cooperados que eles podem ganhar dinheiro com a correção e manejo adequado das pastagens." Na Fazenda Experimental, foi simulada uma área corrigida para demonstrar a diferença entre os pastos. "Corrigir o solo não é a única solução. A adubação é um pilar da sustentabilidade, mas saber manejar o pasto e ajustar a taxa de lotação é igualmente importante", orienta.

Clécio Jorge Hansen Mangolin (Campo Mourão), Karina Gomes Dias (Iretama), Vania Colli (Campo Mourão), Letícia Dal Posso (Manoel Ribas) e Itamar Leandro Suss (Campo Mourão)

No local foram realizados vários tipos de manejos. Algumas áreas receberam adubação de manutenção, tratando o pasto como culturas comerciais, como soja ou milho, que requer adubo anual e calcário. Foram simulados diferentes níveis de investimento e manejos de entrada e saída de animais, transformando esses dados em carne e leite. "Isso para que produtor consiga ver onde está errando e o que precisa fazer para tornar a atividade lucrativa”, frisa Mangolin.


As principais dúvidas dos cooperados envolvem o manejo adequado. "Muitas vezes o produtor acha que não consegue produzir devido ao solo e clima. Quando demonstramos as tecnologias e práticas corretas, ele começa a identifi car as falhas e os pontos de melhoria", diz Mangolin. O veterinário faz um paralelo com a produção de soja há 20 anos, mostrando como a gestão e o cuidado mudaram e aumentaram a produtividade.
Mangolin enfatiza que a questão não é que o solo ou o pasto são ruins, mas sim a forma como estão sendo manejados. Segundo ele, a Coamo trabalha para motivar e demonstrar aos cooperados que é possível ganhar dinheiro com pecuária, sendo eficiente e aumentando a produtividade e o lucro na propriedade. “A assistência técnica pecuária da cooperativa está sempre ao lado dos cooperados. Ampliamos a equipe veterinária para levar mais tecnologia a todos os produtores. Deixamos nossa equipe técnica à disposição dos cooperados, para auxiliar na busca por mais produtividade," conclui Mangolin.

Boas práticas de conservação de óleo diesel

O óleo diesel, amplamente utilizado pelos produtores rurais em atividades como plantio, colheita e pulverização, é um insumo essencial. Nesta edição do Encontro na Fazenda Experimental, uma estação esclareceu os principais pontos para a melhor utilização desse combustível.

Eurico Tanaka, gerente comercial da Tecbio, explica que foram abordadas diversas questões sobre as boas práticas de conservação de óleo diesel. "Um dos pontos mais importantes, é a limpeza do tanque antes da chegada de uma nova remessa de combustível. É fundamental para evitar a mistura do diesel novo e limpo com o antigo e sujo, que pode contaminar. Por isso, é importante realizar essa prática de limpeza regularmente", afirma Tanaka.

Outro ponto discutido foi a oxidação do óleo diesel. "A oxidação é o envelhecimento do diesel," diz Tanaka e exemplifi ca com o caso de uma colheitadeira que termina a safra e fica parada para manutenção com diesel no tanque por cerca de cinco meses. Durante esse período, o diesel sofre com as variações de temperatura, oxidando-se. "Daí a importância de se fazer a conservação com um aditivo biocida para evitar a oxidação e o envelhecimento do diesel. A oxidação pode causar vários prejuízos, como umidade eletrônica, saturação de filtro e até a parada da máquina no meio de operações importantes como colheita, pulverização ou plantio, resultando em prejuízos", enfatiza.

Tanaka também alerta para os riscos do óleo diesel contaminado. O óleo contaminado, se utilizado nos maquinários, pode causar borras e bactérias no sistema devido à umidade resultante da condensação no tanque. "Essa umidade desce para o fundo do tanque e contamina todo o produto, afetando o sistema eletrônico, filtros e bicos dos equipamentos, prejudicando o funcionamento dos mesmos." Por isso, é essencial usar sempre um óleo tratado. "Hoje, precisamos cuidar muito bem do diesel, que representa de 10 a 20% do custo de uma safra. O agricultor pode ter muitos prejuízos se não cuidar bem do diesel", alerta Tanaka

Carlos Alexandre, Helisson Becker e Eurico Tanaka (Tecbio) e Emerson Luis Zanutto (Coamo)


Para evitar esses problemas, é importante que os cooperados tomem todas as ações recomendadas. Tanaka destaca que a primeira ação é a checagem do tanque para verificar se o diesel armazenado está sujo. O segundo passo é receber diesel de boa qualidade, além de ter um tanque coberto, fazer a drenagem diária dos equipamentos e a drenagem semanal do tanque estacionário. "Sabemos da correria diária em uma propriedade, mas essas ações preventivas são essenciais para evitar problemas durante as operações com os maquinários. São cuidados preventivos para não ter que fazer manutenções corretivas ", conclui o profissional.


Feira de Negócios

Também foi destaque no Encontro de Inverno da Coamo, em Campo Mourão, a Feira de Negócios, que apresentou uma vasta exposição de máquinas e produtos de empresas parceiras da cooperativa. Os cooperados tiveram a oportunidade de conhecer de perto as mais recentes inovações em equipamentos agrícolas, implementos e insumos, além de explorar as soluções oferecidas por diversas empresas do setor.

"A Feira de Negócios abrange maquinários, peças, acessórios e produtos veterinários. Trata-se de um evento que cresce a cada edição, reunindo os melhores parceiros do segmento agrícola para expor seus produtos," afirma Paulo Roberto Bacini, gerente de Fornecimento de Bens de Lojas. Segundo ele, a Coamo, em parceria com seus fornecedores, busca oferecer condições comerciais vantajosas, com preços competitivos e descontos, para beneficiar os cooperados.

Bacini destaca a constante evolução da agricultura e dos maquinários, enfatizando a importância dos cooperados se manterem atualizados com as novas tecnologias. "Este é um momento crucial para revisar plantadeiras, colheitadeiras e outros equipamentos, assegurando que estejam em perfeito estado para o plantio, tratos culturais e colheita. Ao revisar os equipamentos com antecedência, é possível garantir que tudo esteja pronto quando necessário. Antecipar essas revisões é fundamental para o bom andamento das atividades agrícolas," comenta.

O gerente observa que a Coamo tem os melhores fornecedores para atender todas as necessidades dos cooperados. Junto com nossos parceiros, elaboramos uma estratégia para oferecer condições excelentes de preço e prazo. Ele destaca que o plano é tradicional e visa possibilitar que os cooperados façam as revisões necessárias nos maquinários, preparando-os para o próximo plantio, tratos culturais e colheita. "É um plano importante, e nós atuamos para oferecer condições excelentes que atendam às necessidades dos cooperados," observa Bacini.






























Credicoamo disponibiliza linha de financiamento na Feira de Negócios

Associados visitaram o espaço da Credicoamo na Feira de Negócios

Cumprindo sua missão de agregar renda aos associados por meio de soluções financeiras sustentáveis, a Credicoamo Crédito Rural Cooperativa está participando de mais uma edição da Feira de Negócios da Coamo. Um dos objetivos da campanha é oferecer ao quadro social, uma oportunidade para atualizar o parque de máquinas, e viabilizar a obtenção de maiores produtividades na atividade agrícola. O papel da Credicoamo nesse âmbito, é dar condições aos associados, sendo o braço financeiro da Coamo e a melhor opção de produtos e serviços.

Como em todos os anos, além de máquinas e equipamentos, são oferecidas condições especiais de preços e prazos. A Credicoamo por sua vez, disponibilizou recursos próprios, com cinco anos de prazo e juros de 1,10% ao mês. A linha de financiamento disponibilizada na feira de negócios foi estruturada com um prazo de contratação até 31 de julho. De acordo com o presidente Executivo da Credicoamo, Alcir José Goldoni, o sistema de capitalização e a maior fidelização dos associados, permitem que esses recursos voltem ao quadro social por meio de financiamento. “A Coamo fornece as máquinas e a Credicoamo concretiza o financiamento.”

A integração entre a Coamo e a Credicoamo é essencial para o desenvolvimento dos associados, pois as cooperativas atendem o mesmo público, o que torna o associado dono das duas cooperativas. “Quanto mais o associado movimenta na Credicoamo, mais recursos ele tem disponíveis. Esse é um ponto crucial, pois assim ele está fomentando a sua cooperativa de crédito. Esses recursos retornam para financiar ele ou outros associados, fazendo o complemento da atividade”, afirma Goldoni.

Ainda segundo o dirigente, quando o associado transforma a Credicoamo em seu domicílio fi nanceiro, ele tem mais retorno. “Ao adquirir uma máquina na Coamo, por exemplo, o cooperado vai receber ‘sobras’. Financiando na Credicoamo, essa mesma máquina, ele receberá sobras também. Ou seja, além de agregar benefícios na sua atividade, gera resultado nas duas cooperativas. Isso agrega, soma e multiplica, em benefício de todos.”

Foram cinco estações de pesquisa em Dourados, no Mato Grosso do Sul
PRIMEIRO ENCONTRO DE INVERNO NO MATO GROSSO DO SUL

Entre os dias 05 e 06 de junho, foi realizada a primeira edição do Encontro de Inverno na Fazenda Experimental da Coamo em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica, destaca que são realizados dois eventos anuais na Fazenda Experimental: um no verão e outro no inverno. "O encontro de inverno é focado nas culturas de trigo e milho safrinha, além de temas relacionados à pecuária, com uma grande exposição de máquinas e fornecedores de insumos e equipamentos agrícolas."

Dias enfatiza a importância dos temas apresentados. "As estações são muito importantes, como aquelas que mostram como fazer o sistema radicular das plantas crescerem mais. Um bom sistema torna a planta mais resistente à estiagem e melhora signifi cativamente a produtividade."

Ele também menciona a palestra de mercado com um especialista, que abordou o mercado de insumos e commodities. "Um analista de mercado trouxe um panorama do mercado agrícola, apresentando uma mensagem clara e objetiva para nossos cooperados sobre o custo de produção e a tomada de decisões. Cada cooperado possui suas particularidades e realidade, e a palestra ajudou a refletir sobre a rentabilidade e o gerenciamento dos custos das propriedades.”

Dias conclui que a programação foi interessante e a palestra ao final de cada dia de encontro foi muito positiva para os cooperados. "Isso ajuda na tomada de decisões, tanto na compra de insumos quanto na venda dos grãos após a colheita."

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo, destaca que os encontros de inverno no Mato Grosso do Sul e em Campo Mourão contaram com uma grande participação dos cooperados. "Isso demonstra a confiança que eles têm na fazenda e no compromisso da cooperativa em apresentar novas tecnologias para todo o sistema de produção."

Sumiya ressalta a importância de tratar a propriedade como um sistema de cultivo integrado ao longo do ano, abrangendo tanto a agricultura quanto a pecuária. "Nos encontros, focamos bastante em processos de conservação do solo e sustentabilidade. Partimos do princípio de que precisamos preparar o nosso principal instrumento de trabalho, que é o solo, para aplicar as tecnologias", enfatiza.

Seja na escolha de híbridos ou nos tratos culturais, a análise do sistema de cultivo é essencial. Sumiya explica que, no encontro de inverno em Campo Mourão, também foi destacado o elemento da pecuária como parte do sistema de cultivo, que é uma área de atuação da Coamo. "Para termos rentabilidade na propriedade, precisamos analisar todo o sistema de cultivo, sempre focando no solo, onde empregamos nossas tecnologias, proporcionando uma sustentação signifi cativa para o sistema de produção."

Marcos Vinicios Garbiate, coordenador da Fazenda Experimental da Coamo em Dourados, Mato Grosso do Sul, destaca que nos dois dias de evento a fazenda recebeu cooperados de todas as unidades do Estado. “Conseguimos levar informação para um público bastante signifi cativo, cumprindo o objetivo da Fazenda Experimental, que é disseminar novas tecnologias para os associados.”

O evento foi realizado durante a Semana do Meio Ambiente, abordando temas que se alinham com a sustentabilidade. "Buscamos trazer esses temas cada vez mais integrados para que a busca por mais produtividade seja de uma forma sustentável em relação ao nosso meio de produção", afirma.

"Com uma unidade experimental agora no Mato Grosso do Sul, temos um ambiente diferente do que tínhamos no Paraná, o que é bastante importante para fazermos as avaliações dentro do ambiente de produção do cooperado", explica Garbiate que também destaca o aspecto logístico, mencionando que facilita bastante o deslocamento do produtor até a Fazenda Experimental.

Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo Marcos Vinicios Garbiate, coordenador da Fazenda Experimental no MS
PRIMEIRA EDIÇÃO DO ENCONTRO DE INVERNO NO MATO GROSSO DO SUL CONTOU COM CINCO ESTAÇÕES DE PESQUISA
Fungicidas em milho: aspectos importantes para tomada de decisão

O aumento das áreas de cultivo de milho segunda safra nos últimos anos proporcionou um ambiente propício para a proliferação de doenças que afetam a cultura. Elas encontram mais oportunidades para se disseminar e causar prejuízos. Devido a relevância do tema, o Encontro de Inverno, realizado na Fazenda Experimental do Mato Grosso do Sul, em Dourados, discutiu as principais doenças foliares que acometem o milho, com destaque para a mancha de bipolares, que tem se tornado predominante no Estado e pode causar danos consideráveis se não for manejada adequadamente.

A engenheira agrônoma, Mônica Caldeira, da Coamo em Dourados, comenta que foram mostrados alguns aspectos importantes para a diagnose de doenças. "Apresentamos para o cooperado as principais doenças da região do Mato Grosso do Sul", diz.

Segundo ela, ainda existem muitas dúvidas a respeito do manejo de doenças. “No campo, a doença que prevaleceu foi a mancha de bipolares, que vem se tornando cada vez mais importante. É uma doença que começa a ser observada cedo. Por isso, é crucial pensar no manejo preventivo. Na estação, mostramos que, apesar das condições climáticas enfrentadas, a umidade do orvalho matinal pode favorecer o desenvolvimento e a entrada de doenças, principalmente a mancha de bipolares”, observa.

A mancha de bipolares pode ser confundida com a cercosporiose, uma doença delimitada pela nervura e que aparece mais tarde na fase reprodutiva do milho. Os sintomas iniciais da doença mancha de bipolares são pequenas pontuações amareladas nas folhas, que se agravam conforme a severidade, com as lesões aumentando de tamanho e pode causar redução na produtividade até 70%.

A principal orientação para o cooperado é identificar e conhecer o material genético do híbrido plantado e, posteriormente, monitorar as plantas no campo, adotando um manejo preventivo da doença. “Se o cooperado já vem enfrentando a incidência dessa doença e utiliza materiais mais suscetíveis, é importante planejar medidas para mitigar o impacto causado por ela. A utilização de fungicidas é uma das alternativas para manejo, sendo que a utilização de multissítios é muito importante para uma boa eficiência no controle, explica a agrônoma.

Juliano Seganfredo (Engenheiro Beltrão), Marcio Rech (Ponta Porã), Mônica Caldeira (Dourados) e José Vinicius dos Santos Zanzi (Maracaju)
Conforme Mônica, é essencial que o cooperado esteja sempre em contato com a equipe técnica da Coamo para monitorar essas plantas. “A tomada de decisão correta é muito importante e refl ete diretamente na produtividade e no rendimento final das lavouras”, frisa.
Nutrição mineral na cultura do milho
A nutrição das plantas é fundamental para alcançar altos níveis de produtividade. A base para um manejo efi caz da adubação consiste em realizar um diagnóstico químico preciso do solo e compreender as necessidades nutricionais específi cas de cada cultura. Além disso, é crucial conhecer a função de cada nutriente na planta e identifi car os sintomas de defi ciência, entendendo o funcionamento metabólico e fi siológico das plantas. "A nutrição é tão essencial para as plantas quanto comer, beber e respirar são para os seres humanos. Sem os elementos essenciais, a planta não consegue se desenvolver, completar os processos metabólicos e, consequentemente, não expressa seu máximo potencial produtivo", destaca o engenheiro agrônomo José Petruise Ferreira Junior, da Coamo em Campo Mourão.
Ele comenta que o objetivo do produtor é sempre alcançar altas produtividades e mais rentabilidade. Para isso, é fundamental realizar um bom diagnóstico da fertilidade do solo e da nutrição das plantas. Petruise recomenda aos cooperados a realização de uma boa amostragem de solo. “O programa de correção de solo da Coamo e a Agricultura de Precisão garantem uma amostragem correta da área e, se necessário, devem ser realizadas as correções necessárias”, assinala.

Tadeu Inoue, da UEM

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Nutrição mineral na cultura do milho: estamos no caminho certo?

A nutrição das plantas é fundamental para alcançar altos níveis de produtividade. A base para um manejo eficaz da adubação consiste em realizar um diagnóstico químico preciso do solo e compreender as necessidades nutricionais específi cas de cada cultura. Além disso, é crucial conhecer a função de cada nutriente na planta e identifi car os sintomas de deficiência, entendendo o funcionamento metabólico e fisiológico das plantas. "A nutrição é tão essencial para as plantas quanto comer, beber e respirar são para os seres humanos. Sem os elementos essenciais, a planta não consegue se desenvolver, completar os processos metabólicos e, consequentemente, não expressa seu máximo potencial produtivo", destaca o engenheiro agrônomo José Petruise Ferreira Junior, da Coamo em Campo Mourão.

Ele comenta que o objetivo do produtor é sempre alcançar altas produtividades e mais rentabilidade. Para isso, é fundamental realizar um bom diagnóstico da fertilidade do solo e da nutrição das plantas. Petruise recomenda aos cooperados a realização de uma boa amostragem de solo. “O programa de correção de solo da Coamo e a Agricultura de Precisão garantem uma amostragem correta da área e, se necessário, devem ser realizadas as correções necessárias”, assinala.

Tadeu Inoue, da UEM

O agrônomo enfatiza a importância de utilizar produtos de qualidade: "Não adianta ter uma boa amostragem e interpretação do solo se não adquirir produtos de qualidade. É preciso construir um ambiente favorável para que a planta desenvolva seu máximo potencial produtivo, equilibrando os aspectos químicos, físicos e biológicos do solo."

Petruise revela que os cooperados da Coamo, de maneira geral, estão no caminho certo quando o assunto é nutrição mineral na cultura do milho. Segundo ele, “dados oficiais da Conab mostram que, no Mato Grosso do Sul em 20 anos a produtividade da cultura passou por um avanço muito signifi cativo, mais que dobrando sua produtividade média. Essa evolução não foi da noite para o dia. É um resultado de muito trabalho, pesquisa e os produtores executando todas as práticas necessárias com capricho e eficiência.”

Tadeu Inoue, pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), destaca a importância de manter a cultura saudável em termos nutricionais durante todo o seu ciclo. "Estamos enfrentando grandes problemas climáticos, safra após safra, tanto na de verão quanto na de inverno. Uma das formas de fazer com que as culturas tolerem melhor essas variações climáticas é proporcionando condições para que a planta se desenvolva melhor, tanto o sistema radicular quanto a parte aérea." O pesquisador explica que isso pode ser alcançado por meio de um diagnóstico mais preciso das condições do solo. "Precisamos buscar informações que nos orientem sobre a necessidade de realizar uma boa calagem, uma adubação adequada e quais nutrientes devemos fornecer para as plantas." 

De acordo com o pesquisador, para iniciar uma cultura, é necessário um bom manejo do solo, criando um perfil adequado para que o sistema radicular se aprofunde o máximo possível, buscando água e nutrientes nas camadas mais profundas. Isso permite que a planta suporte variações de ambiente, como períodos de seca ou temperaturas extremas, mantendo-se bem nutrida e capaz de expressar melhor seu potencial produtivo. "O que faz a cultura expressar seu potencial produtivo é um bom crescimento e desenvolvimento da planta, o que depende da parte nutricional. Normalmente, os produtores se preocupam com os macronutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, mas se esquecem de outros nutrientes igualmente importantes, como enxofre e boro, por exemplo. Em muitas áreas agrícolas, esses nutrientes estão em baixos teores devido à grande lixiviação, pois são nutrientes que se movimentam muito no solo", destaca Tadeu.

Marcelo Cordeiro de Abreu (Dourados), Elvison Alves da Cruz (Itaporã), José Petruise Ferreira Junior (Campo Mourão) e José Juracy Silveira Nobre Neto (Caarapó)


Impacto da diversificação de culturas nos sistemas de produção

Uma das estações no encontro demonstrou de forma teórica e prática os benefícios das culturas de cobertura para a melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Essas plantas têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo contra a erosão, aumentando a infiltração e retenção de água, ciclando nutrientes e controlando plantas daninhas. Isso traz aumento e estabilidade de produção para todas as culturas envolvidas no sistema. Além disso, há elevação nos teores de matéria orgânica no solo devido ao maior volume de material vegetal.

O engenheiro agrônomo Odair Johans, da Coamo em Caarapó, ressalta que não é comum utilizar essa cobertura no Mato Grosso do Sul. “Costuma- -se pensar na safra de verão com soja e na segunda com o milho. No entanto, é importante adotar essa prática para proporcionar mais equilíbrio no sistema produtivo. Apresentamos alternativas de diversificação de culturas para o inverno, como forma de planejar a propriedade visando uma melhor estruturação do solo e melhoria das características químicas, físicas e biológicas, buscando mais sustentabilidade do sistema.”

Sidivan Loop (Laguna Carapã), José Eduardo Frandsen Filho (Maracaju), Odair Johans (Caarapó), Roberto Bueno Silva (Campo Mourão) e Ronaldo Lopes Costa (Bandeirantes)

Foram apresentadas várias alternativas, como, por exemplo, a braquiária que já é uma prática bastante usual no Estado, utilizada no consórcio com o milho segunda safra. Há também o uso de braquiária solteira, em alguns casos, como na integração lavoura-pecuária, além do plantio de milhetos, crotalárias e mix de culturas tropicais que produzem uma boa quantidade de matéria seca. Em todos os casos, o objetivo é melhorar a estruturação do solo, a infiltração de água e implementar práticas de manejo que reflitam em mais produtividade para o cooperado.
De acordo com o agrônomo, é essencial pensar no planejamento das culturas, destinando parte da área no próximo inverno para realizar esse trabalho de reestruturação e diversificação, com um planejamento a longo prazo. “Isso melhora a produtividade e o sistema como um todo, gerando mais renda e sustentabilidade com o aumento da produção por área. Embora o produtor pense primeiro na parte comercial e na rentabilidade da cultura, ele deve considerar a sustentabilidade a longo prazo. Apenas focar na soja e no milho pode não ser sustentável em anos de condições climáticas adversas. Portanto, pensar na diversificação e sustentabilidade ao longo dos anos pode resultar em uma rentabilidade melhor”, assinala Johans.

O pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste, reforça a importância de os produtores adotarem essa prática para melhorar o sistema produtivo como um todo. Ele acrescenta que a cobertura do solo é uma prática agrícola que traz uma série de benefícios, pois potencializa a próxima safra de soja na sucessão e diminui as variações de produtividade, especialmente em anos de deficiência hídrica, situação recorrente na região Centro-Sul do Mato Grosso do Sul. Além disso, a diversificação de culturas desempenha um papel importante na maior eficiência de utilização dos insumos. “Vale ressaltar que somos favoráveis ao modelo de produção de soja e milho. Contudo, a proposta é destinar uma parte da área de milho segunda safra para fazer a cobertura do solo. Existem diversas opções, como braquiária, crotalária, milheto, trigo, aveia e, até mesmo, a combinação de duas coberturas, como braquiária com crotalária. Essas diversas opções permitem ao produtor melhorar a diversificação e aumentar o potencial produtivo.”

O pesquisador orienta que o produtor realize um planejamento antecipado. “O produtor sabe quais talhões podem receber uma semeadura um pouco mais tardia de soja e naquela área, ele pode plantar milheto, crotalária ou braquiária. Em outra parte da propriedade, ele pode antecipar um pouco mais a soja para priorizar o milho. Esse planejamento deve ser feito com um ano de antecedência, permitindo que o produtor tome decisões mais adequadas com a diversificação agrícola.”

Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste
Tecnologia de aplicação: desafios e novas tendências
Durante a safra, são utilizados vários defensivos agrícolas para evitar que pragas, doenças e plantas daninhas reduzam a produtividade das culturas. Assim, na estação “Tecnologia de aplicação: desafios e novas tendências”, foram fornecidas informações para que os cooperados compreendam quais são as melhores práticas de aplicação de defensivos, visando alcançar o máximo controle dos alvos de forma econômica e ambientalmente segura.
O engenheiro agrônomo, Victor Hugo Matias Cangussu de Moura, da Coamo em Engenheiro Beltrão, explica que foi abordado apenas uma parte da tecnologia de aplicação, já que a prática envolve vários fatores. “Foi destacado sobre a escolha de pontas de pulverização, volume de calda e misturas de produtos que estão envolvidos no dia a dia da propriedade”, diz.

Flávio Emilio Pizzigatti (Dourados), Wagner Henrique de Borba Bini (Amambai), Hugo Lorran de Melo Rocha (São Gabriel do Oeste), Diogo Henrique Knoor (Aral Moreira) e Victor Hugo Matias Cangussu de Moura (Engenheiro Beltrão) Vitor Romani, da Agroefetiva

De acordo com ele, o intuito é ajudar o cooperado a escolher uma ponta de pulverização adequada para o serviço, e o volume de calda que seja mais eficiente nas operações. “Com isso, o cooperado utiliza menos produto. Para fazer a escolha do bico, primeiro tem que definir a taxa de aplicação, que é o volume de calda por hectare que ele vai trabalhar. Depois, sabendo a velocidade média que ele utiliza durante as aplicações, ele consegue identificar qual a ponta recomendada para a sua condição. Além disso, é importante observar o tipo de produto e as condições climáticas, para escolher uma ponta de pulverização que gere gota fi na, média ou grossa”, observa Moura.

O agrônomo comenta que as ações ajudam a evitar perdas e reduzir custos. “Ele também se protege de problemas com deriva e possíveis danos a áreas vizinhas. A pergunta que sempre vem durante as apresentações é qual o bico melhor para utilizar? Como resposta, a gente sempre usa, depende. Na verdade, um bico só não vai fazer tudo. São necessários dois ou três, dependendo das situações climáticas, do tipo de alvo e o produto utilizado”, pondera Moura e reforça a preocupação de fazer a aplicação no momento correto e seguir as recomendações. “Inclusive hoje tem alguns produtos que na bula já tem bicos homologados para serem usados com aquele tipo de produto.”

O pesquisador Vitor Romani, da Agroefetiva, observa que o tema tem vários desafi os e aspectos. Ele destaca a importância da ponta de pulverização, da vazão e da ordem de adição dos produtos no tanque de pulverização. “Este é um tema relevante, que gera bastante engajamento, especialmente no que diz respeito à taxa de aplicação e à vazão da calda. A região trabalha com um volume de calda mais baixo, o que apresenta um desafi o: fazer com que o defensivo fi tossanitário chegue com segurança ao alvo. Um ponto é mitigar o risco de deriva, pois ao reduzir o volume de calda, o risco de deriva aumenta, o que pode resultar na perda de doses do produto no alvo ou até causar problemas com propriedades vizinhas. Este risco é mais comum em regiões de alta temperatura e baixa umidade, onde a taxa de evaporação também é muito alta”, explica.

Romani enfatiza a importância da escolha do bico ideal. “Há uma grande quantidade de bicos no mercado e uma alta necessidade de aplicação de defensivos nas lavouras no Brasil. Isso não significa que todos os produtos exigem o mesmo tamanho de gota. Utilizar uma única ponta de pulverização para todas as aplicações pode resultar em perdas.” Portanto, saber selecionar as pontas de pulverização é crucial no contexto da quantidade de produtos aplicados nas lavouras.” Ainda segundo o pesquisador uma boa aplicação também está relacionada ao custo. “Reduz o custo e melhora a performance das lavouras. Outro aspecto importante é a aferição dos equipamentos. Por exemplo, se houver uma perda de 10% de produto, e considerando um gasto de R$100.000 em produtos, isso resultaria em uma perda de R$10.000. Saber se as pontas de pulverização já passaram da sua vida útil e precisam ser substituídas é um ponto muito importante.”

Manejo da resistência e controle de plantas daninhas no milho

O controle de plantas daninhas tem se tornado cada vez mais desafiador nos últimos anos, especialmente devido ao aumento dos casos de resistência a herbicidas. Nesse cenário, o cultivo do milho se destaca como uma oportunidade para manejar essa resistência, já que permite a aplicação de herbicidas com mecanismos de ação diferentes daqueles utilizados na soja. É essencial aproveitar essa oportunidade de manejo e evitar a simplificação no uso de herbicidas, frequentemente reduzida ao uso do glifosato.

“Sabemos da importância do milho safrinha para o Mato Grosso do Sul, mas é crucial tomar medidas para garantir boa produtividade, permitindo que a lavoura alcance todo o seu potencial produtivo. A safra de milho praticamente dobrou de produção em dez anos, evidenciando a importância crescente desse cultivo. O valor agregado do milho safrinha motiva os produtores a buscarem mais produtividade e qualidade na segunda safra”, comenta o engenheiro agrônomo Mateus Gonçalves, da Coamo em Laguna Carapã.

Ele acrescenta que o aumento das áreas de cultivo de milho, elevaram também o problema de resistência ou tolerância das plantas daninhas ao glifosato, um dos herbicidas mais utilizados. “Isso exige um manejo cada vez mais específico para o milho. No caso do glifosato a aplicação deve ser feita até o estágio V5, para evitar problemas durante a polinização ou formação de grãos.”

De acordo com o agrônomo, as principais plantas daninhas da região são a buva e trapoeraba, comuns em todo o Brasil. Outras plantas, como vassourinha, carrapicho e pé-de-galinha, também têm causado problemas. “Essas plantas, inicialmente presentes nas bordas dos campos e carreadores, estão se alastrando devido à quantidade de sementes que produzem. A vassourinha, em particular, tem se tornado uma preocupação mesmo em áreas onde se aplica o glifosato. O controle efi caz das plantas daninhas deve ser realizado logo no início da cultura, pois o milho define seu potencial muito cedo. O atraso no controle pode resultar em perdas significativas”, alerta.

Gonçalves ressalta que o planejamento é fundamental. Para que isso ocorra, o cooperado precisa se antecipar. “A escolha do híbrido, o que ele suporta em termos de aplicação, e como será o manejo são ações fundamentais para o sucesso da atividade. A falta de planejamento pode levar a um manejo inadequado, impactando negativamente a produtividade. As safras estão interligadas, e é importante adotar medidas que refl itam também na segunda safra, utilizando controles diferentes para as plantas daninhas. Essa abordagem permite quebrar a resistência, especialmente durante o milho safrinha, quando é possível aplicar diferentes mecanismos de ação.”

Gabriela Bernava Moralis (Laguna Carapã), Álvaro Ricardo Moreira (Dourados), Mateus Goncalves (Laguna Carapã), Doglas Cândido Braga (Sidrolândia) e Marlon de Barros (Peabiru)

Palestra em Dourados, para cooperados do Mato Grosso do Sul
Comercialização: ficar atento as oportunidades

Uma das novidades do Encontro de Inverno, em Dourados (MS) e Campo Mourão (PR), foi uma palestra com o tema “Mega tendência do agronegócio”, com o consultor da Agrinvest, Jeferson Souza. Ele apresentou as perspectivas sobre a comercialização de produtos agrícolas. "Trouxemos um pouco sobre as perspectivas no curto prazo. O que o produtor pode esperar ainda dessa safra que ele tem para comercializar. Mas, o maior foco foi para a safra que vem", afirma Souza.

O consultor comenta que o produtor tem pouca soja vendida, com um grande volume ainda para ser comercializado. Com isso, ele precisa ficar muito atento às oportunidades que o mercado pode oferecer. "Estamos em um momento de volatilidade em Chicago, o que pode trazer uma certa melhora para o produtor", explica Souza que ainda alerta sobre a necessidade de cuidado com a safra futura, que começará a ser plantada a partir de setembro. "Apenas 10% da safra está comercializada, então ainda há 90% para vender, o que é um número historicamente baixo", destaca.

Segundo ele, é essencial que o cooperado se mantenha informado sobre as movimentações do mercado, especialmente os números macroeconômicos. "Quando olhamos para o Brasil, temos uma opção muito mais ampla e clara. É importante também entender a combinação entre custo de produção e preço de venda. Não basta focar apenas no preço de venda sem acompanhar os custos, pois isso pode trazer problemas no futuro", enfatiza Souza.

O especialista lembra que o preço da soja no Brasil é formado por três fatores: cotação da Bolsa de Chicago, prêmio (que pode ser positivo ou negativo, ou seja, um ágio ou um deságio) e o dólar. "O grande desafi o para a temporada que vem é o gerenciamento de uma oferta que tende a crescer bastante. É claro que, ao falar de previsão de oferta, o clima pode surpreender. Porém, o produtor deve encarar isso como um desafio, pois a oferta pode ser grande na próxima temporada. No curto prazo, há uma possibilidade de incremento no preço, mas no longo prazo, a situação não é muito otimista", acrescenta.

Souza destaca que a comercialização começa com o custo de produção. "Sempre falo que a bússola do produtor rural é a relação de troca. A moeda dele é o que ele produz, seja soja, milho, ou outro produto. Ele precisa olhar muito para essa ótica e, sobretudo, defender o que é mais importante para ele, que é a margem", explica.

Ainda segundo o consultor, a ferramenta mais importante para iniciar a comercialização é o travamento dos custos. "Quem trava custos já começa a comercialização com uma condição mais favorável. O problema é deixar tudo aberto; se a soja cair e o milho cair, a relação que era boa fica ruim. Se a soja subir e o milho também, ótimo, você acertou. Mas, se ocorrer o contrário, as margens ficam apertadas e o negócio pode gerar prejuízo", conclui Souza.

Palestra em Campo Mourão, para cooperados do Paraná e Santa Catarina
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