Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 549 | Agosto de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

EDSON JOSÉ DE VASCONCELOS

Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná

“A indústria é fundamental para a economia paranaense e Estado tem um potencial enorme para desenvolver ainda mais o setor.”

Prestes a completar 80 anos, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) é a instituição que defende os interesses da indústria paranaense, trabalhando pelo desenvolvimento sustentável do setor. “Fazemos isso tanto representando as indústrias nos diferentes debates sobre questões que impactam o setor quanto ofertando serviços para auxiliar as empresas para que tenham trabalhadores capacitados, aumentem sua produtividade e conquistem novos mercados”, afirma o presidente da Fiep, Edson José de Vasconcelos.

Pioneira na agroindustrialização paranaense, a Coamo segue investindo em suas indústrias para oferecer produtos de alta qualidade aos consumidores e gerar renda aos cooperados por meio da verticalização de sua produção. O presidente da entidade reconhece a importância das cooperativas para o processo produtivo e destaca a participação da Coamo neste segmento.

Revista Coamo: Qual é a importância da Fiep para o desenvolvimento industrial sustentável no Paraná e no Brasil?

Edson José de Vasconcelos: A Fiep é uma entidade originada da união dos sindicatos empresariais que representam os diversos setores da indústria, das diferentes regiões do estado, que atua com o propósito de transformar o Paraná no melhor lugar para a indústria no Brasil. Além de ser a legítima defensora dos interesses do setor industrial paranaense, a Federação também estabelece as diretrizes da atuação do Sesi, do Senai e do IEL, as outras instituições que formam o que é conhecido como Sistema Fiep. Atualmente, o Sistema Fiep possui presença em 37 cidades paranaenses, com 48 unidades operacionais fixas, e atua em todos os munícipios por meio de mais de uma centena de unidades móveis.

RC: Quais são as principais diretrizes do Sistema Fiep?

Edson: O Sistema Fiep tem a missão de promover, representar e defender a indústria paranaense, em busca da melhor competitividade e desenvolvimento sustentável. Fazemos isso tanto representando as indústrias nos diferentes debates sobre questões que impactam o setor quanto ofertando serviços para auxiliar as empresas para que tenham trabalhadores capacitados, aumentem sua produtividade e conquistem novos mercados.

RC: A participação do setor industrial no desenvolvimento do Estado do Paraná é relevante? Qual a sua importância no PIB do Paraná e do Brasil?

Edson: A indústria paranaense é forte e diversificada, com importantes polos espalhados por todas as regiões e responde por 27,4% do Produto Interno Bruto do estado. A indústria do Paraná também é responsável por 6,5% do PIB Industrial brasileiro. Isso coloca o nosso parque fabril como o quarto principal do país, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. E, quando se considera apenas a indústria de transformação, o Paraná sobe para a terceira colocação.

RC: Qual o raio x do Sistema Fiep? Quantas indústrias existem no Paraná, qual a divisão por segmento industrial, quantos empregos, entre outros?

Edson: São 37 segmentos industriais em atividade Paraná, totalizando quase 76 mil empresas que estão sob a representação institucional da Fiep. Juntas, elas geram mais de 1 milhão de empregos diretos. Entre os principais setores em termos de valor de produção estão os de alimentos, veículos, produtos químicos, derivados de petróleo e biocombustíveis, máquinas e equipamentos e celulose e papel. Já entre os maiores empregadores estão os setores de alimentos, construção de edifícios, vestuário e têxtil, obras de infraestrutura, produtos de metal, veículos, móveis, máquinas e equipamentos e produtos de madeira.

RC: Como a Fiep chega aos seus 80 anos? Quais as principais conquistas?

Edson: Uma das maiores conquistas é chegar aos 80 anos como uma das mais relevantes entidades do setor produtivo paranaense, sendo respeitada como a principal voz da indústria de nosso estado. Além disso, o Sistema Fiep passou por um grande processo de expansão nessas oito décadas. Mas o mais importante é perceber como a Federação contribuiu para a evolução do nosso segmento. Se, em 1944, a indústria paranaense era composta por poucos setores extrativos ou com menor poder de agregação de valor, atualmente o Paraná é uma potência industrial.

Nascido em Cascavel, Edson Vasconcelos é graduado em Engenharia Civil pela UFPR. Como empresário, atua nos ramos da construção civil, imobiliário e de energias renováveis. Entre outras instituições, presidiu a Associação Comercial e Industrial de Cascavel (ACIC) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná (Sinduscon-Oeste). Na Fiep, foi vicepresidente por 12 anos e coordenou o Conselho Temático de Infraestrutura antes de chegar à presidência, cargo que assumiu em outubro de 2023 para um mandato de quatro anos.
"A COAMO É UM EXEMPLO DE COOPERATIVISMO PARA O BRASIL E PARA O MUNDO, E CADA VEZ MAIS AMPLIA SUA RELAÇÃO COM A INDÚSTRIA."

RC: O que a Fiep oferece para que a indústria possa identificar oportunidades e aumentar sua competitividade?

Edson: A Fiep possui áreas que atuam justamente para auxiliar o setor a prospectar novas oportunidades, especialmente no exterior. Por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN), prestamos apoio às indústrias que querem buscar novos mercados. Já Sesi, Senai e IEL são ferramentas indispensáveis para ajudar na competitividade das empresas. Cada uma em sua área de atuação – o Sesi na segurança e saúde do trabalhador e na educação básica, o Senai na capacitação profi ssional e no apoio à tecnologia e inovação e o IEL na educação executiva e gestão de talentos –, essas instituições olham para as necessidades e tendências que afetam o crescimento da indústria e atuam para o seu fortalecimento.

"Uma das maiores conquistas é chegar aos 80 anos como uma das mais relevantes entidades do setor produtivo paranaense, sendo respeitada como a principal voz da indústria de nosso Estado."

RC: Como analisa e avalia os cenários econômico, político e social atualmente no nosso país?

Edson: No cenário político, vivemos um momento de grande polarização, em que o debate ideológico muitas vezes tem se imposto sobre o debate técnico, o que dificulta a busca por soluções para muitos dos desafios que o país enfrenta. Isso também influencia a economia, que sente os efeitos de um ambiente de certa instabilidade, que não dá segurança para quem quer investir. Na Fiep, a atual diretoria tem buscado atuar com independência, mas mantendo uma relação respeitosa e propositiva com as diferentes esferas do poder público, com o objetivo de sensibilizar governantes e parlamentares sobre o impacto positivo que a indústria tem para o desenvolvimento.

RC: Quais os principais desafios a serem suplantados na área industrial? Quais as soluções apresentadas pela Fiep para superar esses desafi os?

Edson: A indústria é fundamental para a economia paranaense, mas temos convicção de que o Paraná possui características que fazem com que o estado tenha um potencial enorme para desenvolver ainda mais o setor. Para isso, a atual diretoria estabeleceu um propósito claro para a atuação da Fiep: transformar o Paraná no melhor lugar para a indústria no Brasil. Temos buscado reaproximar a entidade das indústrias de todo o estado, com a intenção de entender as necessidades de cada setor e de cada região, e obter subsídios para a construção de uma proposta de política industrial para o Paraná. Uma política que ajude o setor a superar desafios em áreas como energia, infraestrutura, inovação, atualização tecnológica e empregabilidade, que hoje comprometem nosso desenvolvimento.

"Os investimentos de cooperativas como a Coamo em fábricas para transformar aquilo que é produzido no campo têm sido fundamentais para o crescimento da indústria."

RC: Quanto ao perfil do industrial paranaense, qual é o estágio atual e as premissas de futuro para a indústria paranaense?

Edson: A indústria paranaense possui inúmeras grandes companhias, mas é composta, majoritariamente, por pequenas e médias empresas. Isso faz com que tenhamos um grande desnivelamento quando observamos o desenvolvimento tecnológico dessas indústrias. Colocar muitas dessas empresas em níveis mais elevados de tecnologia e inovação é um desafio que também está entre as prioridades do Sistema Fiep.

RC: A Inteligência Artifi cial, o ESG e a Indústria 5.0 são novidades. Como conviver e utilizar tudo isso para ser mais competitivo na área industrial?

Edson: Esses são conceitos e tecnologias que ainda não estão ao alcance de todas as indústrias. Precisamos buscar um maior nivelamento também nessas questões, proporcionando que empresas menores adotem práticas mais avançadas. Para contribuir nesse processo, o Sistema Fiep lança mão de iniciativas como a Jornada da Produtividade, um programa desenvolvido em vários níveis que tem o objetivo de aumentar a maturidade digital das indústrias e contribuir com a sua eficiência e competitividade.

RC: Como o senhor avalia a evolução do cooperativismo que transforma, gera renda e produz alimentos para o Brasil e o mundo por meio das agroindústrias?

Edson: Os investimentos de cooperativas como a Coamo em fábricas para transformar aquilo que é produzido no campo têm sido fundamentais para o crescimento da indústria. Hoje, o setor de alimentos responde por quase 40% do PIB Industrial do estado, em grande medida porque as cooperativas entenderam a importância de agregar valor à sua produção. E esse movimento só deve crescer. Segundo a Ocepar, o faturamento das cooperativas deve passar dos R$ 200 bilhões registrados em 2023 para até R$ 500 bilhões em 2030. Para que isso se concretize, temos mantido contato próximo com a Ocepar e com várias cooperativas, incluindo a Coamo, para buscar soluções para gargalos que podem frustrar essas projeções de crescimento, principalmente na área de infraestrutura.

RC: Qual sua mensagem à diretoria e cooperados da Coamo?

Edson: Quero parabenizar a diretoria da Coamo e todos os seus cooperados pelos resultados alcançados e pela grande contribuição que dão para a economia e para o setor produtivo do Paraná. A Coamo é um exemplo de cooperativismo para o Brasil e para o mundo, e cada vez mais amplia sua relação com a indústria. Por isso, o Sistema Fiep está sempre à disposição para auxiliar a Coamo em tudo o que estiver dentro das nossas atribuições e competências.

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