Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 472 | Agosto de 2017 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE INVERNO

CONHECIMENTO DE PONTA

Mais de mil pessoas entre cooperados, técnicos da Coamo e pesquisadores de diversos institutos participaram nos dias 02 e 03 de agosto da 11ª edição do Encontro de Inverno na Fazenda Experimental. O evento prioriza ano após ano a difusão de conhecimento de forma eficaz e direta aos associados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. As novidades foram mostradas em sete estações. São tecnologias que chegam em primeira mão aos cooperados por meio do contato com pesquisadores e do departamento Técnico da Coamo.

Antes de ver na prática como as novas opções podem influenciar no resultado final, os cooperados receberam instruções sobre o objetivo do trabalho e como foi conduzido. Depois foram apresentados a ensaios com cultivares em diferentes épocas e em função disso a interação com clima, doenças, pragas, dentre outras. “O produtor que vem nesses encontros sai na frente. O encontro tem refletido em bons resultados no campo”, garante o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini.

De acordo com ele, esse é um importante trabalho realizado pela cooperativa. “A Coamo se preocupa com a evolução tecnológica do quadro social, e os cooperados fazem jus, sempre participando e mostrando interesse em evoluir. O associado da Coamo está sempre em atividade e esse é o diferencial que faz o sucesso. Temos ainda muito o que caminhar para obter mais rentabilidade nas culturas de inverno, mas com certeza, vendo essa efetiva participação o caminho é sempre mais promissor.”

O superintendente Técnico da Coamo, Aquiles Dias, ressalta que os temas são apresentados de forma que os cooperados possam se atualizar tecnicamente. “São assuntos relacionados a lavouras de inverno, bem como manejos e controle de doenças e plantas daninhas que prejudicam as culturas. Também mostramos opções para a pecuária, uma atividade de grande interesse para os associados”, comenta.

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo, lembra que os técnicos da cooperativa, também, participaram do encontro para se capacitarem e estarem alinhados com as novas tecnologias e recomendações repassadas aos cooperados. “Além de participarem dos dois dias destinados aos associados, os agrônomos e veterinários da Coamo tiveram um dia específico para eles. Assim, todos falam a mesma linguagem e repassam as informações de forma clara e com segurança para os cooperados”, destaca. Ele acrescenta que as novas tecnologias apresentadas na Fazenda Experimental, em Campo Mourão, são adaptadas e viabilizadas para as mais diferentes regiões da cooperativa no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Segundo o chefe da Fazenda Experimental Coamo, Lucas Simas de Oliveira Moreira, os encontros têm proporcionado um saldo positivo e cumprido o objetivo. “O conhecimento gera resultado positivo dentro da propriedade, independente, da atividade. Seja agricultura, pecuária ou integrando as duas atividades, estamos sempre buscando novas opções e tecnologias para melhorar a atividade dos cooperados”, assinala.

Gallassini participou dos dois dias de encontro. De acordo com ele, esse é um importante trabalho realizado pela cooperativa. Ao lado, o chefe da Fazenda Experimental Coamo, Lucas Simas de Oliveira Moreira, durante abertura do evento

OPÇÃO DE TRIGO NO SISTEMA

Fundamental para o sistema de produção, o trigo é uma cultura determinante para garantir a sustentabilidade socioeconômica da propriedade agrícola. Nas regiões onde o clima permite, o cultivo do cereal é decisão certa. Porém, a escolha da variedade deve ser realizada com precisão, de acordo com a realidade de cada área. Para ajudar o cooperado nessa tarefa, a estação sobre variedades de trigo, coordenada pelo engenheiro agrônomo da gerência de Sementes da Coamo, Breno Rovani cumpriu a missão, apresentando 15 cultivares.

Rovani explica que a cultura, ainda, é um desafio. “É comum o cooperado ter em mente que se trata de uma cultura de alto risco. Mas, existem formas de minimizar, com um bom posicionamento técnico e escolha de cultivares. A pesquisa tem trabalhado de maneira a reduzir esses riscos.”

Segundo o coordenador, existem diferenças significativas entre cultivares para itens como, por exemplo, doenças. “Tem comportamento de cada cultivar para cada doença – foliares, de espiga, etc. Então, o melhoramento genético tem trabalhado para sanar os problemas”, afirma.

O técnico enfatiza que o trigo agrega de forma relevante ao sistema produtivo. “Seja na cobertura, na palhada, no manejo de plantas daninhas, este cereal facilita o manejo. Na Coamo, temos regiões que não são aptas para o plantio do milho no inverno, e nessas regiões o trigo é a cultura mais importante para aquele município. Porém, mesmo naquelas em que é viável as duas culturas, é preciso colocar o trigo também no sistema, e não só o milho de segunda safra.”


SEGURANÇA EM CAMPO

André Mateus Prando, pesquisador da Embrapa Soja, explica que a Embrapa apresentou quatro cultivares de trigo. “Uma das variedades apresentadas – fruto da parceria entre Embrapa, Iapar e Fundação Meridional, está sendo lançada neste ano, a BRS - Sanhaço. Trata-se de uma cultivar de boa produção, sanidade e ampla adaptação, inclusive para todas as regiões da área de ação da Coamo em que há cultivo do cereal. Sem dúvida agregará muito ao produtor de trigo. Estamos sempre buscando melhorar para dar mais segurança ao agricultor. ”

Luiz Cezar Tavares, da Embrapa Soja, também fala da cultivar BRS - Sanhaço. “Tem ampla adaptação, é uma cultivar trigo/pão, que atende essa demanda de mercado por qualidade, com boa estabilidade em época de semeadura. É bem produtiva. Tem boa sanidade e alto rendimento”, destaca o pesquisador.

Do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o pesquisador Klever Marcio Antunes Arruda, doutor em melhoramento genético, também, apresentou a cultivar IPR Catuara. “É um material de alta precocidade e qualidade tecnológica, classificado como trigo melhorador, que vai muito bem em regiões mais quentes, principalmente, na região Norte do Paraná e Mato Grosso do Sul. Se sobressai por conseguir elevar a produção em temperaturas mais elevadas, mantendo a qualidade. ”

Arruda salienta que para a pesquisa, o trigo ainda é um grande desafio. “A pesquisa tem se focado na resistência e tolerância à determinadas doenças e condições climáticas. O trigo é essencial no sistema produtivo, viabilizando a cultura de verão na fertilidade do solo e controle de plantas daninhas”, acrescenta.

Quem, também, esteve nesta estação de pesquisa, foi Ralf Udo Dengler, pesquisador da Fundação Meridional. “Apresentamos cinco cultivares em parceria com o Iapar e a Embrapa. Cada uma tem sua característica específica. Porém, o destaque em todas é o potencial produtivo. São trigos de alta performance. ”

Ainda foram apresentadas cultivares da Biotrigo, Coodetec e OR Sementes.

Luís Cesar Voytena (Campo Mourão), Wesley Ricardo Brandão (Manoel Ribas), Breno Rovani (Campo Mourão) e Rubem Carlos de Oliveira Hubner (Mamborê)

André Mateus Prando, da Embrapa Soja Klever Marcio Antunes Arruda, do Iapar

Luiz Cezar Tavares, da Embrapa Soja Ralf Udo Dengler, da Fundação Meridional

ATENÇÃO COM A BRUSONE

BRUSONE EM TRIGO FOI UM DO ASSUNTOS ABORDADOS NO ENCONTRO, TRATANDO, ENTRE OUTROS ASPECTOS, DO MANEJO ADEQUADO PARA CONTENÇÃO E DIFICULDADE NO CONTROLE

Diego Ferreira de Castro (Mamborê), Fernando Mauro Soster (Ivaiporã), Paulo Henrique Boeing Noronha Dias (Campo Mourão), Douglas Sala de Faria (São Pedro do Iguaçú) e Guilherme Fengler (Caarapó)

Molhamento de mais de dez horas, temperatura média de 25 °C no período de espigamento da cultura. Essas são condições ideais para o surgimento da brusone na lavoura de trigo. Doença que causa lesão na espiga da planta e gera perdas significativas na produtividade.

O tema esteve entre as sete estações do encontro e abordou, entre outros aspectos, o manejo adequado para contenção da doença e dificuldade no controle. De acordo com o engenheiro agrônomo Paulo Henrique Boing Noronha Dias, do Detec da Coamo em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) e que coordenou a estação, a brusone pode ocorrer principalmente nas regiões mais quentes onde se cultiva o cereal. “Podemos afirmar que a principal ferramenta de prevenção é a época de plantio e o manejo de variedades tolerantes. Isso porque a condição climática favorável é a grande vilã para o aparecimento da doença. Então, conforme se maneja a época de plantio, se escala o risco do aparecimento da doença na lavoura”, afirma o agrônomo. Ele alerta que somente a utilização de variedades tolerantes não é o suficiente para garantir a prevenção em caso de alta pressão do fungo. “O ideal é associar a melhor época de plantio com a utilização de variedades tolerantes”, orienta.

A lesão de espiga é a principal anomalia provocada pela brusone no trigo. Contudo, a doença pode atacar todos os órgãos da planta, desde o colmo até as folhas, segundo Paulo Dias. “Muitas vezes o material não tem lesão nenhuma na folha, mas a partir do momento de enchimento de grãos começa a demonstrar a brusone. Então, não há uma correlação entre a folha e a espiga. Existe a correlação entre o clima favorável e a presença da doença no campo”, comenta.

Outros fatores apresentados na estação foram relacionados a dificuldade de controle por meio dos fungicidas disponíveis no mercado, que atualmente possuem eficiência de no máximo 40%, e a própria operacionalização da aplicação que muitas vezes não atinge a região necessária da planta. “Não temos produtos com extrema segurança para recomendação. Mas, talvez a maior dificuldade seja a tecnologia de aplicação que não chega ao ponto de infecção da planta”, conclui.

FOCO NA SEMEADURA

Pedro Sentaro Shioga, do Iapar

Atacando a espiga do trigo, que é o componente de produção direto do cereal, a doença causa um dano de produtividade preocupante, na opinião do pesquisador Pedro Sentaro Shioga, fitopatologista do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Conforme ele, a pesquisa vem trabalhando forte para encontrar alternativas de prevenção e controle do fungo. “Mas, enquanto não há evolução o agricultor precisa estar bem informado para saber lidar com essa doença e correr menos riscos”, alerta Shioga.

De acordo com Shioga, a pesquisa tem trabalhado no desenvolvimento de cultivares resistentes e produtos com melhor eficiência de controle. “É um grande desafio. Orientamos aos agricultores para fazer o manejo adequado, principalmente, relacionado a época de semeadura para que durante o espigamento não coincida com o período favorável ao desenvolvimento do fungo”, sugere.

MANCHAS FOLIARES EM PAUTA

MANCHA FOLIAR EM TRIGO ESTÁ ENTRE AS DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DA CULTURA, CAUSANDO PERDAS SUPERIORES A 50% E COM ALTO CUSTO DE CONTROLE

Roberto Bueno (Campo Mourão), Brian Kim Neves (Ivaiporã), José Marcelo Fernandes Rúbio (Mamborê) e Sandro Rodrigo Klein (Roncador)

A mancha foliar em trigo está entre as doenças mais importantes da cultura. É um fungo que sobrevive em restos de palhada e nas sementes. Pode causar perdas superiores a 50%, além do alto custo e dificuldade de controle. “Demonstramos com trabalhos de campo que a rotação de culturas é essencial para o sucesso no manejo, bem como a utilização de controle químico com fungicidas – foliares e tratamento de sementes – e a resistência/tolerância genética devem ser consideradas”, comenta o engenheiro agrônomo José Marcelo Fernandes Rúbio, do Detec da Coamo em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná) e coordenador da estação.

De acordo com Rúbio, a doença está disseminada nas regiões produtoras de trigo e ocasionou grande prejuízo na safra 2016. “Estamos tendo dificuldade de controle, com mais aplicações e doses maiores. Isso tudo onera a produção de trigo”, frisa.

A doença está relacionada, principalmente, a umidade, ou seja, quanto mais chuva, mais favorável para infecção e desenvolvimento da doença. Outro ponto importante é sucessão de lavouras, com o plantio de trigo em uma mesma área ano após ano. “O fungo sobrevive na palhada por até 18 meses, e quando se planta trigo sobre trigo a planta já pode nascer com a doença. Portanto, a rotação de culturas acaba sendo a principal ferramenta de controle. Na região Norte do Paraná basta apenas uma safra sem trigo para que a rotação aconteça, enquanto no Sul do Estado são necessárias duas safras.”


Sérgio Ricardo Silva, da Embrapa Trigo
QUANDO FAZER AS APLICAÇÕES DE FUNGICIDAS?

Conforme o pesquisador da Embrapa/Trigo, Sérgio Ricardo Silva, o clima e o ambiente são fatores predominantes para o aparecimento e disseminação da doença. “A mancha foliar precisa de algumas condições e combinação entre temperatura e umidade. Nesse ano, por exemplo, foram mais de 50 dias sem chuva em Campo Mourão e a doença não se propagou”, analisa.

O pesquisador comenta que o prejuízo pode ser financeiro e, também, para o sistema produtivo. “A perda na produtividade é em média 15%, mesmo quando faz o controle químico de forma correta. Se errar no manejo, as perdas podem chegar a 70%.”

Silva orienta para que o agricultor monitore a lavoura e faça a primeira aplicação assim que a doença começar a aparecer, geralmente durante o perfilhamento. “As demais aplicações devem ocorrer conforme o andamento do clima. Lembrando que os produtos são eficientes nos primeiros 14 dias. Uma pesquisa da Embrapa mostra que, no Paraná, quando se faz monitoramento, são necessárias em torno de três a quatro aplicações e quando não há o monitoramento são de sete a oito. A economia é substancial tendo em vista que a cultura de trigo não tem muita margem líquida de lucro.”

EXÉRCITO CONTRA MANCHA BRANCA

Edenei Swartz (Campo Mourão), Itamar Leandro Suss (Toledo), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão), Carlos Eduardo Brandão (Tupãssi) e Leandro Mansano Martines (Juranda)

Cultura que ano após ano ganha espaço na área de ação da Coamo, o milho de segunda safra ocupa uma área bastante expressiva, ultrapassando 1,3 milhão de hectares somente na região da cooperativa. Com esse constante crescimento é natural que surjam as doenças da cultura, impulsionadas, principalmente, pela prática da sucessão, com soja no verão, e milho no inverno. Uma doença que vem crescendo e causando preocupação é a mancha branca. Por isso, no Encontro de Inverno, uma estação demonstrou a eficiência de fungicidas no controle da doença.

Na prática e de forma didática, a estação experimental apresentou técnicas de manejo para reduzir os riscos e aumentar a proteção contra o fungo, capaz de provocar perdas superiores a 60%. “É uma doença que vem tirando o sono dos produtores porque, realmente, o manejo não é simples. É preciso adotar uma estratégia de controle para obter uma boa eficiência”, alerta o engenheiro agrônomo Lucas Gouveia Esperandino, supervisor da gerência Técnica da Coamo e coordenador da estação.

Ele lembra que sempre existe uma alternativa que pode ser adotada pelos produtores e que quando bem executada garante o sucesso do manejo. “Uma delas é a rotação de culturas. Outra é a escolha do híbrido adaptado para a região que tenha certa tolerância para a doença, bem como uma adubação equilibrada. E, também, a estratégia do manejo químico para completar todo o conjunto de ações que protegem a cultura da doença”, orienta.

A mancha branca se desenvolve com umidade relativa do ar acima de 60%, gosta de alta precipitação e temperatura amena entre 20 e 25 °C durante o dia e noturna na faixa de 14 a 18 °C. “São condições típicas da cultura do milho de segunda safra. Então o clima, é o principal fator para o desenvolvimento dessa doença”, acrescenta Esperandino.


Adriano Augusto de Paiva Custódio, do Iapar

EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS

Para o pesquisador Adriano Augusto de Paiva Custódio, da área de fitopatologia do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) produzir milho, principalmente de segunda safra sem a utilização de fungicidas é praticamente impossível. “Existem fungicidas com ação diferenciada para combater a mancha branca e que melhoraram a sanidade da planta. Mas, devem ser utilizados dentro de um contexto de manejo integrado”, explica Custódio.

Ele esclarece que existem efeitos diretos e indiretos relacionados ao uso de fungicidas. “O efeito direto garante uma área foliar da planta sadia por mais tempo e resulta em mais grãos por espiga e maior peso de mil grãos. Já o efeito indireto é a sanidade do colmo da planta, que favorece diretamente a colheita, uma vez que se consegue fazer a operação sem derrubar muitas espigas no chão”, ressalta Custódio.

CONJUNTO DE AÇÕES E BOAS PRÁTICAS

O sistema produtivo é bastante complexo e deve ser pensado e analisado como um todo e nunca de forma isolada. Quando se trata de controle de plantas daninhas, o planejamento tem que ser ainda mais criterioso, pois aumenta o custo da lavoura e, ainda, diminuiu a produtividade. Uma das estações no encontro abordou alternativas de herbicidas no manejo do capim amargoso na segunda safra de milho.

Quando o milho segunda safra sucede a soja, o que é uma prática comum em várias regiões da Coamo, há uma maior dificuldade em controlar e manejar o capim amargoso devido ao pequeno intervalo entre a colheita do verão e a implantação da lavoura. Existem várias opções em dessecação pré-plantio e pós-emergência da soja verão, mas após a colheita da oleaginosa e o plantio do milho, restam poucas opções de herbicidas e, ainda, com eficiência limitada. Dessa forma, sobram plantas de capim amargoso na lavoura e que irão sementear e aumentar o número de indivíduos para as próximas safras, contribuindo para a disseminação e aumento do problema.

De acordo com o engenheiro agrônomo Fabrício Bueno Corrêa, supervisor da Gerência Técnica da Coamo, o objetivo da estação foi de ressaltar a importância do manejo e controle durante todo o ano e não de forma isolada. “Não existe somente apenas um manejo, mas um conjunto de ações e boas práticas agronômicas para tornar o controle mais eficiente.”

No momento da colheita da soja, o capim amargoso estará na fase adulta. Isso se não foi manejado da maneira correta. Durante a operação de colheita, o capim é roçado e o milho vem na sequência. O problema é que quando começa o rebrote, a lavoura de milho já está em desenvolvimento e o produtor fica com poucas alternativas de controle. “As opções se restringem basicamente no controle químico, que acaba não sendo 100%. Contudo, é uma opção viável e que permite o desenvolvimento da lavoura de milho”, comenta Corrêa.

Outro ponto importante, destacado pelo agrônomo, é fazer a rotação de mecanismo de ação e princípios ativos de herbicidas para que não haja pressão de resistência a determinado produto. “O importante é que o cooperado se preocupe com o capim amargoso durante o ano todo e não de forma isolada. Também é necessário a utilização de várias ferramentas em um conjunto de ações.”


MANEJO O ANO TODO

O pesquisador da Embrapa/Soja, Fernando Adegas, lembra que o capim amargoso é a principal planta daninha e causa problemas e prejuízos em todas as regiões produtoras do Brasil. “Manejá-la durante o desenvolvimento da segunda safra de milho, ajuda no controle da planta que é perene e fica o ano todo no sistema. Durante a colheita da soja, a própria máquina já faz parte do trabalho com a roçada. Depois, é fazer a complementação com alguns produtos disponíveis. Lembrando que a planta daninha já é resistente ao glifosato e os herbicidas existentes não são tão fáceis de utilizar. Contudo, é preciso um grande esforço de todos para o controle.”

Paulo Henrique Batisti (Brasilândia do Sul), Odair Johanns (Goioerê), Juliano Seganfredo (Campo Mourão), Fabrício Bueno Corrêa (Campo Mourão) e Nilton Cesar Cavalheri (Campo Mourão) Fernando Adegas, da Embrapa Soja

PLANTEL DE OURO

O bezerro macho, tido como obsoleto nas propriedades leiteiras, pode ser economicamente viável. Este foi um dos assuntos apresentado na estação "viabilidade econômica da engorda de bezerros leiteiros e utilização de marcador molecular para seleção de animais." O objetivo foi mostrar aos cooperados a possibilidade de produzir carne de qualidade e gerar receita com os bezerros machos que muitas vezes são descartados, pois são animais sem valor e interesse por parte do produtor de leite.

Segundo o médico veterinário, Hérico Alexandre Rosseto, do Detec da Coamo em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), e coordenador da estação, foi apresentado aos cooperados um tratamento diferenciado de engorda desses animais, onde eles terão uma repercussão de ganho de peso alta, sendo mais uma fonte de renda. Ele acrescenta que essa opção é altamente viável. “Para esse aproveitamento, o cooperado utilizará uma área pequena e sem muito trabalho. Para cada 100 matrizes, terá em torno de 40 machos nascendo. Ao invés de doar, ele pode reter esses animais, fazendo todo o controle sanitário e entra no sistema intensivo de engorda, por meio do confinamento”, explica.

A Fazenda Experimental Coamo já está no segundo ciclo de engorda, comprovando a viabilidade e lucratividade deste manejo. “É uma receita a mais. Os animais comem pouco e ganham muito peso, com uma carcaça semelhante ao de corte”, frisa o veterinário.

Outro ponto apresentado na estação foi a utilização de marcadores moleculares para algumas raças. Uma tecnologia que possibilita segurança na avaliação de animais que tem fenótipo – características visuais – semelhantes. É uma ferramenta barata e que garante a seleção de animais com as características desejadas com base na análise do DNA do animal, isto é, mais de 90% de acerto. “Pelos da cauda do animal são enviados ao laboratório para análise da parte interna do DNA, onde estão os cromossomos. Dentro destes, estão todos os genes que definirão as características desse animal”, afirma o médico veterinário.

Hérico destaca que é possível mapear diversas informações do animal. “É possível saber se crescerá rápido, se produzirá mais leite, se terá produção de defesa orgânica maior ou menor, para ter mais defesa às doenças, como por exemplo, ter menos mastite, diarreia, pneumonia. Se o animal terá colocação de musculatura mais ou menos rápida. Tudo isso está grafado geneticamente. ”

Cesar Augusto Pante Neto (Toledo), Hérico Alexandre Rossetto (Campo Mourão), Adriano Regiani Pereira (Engenheiro Beltrão) e Fábio Adriano Guimarães Pinto (Ivaiporã)

O laboratório enviará um laudo ao produtor rural, mostrando as capacidades e deficiências do animal. Com esse mapa do DNA, o cooperado pode avaliar qual animal ele pode deixar na propriedade e qual pode descartar. “Assim, vai aumentando a qualidade genética do plantel”, explica Rosseto.

Ele ainda ressalta que se trata de um procedimento simples e de baixo custo, mas com alta relevância. “Existe um kit especial, onde o cooperado colocará a amostra – pelos da cauda com a raiz - com uma fita adesiva, levará até a Coamo que tem parceria com a empresa que encaminha à um laboratório. Depois vem um laudo definindo como é este animal geneticamente, com todas as características produtivas. Assim, fica fácil de discernir junto a um técnico da Coamo o destino do animal. ”

RENTÁVEL E SUSTENTÁVEL

Renato Roque Mariani Júnior (Mamborê), Luiz Eduardo de Oliveira (Boa Esperança), Marcio Adriano Delecrod (Mangueirinha), Tiago Ertel (Manoel Ribas) e Carlos Vinicius Precinotto (Pitanga)

Opções de forrageiras de inverno no sistema de integração lavoura-pecuária foi outro tema de destaque no Encontro de Inverno. Foi apresentado aos cooperados, os resultados e viabilidade econômica de 16 anos do sistema na Fazenda Experimental e opções de forrageiras que podem ser utilizadas sem perder eficiência no sistema de produção.

De acordo com o coordenador da estação, o médico veterinário, Renato Roque Mariani Junior, do Detec da Coamo em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná), o cooperado visualizou o que significa a integração lavoura-pecuária para o sistema e qual o formato adequado para cada região. “Mostramos as variedades de inverno, os resultados de produção de matéria seca e verde, que obtivemos em relação a folhas, que aumentará a produtividade tanto de leite quanto de carne. ”

Ao todo foram 20 variedades apresentadas entre trigo, aveia, azevém, centeio, brachiária ruziziensis e triticale. “O cooperado pôde ver todos esses experimentos e os resultados de 16 anos do sistema de integração lavoura-pecuária. Foram em média cerca de 140 sacas de soja por alqueire líquido por ano neste sistema,  ou seja, é uma opção muito rentável e que se bem manejada traz uma rentabilidade muito interessante na propriedade. ”


AGREGANDO VALOR

O pesquisador do Iapar, Alceu Assman, PHD em integração lavoura-pecuária, explica que a tecnologia veio para ficar. “Este sistema diversifica a propriedade, reduz riscos de perda, aumenta o rendimento, assegurando a sustentabilidade com intensificação para o futuro. Isso nos permite exportar mais carne e leite e, consequentemente, agregar mais valor a propriedade rural. ”

Alceu Assman, do Iapar

O cooperado que pretende sair na frente em produção e tecnologia, tem a opção de desenvolver o sistema de Integração lavoura-pecuária, conforme Assman ressalta. “É um ótimo sistema, e para o Sul do Brasil se adequa ainda melhor, pois temos condições de produzir grãos e na mesma área ter animais. Essa é a sustentabilidade com intensificação que o produtor deve buscar. ”

Alceu Assman acrescenta que quanto maior o consórcio diversificado de culturas mais benefícios se obtém. “Melhora o solo e a produção vegetal de forragens.  É muito viável, e se o cooperado tiver dúvidas, basta buscar na Coamo todos esses dados coletados em 16 anos do sistema, e o apoio do departamento técnico para não correr riscos. ”

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica, Aquiles Dias, Superintendente Técnico, Ricardo Calderari, diretor-secretário, Claudio Rizzatto, vice-presidente, e José Aroldo Gallasssini, presidente da Coamo

Cooperados durante visita aos maquinários e implementos agrícolas


ENCONTRO EM NÚMEROS

11ª edição

Participação de 1.000 pessoas entre cooperados, pesquisadores e técnicos da Coamo

07 estações apresentadas com os seguintes temas:

- Eficiência de fungicidas para controle de mancha branca em milho 2ª safra

- Cultivares de trigo

- Manejo de brusone em trigo

- Alternativas de herbicida no manejo do capim amargoso em milho 2ª safra

- Estratégias para manejo de manchas foliares em trigo

- Viabilidade econômica da engorda de bezerros leiteiros e utilização de marcador molecular para seleção de animais

- Opções de forrageiras de inverno no sistema de integração lavoura pecuária


“Vale a pena prestigiar esse evento que a Coamo promove com tanta dedicação. Os temas apresentados sempre chamam a atenção. São assuntos para quem trabalha com a agricultura ou para a pecuária, que é o meu caso. São informações indispensáveis para desenvolver a atividade de forma mais eficiente e em conformidade com o meio ambiente.” Edivar Martins Alves, de Amambai (Sudoeste do Mato Grosso do Sul).

“É um dia para a gente conhecer as novidades tecnológicas e aproveitar em nossa propriedade. Geralmente, participo do encontro de verão e é a primeira vez que estive no de inverno. Ter mais opções para este período é importante e as novas variedades de trigo mostram que a cultura é uma boa opção.” Eduardo Vaz Bortoluzzi, de Goioerê (CentroOeste do Paraná).

“Conhecer novas tecnologias e sistemas contribuem para o desenvolvimento da nossa atividade. Trabalho com a pecuária e temos que buscar alternativas de manejo e novas opções para alimentação e cuidados com os animais. São informações que nos ajudam a ter mais sucesso com a atividade.” Axel Maicon Kraemer, de Goioxim (Centro-Sul do Paraná).

“É uma viagem longa, mas que vale a pena. Eventos como esse da Coamo, sempre apresentam novidades e tecnologias que podemos utilizar em nossa propriedade para melhorar a produção.” Mauro Rosina, de Xanxerê (Oeste de Santa Catarina).

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