Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 489 | Março de 2019 | Campo Mourão - Paraná

AGRICULTURA

Armadilha para as pragas

Cooperado Cleverson conta que vem adotando o refúgio desde que surgiu a biotecnologia na agricultura

A implementação de ferramentas que tenham efeitos decisivos para o manejo de insetos é fundamental para superar um dos maiores desafios da agricultura brasileira: a evolução da resistência dessas espécies. A adoção de áreas de refúgio é a alternativa mais eficaz nessa luta contra a resistência de pragas.

O refúgio é uma área cultivada com plantas não Bt da mesma espécie, e essa área tem como função produzir insetos suscetíveis às proteínas inseticidas que irão se acasalar com os insetos resistentes provenientes das áreas Bt, gerando novos indivíduos suscetíveis à tecnologia. O objetivo de manter uma população de pragas vulneráveis ao efeito inseticida da variedade transgênica é preservar os benefícios da tecnologia.

Na Fazenda Reginato, que leva o nome da própria família, localizada na região conhecida como Linha Santa Laura entre os municípios de Xanxerê e Faxinal dos Guedes, no Oeste de Santa Catarina, o refúgio é uma alternativa levada a sério e faz parte do esquema da propriedade desde o início de difusão da biotecnologia. O cooperado Cleverson, que trabalha em parceria Giovani e o pai, Celito Luiz Reginato, esclarece que o manejo é encarado como um insumo.

“Adotamos desde que surgiu a primeira tecnologia Bt, porque existe todo um estudo que precisamos respeitar e levar em conta a eficiência de se fazer ou não”, observa Cleverson.

Conforme ele, o agricultor deve utilizar o sistema para ter segurança no que está fazendo e, principalmente, manter a longevidade da tecnologia. “É a única forma que temos para preservar o sistema. Todo ano plantamos pelo menos 20% da área com plantas convencionais, seja de soja ou milho”, acrescenta o cooperado.

Cleverson lembra que quando se perde uma tecnologia o mais prejudicado é o agricultor que pagou caro por ela. “A pesquisa se esforça, gasta bastante, mas também passa esse custo para o agricultor e, por isso, precisamos preservar”, afirma.

De acordo com Cleverson o custo benefício vale muito a pena. Ele revela que além de usar menos produtos agroquímicos, o que deixa a produção mais barata, ainda há uma contribuição direta com o meio ambiente. “É uma forma de não pensar só no bolso, mas também na preservação de todo nosso ecossistema”, enaltece Reginato, que cultiva junto com a família 620 alqueires (1.500 hectares) de soja, milho, trigo e eventualmente feijão, entre as safras de verão e inverno.

Na opinião do engenheiro agrônomo Vinicius Francisco Albarello, da Coamo em Abelardo Luz, todos os agricultores que utilizam tecnologia Bt precisam adotar o refúgio, pois as pragas-alvo podem migrar para áreas vizinhas. “Um plano eficiente de manejo deve ser implementado. A sustentabilidade da tecnologia depende do manejo adequado de cada propriedade”, orienta o técnico. Ele afirma que o plantio e a manutenção das áreas de refúgio, representam os principais componentes da longevidade do sistema. “O produtor tem que estar ciente de que a área de refúgio é a principal estratégia para evitar a quebra de resistência dos transgênicos, mantendo o equilíbrio ecológico e a produtividade das lavouras. É a forma de prolongar a vida útil da tecnologia, e na fazenda Reginato não é diferente, a produtividade está aumentando ano a ano”, destaca Albarello.

O agrônomo explica que a adoção do manejo certamente gera mais trabalho, capricho e planejamento, contudo, os benefícios são bem maiores. “O trabalho realizado não vai diferir muito, o que vai dar resultado é o capricho do produtor”, sugere.

Todo manejo na propriedade é planejado com o agrônomo da Coamo Vinicius Francisco Albarello Áreas de refúgio são de extrema importância para a manutenção da tecnologia Bt em milho e soja

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