Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 513 | Maio de 2021 | Campo Mourão - Paraná

DO CAMPO À MESA

O GRÃO DE OURO

A soja é o carro chefe da produção de alimentos do Brasil, maior produtor e exportador mundial desta oleaginosa. Dela se extrai o farelo, ingrediente para nutrição animal e o óleo na produção de bens de consumo para cozinha, medicamentos, biodiesel. Além disso, o país tem condições climáticas e biológicas favoráveis que garantem a produção de um grão rico em proteína e, por isso, cobiçado pelo mercado externo. Nesta edição da Revista Coamo, a soja é a protagonista, dando continuidade à série “Do campo à mesa”. Essa é a terceira reportagem. Em edições anteriores já foram apresentados o café e o trigo. Grãos que fazem parte da cadeia produtiva da Coamo, desde a lavoura até à industrialização.

No Brasil, a soja impulsiona as exportações do agro e no cooperativismo o crescimento de milhares de pessoas. É a união de várias mãos de agricultores que produzem com sustentabilidade e em espírito de cooperação. Uma destas mãos é do cooperado Luiz Carvalho da Coamo de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná). “Não existe nada mais gratificante do que produzir alimentos. Lógico que todo mundo gosta do lucro, mas primeiramente eu trabalho pelo prazer de produzir, em saber que o meu grão irá alimentar ou - tros brasileiros e chegará em outros países.”

Com o coração tomado pelo cooperativismo, Luiz Carvalho afirma que sabendo da responsabilida - de que tem por ser produtor de alimentos, procura trabalhar com sustentabilidade e se aperfeiçoando constantemente para adotar as novas tecnologias.

“A cooperativa me oferece toda estrutura e assistência técnica. Além disso, eu produzo sementes para a Coamo, o que é uma grande responsabilidade. A ideia do cooperativismo é muito forte em mim. Precisamos dessa parceria, comprometimento e união, além de adotar as melhores práticas para garantir um grão de qualidade”, afirma.

Para Luiz Carvalho é a cooperativa que oferece todo o suporte para que ele possa crescer cada ano. “A próxima safra já está planejada. No cooperativismo nos preparamos com antecedência, o que nos permite trabalhar de uma forma dinâmica e segura. Com o apoio da Coamo tenho tranquilidade para fazer o que gosto: produzir alimentos.”

Cooperado Luiz Carvalho, de Ivaiporã, sabe da responsabilidade de produzir alimentos

Primeira etapa, do processo de qualidade

Logo que chega nas indústrias, soja recebe todos os cuidados para a industrialização

Uma safra dura alguns meses e o resultado desse trabalho é entregue nas unidades da Coamo. Uma relação de confiança entre cooperado e cooperativa, que garante o sustento de milhares de famílias e a continuidade do ciclo de produção de alimentos.

“Temos muito cuidado com a soja que recebemos dos cooperados. Primeiro separamos e classificamos. Depois, ela é armazenada adequadamente, com controle de temperatura e umidade. Isso para termos uma matéria-prima de qualidade para ser industrializada, agregando valor ao que vem dos campos dos associados”, afirma Wagner Pescador, gerente da Indústria de Óleo de Campo Mourão.

Wagner explica o processo da soja. “A industrialização começa com a preparação da soja. Ela é quebrada por meio de equipamentos chamados quebradores. Na sequência, vem o peneiramento e a aspiração, onde se separa a polpa da soja da casca, que é moída e peletizada. Esse é o primeiro produto que pode ser adquirido como fonte de fibra para consumo animal. A polpa, que é fonte de proteína, após laminada é levada para o processo de extração do óleo. Desse processo saem dois produtos: o farelo de soja, também fonte de proteína animal, e o óleo, que é matéria-prima para indústria, como óleo refinado ou gordura.”

Da soja que é industrializada, aproximadamente 70%, se transforma em farelo, 20%, se torna óleo e, de 5 a 6%, casca. “O maior volume do nosso farelo é exportado, uma parte fica no mercado interno para grandes clientes, e outra parte o cooperado adquire a granel ou em sacarias de 50kg disponíveis em todos os entrepostos da Coamo”, explica Wagner Pescador.

Segundo Alexandro Cruzes, gerente Geral das Indústrias de óleo, a cooperativa está sempre atenta ao mercado e buscando melhorias em processos, tecnologias e treinamento de funcionários. “Estamos sempre aprendendo e procurando atender aos anseios de nossos clientes. Nosso foco está na melhoria contínua. As três indústrias de Campo Mourão, Paranaguá e Dourados, contam com tecnologia de ponta. Investimos também na capacitação dos funcionários. A filosofia da Coamo é de nunca se acomodar. Nossa responsabilidade é grande, pois precisamos cuidar da produção de quase 30 mil famílias.”


Wagner Pescador, gerente da Indústria de Óleo de CM Alexandro Cruzes, gerente Geral das Indústrias de Óleo

Indústria de soja em Dourados

Complexo industrial da Coamo em Dourados (MS)

Todos os anos a Coamo investe em melhorias nos processos para dar mais qualidade e segurança aos produtos e continuar competitiva. Em Dourados, no Mato Grosso do Sul, desde 2019, a Coamo conta com um moderno complexo industrial. As novas indústrias produzem farelo, óleo bruto e óleo refinado de soja. “Estas indústrias permitiram expandir a presença da cooperativa no mercado brasileiro com óleo refinado e, também, ampliar a nossa participação no mercado europeu com farelo de soja”, afirma o gerente Industrial, Emerson Mansano.

O diretor Industrial da Coamo, Divaldo Correa, destaca a escolha da região de Dourados para instalação. “O volume de soja recebido pela Coamo no Mato Grosso do Sul comportou a instalação de uma moderna indústria esmagadora de soja e de uma refinaria de óleo de soja, reduzindo o custo com o transporte do produto já industrializado ao invés de transportá-lo in natura para a industrialização em Campo Mourão ou em Paranaguá”, pondera.

As indústrias de óleo e refinaria de óleo de soja foram construídas à margem da BR 163, entre Dourados e Caarapó, com investimento superior a R$ 780 milhões e capacidade para processamento de 3.000 toneladas/dia de soja, produção de farelo de soja e uma refinaria para 720 toneladas/dia de óleo de soja, equivalente a 15 milhões de sacas. “Com as indústrias de Dourados, somados aos outros dois parques industriais, a Coamo ampliou a capacidade de processamento de soja para 8.000 toneladas/dia e a de refino para 1.440 toneladas/dia de óleo de soja refinado”, revela Divaldo Correa.

De acordo com ele, com as novas indústrias, a Coamo passou a esmagar 40 milhões de sacas de soja por ano. “Isso representa quase a metade da soja recebida pela Coamo. Crescemos também na produção de alimentos abrindo mais mercado no Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo, deixando a Coamo mais competitiva na atividade alimentícia.”

Sinergia industrial

Coamo está presente em Paranaguá (PR) desde 1990

A indústria de óleo da Coamo em Paranaguá tem capacidade para produzir 2.000 toneladas/dia. Segundo o gerente do complexo, Lincoln de Negreiros Teixeira, o parque fabril garante a força industrial da cooperativa. “Estamos na cidade e, por isso, a Coamo tem um rígido controle sobre a geração de efluentes, emissão atmosférica e controle de particulados. Estamos em sinergia com o terminal portuário, pois temos uma estrutura de manutenção para a indústria que ajuda no terminal. Produzimos 380 toneladas/dia de óleo degomado e 100 toneladas/dia de casca de soja peletizada.”

Para a melhoria contínua da indústria que agrega valor à produção dos cooperados, estão previstas algumas melhorias. “Já estão aprovados investimentos na degomagem enzimática, no silo de recebimento de soja Úmida de 6.825,00 toneladas e no sistema de moagem para resíduo de 4,5mm. Tudo isso, para que a produção dos agricultores seja cada vez mais valorizada”, destaca o gerente da indústria de óleo em Paranaguá.

Produção verticalizada

Óleo de Soja Refinado Coamo passa por várias etapas até ser envasado e comercializado ao consumidor

O óleo de soja também é matéria-prima para as fábricas de refinaria e hidrogenação da cooperativa. A indústria refina esse óleo, o tornando sensorialmente mais atrativo ao consumo humano ou hidrogenando para industrialização de margarinas e gorduras. “O óleo degomado passa por três etapas que chamamos de neutralização, branqueamento e desodorização. Na primeira etapa, neutralizamos o óleo baixando sua acidez. Seguindo depois para a segunda etapa que é o branqueamento, onde o óleo ficará mais claro em relação ao óleo degomado. Por fim, vem a desodorização, que consiste em retirar componentes voláteis do óleo. Após essas três etapas, ele está pronto para ser envasado a granel ou em garrafas pet de 900ml”, explica o gerente Industrial de Alimentos, Wellington Brianezi Cavazzani.

A cadeia da gordura inicia com o óleo branqueado. “O produto degomado passará na refinaria pelo processo de neutralização e branqueamento.

Depois seguirá para a rota de gordura. Esse óleo será hidrogenado totalmente e interesterificado, se tornando gordura. A partir desse momento, a gordura formada passará pelo desodorizador e será estocada nos tanques de processo. Assim, estará apta para ser matéria-prima para a fabricação das margarinas, que consistem na mistura de óleos líquidos e gorduras”, explica Cavazzani.

Margarinas Coamo Gorduras Vegetal Coamo

O processo de industrialização permite que se produza gorduras e margarinas com diversas finalidades. “A Coamo tem gordura para fazer bolo, balas, confeitos, panetones, sorvetes. O que determina cada aplicação são algumas características. Uma gordura de fritura, por exemplo, precisa ser mais líquida e pastosa, porque será aquecida para o processo de fritura. Já a gordura de uma massa, recheio ou biscoito, precisa ter uma característica que chamamos de maleabilidade, tem que ter um ponto onde você consegue manusear essa margarina ou gordura para que se incorpore com os demais ingredientes de uma forma mais uniforme.”

Esses produtos são comercializados nas linhas industrial e varejo por meio da marca Coamo, totalizando 15 tipos de margarinas, vendidas em potes de 500 gramas, baldes de 14,5 kg, caixas de 24 kg e sachê de 1 kg. Já as gorduras contam com 27 tipos, também em baldes de 14,5 kg, caixas de 24 kg, sachê de 500 gramas e a granel. “A Coamo está presente com sua linha alimentícia em todas as regiões do Brasil - Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e alguns Estados do Norte e Nordeste - e alguns países da América Latina. É a produção dos cooperados da Coamo na mesa de milhares de famílias”, afirma o gerente Comercial de Alimentos, Wagner Schneider.

Wellington Brianezi Cavazzani, gerente Industrial de Alimentos

Cooperando com a soja

Fernando Domingues Bosqueiro, gerente Comercial de Produtos Agrícolas da Coamo, e Rogério Trannin de Mello, diretor Comercial da Coamo

No cenário cooperativista, essa produção ganha força. São milhares de agricultores que se unem para encher navios e levar a força da cooperação para diversos países do mundo. No Brasil, em 2020, foram exportadas 82 milhões de toneladas de soja, e desse total, o Paraná respondeu por 13 milhões. Já os cooperados da Coamo exportaram três milhões de toneladas, ou seja, 3,6% de toda soja exportada pelo Brasil saíram dos campos dos quase 30 mil associados da Coamo, presentes no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Segundo o gerente Comercial de Produtos Agrícolas da Coamo, Fernando Domingues Bosqueiro, o Brasil vem ganhando espaço no mundo como produtor e exportador de alimentos. “Quebramos o recorde de maior exportador global há alguns anos. Já o recorde de maior produtor de soja mundial foi em 2020, quando passamos os Estados Unidos. Esses feitos só foram possíveis graças a disponibilidade de terras agricultáveis e sobretudo a qualidade do agricultor, que se uniu à pesquisa e trouxe tecnologia para o campo, possibilitando o aumento de produtividade. Em 2020, o agricultor brasileiro foi o que mais tirou soja do campo por hectare, superando americanos e argentinos.”

Produto de qualidade

Outro ponto chave é a qualidade da soja brasileira ser bem-vista no mundo todo. “Temos o grão com o maior teor de proteína quando comparado com outros países produtores. O mercado asiático é o principal comprador e paga um ágio para a soja brasileira em relação à soja norte-americana. Já a soja argentina, eles compram simplesmente para manter o estoque governamental, mas a preferência é sempre pela soja brasileira. Nossa soja tem um teor de proteína ao redor de 34% por cento, a americana 33% e a Argentina 32%”, afirma Bosqueiro, acrescentando que o maior mercado para a soja em grão é a China. “Os chineses querem industrializar, por isso, importam o grão e produzem óleo e o farelo para utilizar na cadeia doméstica deles.”

Segundo Fernando, quando se fala dos derivados de soja, frutos da industrialização e geração de valor e empregos na cadeia, os cooperados podem se sentir ainda mais animados. “No esmagamento de soja, acabamos sendo até mais representativos no contexto nacional, abrem-se duas vertentes, o farelo e óleo de soja. No caso do óleo de soja, o maior consumidor dos cooperados da Coamo é o mercado nacional, chegando ao lar de 20 milhões de brasileiros por meio do óleo refinado e das margarinas. O óleo de soja acaba ficando 75% no mercado nacional para consumo doméstico. Uma pequena parte acaba indo para o biodiesel. O restante produzimos como óleo bruto degomado que, também, vai para o mercado asiático para consumo humano.”

Farelo de soja

Quanto ao farelo de soja, a situação é inversa. “A maior parte é exportada para o mercado europeu, cerca de 80%, pois nosso farelo também tem mais proteína. O norte da Europa exige uma qualidade de farelo maior, então a gente acaba exportando para lá. No mercado doméstico, fica 20%, para a produção de carne de marcas tradicionais e renomadas do Brasil”, explica o gerente Comercial de Produtos Agrícolas da Coamo.

O diretor Comercial da Coamo, Rogério Trannin de Mello, acrescenta que os consumidores, nacional e internacional, conhecem o diferencial que a Coamo tem para oferecer. “Estamos presentes desde a escolha da semente, prestamos assistência técnica ao cooperado do plantio até a colheita, com todos os cuidados e boas práticas de fabricação. Realizamos um trabalho com toda a segurança que o consumidor procura. Da terra até a mesa do consumidor, existe um cuidado especial”, garante.

Sistema sustentável

O sistema brasileiro de cultivo de soja depende de tecnologias ambientalmente amigáveis e sustentáveis, como plantio direto e manejo integrado de pragas. O Brasil é líder mundial na produção de soja, pois é polo no desenvolvimento de tecnologias. “O sistema de plantio direto ocupa 100% da área de soja. É um sistema diferenciado de manejo do solo, o que facilita a possibilidade de ter até três safras durante o ano. A região de Campo Mourão é a segunda (1973) na história do Plantio Direto no Brasil”, recorda o diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, Aquiles Dias.

Por falar em safra, na de 2019/20 o Brasil produziu cerca de 125 milhões de toneladas de soja, com a ocupação de aproximadamente 37 milhões de hectares de área plantada, conforme demonstra o estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentado em setembro de 2020. Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro avançou 24,31% em 2020, frente a 2019, e alcançou participação de 26,6% no PIB brasileiro.

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados ou citados não exprimem, necessariamente, a opinião do Jornal Coamo.