Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 521 | Fevereiro de 2022 | Campo Mourão - Paraná

TECNOLOGIA

Reunião Técnica 2022

Com acesso de milhares de cooperados, Reunião Técnica colabora para o planejamento e gestão eficaz

ASSUNTOS

APRESENTADOS:

Como otimizar a adubação das culturas no sistema de produção?

Adilson de Oliveira Junior – Embrapa Soja

Quanto fertilizante aplicar no milho e no trigo - safra 2022?

Marcelo Augusto Batista – UEM

0 controle biológico como ferramenta no manejo integrado de cigarrinha do milho.

Ivan Carlos Zorzzi – Simbiose

A Coamo realizou no dia 18 de janeiro, a primeira edição do ano da Reunião Técnica. O evento substitui o tradicional Encontro de Verão na Fazenda Experimental e, assim como no ano passado, foi no formato virtual. A reunião contou com a presença de pesquisadores que apresentaram assuntos relacionados ao manejo do sistema de produção das lavouras de segunda safra.

O presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari, destaca a importância da participação dos cooperados neste evento, cujas informações são determinantes para o ano agrícola. “Há uma grande expectativa para esse encontro que apresenta informações importantes para que o associado faça um bom planejamento e gestão das atividades agrícolas”, diz.

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo, ressalta que a reunião apresentou assuntos que antecipam as necessidades dos cooperados. “Estamos mantendo a essência dos eventos presenciais, de levar informação e conhecimento de forma prática e segura. Os temas fazem parte do cenário atual, já que a segunda safra está em implantação. O objetivo é fazer com que os cooperados façam os manejos e investimentos necessários para uma boa produção, com um bom custo-benefício”, destaca.

João Carlo Bonani, chefe da Fazenda Experimental da Coamo, destaca que o formato virtual favorece para que os assuntos sejam antecipados, já que não é necessário ter as culturas implantadas como ocorre nos encontros de verão, inverno e dias de campo nas unidades.

“Com isso, é possível abordar os temas no momento mais pontual, visando as necessidades dos cooperados. O formato virtual possibilita, também, que mais reuniões sejam realizadas durante o ano e que o material possa ser visto posteriormente por aqueles que não puderam acompanhar ao vivo, já que o vídeo continua no canal da Coamo no YouTube”, diz.

Como otimizar a adubação das culturas no sistema de produção

Adilson de Oliveira Junior, pesquisador da Embrapa Soja

O pesquisador de solos e nutrição de plantas da Embrapa Soja, Adilson de Oliveira Junior, abordou como otimizar adubação das culturas no sistema de produção. Ele lembra que com a alta dos custos dos fertilizantes, esse assunto, mais do que nunca, é importante. “É fato que o custo de produção subiu e a melhor maneira de otimizar os custos é avaliando adequadamente a fertilidade do solo, por meio das análises”, diz.

Ele reitera que o primeiro passo é fazer uma amostragem bem-feita para identificar possíveis problemas. “Com isso, é possível saber se há acidez ou não para recomendar uma calagem ou uma gessagem em sub superfície. Também é possível avaliar a disponibilidade dos nutrientes, em especial de fósforo e potássio, dois produtos manejados regularmente no sistema de produção”.

O pesquisador destaca que com base nas informações, se direciona a recomendação de adubação e de fertilizante com critérios, não somente com base em históricos de manejos ou em práticas que já vinham sendo realizadas. “Existe a possibilidade, dependendo da disponibilidade de nutrientes, de até reduzir a dose e escolher um fertilizante que possui custo menor. Então, mais do que nunca, a técnica e a recomendação do engenheiro agrônomo passam a ser fundamentais para o produtor realizar o manejo da fertilidade e da adubação das culturas, com o melhor retorno possível.”

O pesquisador observa que os dados apresentados pela análise de solo devem ser interpretados, levando em consideração a entrada e saída de nutrientes. “É basicamente saber quanto foi aplicado e qual a produção da lavoura e, consequentemente, quanto foi removido daquele nutriente no sistema. Depois, é só aplicar a quantidade necessária e ajustar a adubação. Nessa condição de alto custo dos fertilizantes, é mais racional ajustar a adubação em função do que ocorreu e não do que vai acontecer.”

Quanto fertilizante aplicar no milho e no trigo - safra 2022

Marcelo Augusto Batista, professor e pesquisador da UEM

Marcelo Augusto Batista, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), abordou sobre a quantidade de fertilizante que se deve aplicar no milho e no trigo na safra 2022. Ele diz que não há unanimidade na resposta, já que a quantidade depende de muitos fatores como, por exemplo, o histórico da propriedade. “Cada área tem a sua fertilidade construída ao longo dos anos, para cada nutriente. Então, quando se pensa em quanto aplicar de fertilizantes, principalmente, focando em nitrogênio, fósforo e potássio é importante saber como estão os teores no solo, como foi feito o manejo e a partir disso tomar a decisão”, orienta.

Segundo ele, analisar o solo é uma questão cultural, já bem difundida entre os agricultores, já que sempre é falado sobre o assunto e sem essa prática é pouco provável o sucesso. “Pode ser que a área esteja precisando de potássio, e está sendo aplicado fósforo, e vice-versa. A questão é como está a fertilidade do solo para saber qual produto aplicar e a quantidade.”

De acordo com o pesquisador, em um cenário de menos investimento é importante saber como fazer o ajuste. “É fundamental uma boa análise de solo para que a decisão de investimento seja da melhor maneira possível.” Ele acrescenta que no caso do milho, a segunda safra tem um potencial inferior do que a primeira, e o investimento em fertilizante pode ser menor pela expectativa de produção. Mas, o trigo está na época preferencial e é preciso ajustar muito bem a adubação porque há uma boa expectativa de produção. “Trabalhamos em sistema de sucessão de culturas e nesse sentido todo o investimento realizado em uma cultura leva em consideração os teores que estão no solo e como poderá afetar a safra subsequente.”

Ele destaca que quando não há uma adubação adequada, o primeiro ponto é a diminuição da produtividade e o segundo será de colocar mais adubação para a próxima safra. “De qualquer forma há ganhos e perdas. Tem ainda os problemas com plantas mal nutridas, seja de sanidade, ataque de pragas e plantas daninhas, além de erosão no solo.”

Conforme o pesquisador, não há como mencionar quais fertilizantes são indispensáveis para uma cultura. “A adubação é um fator importante na produtividade. Uma área bem equilibrada pode manter ou até mesmo aumentar a produção. O mais importante é fazer uma boa análise de solo e acompanhar sempre como está a fertilidade da área para manter o sistema sempre bem adubado”, diz.

0 controle biológico como ferramenta no manejo integrado de cigarrinha do milho

Ivan Carlos Zorzzi, pesquisador da Simbiose

Cooperados de toda área de ação da Coamo têm sofrido com a alta incidência da cigarrinha do milho nas lavouras. A praga é motivo de preocupação por ser vetor de dois molicutes (classe Mollicutes-Reino Bacteria), um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt phytoplasma), além do vírus da risca (Maize rayado fino virus), e geram enfezamentos no milho, podendo causar a morte precoce da planta, tombamentos, e consequentemente, redução da produtividade.

A presença da cigarrinha do milho pode ocorrer desde a fase de estabelecimento da cultura, tendo preferência por atacar plantas jovens. Um dos grandes desafios no manejo da praga é o baixo efeito residual dos inseticidas químicos, visto que o milho emite folhas constantemente, necessitando de aplicações frequentes.

De acordo com o pesquisador da Simbiose, Ivan Carlos Zorzzi, os danos nas lavouras estão diretamente relacionados à população das cigarrinhas e a capacidade delas em transmitir esses dois molicutes, causadores das doenças. Ele ressalta que não há apenas uma ferramenta para o controle da praga, mas sim um conjunto de ações. “Entre as medidas está o manejo de plantas voluntárias de milho para evitar a sobrevivência dos insetos nas lavouras de soja, escolha de híbridos e utilização de inseticidas para o tratamento das sementes. Quando a cultura já estiver estabelecida, inicia-se o uso de inseticidas via barra de pulverização. Nesse ponto entra, também, o controle biológico com os inseticidas microbiológicos”, diz.

Ele explica que a utilização de inseticidas microbiológicos registrados para controle da praga incrementa o período de proteção da cultura. Sua ação inicia-se por contato direto com o inseto, seguido por um processo de penetração e colonização dos órgãos internos do hospedeiro. Esse processo resultará em paralisação dos movimentos e posterior morte da praga. “A cigarrinha em si, tem um potencial pequeno de causar danos. O problema é quando ela está infectada com os dois molicutes e transmite isso para a cultura. Aí sim temos um potencial elevado de perdas”, diz.

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