Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 552 | Novembro de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

SAMUEL MILLÉO FILHO

“As inovações ajudarão a melhorar a eficiência e a competitividade e promoverão mais conexão com os cooperados e consumidores.”

"A comunicação é uma das principais ferramentas para que possamos levar ao conhecimento da sociedade os diferenciais do cooperativismo perante outras formas de desenvolvimento das pessoas. Por isso, o papel dos profi ssionais que atuam no setor é essencial para que isto aconteça de forma eficaz.” A afirmação é do jornalista Samuel Zanello Milléo Filho, Coordenador de Comunicação, Imprensa e Marketing no Sistema Ocepar.

 Ele diz que dos 399 municípios do Paraná, em 130 deles a maior empresa é uma unidade de cooperativa. Quanto as inovações que estão acontecendo, Samuel Milléo diz que elas irão ajudar a melhorar a efi ciência e competitividade, o aumento da participação e do engajamento. “Além de desenvolver novos mercados e oportunidades, fortalecer a governança e a transparência, promover a sustentabilidade e responsabilidade social e a criação de uma maior conexão com os cooperados e consumidores.”

 

Samuel Zanello Milléo Filho, coordenador da área de Comunicação do Sistema Ocepar – Organização das Cooperativas do Estado do Paraná, desde junho de 1998. Formado em jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), ele é responsável por liderar uma equipe de profi ssionais para garantir uma comunicação frequente, ágil e eficaz para o público em geral e colaborar com a comunicação das cooperativas para o fortalecimento da imagem do sistema cooperativista para a sociedade.

 Revista Coamo: Como o cooperativismo contribui para o desenvolvimento econômico e social das comunidades? 

 Samuel Zanello Milléo Filho: O Sistema Ocepar, como uma organização representativa do cooperativismo paranaense, desempenha um papel fundamental na promoção e apoio às cooperativas, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das comunidades atendidas. Por meio da sua representação institucional, o sistema cooperativista paranaense, com suas 225 cooperativas registradas na Ocepar, impulsiona a economia local, geram empregos e renda, promovem o bem-estar social das pessoas, tanto de forma direta como indireta.

 As cooperativas oferecem oportunidades, além de reinvestirem parte dos resultados (sobras) nas próprias comunidades, o que gera um ciclo positivo de desenvolvimento sustentável. Um bom exemplo é a Coamo, que no início deste ano, anunciou a devolução para seus 31 mil cooperados, R$ 850 milhões de um total de R$ 2,324 bilhões em sobras no exercício de 2023. Recursos esses que fi cam nas próprias comunidades. Recente estudo realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), mostra que, especificamente nos municípios de menor porte, há fortes indícios de que a atuação das cooperativas colabora ativamente no desenvolvimento local, ou seja, nessas localidades o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior, graças a presença da cooperativa. Atualmente, dos 399 municípios do estado, em 130 deles a maior empresa é uma unidade de cooperativa – sede, entreposto ou uma agroindústria.

 RC: Quais são os maiores desafios enfrentados pelas cooperativas atualmente?

 Samuel: Internamente, manter uma gestão eficiente e transparente, voltada aos interesses dos cooperados, os verdadeiros donos do negócio. Importante estimular a participação dos cooperados na vida da cooperativa. Oferecer treinamentos para que tanto diretores, colaboradores de cooperados estejam prontos para enfrentar os desafi os impostos pelo mundo externo, adotando novas tecnologias para melhorar a eficiência. Também vejo como desafi os do setor, as mudanças climáticas, a competição global, as guerras e a necessidade de atendimento às exigências regulatórias e de mercado. Outros dois pontos importantes é encarar de frente a sucessão, tanto nos negócios como na base familiar, para isso, é necessário atrair os jovens para a atividade agropecuária.

 RC: O que diferencia o cooperativismo paranaense de outras regiões?

 Samuel: Diria que o desenvolvimento contínuo e de possuir lideranças visionárias comprometidas com o futuro do sistema. O cooperativismo paranaense se destaca pela forte cultura cooperativista, trazida por imigrantes europeus, que fundaram as primeiras cooperativas no Estado. E dentre as principais iniciativas que alicerçam este desenvolvimento está a diversificação de atividades e as iniciativas de intercooperação, servindo de modelo para outros estados e países. Outro ponto que merece destaque são as inúmeras parcerias realizadas ao longo dos anos, tanto com governos das mais diferentes correntes ideológicas, com instituições representativas do setor produtivo e outras organizações.

 RC: Como o Sistema Ocepar atua para fortalecer a comunicação das cooperativas e manter sua relevância em um mercado cada vez mais competitivo?

 Samuel: Temos uma rede bem estruturada de comunicação no setor, por meio da coordenação de Comunicação e Marketing, que lidera junto aos profi ssionais das cooperativas, diversas ações para que aconteça uma comunicação sistêmica em defesa dos interesses do setor. Todas essas ações chegam até as cooperativas e para a opinião pública, por meio dos principais veículos Paraná Cooperativo: informe, revista, rádio, mídias sociais e nos fóruns realizados duas vezes por ano. O que mantém as cooperativas conectadas com os mais diferentes públicos.

“OS COOPERADOS SÃO A RAZÃO DE EXISTIR DO SISTEMA, FOMENTAM UM COOPERATIVISMO DE RESULTADOS, QUE FAZ A DIFERENÇA NAS COMUNIDADES."

 RC: Qual é o papel da comunicação no cooperativismo? O agro se comunica bem?

 Samuel: A comunicação é uma das principais ferramentas para que possamos levar ao conhecimento da sociedade os diferenciais do cooperativismo, por isso o papel dos profissionais que atuam no setor é essencial para que isto aconteça de forma eficaz. O agro tem avançado, mas ainda precisa melhorar sua comunicação com a sociedade. Investir em uma comunicação mais simples e acessível, usando canais digitais e dialogando com o público urbano, pode ajudar a estreitar o entendimento sobre o setor. Lembro que durante uma palestra do publicitário, Nizan Guanaes para o cooperativismo, ele afi rmou que o setor “sabe muito bem produzir leite com efi ciência, mas não consegue fazer uma vaquinha”, se referindo a difi culdade em se cotizar financeiramente para realizar a sua própria defesa, por meio de campanha de marketing e se posicionar perante os constantes ataques que sofre.

 RC: Como o Sistema Ocepar trabalha e com quais ferramentas para aproximar as cooperativas dos seus públicos, especialmente os jovens?

 Samuel: Para alcançarmos o público jovem, o caminho é usar as mesmas ferramentas que eles utilizam, ou seja, as redes sociais e nos veículos tradicionais, como o informe diário, revista mensal, programas de rádio e produção de vídeos, utilizarmos uma linguagem mais acessível e adaptada para esses públicos. Ao longo da história, o Sistema Ocepar tem investido em programas de capacitação e eventos interativos direcionados aos jovens, como o Programa Cooperlíder Jovem, que busca promover um maior engajamento no cooperativismo. Precisamos falar a língua deste público, caso contrário, jamais seremos ouvidos.

 RC: De que forma as ações de comunicação podem contribuir para engajar mais cooperados e destacar o trabalho coletivo?

 Samuel: A comunicação, quando transparente e bem direcionada, reforça a importância da colaboração e o impacto positivo do cooperativismo na vida das pessoas. Nós, profissionais da área, precisamos, por meio do jornalismo e do marketing, compartilhar histórias autênticas, com pessoas reais e resultados concretos, que mostrem o valor do trabalho coletivo e ajudem a fortalecer o engajamento de todos os envolvidos.

“O agro tem avançado, mas ainda precisa melhorar sua comunicação com a sociedade. Investir em uma comunicação mais simples e acessível, usando canais digitais e dialogando com o público urbano, pode ajudar a estreitar o entendimento com a comunidade”

Samuel Zanello Milléo Filho, coordenador de Comunicação, Imprensa e Marketing no Sistema Ocepar

 RC: Como a comunicação pode ajudar a desmistifi car o cooperativismo de crédito e quais estratégias pode destacar os benefícios desse ramo em relação às instituições financeiras tradicionais?

 Samuel: Esclarecer que as cooperativas de crédito oferecem vantagens econômicas e reinvestem na comunidade é essencial. Campanhas que expliquem os valores cooperativos, depoimentos de cooperados e comparações diretas com instituições tradicionais têm sido estratégicas e eficazes. Afinal, o cooperativismo do ramo crédito é um dos setores que mais vem crescendo junto as comunidades nos últimos anos. Um diferencial de oportunidades financeiras, no campo e na cidade.

 RC: Quais inovações ou tendências irão moldar o futuro do cooperativismo?

 Samuel: A digitalização, cooperativismo de  plataforma, economia compartilhada, a sustentabilidade e o investimento em tecnologia de ponta, como a inteligência artificial e a análise de dados, são tendências que devem moldar o cooperativismo do futuro. Essas inovações ajudarão a melhorar a efi ciência e competitividade; aumentar participação e engajamento; desenvolver novos mercados e oportunidades; fortalecer governança e transparência; promover a sustentabilidade e responsabilidade social e a criar mais conexão com os cooperados e consumidores.

 RC: Então, como se adaptar à transformação digital e às novas demandas de comunicação?

 Samuel: O Programa de Inovação do Cooperativismo Paranaense, liderado pelo Sistema Ocepar é um exemplo como o setor decidiu se preparar para essas transformações que passaram a acontecer na velocidade da luz. Este programa, criado em 2019 em parceria com instituições de ensino, tem por objetivo de fomentar a cultura da inovação. O Programa, no primeiro ciclo, contou com 70 cooperativas e 539 participantes, divididos em 14 turmas. No segundo ciclo, iniciado em agosto de 2020 e realizado de forma online, em razão da pandemia, foram 17 turmas, 70 cooperativas e 541 participantes. Os empregados participaram de módulos de aprendizagem que envolveram mais de 30 professores, com o propósito de fomentar soluções ao cooperativismo. Outra iniciativa de resultados extremamente positivos é a parceria firmada com o Sistema Fiep/Senai Paraná, nos Hubs de inovação espalhados por várias regiões do estado onde se apresenta um ambiente colaborativo para que sejam desenvolvidos cenários de inovação para a agroindústria. Neste contexto, está inserido todo o processo de comunicação e de marketing, que também teve que se adaptar rapidamente a este novo cenário de transformação digital.

 RC: Sua mensagem aos membros da Coamo e da Credicoamo:

 Samuel: Olha, os cooperados, são a real razão de existir do sistema, junto com as diretorias e colaboradores, fomentam um cooperativismo de resultados, que faz a diferença nas comunidades onde as cooperativas estão presentes. Com cooperação, determinação e união, continuaremos crescendo juntos, construindo um futuro mais próspero e sustentável para todos. E a Coamo e Credicoamo são referências quando se fala em cooperar por um mundo melhor para todos.

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