RC: Qual é o papel da comunicação no cooperativismo? O agro se comunica bem?
Samuel: A comunicação é uma das principais ferramentas para que possamos levar ao conhecimento da sociedade os diferenciais do cooperativismo, por isso o papel dos profissionais que atuam no setor é essencial para que isto aconteça de forma eficaz. O agro tem avançado, mas ainda precisa melhorar sua comunicação com a sociedade. Investir em uma comunicação mais simples e acessível, usando canais digitais e dialogando com o público urbano, pode ajudar a estreitar o entendimento sobre o setor. Lembro que durante uma palestra do publicitário, Nizan Guanaes para o cooperativismo, ele afi rmou que o setor “sabe muito bem produzir leite com efi ciência, mas não consegue fazer uma vaquinha”, se referindo a difi culdade em se cotizar financeiramente para realizar a sua própria defesa, por meio de campanha de marketing e se posicionar perante os constantes ataques que sofre.
RC: Como o Sistema Ocepar trabalha e com quais ferramentas para aproximar as cooperativas dos seus públicos, especialmente os jovens?
Samuel: Para alcançarmos o público jovem, o caminho é usar as mesmas ferramentas que eles utilizam, ou seja, as redes sociais e nos veículos tradicionais, como o informe diário, revista mensal, programas de rádio e produção de vídeos, utilizarmos uma linguagem mais acessível e adaptada para esses públicos. Ao longo da história, o Sistema Ocepar tem investido em programas de capacitação e eventos interativos direcionados aos jovens, como o Programa Cooperlíder Jovem, que busca promover um maior engajamento no cooperativismo. Precisamos falar a língua deste público, caso contrário, jamais seremos ouvidos.
RC: De que forma as ações de comunicação podem contribuir para engajar mais cooperados e destacar o trabalho coletivo?
Samuel: A comunicação, quando transparente e bem direcionada, reforça a importância da colaboração e o impacto positivo do cooperativismo na vida das pessoas. Nós, profissionais da área, precisamos, por meio do jornalismo e do marketing, compartilhar histórias autênticas, com pessoas reais e resultados concretos, que mostrem o valor do trabalho coletivo e ajudem a fortalecer o engajamento de todos os envolvidos.
“O agro tem avançado, mas ainda precisa melhorar sua comunicação com a sociedade. Investir em uma comunicação mais simples e acessível, usando canais digitais e dialogando com o público urbano, pode ajudar a estreitar o entendimento com a comunidade”
Samuel Zanello Milléo Filho, coordenador de Comunicação, Imprensa e Marketing no Sistema Ocepar
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RC: Como a comunicação pode ajudar a desmistifi car o cooperativismo de crédito e quais estratégias pode destacar os benefícios desse ramo em relação às instituições financeiras tradicionais?
Samuel: Esclarecer que as cooperativas de crédito oferecem vantagens econômicas e reinvestem na comunidade é essencial. Campanhas que expliquem os valores cooperativos, depoimentos de cooperados e comparações diretas com instituições tradicionais têm sido estratégicas e eficazes. Afinal, o cooperativismo do ramo crédito é um dos setores que mais vem crescendo junto as comunidades nos últimos anos. Um diferencial de oportunidades financeiras, no campo e na cidade.
RC: Quais inovações ou tendências irão moldar o futuro do cooperativismo?
Samuel: A digitalização, cooperativismo de plataforma, economia compartilhada, a sustentabilidade e o investimento em tecnologia de ponta, como a inteligência artificial e a análise de dados, são tendências que devem moldar o cooperativismo do futuro. Essas inovações ajudarão a melhorar a efi ciência e competitividade; aumentar participação e engajamento; desenvolver novos mercados e oportunidades; fortalecer governança e transparência; promover a sustentabilidade e responsabilidade social e a criar mais conexão com os cooperados e consumidores.
RC: Então, como se adaptar à transformação digital e às novas demandas de comunicação?
Samuel: O Programa de Inovação do Cooperativismo Paranaense, liderado pelo Sistema Ocepar é um exemplo como o setor decidiu se preparar para essas transformações que passaram a acontecer na velocidade da luz. Este programa, criado em 2019 em parceria com instituições de ensino, tem por objetivo de fomentar a cultura da inovação. O Programa, no primeiro ciclo, contou com 70 cooperativas e 539 participantes, divididos em 14 turmas. No segundo ciclo, iniciado em agosto de 2020 e realizado de forma online, em razão da pandemia, foram 17 turmas, 70 cooperativas e 541 participantes. Os empregados participaram de módulos de aprendizagem que envolveram mais de 30 professores, com o propósito de fomentar soluções ao cooperativismo. Outra iniciativa de resultados extremamente positivos é a parceria firmada com o Sistema Fiep/Senai Paraná, nos Hubs de inovação espalhados por várias regiões do estado onde se apresenta um ambiente colaborativo para que sejam desenvolvidos cenários de inovação para a agroindústria. Neste contexto, está inserido todo o processo de comunicação e de marketing, que também teve que se adaptar rapidamente a este novo cenário de transformação digital.
RC: Sua mensagem aos membros da Coamo e da Credicoamo:
Samuel: Olha, os cooperados, são a real razão de existir do sistema, junto com as diretorias e colaboradores, fomentam um cooperativismo de resultados, que faz a diferença nas comunidades onde as cooperativas estão presentes. Com cooperação, determinação e união, continuaremos crescendo juntos, construindo um futuro mais próspero e sustentável para todos. E a Coamo e Credicoamo são referências quando se fala em cooperar por um mundo melhor para todos.
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