Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 553 | Dezembro de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE COOPERADOS

COLHEITA DE CONHECIMENTO

Coamo reúne 800 cooperados em Dourados (MS) para troca de conhecimento e apresentação de pesquisas que benefi ciam cooperados sul-mato-grossenses

Cooperados, técnicos da Coamo e de empresas parceiras, pesquisadores e diretores da cooperativa estiveram presentes, nos dias 10 e 11 de dezembro, na Fazenda Experimental de Dourados (MS) para a segunda edição do Encontro de Verão no Mato Grosso do Sul. Inaugurada há pouco mais de um ano, a estação de pesquisa já está transformando a realidade agrícola dos produtores da região, que têm à sua disposição um espaço de testes, validação e desenvolvimento de pesquisas que contribuem e aprimoram as atividades dos cooperados de todo o Estado.

Durante os dois dias, cerca de 800 pessoas participaram do evento, promovendo uma troca de conhecimentos entre os participantes e apresentando os resultados mais recentes das pesquisas que são desenvolvidas em parceria com a Coamo. Somente neste primeiro ano de Fazenda Experimental no Mato Grosso do Sul, mais de 2.500 produtores associados já foram impactos pelas tecnologias e estudos que são desenvolvidos no local, demonstrando o valor e a relevância que a nova estação de pesquisa promove aos cooperados sul-mato-grossenses.

Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo, destaca o papel da Fazenda Experimental no Mato Grosso do Sul e reforça a importância do encontro de cooperados para a disseminação de conhecimento técnico. “Este é o segundo encontro de verão, que se soma ao evento realizado no inverno, consolidando um espaço de troca de experiências e informações. Aqui, reforçamos nosso compromisso de entregar ao cooperado aquilo que prometemos desde o início: progresso, desenvolvimento, inovação e sustentabilidade”, afirma Galinari.

Atualmente, a cooperativa conta com mais de 20 unidades no Estado e está em expansão com a construção de três novas unidades em Dourados, Amambai e Sidrolândia. “Essas unidades irão fortalecer ainda mais nossa presença e a capacidade de atender os cooperados com efi ciência”, destaca.

A Fazenda Experimental, segundo Galinari, tem como objetivo principal a transferência ágil de conhecimento técnico para os produtores. “Buscamos trazer informações de instituições como a Embrapa e universidades, além de experimentos que já estão sendo testados para aplicação prática, como os relacionados à próxima safra de inverno, com foco no milho”, explica.

O evento contou com a participação de técnicos da cooperativa e representantes de empresas parceiras, que apresentaram tecnologias e práticas de manejo. “A Coamo mantém um relacionamento forte com empresas de pesquisa e fornecedores, sem privilegiar uma ou outra marca. O que importa é identifi car o que realmente faz sentido para o cooperado e transferir esse conhecimento para ele”, reforça Galinari e acrescenta que a Fazenda Experimental e os encontros promovidos pela Coamo são parte do compromisso da cooperativa em oferecer soluções que viabilizem e tornem sustentáveis as atividades dos cooperados.

O diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, reitera o compromisso da Coamo com a transferência de tecnologia. “Inauguramos a Fazenda Experimental em dezembro de 2023, e este já é o terceiro encontro que promovemos para transferir conhecimento técnico aos cooperados. É uma satisfação realizar eventos como este, que possibilitam mudanças imediatas nas propriedades dos nossos cooperados”, afirma Dias.

Ele menciona a evolução da Fazenda Experimental e compara o modelo adotado no Mato Grosso do Sul com a experiência da estação experimental da Coamo no Paraná, que completará 50 anos em 2025. “Em Campo Mourão, realizamos 38 encontros no mesmo formato e implantamos essa ideia para o MS porque sabemos que dá resultados. Nossa missão é transferir tecnologia para que o cooperado possa colher mais, gastar menos e alcançar o desenvolvimento sustentável.”

Sobre as parcerias da Coamo com instituições de pesquisa, Dias destaca o papel das universidades e da Embrapa no desenvolvimento de projetos. “Temos experimentos como a rotação de culturas, que é contínuo e sempre gera resultados, e um ensaio de calagem em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, que pode durar de dez a 20 anos. Esses trabalhos são fundamentais para aprimorar o manejo nas propriedades dos cooperados.”

O diretor também enfatiza a colaboração com empresas do setor de insumos agrícolas. “Trabalhamos com várias instituições e empresas parceiras, todas unidas pelo mesmo objetivo: levar a melhor tecnologia aos nossos cooperados para que possam aplicá-las em suas lavouras e obter os melhores resultados.”

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo, avalia a importância da regionalização das pesquisas e seu impacto na produção agrícola dos associados. “É tudo muito positivo, principalmente pela correlação de informações entre o Mato Grosso do Sul e o Paraná. Isso nos permite consolidar dados, ajustar recomendações e identificar tendências para solucionar problemas e implementar novas tecnologias nas propriedades dos cooperados”, afirma Sumiya.

Airton Galinari, presidente Executivo da Coamo

Aquiles Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo

SAMUEL LAURO SCHERER Amambai

A iniciativa da Coamo de promover esses eventos é muito importante. A cada dia, as tecnologias avançam, e as pesquisas trazem novos conhecimentos, como técnicas de aplicação de defensivos, uso de herbicidas, fungicidas e inseticidas. É essencial estarmos atualizados com o que há de mais moderno e eficaz.

MARIA APARECIDA DE LIMA SANATO Dourados

Os temas apresentados foram muito relevantes para o dia a dia no campo. É sempre bom adquirirmos conhecimento. A Fazenda Experimental Coamo em Dourados é um marco para nós, cooperados da região. Ter um espaço como esse perto de casa, onde podemos acessar tecnologia e informação de ponta, faz toda a diferença.

Ele ressalta os avanços obtidos com a Fazenda Experimental no primeiro ano de operação. “Estamos trabalhando para otimizar o sistema de produção, com foco nas culturas de soja no verão e milho na segunda safra. Os resultados já demonstram ganhos significativos em produtividade e tecnologia.”

A participação dos cooperados na segunda edição do encontro na Fazenda Experimental foi destacada como um indicador do sucesso do projeto. “A presença maciça dos cooperados mostra que o conceito aplicado aqui é útil e relevante. A busca pelo segundo e terceiro eventos evidencia a satisfação dos participantes e aponta os caminhos que devemos seguir nas pesquisas.”

Sumiya menciona ainda os desafios e as perspectivas para o futuro, especialmente relacionados às recomendações técnicas e à integração dos processos da Coamo. “Nosso objetivo é continuar trazendo soluções que otimizem as propriedades, com foco na viabilidade financeira e na qualidade dos produtos para atender às necessidades da indústria, seja com soja, milho ou trigo.”

Marcos Vinicios Garbiate, coordenador da Fazenda Experimental da Coamo no Mato Grosso do Sul, revela que o evento reuniu mais de 400 pessoas por dia e teve como objetivo principal difundir novas tecnologias e proporcionar aos cooperados informações aplicáveis às suas propriedades. “A avaliação é muito positiva. Tivemos uma excelente participação dos cooperados e parceiros. Isso mostra que estamos conseguindo atingir nossos objetivos de levar e difundir novas tecnologias.”

O encontro técnico foi realizado durante a safra de verão, em um momento oportuno para que os participantes ainda possam aplicar os conhecimentos adquiridos em suas lavouras. “O evento foi em um período estratégico, permitindo que os produtores façam correções e ajustes com base nas informações apresentadas. Tivemos várias estações abordando manejo de pragas, doenças e outros temas relevantes, com foco nas culturas em desenvolvimento no campo.”

Garbiate também reitera a importância de uma Fazenda Experimental localizada no Mato Grosso do Sul, voltada para as necessidades específicas da região. “Estar em um ambiente que reflete as características do Estado é essencial. Os ensaios conduzidos aqui nos permitem gerar resultados regionalizados, que atendem diretamente à realidade dos cooperados.”

Em um ano de atividades, a Fazenda Experimental em Dourados já apresenta avanços significativos. “Estamos finalizando o primeiro ciclo de atividades e já conseguimos alcançar muitos objetivos. A perspectiva para os próximos eventos é trazer resultados concretos gerados aqui na estação, oferecendo informações de qualidade para os produtores do estado”, conclui Garbiate.

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo

Marcos Vinicios Garbiate, coordenador da Fazenda Experimental no MS

Calagem: diagnóstico e fundamentos para correção eficiente do solo

A acidez superfi cial do solo, caracterizada pelo excesso de íons H+ e Al³+, compromete o desenvolvimento radicular e o aproveitamento de nutrientes pelas plantas. A prática da calagem é fundamental para corrigir a acidez, neutralizar o alumínio trocável e fornecer cálcio e magnésio ao solo. Contudo, sua aplicação inadequada ou em excesso pode prejudicar o desenvolvimento das culturas.

Durante o encontro de cooperados na Fazenda Experimental Coamo, em Dourados (MS), foi destacada a importância do diagnóstico correto e dos fundamentos para a correção efi ciente do solo. O engenheiro agrônomo da Coamo em Itaporã, Elvison Alves da Cruz, explica que o objetivo da estação foi apresentar aos cooperados informações técnicas para a tomada de decisão na correção do solo, com base em análises confi áveis. Segundo Cruz, o trabalho na Fazenda Experimental é essencial nesse processo. “Há 12 anos realizamos testes em Campo Mourão, que agora também estão sendo aplicados em Dourados, para fornecer dados concretos sobre o uso efi ciente do calcário.”

Ele revela que o primeiro passo para uma calagem eficaz é realizar uma análise de solo detalhada e de qualidade, feita por laboratórios certificados. “Sem uma análise bem elaborada, é impossível fazer uma recomendação adequada. Assim como um médico precisa de exames para diagnosticar um paciente, a correção do solo exige esse cuidado prévio.”

Após o diagnóstico, o cooperado deve contar com o suporte de profi ssionais capacitados para interpretar os resultados e defi nir a estratégia de correção, que pode incluir a incorporação ou a aplicação superficial do calcário. Além disso, o agrônomo ressalta a importância de práticas complementares como a rotação de culturas e o uso de palhada, que contribuem para a melhoria das condições químicas e físicas do solo.

No Mato Grosso do Sul, a evolução técnica tem sido significativa nos últimos anos. Cruz pontua que a presença da Coamo na região inseriu informações mais precisas aos cooperados, além de facilitar o acesso ao suporte técnico. “A falta de informações e a má interpretação de resultados já foram um problema. Mas hoje, com os avanços técnicos e a atuação da Coamo, os cooperados têm tomado decisões mais acertadas.”

Elvison Alves da Cruz (Itaporã), Roberto Bueno da Silva (Campo Mourão), Fabricio Bueno Correa (Campo Mourão) e Hugo Lorran de Melo Rocha (São Gabriel do Oeste)

Ele também destaca que a Fazenda Experimental Coamo tem um papel decisivo na confiabilidade das recomendações técnicas. “Trabalhamos para levar resultados do campo para o campo. A segurança que a fazenda experimental proporciona aos técnicos e cooperados faz toda a diferença.”

Marcelo Augusto Batista, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), destaca os fundamentos dessa prática e a importância de um diagnóstico bem elaborado. “A prioridade é determinar se é preciso ou não aplicar calcário, qual o tipo mais adequado e a melhor forma de aplicação.”

Ele ressalta que a calagem atua em várias frentes, como a redução da toxidez de elementos como alumínio e excesso de manganês, a melhoria na disponibilidade de nutrientes essenciais — como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e boro — e o estímulo à biologia do solo, especialmente no que se refere à fi xação biológica de nitrogênio, essencial para a soja e o milho. “A calagem não deve ter seu custo computado em uma única safra. Trata- -se de um investimento de longo prazo, com benefícios que vão muito além de uma cultura específica.”

Para garantir uma aplicação eficiente, o primeiro passo é uma amostragem de solo adequada, que deve ser seguida por uma análise detalhada em laboratório. Com base nos resultados, um agrônomo capacitado poderá interpretar os dados e definir a necessidade de correção, a dosagem correta e o tipo de calcário mais indicado. “A escolha entre um calcário rico em cálcio ou magnésio depende diretamente do diagnóstico. Tudo começa com uma boa análise de solo, que orienta decisões técnicas cruciais.”

Batista reforça que a qualidade das informações e o suporte técnico são decisivos para que os cooperados tomem decisões racionais e eficientes. “A Coamo realiza um trabalho extraordinário de conscientização sobre a calagem. É louvável que empresas e cooperativas promovam essa prática de forma efi ciente e racional, levando em conta aspectos técnicos e financeiros.”

Marcelo Augusto Batista, professor e pesquisador da UEM

Do monitoramento ao controle: estratégias de sucesso contra percevejos na soja

A soja é uma cultura que exige atenção redobrada no manejo de pragas, especialmente o percevejo, reconhecido como uma das principais ameaças à produtividade. Durante o encontro de cooperados na Fazenda Experimental Coamo, Lucas Gouvea Vilela Esperandino, coordenador de Suporte Técnico da gerência de Assistência Técnica da Coamo, abordou estratégias eficientes de controle e monitoramento dessa praga, destacando aspectos fundamentais para os produtores.

O percevejo-marrom, principal espécie que ataca a soja, apresenta um impacto signifi cativo na produtividade e qualidade da colheita, principalmente em lavouras destinadas à produção de sementes. “O percevejo pode reduzir germinação e vigor das sementes e, em áreas destinadas a grãos, pode causar queda de produtividade e qualidade do produto final, afetando também o processamento industrial”, explica Esperandino.

Ele destaca ainda o ciclo de vida do percevejo, abordando o reconhecimento das ninfas e da oviposição, bem como os níveis de dano que a praga pode causar. Regiões de clima quente, como o Mato Grosso do Sul, são particularmente vulneráveis devido ao ciclo acelerado da praga em temperaturas elevadas.

No encontro, foram apresentadas duas vertentes principais para o controle da praga: o manejo biológico, que a Coamo tem ampliado esforços nesse mercado, buscando alternativas sustentáveis para o controle do percevejo; e o manejo químico, que continua sendo a principal ferramenta no controle dessa praga, com ênfase no momento ideal para a aplicação de defensivos. “Nosso objetivo é reforçar a importância do monitoramento. O produtor precisa saber quando entrar na área e aplicar os produtos no momento certo para evitar prejuízos”, afirma o engenheiro agrônomo.

Além das apresentações no evento, a equipe técnica da Coamo recebe orientações específicas para repassar aos cooperados em suas unidades, garantindo que a informação chegue de forma prática e efi ciente ao campo. No Mato Grosso do Sul, onde o clima favorece o ciclo acelerado do percevejo, o impacto da praga é signifi cativo, exigindo um manejo criterioso. “Em regiões mais quentes, o percevejo tem várias gerações durante o ciclo da soja, o que agrava os danos e reforça a necessidade de monitoramento constante”, explica e acrescenta que o encontro com cooperados demonstrou que o sucesso no controle dessa praga está na combinação de conhecimento técnico, monitoramento regular e uso adequado de ferramentas de manejo, proporcionando aos agricultores estratégias efi cazes para proteger as lavouras.

Itamar Leandro Suss (Campo Mourão), Lucas Gouvea Vilela Esperandino (Campo Mourão), Wagner Henrique de Borba Bini (Amambai), Macksuel Vinicius Coneglian (Janiópolis), Marcelo Cordeiro de Abreu (Dourados) e Renato Cacho (Syngenta)

GABRIEL TIAGO BRAUNER Bandeirantes

O evento foi uma oportunidade para conhecermos novas tecnologias e experimentos que podem fazer a diferença no campo. Temos acesso a resultados concretos e confi áveis, o que nos ajuda a tomar decisões mais assertivas. O diferencial da Coamo está na forma como realiza os testes de forma independente e imparcial.

ELSI FRANCISCO SANDRI Ponta Porã

Foi uma experiência muito gratifi cante. Tivemos a oportunidade de ver novidades, como pesquisas e inovações na área de ecologia, e é sempre bom participar de eventos assim. São inovações que consigo utilizar na minha propriedade. Ter uma fazenda experimental aqui no Mato Grosso do Sul faz toda a diferença.

Doenças em soja: base para o manejo e estratégias anti-resistência

Explorar o máximo potencial produtivo da soja é um objetivo essencial para os produtores, mas as doenças continuam sendo um dos principais fatores que limitam a produtividade da cultura. Durante a apresentação na Fazenda Experimental Coamo, o tema doenças em soja: base para o manejo e estratégias anti-resistência, foi apresentado aos cooperados.

Bruno Lopes Paes, analista de Suporte Técnico da Fazenda Experimental de Campo Mourão, destaca a importância de estratégias de manejo para mitigar os prejuízos causados por esses patógenos e a necessidade de práticas que evitem a resistência aos fungicidas. “Entre as doenças que afetam a soja, a ferrugem asiática é uma das mais preocupantes, especialmente em regiões, onde o clima favorece o seu desenvolvimento”, comenta.

A apresentação abordou três pilares fundamentais para o manejo eficaz: estratégias anti-resistência, a utilização criteriosa de aplicações no estágio V0 e o uso de fungicidas multissítios. Segundo Paes, as mutações nos fungos responsáveis pela ferrugem têm reduzido a eficácia de ativos utilizados atualmente, tornando indispensável a alternância de ingredientes ativos para evitar a resistência. Ele enfatiza que as aplicações no estágio V0, embora amplamente utilizadas, devem seguir critérios técnicos específi cos para garantir resultados positivos. “Além disso, o uso de fungicidas multissítios, desde a primeira até a última aplicação, tem se mostrado eficaz tanto para proteger a produtividade quanto para prolongar a eficácia dos produtos disponíveis.”

Outro ponto abordado foi o impacto das condições climáticas na ocorrência de doenças. Após um período de 25 dias sem chuvas e altas temperaturas, a retomada das precipitações mostrou condições propícias para o surgimento de inóculos de doenças, como a ferrugem asiática e a mancha-alvo.

Marcio Rech (Ponta Porã), Bruno Lopes Paes (Campo Mourão), Mônica Caldeira (Dourados) e José Eduardo Frandsen Filho (Maracaju)

 “Dados do monitoramento antiferrugem e do coletor de esporos indicaram a presença de inóculos no Oeste do Paraná e no Mato Grosso do Sul, com registros de áreas comerciais já apresentando incidência de ferrugem”, revela o engenheiro agrônomo 

As orientações incluem manter o planejamento de aplicação de fungicidas, respeitando os intervalos corretos e ajustando as práticas ao ciclo da cultura. A escolha de cultivares mais resistentes e épocas de plantio que reduzam a pressão de doenças também foi destacada. “O corpo técnico da Coamo está à disposição dos cooperados para auxiliar na tomada de decisão, garantindo que as lavouras estejam protegidas e que o potencial produtivo seja alcançado”, reforça Paes. Ele finaliza ressaltando a importância de atenção redobrada neste momento da safra, em que as chuvas aumentam o risco de doenças, mas também oferecem condições ideais para uma safra promissora.

O pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Meyer, acrescenta que o manejo efi caz exige uma abordagem integrada. "Não existe apenas a ferramenta fungicida para controlar as doenças da soja. É necessário adotar uma série de medidas no planejamento da fazenda", explica. Ele destaca que muitas doenças têm como fonte inicial os restos culturais, o que reforça a importância do manejo adequado do solo e da cobertura com palhada. "A palhada ajuda a reduzir a infecção inicial, evitando que a soja fique doente mais cedo", completa.

Meyer também reforça que o controle químico deve ser conduzido com critérios técnicos bem defi nidos, incluindo a escolha correta de produtos, o momento e o intervalo de aplicação e rotação de ingredientes ativos ao longo da safra. “Essas práticas, quando aplicadas corretamente, reduzem a pressão de inóculo, protegem o potencial produtivo da cultura e minimizam o risco de resistência dos patógenos aos fungicidas. Produtores que planejam e executam suas estratégias de manejo de forma integrada conseguem melhores resultados, mesmo em condições desafiadoras", conclui Meyer.

Maurício Meyer, da Embrapa Soja

Dinâmica do boro no sistema de produção e práticas de adubação

O boro, frequentemente chamado de "macro dos micronutrientes", desempenha um papel crucial no metabolismo das plantas, especialmente nas culturas de soja, milho e trigo. Apesar de ser um micronutriente, exerce grande importância em processos como formação de raízes, estruturação da planta e desenvolvimento floral. No entanto, a dinâmica desse elemento no solo exige cuidados específicos para garantir uma nutrição adequada.

Durante o encontro na Fazenda Experimental, uma estação tratou a dinâmica do boro no sistema de produção soja-milho e práticas de adubação. Odair Johanns, engenheiro agrônomo da Coamo em Caarapó, destaca a importância do boro e as práticas recomendadas para sua aplicação. Segundo ele, o boro é essencial em todas as fases do desenvolvimento da planta e pode ser aplicado de diferentes formas: no sistema de plantio, junto ao fertilizante; em cobertura, associado ao cloreto de potássio; combinado com enxofre, utilizando opções disponíveis na Coamo; via pulverização, sendo a aplicação na dessecação pré-plantio uma prática comum e eficiente por garantir uniformidade; e via foliar, como complemento para ajustar os níveis necessários.

José Petruise Ferreira Junior (Campo Mourão), Odair Johans (Caarapó), Andrew Akihito Ouchita Gomes (Quarto Centenário) e Mateus Goncalves (Laguna Carapã)

Tadeu Takeyoshi Inoue, da UEM

Johanns destaca que, nos solos brasileiros, geralmente pobres em boro, é fundamental realizar análises de solo para determinar a necessidade de suplementação. "A maior parte dos solos brasileiros apresentam baixos teores de boro, o que torna necessário o suprimento desse nutriente. O produtor deve estar atento a essas análises e contar com o suporte técnico para determinar as dosagens corretas", explica.

Ele também ressalta que a aplicação adequada do boro pode proporcionar ganhos significativos. "Melhorar a nutrição das plantas é essencial para alcançar melhores produtividades e, consequentemente, mais rentabilidade para o cooperado. O boro, pela sua importância, oferece excelentes oportunidades para incrementar os resuEssa abordagem integrada ao manejo do boro visa otimizar a nutrição das plantas e garantir a eficiência das práticas agrícolas, contribuindo para o sucesso do sistema de produção soja-milho.

O boro é um nutriente essencial para as plantas, mas sua dinâmica no solo exige cuidados especiais. Tadeu Takeyoshi Inoue, professor e pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), destaca que, apesar do avanço nas tecnologias que resultaram em materiais de alto potencialltados", afirma.

de rendimento, a produtividade das culturas depende de condições ideais, especialmente no que se refere ao manejo nutricional. "Os produtores costumam se concentrar muito no manejo de nutrientes macro, como o NPK, mas os micronutrientes, como o boro, são igualmente importantes", afirma.

Inoue explica que, em regiões tropicais, o boro se torna um desafi o devido à sua alta mobilidade no solo. "A formação dos solos a partir de materiais como basalto e arenito resulta em solos naturalmente pobres nesse nutriente. Além disso, a precipitação elevada nas regiões tropicais faz com que o boro se desloque para camadas mais profundas, difi cultando a absorção pelas plantas. Isso leva à necessidade constante de suplementação desse elemento.

O pesquisador enfatiza a importância de um bom diagnóstico, baseado em análises de solo e, se necessário, análises complementares de boro. "A recomendação é manter os teores de boro no solo entre 0,30 e 0,50 miligramas por decímetro cúbico, mas muitas vezes esse nutriente não é considerado nas análises de rotina, o que pode prejudicar a produtividade", destaca.

Existem várias formas de aplicação do boro, sendo fundamental escolher a modalidade mais adequada ao estágio da cultura e às condições ambientais. Inoue salienta que a adubação via solo deve ser priorizada, mas a aplicação foliar pode ser um importante complemento em momentos de grande exigência metabólica das plantas. "Durante o florescimento, o boro é crucial para a formação do pólen e a fecundação, impactando diretamente na formação de grãos, vagens e espigas."

Desafios e alternativas no manejo do capim pé-de-galinha

O manejo de plantas daninhas, especialmente o capim pé-de-galinha, tem se tornado um desafio crescente para os produtores rurais. Com o aumento de áreas infestadas por essa planta invasora e a resistência crescente a herbicidas, como o glifosato, torna-se essencial repensar estratégias para um controle eficiente. João Carlos Bonani, coordenador da Fazenda Experimental da Coamo em Campo Mourão, explica os principais desafi os e alternativas no manejo dessa planta nas propriedades agrícolas.

Segundo Bonani, o capim pé-de-galinha apresenta características que difi cultam seu controle, como a capacidade de emitir muitos perfi lhos, grande volume de raízes e elevada produção de sementes. “Essas características tornam a planta de difícil controle, principalmente nos estágios mais avançados, agravado pela resistência a herbicidas como o glifosato e graminicidas.”

O engenheiro agrônomo ressalta a importância de entender a população de capim pé-de- -galinha presente na propriedade. “É fundamental saber se a população é resistente ou não aos herbicidas. Caso haja dúvida, o ideal é procurar o departamento técnico da Coamo, coletar sementes e enviá-las para análise.”

Bonani também destaca que o manejo deve ser realizado no estágio inicial da planta, pois o controle é mais efi caz quando ela ainda é jovem. “Plantas jovens têm mais probabilidade de sucesso no controle, pois absorvem e translocam os defensivos de forma mais efi ciente. Já as plantas adultas, mesmo com herbicidas efi cazes, não apresentam um controle satisfatório.”

Outras estratégias também foram abordadas, como o uso correto de tecnologia de aplicação, adjuvantes, doses adequadas e aplicações sequenciais quando necessário. 

“Se preciso, roçar as plantas adultas pode ser uma alternativa para reduzir seu porte antes de aplicar o defensivo.”

O impacto do capim pé-de-galinha nas culturas de soja, milho e trigo é significativo. “Por ser uma planta de ciclo C4, ela se desenvolve melhor sob déficit hídrico e aproveita de forma mais eficiente recursos como água e luz, competindo diretamente com as culturas.” Essa competição intensa pode gerar perdas significativas de produtividade.

A Coamo tem realizado mapeamentos das áreas afetadas e identificado níveis preocupantes de resistência. “Em algumas regiões, mais de 30% das populações de capim pé-de-galinha não estão sendo controladas de forma adequada com os herbicidas disponíveis atualmente. Isso exige adaptações no manejo para reduzir os impactos.”

Por fim, Bonani reforça que o controle eficaz do capim pé-de-galinha exige uma abordagem integrada. “Nosso objetivo é eliminar essa planta daninha e evitar prejuízos para os cooperados, utilizando boas práticas de manejo, diagnóstico correto e uma combinação de técnicas de controle.”

Marcos Cosme Araújo (Amambai), Sidivan Loop (Laguna Carapã), João Carlos Bonani (Campo Mourão), Carlos Vinicius Precinotto (Mamborê) e Hayan Fernando de Oliveira (Rio Brilhante)

Tendências e desafios do mercado agrícola

Jeferson Souza, da Agrinvest, esteve presente no Encontro de Cooperados da Fazenda Experimental Coamo, em Dourados (MS), para abordar as tendências e as oportunidades do mercado agrícola. A palestra fez parte da programação voltada à atualização dos produtores cooperados, um compromisso constante da Coamo em oferecer conhecimento tanto técnico quanto mercadológico.

Jeferson destaca que algumas condições do mercado permanecem estáveis, mas outras sofreram mudanças significativas nos últimos meses. "O câmbio é um dos fatores que mais impactam a dinâmica do mercado. Há cinco meses, trabalhávamos com um dólar em torno de R$ 5,40. Hoje, estamos próximos de R$ 6,10. Essa variação traz consequências importantes para a comercialização e para o planejamento do produtor."

Jeferson ressaltou a importância de o produtor rural estar atento ao mercado, mesmo que sua rotina seja dominada por questões internas da propriedade. "O mercado de grãos é extremamente dinâmico, e muita coisa pode mudar em poucos meses. Por isso, é essencial que o produtor acompanhe as atualizações de forma periódica, assim como ele acompanha da porteira para dentro."

Jeferson reforça a relevância desse equilíbrio na formação dos produtores. "A mensagem principal que deixamos é que, além de dominar as práticas agrícolas, o produtor precisa estar atento aos movimentos do mercado. Essa troca de informações é fundamental para que ele tome decisões estratégicas e se prepare para os desafi os do próximo ano, que promete ser desafiador."




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