Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 435 | Abril de 2014 | Campo Mourão - Paraná

Safra de Verão

Menos chuva, menos soja

Produção dos cooperados é considerada satisfatória no geral, mesmo com o clima adverso que impactou nas produtividades

‘Seo’ Darci ao lado do filho Sérgio e do engenheiro agrônomo Marcos Gimenez

O clima irregular que atingiu as lavouras de verão provocou resultados desuniformes para grande parte dos produtores de soja e milho na área de ação da Coamo. De uma maneira geral, as lavouras foram afetadas, em menor ou maior escala, dependendo das condições climáticas. A produtividade ficou condicionada a época de plantio, que dependendo do volume de chuvas produziu mais ou menos.

É exatamente o que aconteceu com a família Barbosa, de Pitanga (Centro do Paraná), que planta cerca de 550 alqueires na região conhecida como Encruzilhada. Eles contam que as médias acabaram sendo derrubadas pela estiagem, mas que diante de um ano de incertezas o resultado não foi dos piores. “Foi um ano de clima muito ‘desparelho’, com produções maiores e menores. A seca prolongada justamente no momento que a lavoura precisava de chuva nos prejudicou, mas ainda assim não podemos reclamar”, comenta o patriarca Darci Barbosa da Silva, sempre otimista com a atividade agrícola. “Estamos agradecidos mesmo diante das dificuldades, pois sabemos que em alguns lugares a estiagem foi ainda pior”, ressalta ‘seo’ Darci, contente com a média de 136 sacas de soja por alqueire, alcançada neste ano. “Não foi nossa melhor média, mas não dá para reclamar”, justifica.

Na opinião de Sérgio Barbosa, um dos três filhos do ‘seo’ Darci, o importante é não desanimar. “Vamos seguindo em frente independentemente dos resultados. Terminamos a colheita da soja e já semeamos as lavouras de inverno”, conta Sérgio.

O engenheiro agrônomo Marcos Gimenez, do Departamento Técnico da Coamo em Pitanga, observa que o clima seco acabou forçando o amadurecimento da soja antes da época, o que fez com que as lavouras chegassem juntas ao ponto de corte, trazendo muito trabalho para os produtores. “Devido a seca a soja chegou junto e alguns talhões ficaram comprometidos, mas a média está ainda dentro do esperado. A lição que fica é que se tivéssemos tido mais um pouco de chuva teríamos uma safra normal, mas ainda assim não foi ruim”, observa o agrônomo.

Milho, o cereal que faz a diferença

Importante não só apenas do ponto de vista econômico, mas principalmente para o sistema de produção, nos últimos anos, o milho vem tendo prioridade na propriedade do cooperado Adir Mezzarroba, também de Pitanga, na região Centro do Estado.

Ciente da eficiência do cereal no esquema de rotação de culturas, ‘seo’ Adir revela que o investimento lançado no milho vem rendendo bons resultados tanto para o equilíbrio do sistema como em termos de rendimento do grão. “Precisamos fazer rotação para produzir melhor a soja no ano seguinte. Todo ano cultivo 25% da área com o cereal e quero aumentar isso para 50%”, conta o cooperado, informando que vem sentindo melhoria a cada safra. “Estamos conseguindo aumentar as médias tanto na soja quanto no milho. Agora vamos cultivar também trigo para melhorar ainda mais essas médias”, acrescenta o produtor que neste verão colheu 450 sacas de milho por alqueire. “Antes trabalhava com gado no inverno e agora estamos mudando a realidade da propriedade optando pelo trigo, que entra também neste esquema de rotação com a soja e o milho verão”, finaliza.

A Coamo preconiza o investimento em tecnologia e, sobretudo, a utilização de técnicas de manejo que contribuam para o sistema de produção, como a rotação de culturas e plantio direto. Técnicas que, conforme o agrônomo Pablo Rostirola, do Detec da Coamo em Pitanga, quando adotadas de forma correta, como aconteceu com o cooperado Adir Mezzarroba, contribuem diretamente para a melhoria dos resultados. “Estamos trabalhando nessa rotação já há algum tempo e a prática na propriedade dele [Adir] é exemplo na região. Ele adota tecnologia e aceita bem nossas recomendações, por isso vem conseguindo bons resultados tanto no verão como no inverno”, garante Rostirola.

Integração de bons resultados

“Procuramos sempre implementar tecnologias e práticas que possam melhorar os rendimentos”, Rogério Tonet

A colheita nas terras da família Tonet, em Abelardo Luz (Santa Catarina), já terminou. Segundo o cooperado Rogério Tonet, mesmo com as adversidades climáticas, a média fechou em 163 sacas por alqueire de soja e 460 de milho. Ele cultiva 45 alqueires, sendo destinados 30% para o milho o restante com soja.

Sempre adepto a novas tecnologias, o cooperado salienta que a diferença dos investimentos podem ser sentidos em anos como esses, em que o clima não contribui para uma safra normal. “Procuramos sempre implementar tecnologias e práticas que possam melhorar os rendimentos”, diz. Ele cita entre as práticas adotadas a rotação de culturas e agricultura de precisão para correta correção do solo.

Como opção de inverno, o cooperado cultivará aveia para criar gado de corte no sistema de lavoura x pecuária. “Já há algum tempo seguimos esse sistema de soja e milho no verão e de aveia para o gado no inverno. Estamos tendo bons resultados”, diz Tonet que também já planeja a próxima safra de verão. “Estamos definindo as variedades e quais tecnologias que serão implantadas nas próximas safras”, afirma.

O engenheiro agrônomo, Almir José Schaedler, do Detec da Coamo em Abelardo Luz  ressalta que os bons resultados obtidos pelo associado, que trabalha em parceria com o pai Ivo Tonet, são em função dos investimentos realizados nos últimos anos e devido as práticas adotadas na propriedade. “As plantas sofreram por causa da seca no período da floração e também de enchimento de grãos, mas mesmo assim as médias ficaram superiores as produtividades regional. Se tivesse chovido normalmente, com certeza, a média teria superado a do ano passado quando foram colhidas 174 por alqueire”, diz.

Segundo Conab, produção de grãos chega a 190 mi toneladas

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualizou os dados relativos à produção de grãos no Brasil. O estudo indica uma colheita de 190,6 milhões de toneladas. O volume representa um aumento de 1,1% em relação à safra passada, que foi de 188,7 milhões de toneladas, segundo a estimativa do 7º Levantamento de Grãos da Safra 2013/2014, divulgado pela Companhia no dia 10 de abril.

AUMENTO - Houve aumento em relação ao último levantamento de cerca de 1,9 milhão de toneladas, graças à recuperação das lavouras de soja e do milho 2ª safra que tiveram dados positivos, com menos influência das intempéries climáticas ocorridas nas regiões produtoras.

TRIGO - O maior destaque deste levantamento foi a cultura do trigo, em termos percentuais, que apresentou um incremento de 21,5% (1,1 milhão t a mais), atingindo 6,7 milhões de toneladas. A soja continua com bom desempenho e o crescimento foi de 5,6% ou 4,6 milhões de toneladas a mais, atingindo 86,1 milhões de toneladas. O arroz teve também boa participação, com um aumento de 6,6% (779 mil t.), alcançando 12,6 milhões de t. O feijão total cresceu 25,1% (704 mil t), chegando a 3,5 milhões de toneladas.

MILHO TOTAL- O milho total (primeira e segunda safras) sofreu redução de 7,4% (6,1 milhões de t), devendo chegar a 75,5 milhões de toneladas. No ano passado produziu 81,5 milhões de toneladas. A primeira safra reduziu 8,9%, totalizando 31,5 milhões de toneladas e a segunda, 6,4%, chegando a 43,9 milhões de toneladas.

ÁREA - O total de área destinada ao plantio de grãos deve chegar a 56,4 milhões de hectares, o que significa uma alta de 5,3% se comparado à área de 53,28 milhões de hectares da safra passada. A soja segue com crescimento de 8,2%, passando de 27,7 para 30 milhões de hectares. As outras culturas que tiveram elevação de área foram trigo (14,2%), arroz (0,7%), feijão total (9,2%), algodão (22,4%), mamona (28,5%), girassol (99,6%) e amendoim primeira e segunda safras (12,3%).

PESQUISAS - As pesquisas de campo para este levantamento foram realizadas nas principais regiões produtoras de grãos do país, no período de 23 a 29 de março. (Conab).

Média prejudicada, mas comemorada

Cooperado Pedro Grégio analisa lavoura com o agrônomo José Eduardo Filho

Na localidade de Arroio Grande, na região de Pitanga (Centro do Paraná), a estiagem foi ainda mais severa. Foram 45 dias sem precipitação pluviométrica, justamente durante o ciclo vegetativo da soja. Fato que poderia realmente prejudicar os resultados com a oleaginosa. Contudo, nem isso foi suficiente para desanimar os cooperados da Coamo, que se prepararam lançando mão de alta tecnologia para suportar qualquer dificuldade.

É o caso do agricultor Pedro Roberto Grégio, que fechou a média de soja em  130 sacas, numa área total de plantio de 600 alqueires. Entre sol e pancadas de chuva o cooperado recolheu a produção de olho no planejamento de inverno, que terá o trigo como principal cultura. “Tivemos pancadas de chuva todos os dias, mas conseguimos fazer o trabalho”, conta Grégio, conformado com os resultados obtidos. “Os resultados são muito variados. Colhemos talhões de 160 e outros de 100 sacas, isso porque algumas áreas sofreram mais que outras com a falta de chuva. No entanto, não podemos reclamar porque o que deixamos de colher, os bons preços vão retribuir para nós”, afirma.

De acordo com José Eduardo Filho, agrônomo do Detec da Coamo em Pitanga, a variação de resultados foi grande neste ano. Ele revela que as chuvas ocorreram de forma bastante espalhada, o que causou desuniformidade nas lavouras. “Teve área com 45 dias sem chuva e outras com pouco período de seca. Isso causou uma variação de 80 a 160 sacas por alqueire”, informa o agrônomo lembrando que o uso de tecnologia fez a diferença na região. “Quem investiu mais com certeza colheu mais do que os que seguraram o investimento. No caso do Pedro Grégio a média teria sido muito pior se ele não tivesse adotado a tecnologia que utilizou neste ano”, alerta.

Computando resultados em Cantagalo

Nilceia está à frente dos trabalhos na propriedade há 11 anos e faz questão de acompanhar tudo de perto

Na região de Cantagalo (Centro-Sul do Paraná) o clima irregular também evitou que a safra desenvolvesse de forma normal. Com a colheita praticamente encerrada os cooperados já computam os dados. É o caso da agricultura Nilceia Mabel Kloster Spachynski Veigantes. A média de milho fechou em 476 sacas por alqueire e a de soja em 140. “Nas primeiras áreas a média ficou bem baixa, em torno de 73 sacas por alqueire. Quanto mais a colheita foi se aproximando do final melhor foi ficando a média”, assinala.

A cooperada planta mais de 112 alqueires, sendo 83 de soja e o restante de milho. “Sempre faço rotação, pois é uma prática que só traz benefícios, pois ajuda a controlar as plantas daninhas e doenças, além de influenciar nas produtividades”, diz. 

Nilceia está à frente dos trabalhos na propriedade há 11 anos e faz questão de acompanhar tudo de perto, inclusive, operando a colheitadeira. “Operar a colheitadeira é tranquilo, o difícil é quando quebra, aí me bato um pouco, mas vamos aprendendo sempre mais”, observa e revela que é a primeira safra em que a colheita está sendo feito por conta própria, pois até então era efetuada por terceiros. 

O engenheiro agrônomo Eugenio Mateus Schleder Pawlina Junior, responsável pelo Detec da Coamo em Cantagalo, afirma que de um modo geral os números obtidos com a safra de verão estão satisfatórios. “Tivemos uma estiagem de mais de 20 dias e com temperaturas altas o que acabou ocasionando quebra de produtividade. Contudo, ainda estamos tendo médias acima de 130 sacas por alqueire.” De acordo com ele, as perdas foram conforme a época de plantio. “Produtores que plantaram mais cedo escaparam da seca e as lavouras de período intermediário foram as que mais sofreram. Os plantios mais tardios também tiveram melhores resultados, pois pegaram mais chuva”, observa.

Planejamento levado a sério

Após colheita, Darci Krepel, que trabalha ao lado do pai ‘seo’ Ludovico, já planeja futuras safras

Cooperado Darci Krepel, de Cândido de Abreu, contabiliza os resultados com as lavouras de verão

Com a colheita já finalizada a família Krepel, em Cândido de Abreu (Centro-norte do Paraná), já planeja as próximas safras. Em uma área de 100 alqueires, Darci, que trabalha ao lado do pai ‘seo’ Ludovico, cultivou 22 alqueires de soja e 25 de milho. A média de soja ficou em 120 sacas e de milho 300 sacas. O restante da área é ocupada com pastagem.

Darci conta que os resultados com a agricultura não foram melhores devido a falta de chuva e excesso de calor que prejudicaram o desenvolvimento da soja e também do milho. “A lavoura sentiu bastante a falta de chuva, mas principalmente as temperaturas altas. Se fosse um ano normal teríamos colhido 160 sacas. Mesmo assim tivemos um bom resultado quando comparamos a nossa média com a de muitos agricultores vizinhos”, conta.

O cooperado ressalta que já pensa no futuro e em novos investimentos para as próximas safras. “No verão sempre plantamos soja e milho, só falta definir as variedades e o híbrido que será utilizado. Já no inverno a opção é pelo trigo e aveia para cobertura e pastagem. Também plantamos um pouco de feijão. É uma maneira de diversificar e melhorar o equilíbrio do solo”, destaca.  

A cultura de soja é relativamente nova na região de Cândido de Abreu em comparação a outras da área de ação da Coamo. A primeira safra foi cultivada em na safra 1997/98. Darci conta que desde o início vem investindo na cultura e que sempre obteve bons resultados. “Já colhemos até 160 sacas de média. No ano passado, também sofremos com a estiagem e mesmo assim a lavoura rendeu 145 sacas. Já nesta safra a seca foi um pouco mais severa e fechamos com 120 sacas o que é uma boa média”, pondera.

O engenheiro agrônomo Jonas Rodrigo Roecker, do Detec da Coamo em Cândido de Abreu, destaca que os investimentos realizados pela família Krepel tem dado resultado e prova disso é que mesmo com o clima não ajudando a média  foi boa. “É nesse momento que se percebe a importância dos investimentos no solo e nos tratos culturais. Uma boa correção aliada a um bom manejo das lavouras é importante para quem busca mais produtividade e renda com as atividades agrícolas”, ressalta.

Cândido de Abreu: área de soja cresceu 600% em 15 anos

A área plantada com soja na região de Cândido de Abreu aumentou 600% nos últimos 15 anos. A soja começou a ser cultivada na safra 1996/97 com 200 alqueires, no ano seguinte passou para 1.200 alqueires e nesta safra 2013/14 o Detec da Coamo em Cândido de Abreu contabiliza 7.200 alqueires. “Esta evolução aconteceu porque os cooperados constataram que a soja era uma opção para aumentar sua lucratividade e com o apoio da Coamo tiveram o suporte técnico e tecnologias necessárias para produzir bem e elevar os níveis de produtividades”, informa Paulo Nedes, chefe do Detec em Cândido de Abreu.

                Na safra 2013/14 com 100% da área colhida, a produção média foi de 115 sacas por alqueire, com picos de até 160 sacas por alqueire. “Esta produção foi reduzida em função da estiagem, mas em anos bons de clima os produtores já colheram médias de 145 sacas por alqueire”, informa Paulo Nedes.

Preços compensaram perdas

As adversidades climáticas evitaram uma safra normal na área de ação da Coamo. Porém, os preços acabaram compensando as perdas. “Tivemos um ano complicado em termos climáticos. A chuva irregular causou quebras mais significantes em algumas regiões enquanto que em outras a safra foi praticamente normal. Um fato importante que tivemos foram os preços que se mantiveram e compensaram a quebra”, diz o presidente da Coamo José Aroldo Gallassini. Segundo ele, a expectativa é que a produção seja entre 10 e 12% menor do que a previsão inicial.

As produtividades oscilaram bastante com cooperados colhendo entre 70 e 80 sacas, outros de 150 a 170 e teve quem colheu acima de 200 sacas. “Mais de 200 sacas não é média geral, mas demonstra o potencial da soja e até onde os cooperados podem chegar. Porém, para alcançar essas médias é necessário fazer um bom investimento e torcer para que o clima seja normal. É preciso dar tudo certo”, assinala.

No caso do milho, as produtividades, segundo Gallassini, foram normais com médias variando de 400 a 600 sacas por alqueire. “Não temos notícias de perdas significantes para o milho, o problema é que plantamos pouco milho no verão, pois os cooperados acabam deixando a lavoura para a segunda safra”, diz Gallassini. 

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