Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 435 | Abril de 2014 | Campo Mourão - Paraná

Diversificação

Olhos voltados para o inverno

Com o mercado de trigo em alta, plantio cresce 16,9% na área de ação da Coamo

Com o encerramento da colheita de verão os agricultores voltam as atenções para os cultivos de inverno. Na região de atuação da Coamo, o milho segunda safra já está todo implantado e o trigo encontra-se em fase inicial de plantio. As duas culturas são predominantes na área da cooperativa.

Enquanto o trigo teve um incremento de 16,9% na área de plantio deste ano, saltando de 296,6 mil hectares na safra passada, para 346,8 mil hectares, o milho safrinha praticamente manteve o mesmo espaço – 1.12 milhão de hectares em 20113 contra 1.13 milhão em 2014.

O aumento de plantio de trigo é em função dos preços que vêm sendo praticados desde o ano passado e que tem se mantido. “Estamos com preços bons, em torno de R$ 42 a saca e isso motivou o cooperado a plantar mais trigo. Torcemos para que o clima influencie e que possamos ter uma boa safra. Defendemos o plantio de trigo porque temos variedades com bom potencial produtivo e de ótima qualidade”, diz o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. E quanto ao milho, o presidente ressalta que as lavouras estão com bom desenvolvimento.

Manejo e monitoramento das lavouras

Para não perder o ritmo dos bons resultados, o Departamento Técnico da Coamo está atento e vem orientando os cooperados para o planejamento do cultivo de inverno, que a exemplo do verão pode render bons lucros. O engenheiro agrônomo Roberto Bueno Silva, do Detec em Campo Mourão, ressalta a importância do trigo para a sustentabilidade do processo produtivo e também para a renda da propriedade. “O trigo é uma cultura importante e procuramos sempre ampliar a visão do produtor para ele não considerar apenas o preço na hora de definir o plantio de inverno, e sim todo o sistema que pode ser adotado na propriedade.”

Segundo ele, o triticultor tradicional planta todos os anos até porque em regiões de maior altitude não permite outras opções como o milho safrinha, por exemplo. Ele cita que algumas situações podem atrapalhar o bom desenvolvimento da lavoura e uma delas é o clima. “Não temos influência sobre o clima, mas podemos fazer a nossa parte investindo em um bom manejo de solo, controle de pragas e plantas daninhas. Fazer com que as plantas germinam bem já é meio caminho andado. Depois da lavoura implantada deve ser constante o monitoramento e os tratos culturais necessários”, diz Bueno.

O agrônomo observa ainda que o trigo é uma cultura exigente e que o cultivo deve ser realizado nas áreas de melhor fertilidade e topografia, evitando baixadas de difícil escoamento de ar frio. “São ações para explorar o máximo de produtividade e rentabilidade da cultura”, frisa. Bueno comenta também deve ser considera a escolha de variedades que tenham produtividade e qualidade. “É muito importante que o cooperado conheça sua área para definir qual estratégia será implantada. Orientamos o produtor para que procure sempre a assistência técnica da Coamo e que discuta todas as possibilidades levando em consideração a região e a época de plantio.”

Pioneiros do plantio direto recebem “Moção de Louvor” da Assembleia

Roberto Destro, presidente da AEACM, Gabriel Borsato, Joaquim Peres Montans, Antonio Álvaro Massareto, Edson Battilani, Ricardo Accioly Calderari, Henrique e Carlos , que representaram o pai Henrique Gustavo Salonski (em memória).

Como forma de reconhecimento, os pioneiros do Plantio Direto na região de Campo Mourão receberam dia 05 de abril uma “Moção de Louvor” da Assembleia Legislativa do Paraná. A homenagem foi apresentada pelo deputado estadual Douglas Fabrício e a entrega durante evento da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão (AEACM). Na oportunidade, o deputado foi representado pelo vereador Edson Battilani.

Em Campo Mourão, o pioneirismo foi dos agricultores Antonio Álvaro Massareto, Joaquim Peres Montans, Ricardo Accioly Calderari, Gabriel Borsato e Henrique Gustavo Salonski (em memória).

A região de Campo Mourão é a segunda na história do plantio direto no Brasil. A primeira é Rolândia onde o agricultor Herbert Bartz, considerado o “pai do plantio direto no Brasil”, fez na safra 1972 o primeiro plantio da história com a importação de uma plantadeira dos Estados Unidos, Allis Chalmers. Depois, vieram os municípios de Campo Mourão (safra 1973), Mauá da Serra (1974) e Ponta Grossa (1976).

Quem comemora o sucesso da agricultura com o advento do plantio direto é o engenheiro agrônomo Ricardo Accioly Calderari, diretor-secretário da Coamo. “O progresso foi tão grande nos últimos 40 anos que os novos agricultores nem imaginam como eram os solos e a agricultura lá na década de 70”, diz. Calderari lembra que os agricultores na época, tinham duas grandes preocupações: precisavam de chuva, mas quando chovia, às vezes nem precisava ser muito forte, para que as terras fossem literalmente ‘lavadas’ e tudo se perdia, a lavoura e o solo. “Se existe agricultura hoje é porque existe o plantio direto”, conta.

No final da década de 70, a região de Campo Mourão contava com dez mil hectares de PD. Mas, foi a partir dos anos 80 que a tecnologia teve o seu grande momento. “Em 1984 já tínhamos catalogado na região de Campo Mourão cerca de 60 mil hectares de lavouras em PD. Hoje, o sistema ocupa praticamente 100% das áreas de cultivo da região”, comemora Calderari.

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