Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 436 | Maio de 2014 | Campo Mourão - Paraná

Diversificação

Pecuária rentável

Mais moderna e eficiente, a pecuária tem alcançado boa produção, tanto de carne quanto de leite

               

A diversificação é uma alternativa para manter o setor agropecuário mais seguro e sustentável. Ao invés de uma, praticar duas ou mais atividades é garantia de mais renda, pois quando uma atividade não estiver caminhado bem, a outra dá sustentabilidade necessária para os negócios. Nesse cenário, a pecuária se enquadra como boa opção tanto para melhorar o sistema produtivo quanto para aumentar o ganho das famílias.

Mais moderna e eficiente, a pecuária tem alcançado boa produção, tanto de carne quanto de leite. Uma estratégia para conseguir bons resultados é investir em tecnologias que vão desde os cuidados com a alimentação, sanidade, bem estar e manejo com os animais. Nas últimas décadas a atividade teve grande incremento na adoção de tecnologia. Os produtores deixaram de trabalhar de forma extensiva, sem acrescentar o básico da tecnologia. As grandes falhas da produção estava na forma de o criador encarar os investimentos, onde o foco era somente no lucro, não olhava os investimentos como uma forma de otimizar os resultados.

Preocupação com o bem estar animal

Em Pitanga (Centro do Paraná) o cooperado Giovani Maziero tem investido para melhorar o bem estar dos animais. Na opinião dele, é um investimento que vale a pena, pois aumenta a produtividade de leite. “Quanto mais conforto para os animais mais leite será produzido”, frisa.

O produtor conta com 245 animais, sendo que 115 estão em lactação. Cada animal produz uma média de 23 litros por dia e a meta do cooperado é alcançar pelo menos 28 litros. O mais recente investimento está sendo a construção de um free stall (galpão pré-fabricado de concreto específico para confinamento de gado leiteiro).

Segundo ele, a quantidade de animais faz com que aumente a responsabilidade em alojar e alimentar os animais. “Estamos com um bom número de animais e os investimentos têm sido para melhorar as condições de manejo e facilitar a mão de obra. São ações importantes para quem quer ter resultados positivos com a pecuária de leite.”

Maziero trabalha com a pecuária desde 1988, e começou a parte de leite há cerca de 15 anos. Ele recorda que os investimentos são constantes e isso é uma necessidade para se manter na atividade. “O leite é um bom negócio e a renda ajuda nas despesas da propriedade. Só que precisa de investimentos sempre.”

PROTOCOLOS – Na Fazenda Leão, comunidade Bom Retiro, todos os protocolos são seguidos rigorosamente. As atividades foram desenvolvidas em parceria com a assistência técnica da Coamo e envolve desde a parte da alimentação até a sanidade dos animais. “Existe uma preocupação antes mesmo de emprenhar os animais. Todas as fases são importantes e para cada uma existe um protocolo”, observa Maziero.

O médico veterinário Danilo Marques Bordini, do Departamento Técnico da Coamo em Pitanga, observa que um fator importante é saber diferenciar o que é custo do que é investimento. “Nem sempre o investimento proporciona um resultado direto, mas é de extrema importância. Trabalhar com a prevenção, por exemplo, aumenta a chance de melhores resultados.”

De acordo com o veterinário, a pecuária se enquadra como boa opção de diversificação de propriedade e prova disso é que pelo menos 90% dos criadores de gado atendidos pela Coamo também são agricultores. “Isso exige mais conhecimento, pois eles tem que ser bons pecuaristas e também bons produtores de grãos. Uma agricultura bem estruturada causa reflexos positivos na pecuária. As duas atividades caminham juntas”, destaca Bordini.

Inverno: pastagem bem manejada

A transição entre o final do outono e o início do inverno exige cuidados que devem ser levados em consideração quando o assunto é o manejo das pastagens, em especial, a aveia e o azevém, que na região da Coamo são bastante utilizadas para o pastoreio estratégico dos animais nesta época do ano. “O manejo em cima dessas áreas é muito importante, pois como são plantas de alto valor nutricional, sendo manejadas de maneira correta, elas proporcionarão mais produtividade para os animais, seja de leite ou carne”, garante o médico veterinário Hérico Alexandre Rossetto, do departamento de assistência técnica da Coamo. Ele orienta que é essencial fazer uma boa adubação, sempre orientado pela assistência, para garantir um bom perfilhamento e vigor produtivo das duas espécies, o que vai dar condição de aumento na capacidade de lotação animal em cima da área para o pastejo.

Outro fator importante apontado pelo veterinário é o ponto de entrada dos animais para o pastoreio, que segundo ele, deve ser quando a aveia estiver com 22 a 25 centímetros de altura no máximo, pois se a planta crescer demais o animal acaba comendo o ponto de germinação. “Esse é o ponto ideal. Por outro lado, se colocar o animal no pasto com a aveia muito nova a tendência é que haja um pisoteio muito grande na área e até o arranque de plantas, diminuindo o estande da área”, alerta.

Para obter um bom rendimento do pasto, seja no sistema contínuo ou em piquetes, Hérico Rossetto explica que o produtor deve sempre observar a altura da pastagem para retirar o gado, antes que ele coma mais do que deve, mantendo o índice de área foliar ideal para fazer fotossíntese. “Se a pastagem for de sistema contínuo pode-se manter o gado com 18 a 22 centímetros de pastagem, mas se for piqueteado o ideal é entrar com 22 centímetros e sair com 11 centímetros.”

Hérico explica que o ponto de entrada dos animais para o pastoreio deve ser quando a aveia estiver com 22 a 25 centímetros de altura no máximo

PERENE – Neste período do ano, outono e inverno, há uma queda fisiológica da quantidade e qualidade das pastagens de verão (perenes), em particular há uma grande queda no teor de energia e proteína pelo amadurecimento da planta, aumentando o teor de fibra e baixando o teor de proteina das pastagens perenes, que de acordo com Hérico Rossetto, nutricionalmente esta situação é prejudicial para a manutenção e produção de carne ou leite pelos bovinos. É justamente neste período que o produtor precisa lançar mão de produtos complementares para suplementar o rebanho. São ferramentas que vão repor as proteínas necessárias, que estão em níveis baixos nos pastos perenes nesta época do ano, ou seja, durante a estação seca e fria do ano. Neste período as pastagens apresentam uma queda fisiológica do teor de proteína, ficando abaixo de 7% na matéria seca, e caso não haja a suplementação adequda haverá perda de peso pela falta de proteína na alimentação, onde a cada 1% de queda no teor de proteína abaixo do teor de 7% de proteína no pasto, o bovino poderá perder até 250 gramas de peso ao dia, podendo ocorrer perdas de até 30% do peso vivo durante o período frio do ano. “Desta forma lança-se mão do uso dos chamados sais proteinados ou protéico-energéticos, os quais irão dar suporte nutricional para a manutenção do peso e em algumas situações para ganho de peso”, explica.

Contudo, Rossetto alerta que o produtor precisa estar ciente de qual o produto indicado para utilizar na propriedade. “Sais proteinados, por exemplo, não devem ser utilizados em rebanhos que pastejam na aveia e azevém, pois essas espécies de plantas já têm muita proteína, e o sal proteinado, como o próprio nome já diz, também. Se colocar mais proteína, ao invés de ajudar vai sobrecarregar a parte hepática do animal e fazer um efeito contrário ao que se busca. Agora, se os animais saírem da aveia e voltarem para o pasto seco, que está muito fibroso, ai sim eles podem ingerir este tipo de complemento”, certifica o veterinário da Coamo.

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