Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 508 | Novembro de 2020 | Campo Mourão - Paraná

IDEALIZADOR

O idealismo de um cooperativista

Gallassini com o jipe usado no trabalho de extensionista

Quando o jovem engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini, chegou em Campo Mourão em um Jipe, não imaginava a história que era guardada para ele. Com 27 anos, ele fazia parte de um programa da Acarpa (hoje Instituto Emater) e foi encarregado pelas autoridades de levantar a situação do município e dar assistência aos agricultores locais. Gallassini, nascido em Brusque (SC) e formado na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, logo se ocupou de conhecer a cidade – da qual nunca tinha ouvido falar – e seu potencial, tanto agropecuário quanto humano. Ele foi o idealizador da Coamo, se tornando uma das principais lideranças cooperativistas do Brasil.

Gallassini foi o responsável pela organização dos produtores e a sua inserção no cooperativismo. O conhecimento sobre cooperativismo foi adquirido nos treinamentos realizados no “Pré-serviço”, que era um estágio profissional preparando o funcionário para suas atividades.

José Aroldo Gallassini, num campo de trigo em Campo Mourão

Mesmo sem nunca ter estado em Campo Mourão, o atual presidente do Conselho de Administração da Coamo, na época mostrava muito entusiasmo, vontade e idealismo, e sabendo dos desafios que teria pela frente, concluiu o levantamento da realidade rural do município que tinha 25 mil habitantes na cidade e outros 45 mil no campo.

O idealizador também conduziu os primeiros experimentos de trigo na região de Campo Mourão, entre abril a setembro de 1969, com trabalho de pesquisa de variedades, adubação, calagem e época de plantio, e logo a seguir, a implantação da soja na região. Por sua vez, os agricultores sabiam que a mecanização agrícola era a solução para o desenvolvimento da agricultura, que aconteceu com o apoio decisivo da extensão rural por meio da Acarpa.


A história contada PELO IDEALIZADOR

O idealizador e fundador da Coamo, José Aroldo Gallassini, chegou em Campo Mourão em 1968. O jovem catarinense de Brusque, recém formado em engenharia agronômica, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), quis trabalhar com extensão rural. Ele passou no concurso da Acarpa, atual Emater. “Fiz estágio em Tibagi e Ibaiti e a empresa queria me manter por lá, pois eu tinha desempenhado um bom trabalho. Eu disse que não queria. Eles então, me avisaram numa segunda-feira que eu iria para Campo Mourão.”

Sem conhecer ou, sequer, ter ouvido falar em Campo Mourão, José Aroldo Gallassini chegou ao município do Centro-Oeste do Paraná, num jipe, modelo de 1954. “Comecei a realizar um levantamento da realidade rural da cidade. Era o fim do ciclo da madeira. Comecei a desenvolver a assistência técnica. Um ano depois, em 9 de dezembro de 69, fizemos uma reunião no Clube Mourãoense e um dos assuntos era cooperativismo”, recorda.

Várias tentativas frustradas de fundar uma cooperativa na região deixaram os agricultores receosos. “Vieram muitas pessoas de fora que tomaram o dinheiro dos agricultores e não voltaram mais. Nada tinha dado certo. Mas, naquela reunião a ideia de fundar uma cooperativa explodiu novamente.”

Primeira máquina de contabilidade da Coamo

Gallassini conta que o, então, prefeito de Campo Mourão, Horácio Amaral ofereceu um terreno para a nova cooperativa. “O prefeito cumpriu a promessa e nos cedeu o terreno. Fundamos a Coamo em 28 de novembro de 1970 com 79 agricultores e começamos a trabalhar.”

Na época o jovem extensionista da Acarpa, foi promovido e ficou responsável por cuidar da região que ia de Ivaiporã até Ubiratã, coordenando o trabalho de vários extensionistas. Nesse mesmo período, Gallassini lembra que os cooperados pediram que ele fosse gerente. “Eu aceitei, mas desde que eu tivesse um salário. Porém, eles ainda não poderiam me pagar. Então, eu disse que aceitava desde que pudesse fazer avaliações aos sábados e domingos pelo Banco do Brasil, pois era recém casado e precisava garantir o sustento da minha família.”

A Coamo então deslanchou. A cooperativa, gerenciada por José Aroldo Gallassini, iniciou o trabalho que até hoje não parou. “Começamos comprando sementes de trigo, depois de soja. Construímos o primeiro armazém de fundo chato, que ainda existe, depois o primeiro escritório e as coisas foram funcionando bem. Dali para frente não paramos mais. Os cooperados confiaram e foi dando certo. Hoje com 50 anos temos uma história que muito nos orgulha e que vem dando certo pela dedicação de todos. Isso é cooperativismo.”



O dia da fundação

A Coamo foi fundada em 28 de novembro de 1970 na Associação dos Funcionários do Banco do Brasil, onde 79 agricultores assinaram a ata de fundação. Eles foram chegando e assinando, sem uma ordem estabelecida. Dos 79, seis ainda estão ativos, a maioria já faleceu e outros foram embora e perdeu-se o contato. Porém, todos deixaram um legado de trabalho e união, que há 50 anos é repassado aos mais de 29 mil cooperados.

Do dia da fundação até a data atual, passa um filme na mente do idealizador José Aroldo Gallassini. “Não dava para imaginar que a Coamo chegaria até aqui com tanto sucesso. Essas coisas vão acontecendo. Mas, eu tinha uma qualidade que me ajudou. Comecei no mercado de trabalho aos 13 anos fazendo cobranças da fábrica de móveis do meu pai, depois em Curitiba, trabalhei em dois bancos e ainda fiz cálculo de topografia para uma empresa. Essa experiência, me deu uma boa vivencia para conduzir o trabalho inicial da cooperativa. Valorizo o trabalho enquanto se é novo, pois é onde a pessoa forma a sua personalidade.”



Valores da Coamo

Os valores da Coamo nasceram com a cooperativa. Foram influência das pessoas que a fundaram, pessoas de caráter e honestidade indiscutíveis. O idealizador, José Aroldo Gallassini, teve isso em seu berço e se uniu com pessoas com os mesmos princípios. “Sempre ficou claro que ninguém poderia se valer da Coamo para benefício próprio. Os próprios princípios cooperativistas são rígidos neste sentido. Além disso, no aspecto financeiro também fica evidente o caráter de uma pessoa. Pagar suas contas é uma obrigação, pois quem não o faz, prejudica outras pessoas. Sempre levamos isso muito a sério. Tanto que na Coamo e na Credicoamo a inadimplência é quase zero.”



Confiança

A palavra-chave que define a trajetória da Coamo é confiança. Algo que precisa ser adquirido e não se conquista de graça. “A repetição de ações com seriedade, definem a confiança. O cooperativismo depende da credibilidade junto ao quadro social. O cooperado precisa sentir que a cooperativa é sua e está com ele. Esse é um dos motivos do sucesso da Coamo nestes 50 anos”, enfatiza Gallassini.


Fioravante Ferri e Aroldo Gallassini em evento
A chegada dos 50 anos

O logo "Coamo 50 anos" é resultado do trabalho do Comitê Coamo 50 anos integrado por funcionários da cooperativa e foi criado pela designer Raquel Eishima, da Assessoria de Comunicação.

A Coamo completa 50 anos muito bem, conforme destaca o fundador da cooperativa. Mudanças na forma de administração foram realizadas neste ano, com o único foco de perpetuar essa prosperidade. “Adotamos o sistema de governança corporativa, com um Conselho de Administração, no qual fui eleito presidente para coordenar uma Diretoria Executiva contratada. Uma forma de gestão que o sistema cooperativismo brasileiro precisa adotar, pois as cooperativas se tornaram grandes empresas e para administrar grandes empresas é necessário o trabalho de profissionais qualificados.”

Para Gallassini, essa forma de gestão é profissional e garante a perpetuação da cooperativa. “Em outubro de 2019 os associados aprovaram a reforma no Estatuto Social. O conselho de Administração define as políticas da cooperativa e a diretoria Executiva toca, seguindo as diretrizes desse conselho. Essa gestão está indo muito bem.”

A Coamo cresceu e vem apresentando resultados positivos. “A Coamo é a maior empresa do Paraná. Nunca imaginávamos que uma cooperativa de 79 agricultores ocuparia esta posição. Queremos continuar este trabalho e sempre voltados para o quadro social e funcional, pois nenhuma empresa vai bem se não tiver uma equipe satisfeita e capaz. Nós podemos envelhecer, mas a Coamo não, ela sempre precisa ser nova, acompanhando a economia e as mudanças de mercado.”

Gallassini e o fundador Martin Kaiser em momento histórico no lançamento do logo Coamo 50 anos
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