Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 522 | Março de 2022 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

RENATO NAEGELE Vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil

Renato Naegele é vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil. Engenheiro agrônomo, com especializações em Economia Moderna e Gestão Executiva. Funcionário de carreira do BB de 1982 a 2015, tendo atuado como Gerente Executivo de Negócios com o Setor Público, Chefe da Consultoria Técnica da Presidência e Diretor de Marketing e Comunicação; e no exterior foi Vice-Presidente do Banco Patagonia e Gerente Geral do BB no Chile. Atuou como conselheiro em vários conselhos de administração no Brasil e no exterior, sendo atualmente conselheiro dos Bancos Patagônia e Votorantim. Foi sócio-diretor da consultoria Macroplan, além de ter atuado no governo federal (1987 a 1996) e no Senado Federal (2016 a 2018).

"A gestão do agro envolve a análise conjunta de todo o elo produtivo do segmento, de forma a viabilizar soluções antes, durante e após a produção, para todos os portes de clientes." A frase é do vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Renato Naegele, entrevistado do mês na Revista Coamo.

De acordo com ele, o maior desafio é auxiliar a economia do país, tornando o agronegócio brasileiro cada vez mais competitivo, sustentável e inclusivo, atendendo todos os segmentos e cadeias produtivas do setor, independentemente de porte. "Em julho/21 lançamos o maior Plano Safra de todos os tempos, com R$ 135 bilhões para a melhoria dos processos produtivos dos produtores rurais, empresariais ou familiares e das cooperativas. Após esta ação, criamos o Programa BB Investimentos Agro, disponibilizando um incremento de R$ 10,5 bilhões, trazendo apoio financeiro aos produtores rurais para investimentos no campo em ampliação de tecnologia, sustentabilidade e infraestrutura."



Revista Coamo: Qual a missão da área de Agronegócios do Banco do Brasil?

Renato Naegele: Desenvolver e disponibilizar soluções inovadoras que facilitem o dia a dia no campo e contribuam para o fortalecimento das cadeias produtivas do agronegócio, gerando riquezas e segurança alimentar para a população.



RC: Quais são seus desafios e projetos à frente da vice-presidência de Agronegócios do BB para colaborar no fortalecimento desse importante setor?

Naegele: O nosso maior desafio é auxiliar a economia do país, tornando agronegócio brasileiro cada vez mais competitivo, sustentável e inclusivo, atendendo todos os segmentos e cadeias produtivas do setor, independentemente de porte. Em julho/21 lançamos o maior Plano Safra de todos os tempos, com R$ 135 bilhões para a melhoria dos processos produtivos dos produtores rurais, empresariais ou familiares e das cooperativas. Após esta ação, criamos o Programa BB Investimentos Agro, disponibilizando um incremento de R$ 10,5 bilhões, trazendo apoio financeiro aos produtores rurais para investimentos no campo em ampliação de tecnologia, sustentabilidade e infraestrutura. Investimos, constantemente, na busca de soluções para facilitar o dia a dia no campo, simplificamos o acesso ao crédito, intensificamos a utilização dos canais digitais e fortalecemos nossa plataforma digital: ‘broto.com.br.’ Recentemente lançamos o projeto Circuito Agro, com esta ação, estamos levando capacitação técnica e gerencial aos pequenos produtores rurais em diversas localidades e com a carreta Agro percorremos o país de Norte a Sul, levando o Banco ainda mais próximo do produtor rural.



RC: Quais fatores podem determinar a excelência na gestão do agronegócio?

Naegele: A gestão do agro envolve a análise conjunta de todo o elo produtivo do segmento, de forma a viabilizar soluções antes, durante e após a produção, para todos os portes de clientes. O BB não se limita a ofertar crédito, mas a reforçar sua parceria e proximidade com os produtores rurais, buscando conhecer cada vez mais sua realidade no campo, suas necessidades e potencialidades. O BB possui uma rede de assessoramento técnico rural composta por mais de 230 profissionais especializados, que oferecem mais segurança e agilidade nos processos de contratação. E de forma a complementar a assessoria humana, destaca-se o uso de inteligência artificial, permitindo o uso de aplicativos móveis para inúmeras transações envolvendo o atendimento do cliente, proporcionando-lhe maior comodidade. O Banco do Brasil possui compromissos para um mundo mais sustentável. Isso reforça que acreditamos na capacidade de desenvolver e ofertar produtos e serviços voltados para uma economia de baixo carbono e inclusiva, que possa agregar cada vez mais qualidade e inovação ao atendimento de clientes e promover menor impacto social e ambiental. Assim, torna-se possível oferecer as soluções com total assertividade, gerando excelência na gestão do agronegócio.



RC: A safra de verão 2021/2022 sofreu com frustração por problemas climáticos, qual é a posição do Banco do Brasil no sentido de apoiar aos produtores rurais que conviveram com esta situação?

Naegele: O comportamento do clima é a maior incerteza da produção agropecuária. Ciente disso, o Banco do Brasil acompanha com atenção o cenário do setor, em especial as necessidades de seus clientes produtores rurais, para assegurar a continuidade da atividade produtiva. Na safra atual, estamos sob a influência do fenômeno climático La Niña, que, por característica, aumenta a probabilidade de irregularidades das chuvas e riscos de estiagem, principalmente na Região Sul do Brasil. Esses eventos estão se confirmando e as irregularidades climáticas na Região Sul e parte do Mato Grosso do Sul danificaram as lavouras de soja e milho verão. Até o momento, não identificamos a necessidade de prorrogação geral das operações de custeio dos produtores do Sul e de Mato Grosso do Sul afetados pela estiagem. Mas, para os casos pontuais, o BB disponibiliza soluções para prorrogação de dívidas, na forma prevista no Manual do Crédito Rural. Nossas agências estão aptas e preparadas para atender tanto as novas necessidades de crédito, quanto a prorrogação de financiamentos. A avaliação é que muitas operações estão cobertas com mitigadores de risco, como seguro rural e Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). O Banco do Brasil concentrou esforços para agilizar as vistorias nas propriedades rurais. No momento, mais de 90% delas já foram vistoriadas. Reforçamos que, diante dessas irregularidades climáticas e de custos de produção elevados (como estamos vivenciando), a estratégia de mitigação de risco climático (seguro agrícola) se torna cada vez mais necessária, de forma a propiciar a estabilidade da renda no campo.



RC: Na sua opinião, como será o agronegócio brasileiro do futuro? Mais digital, mais relacional ou mais produtivo?

Naegele: Percebemos de forma clara e indiscutível a importância dos avanços tecnológicos que foram aos poucos sendo embarcados nas máquinas, implementos e equipamentos agrícolas, resultando no aumento da produção sem ampliação de área. São novas tecnologias que estão mudando a maneira com que trabalhamos, e o agro vem absorvendo consideravelmente essas mudanças. O digital faz parte do dia a dia do agro brasileiro, além da evolução das máquinas e implementos, existem equiRenato Naegele, Vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil pamentos de alta precisão para tomada de decisões, de aprimoramento contínuo de sementes, de insumos, na genética dos semoventes e de monitoramento ambiental, que são utilizados amplamente nas propriedades rurais. Para acompanhar a transformação do campo, o Banco do Brasil busca investir em soluções que proporcionem uma jornada mais amigável e intuitiva para os clientes, dentro e fora da porteira, e investir em parcerias como a FieldPRO, startup de inteligência climática e ciência de dados, para oferecer a ferramenta de monitoramento edafoclimático aos nossos clientes. O BB entende que a transformação digital não acontece sem as pessoas, evidenciando a necessidade de manutenção do permanente contato com os clientes. Este posicionamento permite a contínua inovação dos processos e a sustentabilidade das relações. Nossa plataforma: ‘broto.com.br’, se transformará no principal ecossistema digital do agronegócio.



RC: Quanto ao cooperativismo agropecuário, qual a sua avaliação da atuação deste movimento?

Naegele: O cooperativismo nos traz lições importantes como a intercooperação e o interesse pela comunidade, a organização das cadeias produtivas alimentares, na geração de renda, na contribuição para a produção agrícola nacional, no saldo da balança comercial, fortalecendo o desenvolvimento do Brasil e a retomada do crescimento econômico. O Banco do Brasil destaca a importância das cooperativas como agente transformador da sociedade. Nossa parceria histórica com a Coamo é, na prática, exemplo da contribuição que juntos entregamos para o crescimento do agronegócio e dos cooperados.



RC: Como as cooperativas de produção e o Banco do Brasil poderão atuar no sentido de alavancar recursos para o setor e o próprio desenvolvimento do sistema?

Naegele: As cooperativas são instrumentos de geração de emprego e renda no campo, além de proporcionar o acesso ao conhecimento, tecnologia, inovação e ganho de escala, viabilizando o desenvolvimento econômico e social em suas localidades de atuação. O Banco do Brasil sempre foi o maior parceiro do sistema cooperativo. Os convênios e os acordos de cooperações existentes entre o banco e as cooperativas possibilitam a ampliação de seus negócios, melhoria dos serviços aos seus cooperados, auxiliando na estruturação de seus processos, disponibilização de crédito e governança. Neste sentido, é fundamental a parceria com as cooperativas para a aplicação desses recursos, levando tecnologia, conhecimento e inovação ao campo, fortalecendo toda a cadeia produtiva.



RC: O senhor visitou a Coamo e conheceu um pouco do trabalho da cooperativa. Qual foi a sua impressão?

Naegele: A Coamo é um exemplo de cooperativismo a ser seguido, são mais de cinco décadas promovendo integração, avanços tecnológicos, assessoria e apoio aos seus cooperados, impulsionando o desenvolvimento da agricultura no Centro Oeste do Paraná, no Mato Grosso do Sul e em Santa Catarina. Sua trajetória de sucesso se consolida como a maior cooperativa da América Latina, seus resultados demonstram a importância de investir em assistência técnica, pesquisa, experimentação, infraestrutura, industrialização, comercialização e na formação cooperativista de seus cooperados e colaboradores.

Renato Naegele, Vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil
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