Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 522 | Março de 2022 | Campo Mourão - Paraná

SAFRA DE VERÃO

SAFRA MARCADA PELO CLIMA

Em Amambai (MS) cooperados Samuel e Lauro Scherer acompanham com o engenheiro agrônomo, Marcelo Johnny Ballão da Silva, a última área da safra 21/22 que ainda restava para ser colhida. Lavouras foram prejudicadas pela falta de chuva, derrubando a produtividade

Quando começou a plantar a safra 21/22 o cooperado Lauro Romualdo Scherer, de Amambai (Sul do Mato Grosso do Sul), já trabalhava com uma situação adversa. Ele teve de mudar o planejamento do plantio, que tradicionalmente ocorre em setembro, finalizando a semeadura somente no final de outubro. Ocorreu dentro de uma condição ideal de umidade e as plantas germinaram bem. A falta de chuva iniciou em novembro e seguiu até janeiro, causando frustração na safra. Acostumado a colher entre 30 e 32 mil sacas nos 200 alqueires que cultiva, o cooperado viu a produção cair para sete mil sacas.

Já em Abelardo Luz (Oeste de Santa Catarina), o cooperado Michel Ademar Tacca colheu uma safra praticamente normal. Na região, também teve falta de chuva durante o desenvolvimento das plantas. Só que diferente de outras regiões produtoras da área de ação da Coamo, as precipitações retomaram no final de dezembro, recuperando a produção. Com isso, ele colheu áreas com produtividades entre 170 e 190 sacas por alqueire.

O cenário entre os dois cooperados reflete muito bem como foi a safra 2021/2022. Enquanto em algumas regiões a falta de chuva se prolongou, causando perdas históricas, em outras, o clima se comportou bem, com uma produção considerada normal.

Em Abelardo Luz (SC), o cooperado Michel Ademar Tacca colheu uma safra praticamente normal. Falta de água chegou a assustar, mas chuva retornou no final de dezembro recuperando as lavouras. Engenheiro agrônomo, Arthur Aloysio Schwengber, acompanha o cooperado, produtor de sementes

Para registrar esse momento e acompanhar o trabalho dos associados durante a colheita da safra, equipe da Assessoria de Comunicação da Coamo realizou o Tour da Safra, percorrendo várias regiões no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Durante a expedição cooperados e técnicos relataram os números da produção da safra.

Agricultor há mais de 50 anos, Lauro Scherer, diz que nunca tinha presenciado situação igual a desta safra. Em outubro, época do plantio da soja, choveu quase 500 milímetros em Amambai. “O problema é que depois não choveu mais. Além da falta de água, o calor foi forte, ultrapassando os 40ºC durante vários dias seguidos”, conta.

Lavoura do cooperado Lauro Scherer, em Amambai (MS), sofreu com falta de chuva e excesso de calor

A expectativa inicial era colher pelo menos 145 sacas por alqueire. Volume esse, que está dentro da média dos últimos anos na propriedade. “Fechamos com uma média de 36 sacas por alqueire. Colhemos praticamente 25% do esperado”, salienta. Ele revela que em anos anteriores houve situações de redução da safra devido ao clima, mas não tão rigoroso. “É mais comum na segunda safra de milho, com perdas devido à falta de chuva ou geada”, frisa.

Algumas áreas do cooperado registraram 15 sacas por alqueire, enquanto outras 24 sacas e as melhores médias chegaram a 48 sacas. Um cenário que atingiu toda a região Sul e Centro-Sul do Mato Grosso do Sul. “Fazemos a nossa parte, investimos em tecnologia e cuidamos das lavouras. Mas, dessa vez o clima não contribuiu. Sorte que temos a Coamo do nosso lado para nos proteger e orientar com a assistência técnica. Sem essa parceria estaria bem pior a situação.” A área toda está segurada com a Credicoamo o que, segundo o cooperado, irá amenizar as perdas financeiras. “Sem seguro teríamos que trabalhar três ou quatro anos para nos recuperar financeiramente.”

Tour da Safra é um projeto da assessoria de Comunicação da Coamo e tem como objetivo mostrar o cenário agrícola da safra de verão. Foram percorridos mais de 2,3 mil quilômetros, visitando propriedades de cooperados no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Foi possível acompanhar colheitas e o andamento da segunda safra, que está em pleno desenvolvimento.

Em algumas regiões, como parte do Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná, a safra pode ser considerada normal, com algumas perdas pontuais. Já em outras, como Sul do Mato Grosso do Sul e Oeste do Paraná, a falta de chuva castigou as lavouras causando perdas históricas, reduzindo drasticamente a renda dos cooperados. Por outro lado, o seguro agrícola confirmou a sua importância, amenizando os prejuízos e evitando que os cooperados contraíssem dívidas, que podem se alastrar por anos, como já ocorreu no passado.


Depois de uma safra de verão ruim, Ailton de Azevedo, cooperado em Dourados (MS), já está com toda a área de soja ocupada com milho segunda safra

O engenheiro agrônomo Marcelo Johnny Ballão da Silva, da Coamo em Amambai, explica que toda a região foi afetada pelo clima. Ele ressalta que o município conta com produtores tradicionais, que investem em tecnologia, mas nesse ano em função do clima não conseguiram colher o que esperavam. “O cooperado se planeja, participa das campanhas da Coamo adquirindo insumos de alta performance e busca sempre produzir mais. Com o apoio da assistência Técnica faz o plantio e os tratos culturais da melhor maneira possível, mas não sabe como será o clima. Fator esse que foi decisivo e limitou a produção nessa safra.”

Segundo o agrônomo, a quebra entre os cooperados da Coamo em Amambai foi de 70% comparando com a expectativa inicial de produção. Na safra passada a produtividade média foi de 155 sacas por alqueire e nessa safra fechou em 43 sacas. “A falta de chuva atingiu as lavouras de soja em uma fase reprodutiva e afetou diretamente o enchimento de grãos, culminando na quebra de produção. Faltou água, principalmente, nos meses de novembro e dezembro. Além da estiagem, tivemos altas temperaturas”, diz Silva.

Ailton Aparecido de Azevedo, cooperado em Dourados (Centro-Sul do Mato Grosso do Sul), já está com toda a área de soja ocupada com milho segunda safra, mas ainda recorda o que foi o verão. O plantio da soja ocorreu no início de outubro e todo o ciclo foi marcado pela falta de chuva. Diante do cenário adverso, a produtividade caiu bastante resultando em 44 sacas por alqueire. “Nessa mesma área, estávamos acostumados a produzir até 170 sacas de soja por alqueire”, frisa, reforçando que nunca tinha presenciado uma situação parecida.

Ailton de Azevedo com a engenheira agrônoma Priscila Buaretto Lopes, da Coamo em Dourados

Mato Grosso do Sul

No Mato Grosso do Sul, a soja ocupou pouco mais de 3,7 milhões de hectares. A produtividade média está em 50,6 sacas por hectare, e a estimativa é totalizar 11,4 milhões de toneladas do grão. Os dados são do SIGA-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), coordenado pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) junto com a Aprosoja/MS (Associação de Produtores de Soja de MS).

Azevedo segue todas as recomendações da assistência Técnica da Coamo, para resultados a curto, médio ou longo prazo. “A chuva é fundamental para uma boa safra. Olhava para a lavoura sofrendo com a falta de água e lembrava de todo o esforço empregado para ter um bom rendimento. É complicado, mas a vida do agricultor é essa”, ressalta. O cooperado revela que o planejado era produzir pelo menos 145 sacas de média nos 71 alqueires que cultiva. “Infelizmente não foi assim, vida que segue e já temos uma nova safra pela frente”, diz se referindo ao milho segunda safra.

Um ponto fundamental, segundo o cooperado, foi o seguro agrícola. “Deu para pagar o custo e ainda sobrou um pouco de dinheiro. Com os altos custos da lavoura e a necessidade de continuar investindo em tecnologia, é fundamental o seguro agrícola. Desde o momento que comecei a trabalhar com a Coamo e a Credicoamo passei a fazer seguro, incentivado pelas cooperativas”, observa.

A engenheira agrônoma Priscila Buaretto Lopes, da Coamo em Dourados, comenta que na região a chuva foi bastante irregular, com produtores distantes entre dois e três quilômetros tendo produtividades bem distintas. “Não foi uma produção boa para ninguém, quando comparada com as médias que estávamos acostumados. Mas, tivemos cooperados que colheram de 72 a 96 sacas por alqueire, enquanto outros próximos colheram 138 sacas, por exemplo. Essa comparação é entre produtores com o nível tecnológico bem parecido, o que mostra o efeito da falta de chuva nas lavouras.”

Em relação a segunda safra de milho, a agrônoma diz que os cooperados conseguiram plantar em uma boa condição de clima, mas que para chegar a essa condição alguns deles prorrogaram por até 20 dias o início dos trabalhos. “As lavouras estão se desenvolvendo bem até o momento. Acreditamos em uma boa safra.”


Seguro agrícola foi a salvação da lavoura

Vitorino Rigo, de Toledo (PR), garantiu renda na safra de verão com o seguro contratado na Credicoamo

Em muitas situações, o seguro agrícola acabou sendo a renda dos cooperados que tiveram a lavoura de verão prejudicada pela falta de chuva. É o caso do associado Vitorino Rigo, de Toledo (Oeste do Paraná). “O seguro agrícola é extremamente útil e necessário. É um instrumento importante que ajuda a manter o agricultor na atividade. Aconselho que os colegas produtores façam seguro agrícola. Em um ano como esse, quem não tinha seguro, passou apurado”, comenta Rigo, que contratou o seguro agrícola na Credicoamo.

Ele destaca que perder parte da produção, como ocorreu no ano passado com o milho segunda safra, é complicado, mas perder a soja, principal lavoura do ano, dificulta ainda mais a situação do produtor. “Há muitos anos não utilizávamos o seguro em uma safra de verão, porque sempre colhíamos pelo menos o limite para não ter indenização. Mas, nesse ano, a falta de chuva foi muito severa”, destaca.

O resultado, conforme o cooperado, foi uma queda de aproximadamente 80% da produção. “Pelo investimento realizado e pelo histórico de anos anteriores, esperávamos colher de 170 a 180 sacas por alqueire. Colhemos de 28 a 35 sacas por alqueire. Sem o seguro, passaríamos por um período muito difícil porque já havíamos perdido praticamente 50% da produção de milho. E as perdas na safra de verão complicariam e muito a nossa a vida.”

Rigo recorda que já houve situações parecidas em safras anteriores. “Se fizermos um levantamento, a cada dez anos, mais ou menos, há perda na safra de verão devido ao clima irregular. Isso é cíclico e confirma a importância de se fazer a nossa parte, usar as melhores tecnologias e ferramentas, como é o caso do seguro agrícola, para amenizar possíveis perdas.”

O engenheiro agrônomo Marcos Joel Marcolin, da Coamo em Toledo, ressalta que a safra de verão foi bem diferente do que vinha se mostrando até dezembro. “No começo, as lavouras se desenvolveram relativamente bem, com os cooperados plantando na época recomendada e com chuva de acordo com a expectativa. De novembro a janeiro houve falta de chuva, diminuindo o porte das plantas e ocorrendo abortamento. Com isso, a produtividade final foi prejudicada”, explica.

Engenheiro agrônomo Marcos Marcolin, da Coamo em Toledo, ressalta que produção ficou bem abaixo do esperado

A média dos cooperados ficou bem abaixo do que se esperava, com produtividades que oscilaram entre 10 e 20 sacas por alqueire, e as melhores com 60, 70 sacas por alqueire. “Médias bem abaixo da expectativa inicial para a região, que projetava colher em torno de 170 e 180 sacas influenciado pelo nível tecnológico utilizado”, assinala.

Em Nova Santa Rosa, os cooperados Valdemar e Luciano Eichlt, pai e filho, também estão com a lavoura de milho segunda safra em desenvolvimento. Com mais de 50 anos na atividade agrícola, seu Valdemar conta que nunca presenciou uma situação tão complicada como a enfrentada na safra de verão 2021/2022. Ele colheu uma média de 14 sacas por alqueire em uma área de 28,5 alqueires. “Foi tão seco que a colheita foi antecipada em 30 dias”, observa.

Com a antecipação da colheita da soja, o milho foi plantado dentro de um bom período. Luciano revela que a semeadura finalizou no dia 25 de janeiro e o clima vem contribuindo para o bom desenvolvimento. “Nossa expectativa é ter uma boa produção para compensar a safra de verão. A segunda safra é importante para os produtores do Oeste na geração de renda, e nesse ano se torna ainda mais fundamental”, assinala Luciano.

Em Nova Santa Rosa (PR), cooperado Valdemar Eichlt colheu uma média de 14 sacas de soja por alqueire. Ele acompanha o bom desenvolvimento da segunda safra de milho com o engenheiro agrônomo Evandro Cardoso da Silva

O engenheiro agrônomo Evandro Cardoso da Silva, da Coamo em Nova Santa Rosa, diz que as perdas nas lavouras de verão afetaram toda a região Oeste do Paraná. “A safra iniciou com chuvas dentro da normalidade, mas faltou no final do ciclo. A quebra foi de 90% em comparação ao potencial da região.” Já as lavouras de milho segunda safra estão com bom desenvolvimento. “Temos boa expectativa. Vamos torcer para os cooperados colherem bem e, assim, amenizar a perda de renda devido as frustrações nas safras anteriores.”

Os cooperados Valdemar e Luciano são contratantes assíduos do seguro agrícola. Para isso, contam com a Credicoamo e a Coamo como parceiras na condução da atividade. O gerente da Credicoamo em Nova Santa Rosa, Célio Fiorezzi, ressalta que o seguro agrícola fez a diferença na safra de verão 2021/2022. “Em uma situação igual a essa, quem tem seguro ficou mais tranquilo. O seguro agrícola deve ser contratado como um insumo e fazer parte do planejamento de todas as lavouras, seja no verão ou inverno. É um benefício que vem para amenizar a perda da renda, já que a indenização dá condições de o associado continuar com a atividade agrícola.”

Cooperado Luciano Eichlt com o gerente da Credicoamo em Nova Santa Rosa, Célio Fiorezzi

Produção na média

Parte da produção do cooperado Michel Tacca, de Abelardo Luz (SC), será para semente e está com boa qualidade

A Estrada da Produção, em Abelardo Luz, mais uma vez, foi protagonista para o transporte de grãos no município. Diferente do que ocorreu no Oeste do Paraná, no Oeste catarinense boa parte dos cooperados colheram uma safra considerada normal, levando em consideração as adversidades climáticas que afetaram a produção.

O cooperado Michel Ademar Tacca planejou plantar a soja mais cedo, escalonando o período de semeadura. Porém, os trabalhos iniciaram cerca de 20 dias depois, devido as condições climáticas. “Na época, achamos que seria um problema o atraso. Mas, acabou sendo positivo porque os meses de novembro e dezembro foram secos. A chuva voltou somente no final de dezembro. O clima se normalizou no momento certo, quando as plantas já estavam sentindo”, diz. Ele acrescenta que ainda assim, as lavouras perderam potencial, mas houve uma produtividade satisfatória em função de tudo que ocorreu. “Sabemos que em outras regiões foi bem mais complicado e lamentamos pelos produtores, pois entendemos a dificuldade que é perder uma safra.”

Em uma área de 260 alqueires, a produtividade média fechou em 181 sacas por alqueire. “Tivemos áreas com 170 sacas e outras com mais de 190 sacas por alqueire. Ficou um pouco abaixo em comparação as safras anteriores. Temos que agradecer pelo que estamos colhendo e não ficar lamentando pelo que poderia ser”, observa.

Cooperados Luiz e Gilberto Fabrício acompanham a colheita do soja com o engenheiro agrônomo, Alcione Dalla Giacomassa, em Palmas (PR)

Em Palmas (PR), cooperados Luiz e Gilberto Fabrício

Boa parte da produção de soja da família Tacca é destinada para sementes. Conforme o cooperado, a bonificação é uma ajuda a mais na renda. “Nossa região é uma importante produtora de semente e a boa produção está garantindo que as próximas safras sejam cultivadas”, assinala.

O engenheiro agrônomo, Arthur Aloysio Schwengber, da Coamo em Abelardo Luz, recorda que o Plano Safra de Verão da Coamo garantiu uma das melhores relação de troca, levando em consideração os preços dos insumos durante a campanha da Coamo, e o valor da saca de soja, o que motivou os cooperados a fazerem um bom investimento.

Ele conta que a implantação das lavouras ocorreu em uma boa condição de clima. A preocupação foi durante o desenvolvimento das lavouras, já que a chuva retornou somente no final de dezembro, dando condição das plantas se recuperarem dos estresses causados pela falta de água. “A chuva retornou no momento crucial”, frisa. Contudo, segundo o agrônomo, a chuva ocorreu de forma irregular e nem todos os produtores tiveram a mesma sorte. Com isso, tiveram produtividades de 60 sacas por alqueires até áreas que ultrapassaram as 200 sacas. “A chuva foi determinante para a produção”, frisa.

Em Palmas (Sudoeste do Paraná), o cooperado Gilberto Fabrício cultiva um total de 180 alqueires de soja em parceria com o pai, seu Luiz. A soja foi plantada no final de outubro e, também, sofreu com a estiagem que durou até o final de dezembro. “Che - gamos a acreditar que a safra seria toda comprometida”, assinala. A produtividade média ficou em 180 sacas por alqueire.

Ele conta que o resultado teve boa influência do investimento realizado ao longo do tempo na propriedade. “Sempre buscamos novas tecnologias que tem re - fletido em um bom resultado. São realiza - das correções de solo e utilizados insumos de qualidade”, conta.

Os cooperados são produtores de semente, e por causa disso acabam fa - zendo um manejo mais cuidadoso, já que a semente multiplicada na propriedade será utilizada por milhares de coopera - dos. “É um sentimento de dever cumpri - do. De ver todo o nosso trabalho sendo colhido, com um bom resultado. Fizemos a nossa parte e o clima retribuiu com um bom resultado.”

O engenheiro agrônomo, Alcione Dalla Giacomassa, da Coamo em Palmas, explica que o início do plantio da safra de verão foi um pouco mais tarde do que nor - malmente ocorria em anos anteriores. “Isso foi em função de excesso de chuva no pe - ríodo, principalmente em outubro. As áreas começaram a ser implantadas a partir dos dias 20 e 25 de outubro”, revela. “Quando houve a restrição hídrica na região, prin - cipalmente em dezembro, uma parte das lavouras não se encontrava numa fase tão crítica. Como as chuvas voltaram de forma mais regular a partir do final do ano, essas lavouras se recuperaram e entregaram um resultado positivo”, acrescenta.

Palmas conta com uma área agrí - cola extensa e com o clima irregular, o re - sultado está sendo diferente de um local para o outro. “Os plantios realizados no final de setembro sentiram mais. Há tam - bém variação na produtividade em relação ao manejo dos cooperados, a forma como as lavouras foram conduzidas e os investi - mentos realizados”, conclui Giacomassa.

Milho no sistema de produção

Cooperado Luiz Fernando da Rocha Loures com a esposa Claudia e os filhos Maria Fernanda e Fernando. Trabalho em família em mais uma safra de verão em Pinhão

A colheita do milho primeira safra na propriedade do cooperado Luiz Fernando da Rocha Loures, em Pinhão (Centro- -Sul do Paraná), foi determinada pela chuva. Ele aproveitou uma estiagem e outra para tirar a produção do campo. “A chuva sempre é bem-vinda, mesmo quando estamos colhendo. Temos que parar um pouquinho, mas que bom que temos esse privilégio de ter chuva de forma mais regular”, comenta. Ele conta que o clima contribuiu para o bom desenvolvimento da safra. “A deficiência hídrica não foi tão alta. Estamos com uma produção boa”, frisa.

O cereal foi plantado na primeira quinzena de setembro, dentro de uma boa condição de umidade de solo. “As plantas germinaram bem. Enfrentamos um pequeno problema durante o desenvolvimento, diminuindo a potencialidade. Mas, sempre tivemos chuva no limite de possíveis perdas.” O cooperado está colhendo uma média de 420 sacas por alqueire.

O milho integra o sistema de rotação de culturas na propriedade do cooperado, que a cada safra destina cerca de 30% da área para o cereal. “A rotação traz inúmeros benefícios seja na fertilidade do solo, ou no controle de pragas e doenças ”, assinala.

Conforme o cooperado, cada safra tem os seus desafios e fica sempre uma aprendizagem. “Para esse ano, a lição é que precisamos fazer o melhor possível. Em caso de clima irregular, as ações tomadas e os manejos realizados podem amenizar a situação. Nesse planejamento, cada safra recebe um investimento diferente, dentro de uma necessidade pontual.”

O engenheiro agrônomo Edmundo José Kowaliczyk Cieslak, da Coamo em Pinhão, comenta que a região é uma importante produtora de milho na primeira safra. “Os cooperados investem nas lavouras porque sabem a importância da rotação de culturas”, frisa.

Segundo ele, as lavouras foram implantadas em uma boa condição de chuva. “Porém, na sequência, após a fase V6 e V7 do milho teve falta de água, e com isso as plantas não se desenvolveram bem, reduzindo o potencial de produção e resultando em médias de 360 a 380 sacas por alqueire.”

Luiz Fernando com o filho Fernando e o engenheiro agrônomo Edmundo José Kowaliczyk Cieslak

Chuva na colheita

Mesmo com a queda na produtividade, cooperado Marcelo Daufenbach Ghisoni, de Ivaiporã (PR), está satisfeito com a produção da soja

A expectativa do cooperado Marcelo Daufenbach Ghisoni, de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná), era colher 180 sacas de soja por alqueire. A falta de chuva fez com que a previsão fosse sendo revisada durante o ciclo, e no final o resultado ficou em 90 sacas por alqueire. A lavoura teve seu plantio iniciado no dia 12 de outubro, dentro do período recomendado para a região. A falta de chuva ocorreu, principalmente, em dezembro e fevereiro, no momento mais crítico para as plantas.

Segundo o cooperado, houve um bom investimento para a safra. “O problema foi a falta de água. Chuva essa que voltou na colheita, interrompendo, inclusive, alguns dias de trabalho. Nada que pudesse prejudicar a qualidade, mas atrasando o final dos trabalhos”, comenta Ghisoni se referindo a um período de chuva que ocorreu em meados de março.

Contudo, ele ressalta que a produção ainda está sendo boa, levando em consideração tudo o que ocorreu. “Está longe do que esperávamos, mas estamos com uma média razoável. Ainda mais se compararmos com outras regiões onde a seca foi mais prejudicial”, destaca.

O engenheiro agrônomo Thiago de Oliveira Gaviolli, da Coamo em Ivaiporã, revela que a média na região ficou em 90 sacas por alqueire. “Algumas áreas, onde ocorreram pancadas de chuva mais localizadas, a média ficou melhor, chegando a 150 sacas por alqueire.”

Cooperado Marcelo Daufenbach Ghisoni, e o engenheiro agrônomo Thiago de Oliveira Gaviolli, de Ivaiporã (PR)

Ele diz que houve um bom investimento mesmo antes do plantio com a correção de solo, e depois nos tratos culturais com produtos de ponta para que o manejo fosse realizado na melhor maneira possível. “Esse investimento fez com que os cooperados ainda conseguissem esse nível de produtividade. Em casos de menor investimento, a produção foi mais prejudicada.”

Ilseu Mazzutti, cooperado em Marilândia do Sul e com propriedade em Rio Bom (Centro-Norte do Paraná), colheu 25% a menos do previsto. Ele explica que as lavouras plantadas mais cedo, em outubro, sofreram mais com a seca, e representam uma quebra de produtividade em torno de 30%. “Em compensação, o que se plantou no mês de novembro teve uma produção praticamente normal, até melhor do que foi plantado em novembro de anos anteriores”, diz.

A média nesta safra vai finalizar entre 140 e 150 sacas por alqueire. No ano passado foram entre 165 e 170 sacas. “A produtividade foi limitada pelo clima, que prejudicou bastante as lavouras”, conta o cooperado.

Segundo ele, a colheita também foi influenciada pela chuva, atrapalhando a retirada dos grãos do campo. “No início dos trabalhos, não tivemos problema. Com o andamento da colheita, a chuva surgiu com mais frequência, mas não chegou a interferir na produção. Só questão operacional mesmo”, frisa.

O cooperado destaca a importância de inserir no planejamento o que há de mais moderno para a condução das safras, já que não tem como prever o que poderá ocorrer com o clima. “Quando se adota uma boa tecnologia, a lavoura se comporta melhor, mesmo em um ano de adversidade climática. Vale a pena investir em um sistema produtivo mais integrado e utilizar as práticas recomendadas pela assistência técnica da Coamo.”

Ilseu Mazzutti, cooperado em Marilândia do Sul (PR), e o engenheiro agrônomo, José Eduardo Frandsen Filho

Paraná

Estimativas atualizadas pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, indicam que o Paraná deve produzir 45% a menos de soja do que a previsão inicial de 21,06 milhões de toneladas. Esperase que o Estado produza 11,63 milhões de toneladas na safra 21/22, quase dez milhões a menos do que se estimava inicialmente. O relatório do Deral aponta ainda perdas na primeira safra de milho. A expectativa é produzir 2,76 milhões de toneladas, número 35% inferior à expectativa inicial, de 4,26 milhões de toneladas.

O engenheiro agrônomo, José Eduardo Frandsen Filho, da Coamo em Marilândia do Sul, reitera que o plantio realizado em outubro foi em uma boa condição climática. “Já o plantio de final de setembro sofreu mais com essa estiagem, refletindo no rendimento e com os cooperados colhendo 30% a menos em comparação com os realizados dentro da época recomendada.”

A produtividade no município está oscilando entre 100 e 170 sacas por alqueire. “Algumas regiões tiveram um pouco mais de chuva. Outro ponto importante é a tecnologia utilizada no campo e a busca de uma melhor correção de solo. O cooperado que fez um bom investimento teve uma condição melhor para amenizar a falta de água. Mas, o fator determinante para essa safra foi o clima.”

Ilseu Mazzutti, cooperado em Marilândia do Sul (PR)

"Seguro deve ser incorporado na contratação dos insumos", diz Gallassini

Um bom planejamento da safra exige uma série de medidas e decisões do produtor rural. São ações que nem sempre estão relacionadas ao manejo das lavouras. Mais do que adquirir adubo, sementes, herbicidas, inseticidas e fungicidas, entre outros insumos, é preciso incluir no seu custeio o seguro agrícola. Trata-se de uma decisão que garante ao agricultor o equilíbrio financeiro e a estabilidade nos anos em que o clima não contribui para o bom desenvolvimento da safra.

A agricultura é uma atividade cíclica, com possibilidade de altos e baixos, principalmente devido a riscos climáticos. “Cada produtor é diferente. Ele planeja e espera safras satisfatórias, mas não tem o controle do clima, e assim, podem ter anos muito bons e outros com produtividades abaixo do esperado”, ressalta José Aroldo Gallassini, presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e da Credicoamo.

Nesta safra de verão, os cooperados da Coamo e Credicoamo contrataram um total de 5.305 apólices de soja, sendo efetuados 4.256 acionamentos, o que representa 80,2% dos seguros contratados na Credicoamo. No caso do milho de verão foram 438 apólices, sendo acionados 275 apólices, 62,8%. “Não dá mais para assumir os riscos da produção sem pensar no seguro. Este insumo é relevante e deve estar incorporado ao planejamento dos custos de produção. O seguro agrícola é um insumo que o produtor rural não pode abrir mão”, alerta Gallassini.

Ele acrescenta que o seguro era o que faltava para o agricultor ter uma profissão com segurança. “Assim ele planta e colhe, mas se por acaso houver frustração e ele tiver seguro, pode ficar tranquilo, pois seu prejuízo será coberto pela indenização.”

Gallassini defende que a prática de contratar o seguro deve ser uma regra natural e integrar o planejamento de cada safra. “Os associados estão mais conscientes e não podem deixar de fazer o seguro agrícola mesmo estando com boa situação financeira. É necessário garantir e consolidar a segurança da produção”, finaliza.

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