“A agricultura brasileira dá um show quando o assunto é inovação, uso de tecnologias e sustentabilidade.”
"O consumo de fertilizantes está crescendo com aumento de área plantada e uso de tecnologia. Mas sobre a independência do Brasil na produção, acho um pouco complicado, pois se falarmos dos três principais nutrientes, nitrogênio, fósforo e potássio, temos muita dificuldade de competir com os grandes produtores mundiais”, avalia Juliana Gadotti Feldmann Vieira, diretora Institucional do Grupo Fertipar Fertilizantes, empresa fundada por seu pai em 1980. Juliana é a entrevistada deste mês na Revista Coamo e analisa o mercado de fertilizantes, a parceria com a Coamo e o desenvolvimento da agricultura brasileira. O Grupo Fertipar é uma empresa misturadora e distribuidora de fertilizantes, 100% nacional e de controle familiar. A empresa começou no estado do Paraná e está presente em todas as regiões agrícolas do Brasil com 23 unidades misturadoras por meio de 21 empresas controladas.
Revista Coamo: O que é a Fertipar e qual a sua importância para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro?
Juliana Feldmann: O Grupo Fertipar é uma empresa misturadora e distribuidora de fertilizantes. Empresa 100% nacional e de controle familiar. Fundada por meu pai, Alceu Elias Feldmann, começou no estado do Paraná e hoje está presente em todas as regiões agrícolas do Brasil. Temos 23 unidades misturadoras, por meio de 21 empresas controladas. Para garantir mais agilidade temos operadores portuários nos principais portos de importação de fertilizantes, além de empresas de Trading, que complementam e otimizam nossa operação. A demanda por alimentos é cada vez maior, assim como a preocupação com o meio ambiente. Por isso, o uso de tecnologias é fundamental para garantir mais produtividade. Os fertilizantes são parte essencial desta equação. Em seus quase 45 anos, o Grupo Fertipar mantém importantes parcerias internacionais para trazer aos seus clientes fertilizantes de alta qualidade e as mais recentes tecnologias.
RC: O que mais impressiona na história da Fertipar? Quais os legados do seu pai?
Juliana: Vamos completar 45 anos em 2025. É uma história que nos enche de orgulho. No primeiro ano a Fertipar fez 35.000 toneladas e hoje fazemos mais de oito milhões. Nosso crescimento médio nesse tempo foi de 14% ao ano. Dificuldades e desafios não faltaram, pois, nosso país atravessou diversas crises, mas conseguimos sair delas, sempre com aprendizados valiosos. Quanto ao legado do meu pai (Alceu), agir sempre com calma nas dificuldades e humildade nos tempos bons. Aprendemos com ele que a palavra dada é a palavra cumprida, e o resultado disso é a confiança do nosso cliente, um dos nossos maiores ativos, com certeza. Foram anos de muitas oportunidades também. O Brasil passou de importador de alimentos a essa potência de produção que é hoje, e o Grupo Fertipar acompanhou o crescimento da agricultura brasileira.
RC: Quais são as principais diretrizes da Fertipar?
Juliana: Além de valores como transparência, seriedade e comprometimento com a agricultura brasileira, uma diretriz muito forte no Grupo Fertipar é o respeito e a valorização do nosso cliente. A Fertipar vai para onde o cliente estiver, são os caminhos da nossa agricultura que nos guiam.
O mundo dos fertilizantes e do agronegócio sempre esteve presente na vida de Juliana Gadotti Feldmann Vieira, diretora do Grupo Fertipar Fertilizantes, empresa fundada por seu pai em 1980. Desde o ano de 2015 Juliana ocupa o cargo de diretora Institucional do grupo, no qual mantém relação de proximidade com clientes, fornecedores e envolvidos na cadeia do fertilizante.
RC: E quanto as conquistas e desafios?
Juliana: A principal conquista é a confiança do nosso cliente, a certeza que ele tem de que vai receber o melhor fertilizante no prazo correto e isso só é possível porque investimos constantemente. Temos uma grande capacidade de armazenagem e de mistura. Temos também parcerias sólidas com fornecedores de diferentes regiões do mundo. Em tempos de crises geopolíticas, essa flexibilidade nos dá segurança de suprimentos.
RC: Como analisa e avalia os cenários econômico, político e social atualmente no nosso país?
Juliana: Estamos sempre investindo, exatamente porque acreditamos no nosso país, na nossa gente e na nossa agricultura. É claro que nos preocupamos com políticas e visões de governo que olham a agricultura e o produtor rural como vilões. Eu penso que é nosso dever nos unirmos, defendendo pautas importantes para o nosso setor e mais ainda, defendo a nossa cultura, a parte social do agro também. Valores que nos trouxeram até aqui e dos quais não podemos abrir mão.
RC: Como a senhora observa o mercado futuro de fertilizantes? O Brasil tem como aumentar a produção interna e depender menos da importação?
Juliana: Vemos o consumo de fertilizantes crescendo, com aumento de área plantada e de uso de tecnologia. Sobre essa independência do Brasil na produção, acho um pouco complicado. Se falarmos dos três principais nutrientes, nitrogênio, fósforo e potássio, temos muita dificuldade de competir com os grandes produtores mundiais. No caso do nitrogênio, na fabricação da ureia por exemplo, o mais barato é usar o gás natural e fica impossível competir com os custos de países do Golfo Árabe, com os Estados Unidos ou com países do Norte da África. No fósforo temos jazidas, porém muito mais pobres em P2O5 se comparadas às da Arábia Saudita, Rússia, Tunísia e Marrocos. Além do que, a origem de nossas jazidas torna a extração mais trabalhosa e gera mais resíduos, criando questões ambientais. Quanto ao cloreto, é a mesma coisa, onde nossas reservas não são competitivas com as do Canadá, Rússia, Bielorússia, Alemanha etc. A reserva de potássio que está em discussão atualmente, no Rio Amazonas, demandaria investimentos altíssimos e muitas discussões ambientais. Mas, outro fator muito relevante é a questão do frete. O Brasil tem dimensões continentais e para levar o fertilizante desses polos de produção até onde são consumidos, a distância é enorme, a conta não fecha. Por outro lado, o Brasil tem terras, tem água, tem clima, somos favorecidos neste aspecto, então, nada mais natural que importarmos o fertilizante de quem tem em abundância e exportarmos alimentos. Temos que ver o fertilizante como um meio para essa nossa grande aptidão, que é ser produtor de alimentos. Não podemos correr o risco de, para proteger essa indústria nacional, encarecermos toda a cadeia. Os investimentos que precisam ser feitos são em logística, portos, estradas, ferrovias, armazéns, otimizando essa dinâmica.
“SOMOS PARCEIROS DE UMA COOPERATIVA SÓLIDA, QUE LEVA A MILHARES DE COOPERADOS AS MELHORES TECNOLOGIAS, INOVAÇÕES E INTELIGÊNCIA DE MERCADO.”
Juliana: Neste momento estamos na etapa de construção, ampliação ou modernização de seis unidades, em diversas regiões. Começando pelo maior investimento e mais importante em Paranaguá, que vai atender a Coamo, nosso maior cliente. Lá temos nossa maior capacidade fabril e estamos fazendo um grande investimento, renovando três fábricas já existentes, modernizando e aumentando a capacidade de armazenagem e de mistura. Além disso, essas três fábricas serão ligadas a três berços dedicados a descarga de fertilizantes no porto público. Essa modernização vai trazer diversos benefícios, tanto ambientais como de agilidade e qualidade para nossos clientes. No Rio Grande do Sul, na cidade de Rio Grande, adquirimos um terreno de 170.000 metros e estamos ampliando em 200.000 toneladas nossa capacidade de armazenagem. Em Arceburgo, Minas Gerais, estamos construindo uma nova unidade para atender essa importante região para cultura do café. Em Palmeirante, estado de Tocantins, onde já temos uma unidade da nossa Operadora Portuária COPI, estamos finalizando o projeto para uma fábrica que vai atender o estado de Tocantins, o Sul do Pará e o Leste do Mato Grosso. Em Miritituba, estado do Pará, também já estamos presentes, por meio da Operadora portuária Master Norte e temos terreno comprado para futura construção de uma unidade misturadora de fertilizantes. Nesse caso, para atender o Norte do Mato Grosso. No estado de Rondônia, adquirimos terreno na cidade de Porto Velho, para futuras instalações de atividade portuária e de mistura de fertilizantes. Por ali, atenderemos o estado de Rondônia e regiões do Mato Grosso.
Juliana Gadotti Feldmann Vieira, diretora Institucional do Grupo Fertipar Fertilizantes
RC: Quais investimentos a Fertipar está realizando para melhorar a logística e entrega dos fertilizantes aos produtores?
“Vamos completar 45 anos em 2025, é uma história que nos enche de orgulho. No primeiro ano fizemos 35.000 toneladas e hoje, fazemos mais de oito milhões com crescimento médio anual de 14%.”
RC: Como analisa a inteligência Artificial, o ESG e a Indústria 5.0, assuntos que ganham mais espaço para mais competitividade?
Juliana: A agricultura brasileira dá um show quando o assunto é inovação e o uso de tecnologias, além de ser altamente sustentável também. Assim como o produtor agrícola, o Grupo Fertipar está sempre antenado nas novidades que podem trazer benefícios para nossos clientes.
RC: Como define a parceria com a Coamo e a importância do cooperativismo para transformar, gerar renda e produzir alimentos?
Juliana: A Coamo é o nosso maior cliente, mas a parceria vai muito além dos volumes. Acho que temos coincidências de valores e princípios. São mais de 40 anos, com uma história pautada pela transparência e o respeito mútuo. E, para nós, essa parceria é motivo de muito orgulho, dada a importância que a Coamo tem no desenvolvimento da agricultura nos Estados onde atua.
RC: Qual sua mensagem a diretoria e cooperados da Coamo?
Juliana: Em primeiro lugar, agradecer a Coamo pela oportunidade e o privilégio de estar entre os seus fornecedores. É uma responsabilidade e queremos estar sempre atentos às necessidades da cooperativa. E é claro, parabenizar. Quando falamos em Coamo os números são superlativos. E não param de crescer. Somos parceiros de uma cooperativa sólida, que leva a milhares de cooperados as melhores tecnologias, inovações e inteligência de mercado. A Coamo é uma cooperativa que mudou o panorama agrícola e social de várias regiões no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, e é um grande orgulho para o Brasil.