Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 448 | Junho de 2015 | Campo Mourão - Paraná

Entrevista

“CRESCIMENTO COM FOCO NO PROFISSIONALISMO DA GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DAS PESSOAS”

Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Márcio Lopes de Freitas, o pensamento cooperativista ganha novos adeptos todos os dias e se posiciona como uma alternativa empresarial capaz de gerar renda e, ao mesmo tempo, contribuir para a construção de um Brasil e de um mundo mais justo e igualitário. Freitas, em entrevista à Revista Coamo, apresenta a realidade e a importância do cooperativismo brasileiro.

Márcio de Freitas é agropecuarista e cooperativista há mais de 20 anos. Desde 2001, está a frente da OCB e do Sescoop

Revista Coamo: Qual é a realidade do cooperativismo brasileiro e mundial?

Márcio Lopes de Freitas: Uma em cada sete pessoas do mundo já descobriu as vantagens de se associar à uma cooperativa. Nosso modelo de negócios é uma forma inteligente e sustentável de empreender, que se diferencia dos demais por valorizar a participação dos associados, a gestão democrática e por zelar pelo crescimento de toda a comunidade. Ao redor do mundo, o modelo cooperativista já faz parte da vida de mais de um bilhão de pessoas em 100 países, gerando mais de 100 milhões de empregos.

RC: Cite alguns números do cooperativismo brasileiro.

Freitas: Nos últimos anos, o cooperativismo tem posição de destaque também na economia brasileira e na construção de uma sociedade mais justa, com indicadores representativos. No Brasil, o Sistema OCB representa mais de 6,8 mil cooperativas em 13 ramos de atuação, com mais de 11,5 milhões de associados e 340 mil empregos diretos. O cooperativismo brasileiro em 2014 exportou um total de US$ 5,3 bilhões, registrou entre os anos de 2004 e 2013 um crescimento de 87,9% no número de cooperados e de 83,2% no número de empregos gerados pelas cooperativas.

RC: Esses números colocam as cooperativas em posição destaque no cenário brasileiro?

Freitas: Sim, com certeza, as cooperativas brasileiras têm se destacado no cenário nacional pelo profissionalismo na condução das suas atividades, tanto de gestão quanto de governança, oferecen

o produtos e serviços de extrema qualidade, que se tornam, cada dia mais, referência. O nosso cooperativismo, de fato, se equipara ao que é desenvolvido mundialmente.

RC: Quais são características importantes do cooperativismo?

Freitas: O cooperativismo tem em sua essência o componente social. O capital humano, é a parte fundamental para qualquer passo que se dê dentro e fora da cooperativa, começando por sua própria constituição. As pessoas são envolvidas o tempo todo, tanto na produção quanto no processo decisório, por exemplo. Isso reforça os laços de responsabilidade dos associados com sua cooperativa e, também, com a comunidade onde ela está inserida. Esse olhar para o outro é uma característica natural e marcante do cooperativismo.

RC: Quais questões têm merecido atenção especial da OCB? 

Freitas: Podemos destacar a regulamentação do ato cooperativo. Sem dúvida, a resolução desse ponto trará um grande avanço para o movimento cooperativista brasileiro. Há com certeza, um caminho para percorrermos no sentido de garantir um ambiente normativo e regulatório ideal, e temos avançado com grandes passos rumo a esse cenário.

RC: Qual tem sido a atuação da OCB para o apoio a gestão e a profissionalização das cooperativas e de seus associados?

Freitas: Estabelecemos as prioridades para este ano, com vistas à superação dos desafios que o cooperativismo tem pela frente, de acordo com o nosso plano estratégico. O Sistema OCB, por meio do Sescoop, tem atuado incessantemente para oferecer ações e programas que assegurem a qualificação da mão de obra e dos processos de administração, visando ao melhor desempenho das funções, aprimorando assim a gestão das nossas cooperativas.

RC: O Sistema OCB desenvolve uma Agenda Institucional do Cooperativismo?

Freitas: O cooperativismo brasileiro vive, em 2015, um importante momento para sua representação política. O início de uma nova legislatura e a renovação do quadro governamental abrem inúmeras oportunidades para que o setor possa aprimorar sua interlocução com o poder público e fortalecer, ainda mais, o seu papel na agenda de desenvolvimento econômico e social do país. Pensando sempre no melhor retorno às nossas cooperativas e aos nossos cooperados, e na sustentabilidade desse processo, o Sistema OCB desenvolveu a Agenda Institucional do Cooperativismo: um documento pautado nas prioridades junto às três esferas do poder público. Trata-se de uma publicação na qual relacionamos as principais demandas das cooperativas para nossa atuação. Até 2014, ela se concentrava nas pautas prioritárias do Legislativo. Este ano, ampliamos o seu escopo, trazendo também as prioridades de trabalho nos demais poderes. 

RC:  Como o Senhor analisa o cooperativismo paranaense?

Freitas: O cooperativismo paranaense é, com certeza, uma referência para todo o setor. Isso perpassa, logicamente pela qualificação da mão de obra e da gestão, da tempestividade e de uma atuação pautada pela intercooperação entre cooperativas e, também, com o Sistema Ocepar. E, de fato, as cooperativas são extremamente atuantes no Paraná, contribuindo fortemente para a economia do estado.  Essa pujança do setor na economia estadual é atestada pelos números. São 223 cooperativas, reunindo um milhão de cooperados, geram mais de 78 mil empregos diretos, oferecendo renda e dignidade a milhares de famílias.

RC: Quais são as perspectivas para o futuro do cooperativismo?

Freitas: O cooperativismo tem crescido ao longo dos últimos anos, e nós sabemos que essa expansão é fruto de uma série de fatores, alguns em especial, como o investimento constante no profissionalismo da gestão e dos mecanismos de governança e um ambiente legal favorável à prática cooperativista. A exemplo do que ocorreu com ramos como o Agropecuário e o Crédito, que já conquistaram um desenvolvimento de fato sustentável, a ideia é trabalharmos para que o mesmo aconteça com outros segmentos onde atuam as cooperativas.

RC: Qual é a mensagem que o Senhor deixa para os cooperados da Coamo e da Credicoamo?

Freitas: Para nós, do Sistema OCB, é um orgulho representar a Coamo e a Credicoamo. Essas duas instituições oferecem produtos com qualidade e preços competitivos e têm ajudado a transformar a vida de milhões de pessoas – gente que trabalha duro, pensa de forma sustentável e sonha com um futuro melhor para todos.

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