Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 460 | Julho de 2016 | Campo Mourão - Paraná

AGROPECUÁRIA

NA ROTA DA SUSTENTABILIDADE

Apontada como importante atividade econômica para o meio rural, a pecuária tem espaço garantindo em diversas propriedades conduzidas pelos cooperados da Coamo. É um trabalho que se encaixa perfeitamente para quem quer diversificar a renda e também para o sistema produtivo, melhorando o manejo da propriedade.

A atividade tem se mantido estável e recebendo tecnologias e práticas que a viabilizam economicamente e tecnicamente. São várias as melhorias nos últimos anos, seja em genética, alimentação e manejo ou mesmo em estrutura para o aumento da produtividade e bem estar dos animais e de quem cuida deles.

A exemplo da agricultura, que experimentou uma revolução tecnológica nos últimos anos, a pecuária também foi buscar na modernidade a segmentação do negócio. Na região da Coamo já é possível conhecer bons exemplos de cooperados que estão conquistando excelentes resultados. O médico veterinário Hérico Alexandre Rossetto, do Detec da Coamo em Campo Mourão, revela que o incremento de tecnologia é uma tendência natural na pecuária. “Não há mais espaço para a exploração horizontal, em grandes áreas”, admite. O segredo, segundo ele, é trabalhar o novo negócio verticalmente, com ampla produção de escala e em áreas pequenas.

PECUÁRIA EM NÚMEROS

(efetivo bovinos em cabeças)

Brasil 210.654.620
Paraná  9.181.577
Região da Coamo 1.148.150
Fonte: Mapa-2014/Coamo

O foco principal do criador deve ser a propriedade. Trabalhando menos a extensão e mais a otimização da estrutura, ele vai garantir maior liquidez ao negócio. “Com isso, os custos fixos são mantidos e a rentabilidade é maior. Consequentemente, os lucros também são melhores”, lembra Rossetto.

A viabilidade da propriedade deve estar diretamente ligada aos investimentos. "O criador precisa estar atento ao conjunto de três fatores: alimentação, sanidade e genética", orienta. Na opinião do veterinário, o sucesso do negócio está na produtividade. "Ela é a ponta do negócio e somente será positiva se todos os detalhes forem trabalhados juntos. Assim, o lucro é líquido e certo", salienta.

BOI NO PASTO E NA LAVOURA

Cooperados Gilberto e Anderson Schiavini, de Coronel Vivida. Pai e filho trabalham juntos na integração lavoura-pecuária

Nairon Alpe de Quadros, engenheiro agrônomo da Coamo, acompanha com o cooperado Gilberto o desenvolvimento da aveia que serve de alimento para o gado no inverno

O cooperado Gilberto Luiz Schiavini, de Coronel Vivida (Sudoeste do Paraná), é agropecuarista tradicional e não abre mão de ter as duas atividades na propriedade. Durante o verão, a soja toma conta da área de plantio e no inverno tudo vira pasto para o rebanho. A opção do cooperado é por animais da raça simental, onde trabalha com cria. São 130 matrizes e uma média de 220 cabeças nesta época do ano, com aumento da área de pastagem com aveia e azevém. “A pecuária tem papel importante no nosso processo durante o ano todo, mas no inverno é intensificada, pois é de onde tiramos a nossa segunda renda, já que não temos boas opções de lavoura para o inverno”, destaca. A área de cultivo no verão é de 25 alqueires.

A pecuária faz parte da atividade do cooperado, que trabalha em parceria com o filho Anderson, desde 1987, e em 2001 montou uma Cabanha para agregar valor aos animais que são comercializados com registro. “É uma renda a mais para a propriedade, pois os animais saem com procedência”, salienta Schiavini.

O cooperado conta que a escolha pela raça simental foi pensando na dupla aptidão dos animais: leite e carne. Porém, segundo o associado, a parte de cria e venda de animais acabou se mostrando mais rentável. “Tem ano que a pecuária dá mais lucro que a lavoura, e em outros ocorre o inverso. Tudo depende da produção e do preço. Isso mostra a importância do rebanho para a diversificação”, analisa.

Schiavini atesta que a tecnologia e a assistência difundida pela Coamo tem ajudado a melhorar a atividade. “Com o sistema de integração lavoura-pecuária temos mantido a produtividade de soja e no último ano fechamos com uma média de 150 sacas por alqueire. Para os animais, também há um ganho considerável”, diz.

Conforme o engenheiro agrônomo Nairon Alpe de Quadros, do departamento Técnico da Coamo em Coronel Vivida, a pecuária é uma alternativa para agregar valor e aproveitar toda a área da propriedade, já que nem sempre é possível plantar em função do terreno ‘quebrado’ na região. “A integração lavoura x pecuária é bastante utilizada por nossos cooperados também em função do clima que inviabiliza algumas culturas de inverno. Resultados já consolidados tanto para a lavoura quanto para os animais mostram a atividade bastante viável”, comenta o agrônomo.

INVESTIMENTO CONSTANTE DA FAMÍLIA MACHADO

Irmãos Fabiano e Rafael Machado, de Mangueirinha, não abrem mão de investimento quando o assunto é melhorar a  produtividade

Se no verão as atenções se dividem entre a lavoura e a pecuária, no inverno se voltam inteiramente para a criação de animais na propriedade da família Machado, em Mangueirinha, também na região Sudoeste paranaense. “Procuramos não comprometer a lavoura no verão, obtendo lucro máximo com a soja. Logo após a colheita é que começamos o trabalho com a pastagem para o animais plantando aveia e azevém. Nesse período do ano, toda a área de lavoura está com gado em cima”, salienta Rafael Machado, que trabalha em parceria com o irmão Fabiano e o pai Juraci Machado de Souza.

Esse processo vem sendo realizado há mais de 20 anos. Rafael conta que a região é bastante fria e com constante ocorrência de geada no inverno, o que torna a pecuária praticamente inviável se utilizar apenas a pastagem perene. “Com isso, surge o sistema de integrar o verão com o inverno. É a melhor opção que temos, pois faz bem para os animais, que têm alimento nesse período, e também para a soja, que recebe todos os benefícios da integração”, observa.

Com o sistema, segundo Rafael, é possível tirar os animais mais cedo, já que não falta alimento durante o processo. “Temos antecipado a engorda de 24 meses para 18 e até 16 meses. Os resultados mostram que vale a pena investir no sistema”, destaca.

A família faz o processo completo da pecuária, passando pela cria, recria e engorda. Segundo Fabiano, a pecuária tem merecido investimento constante e há sempre nova tecnologia para buscar. “Sempre estamos inovando para chegar ao máximo da produção. Isso vale para a lavoura e também para a pecuária. Uma ajuda a outra, uma depende da outra.”

Área de lavoura no verão se transforma em pastagem para o gado. Processo é acompanhando pelo técnico agrícola da Coamo, Paulo José Hammel Schallenberger

Outro processo que está sendo implantado na propriedade é o de confinamento. Fabiano revela que o investimento é para agregar valor e terminar a engorda mais cedo do que no campo. “Esse investimento só é possível porque a pecuária é rentável. É uma atividade que tem se mantido viável ao longo dos anos.”

O técnico agrícola Paulo José Hammel Schallenberger, do Detec da Coamo em Mangueirinha, reitera que o sistema é viável e prova disso é que o cooperado que faz a integração lavoura-pecuária, no final tem uma receita maior tanto na agricultura quanto na pecuária. “O sistema recebe plantio de gramíneas no inverno que proporciona cobertura para a lavoura de verão. Sem falar, que há uma renda para o inverno, período que o cooperado precisa gerar recurso para a atividade.”

Ele cita que o sistema tem crescido na região e isso é devido ao incentivo da Coamo. “Produtores com tradição na agropecuária, conseguem conciliar as duas atividades para melhorar a renda. É uma prática que torna a atividade agrícola sustentável tecnicamente e financeiramente”, acrescenta Schallenberger.

IRMÃS DE IVAIPORÃ APOSTAM NA GESTÃO E DEDICAÇÃO PARA UM BOM COMEÇO NA ATIVIDADE

Profissionalismo, gestão, planejamento, conhecimento, dedicação e confiança. Esse é o conceito essencial para o sucesso da pecuária. O olho do dono não pode ficar apenas para o rebanho, mas em todos os detalhes que envolvem a criação, desde a busca por genética, alimentação e comercialização dos animais. E quando duas irmãs, uma enfermeira com bacharelado em direito, e outra agrônoma, dedicada à pesquisa, se veem à frente do desafio de tocar uma fazenda com 180 alqueires de pasto, que receberam de herança? As cinco palavras citadas foram o impulso e a motivação para que as irmãs Rosa e Luciana Favoretto pudessem assumir a propriedade e tornar a atividade rentável.

A fazenda fica em Porto Ubá, distrito de Lidianópolis (Centro-Norte do Paraná), é tradicional na criação de animais e foi repassada para as irmãs em 2012, após o falecimento da mãe. “Quando assumimos não conhecíamos muita coisa. Mas, logo me cooperei  à Coamo [de Ivaiporã] recebemos toda a assistência que precisávamos”, comenta Rosa.

Segundo a cooperada, no início foi preciso investir na estrutura da propriedade, como na mangueira, por exemplo, e na pastagem que estava abandonada. “Sem maquinários fomos fazendo aos poucos e hoje vemos um grande avanço”, frisa.

Ela recorda que o pai, falecido desde 2003, é quem tomava conta de tudo e que apenas visitava a propriedade. “Quando as
sumi pensei que não daria conta. Uma coisa é acompanhar e outra é ter que tomar a frente e lidar com tudo. Priorizar o trabalho e fazer a propriedade voltar a render com a pecuária foi o grande desafio”, salienta Rosa. Quando as irmãs assumiram, a fazenda contava com 69 cabeças de gado em 180 alqueires. Atualmente, são 305 cabeças em 95 alqueires de pastagem, já que parte da área está sendo a lavoura.

No começo, as irmãs trabalhavam com cria e recria, hoje priorizaram apenas o processo de  cria. “A pecuária exige bastante cuidado, dedicação e gosto. Acabei conhecendo mais sobre a atividade e me apaixonei pelos animais”, destaca. Pela frente, a cooperada vê ainda bastante trabalho, mas já enxerga lucro, pois até o momento houve apenas investimentos. “Tem bastante coisa para fazer ainda. Já começamos com a ATF [Inseminação Artificial por Tempo Fixo], estação de monta e estamos investindo na genética dos animais, além de melhorias na pastagem e bem estar dos animais. Daqui para frente, é só ver o gado crescer e colher os frutos do trabalho”, diz. 

A cooperada conta que não esperava uma evolução tão grande em tão pouco tempo, mas que se sente realizada ao olhar para trás e ver tudo o que passou. “Foi graças a ajuda de todos desde funcionários, família e a assistência da Coamo que sempre nos ajudou a encarar essa realidade.”

O médico veterinário Vinicius Dziubate de Andrade, do Detec da Coamo em Ivaiporã, recorda que a primeira visita à propriedade das irmãs Favoretto foi em 2013, para fazer vacina de brucelose. “Logo de cara, percebi a necessidade de orientação técnica. Como elas sempre se mostraram adeptas à novas tecnologias, começamos a fazer um planejamento, colocando tudo no papel. Esse foi o início de um trabalho de sucesso e que tem mostrado resultados positivos”, destaca.

De acordo com o veterinário, as mudanças estão sendo constantes, e vão desde investimentos no manejo com animais e melhorias na estrutura e aquisição de maquinários para facilitar o trabalho. “Elas acreditaram no nosso trabalho e essa confiança é fundamental para que possamos continuar com o planejamento. São dedicadas com o que fazem e buscam melhoria constante para que possam ter lucratividade. A assistência técnica da Coamo tem dado todo suporte necessário para a condução da atividade”, conclui Andrade.

Irmãs Rosa e Luciana Favoretto assumiram a propriedade recentemente e trabalham para tornar a atividade rentável e sustentável. Apoio da assistência Técnica da Coamo e dos funcionários têm sido fundamental para enfrentar os desafios. Médico veterinário Vinicius Dziubate de Andrade acompanha todo o processo e manejo dos animais
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