Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 505 | Agosto de 2020 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE INVERNO

Encontro de Inverno virtual

João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica

A 14ª edição do Encontro de Inverno da Fazenda Experimental Coamo foi realizada no dia 29 de julho pelo canal da cooperativa no YouTube. O tradicional encontro teve como tema ‘Manejo Inteligente para Agricultura e Pecuária’, e trouxe quatro estações de pesquisa virtuais. “A preocupação da diretoria da Coamo era realizar o evento, ainda mais no ano em que a Fazenda Experimental completa 45 anos de história. Preparamos o encontro com muita dedicação e empenho. O objetivo é sempre difundir informação e conhecimento para os cooperados”, comenta o engenheiro agrônomo João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental.

No evento virtual que contou com a participação de milhares de cooperados foram apresentados por técnicos da Coamo, os temas: Manejo de plantas daninhas no sistema de produção; Manejo eficiente na cultura do milho primeira e segunda safra; Planejamento estratégico na produção de bovinos; e Tecnologia de aplicação de defensivos.

De acordo com Bonani, a propriedade rural deve ser analisada de forma integrada. “Podemos ter recomendações específicas por cultura, mas precisamos tratar as propriedades rurais dentro de um sistema de produção. As ações sendo executadas com eficiência pelo cooperado em parceria com a Coamo e empresas parceiras. Esses conceitos, com certeza, são pilares para o sucesso de uma propriedade agropecuária”, destaca Bonani.

Segundo o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, a informação não pode parar, porém não se pode esquecer dos princípios básicos do trabalho no campo. “Esse trabalho que realizamos visa dar condições para o cooperado fazer o manejo na sua propriedade. Trabalhamos o sistema de produção e não a cultura individualmente. Vivemos num momento de transformação digital, mas ainda temos muito a realizar no manejo básico da propriedade rural. A essência do nosso encontro é a mesma, levar ao nosso cooperado pontos de atenção de uma forma mais objetiva para ele transformar na propriedade.”

Sumiya acrescenta que essa foi a primeira experiência on- -line do Encontro de Inverno e as unidades também estão se adequando a este formato. “Os entrepostos da Coamo estão realizando os dias de campo virtuais, ajustando para os temas de cultivares de milho e trigo. Já estamos, também, planejando o Encontro de Verão, e a depender das condições sanitárias do país, vamos realizar neste mesmo formato. Uma forma que aliás, tem a vantagem de ficar disponível para o cooperado acessar sempre que quiser.”

Conhecimento e tecnologia

Marcelo Sumiya, Aquiles Dias e José Aroldo Gallassini na abertura do evento virtual

O presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini, destaca a importância do evento para gerar mais conhecimento e difundir novas tecnologias aos cooperados. “A Fazenda Experimental foi criada para ser uma estação de experimentos de novos produtos que chegam no mercado. É um trabalho que tem uma grande importância para que possamos recomendar e orientar os cooperados com qualidade e precisão, sobre o uso de novos produtos e a implementação de novas tecnologias”, diz.

Gallassini ressalta a importância dos cooperados terem uma opção de segunda safra para que possam agregar mais renda à propriedade. “Além de renda, a segunda safra ajuda a melhorar o sistema de produção. Precisamos continuar produzindo bem, e com sustentabilidade”, ressalta.

O diretor de Suprimentos e Assistência Técnica, Aquiles de Oliveira Dias, recorda que a Coamo comemora 50 anos em novembro, e que a Fazenda Experimental está comemorando 45 anos de existência. “Falo isso para correlacionar o quanto foi importante o uso das tecnologias para que pudéssemos ter o lema na Coamo, ‘A vida é a gente que transforma.’ A tecnologia e os encontros, com certeza, contribuíram para essa evolução.”

De acordo com Dias, mesmo diante de toda a situação sanitária causada pela pandemia do Coronavírus, a Coamo não poderia deixar de realizar o encontro. “O formato virtual foi a maneira encontrada para que pudéssemos compartilhar as novidades do segmento com nossos cooperados e equipe técnica”, frisa.

O presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari, reforça que a missão da Coamo é agregar e gerar renda de forma sustentável aos cooperados. “Os associados da Coamo são privilegiados por terem um grupo técnico que passa as melhores recomendações e orientações. A Coamo oferece tudo o que o cooperado precisa para produzir, e tem uma estrutura completa para dar sustentabilidade às atividades desenvolvidas no campo. Isso fortalece a cooperativa e insere o cooperado em um mercado que, individualmente, ele não teria condição de participar. A união dos cooperados faz com que todos saiam ganhando.”

Pecuária estratégica

Hérico Rossetto, médico veterinário da Coamo

A produção de bovinos exige planejamento. Quando o tripé: nutrição, sanidade e genética é estruturado, há um bom manejo da propriedade. Uma organização que atende gado de leite e de corte, e garante ao produtor rural o máximo ganho do rebanho. Quem falou sobre o assunto no Encontro de Inverno foi o médico veterinário de Campo Mourão, Hérico Alexandre Rossetto, que coordenou a estação de pesquisa com o tema ‘Planejamento estratégico na produção de bovinos.’

Dentro do conceito deste tripé, cabe ao produtor rural, juntamente com o departamento técnico, adequar o manejo de acordo com as categorias existentes na propriedade. “No decorrer do ano, em determinados momentos será necessária uma nutrição específica. No inverno, as intempéries climáticas interferem na produtividade das forrageiras, por exemplo. Os pastos têm ciclos definidos, e em certos períodos, pode haver uma baixa oferta decorrente do crescimento dessas forragens. Por isso, o planejamento é fundamental”, orienta Rossetto.

Conhecendo as categorias existentes na propriedade e o que cada uma precisa, é possível utilizar as forragens e cereais corretos. “É preciso saber o que fazer durante o ano, em cada situação para fechar uma dieta equilibrada e manter os rebanhos de forma correta durante todo o ano. Isso é o ideal na parte nutricional”, reforça Hérico.

Com relação ao aspecto sanitário, o conhecimento também é a chave. “O produtor rural precisa saber quais são as principais doenças infecto contagiosas, parasitárias, que ocorrem na sua região. Assim, ele sabe quais vacinas e controles parasitários precisam ser feitos. Além do combate a roedores e insetos que são vetores de doenças também”, explica o médico veterinário.

Para que o cooperado tenha suporte neste planejamento estratégico, Hérico revela que a Coamo elaborou um calendário para controle de doenças de acordo com cada região da cooperativa. “O associado só precisa ir até a unidade em que é atendido e solicitar o seu calendário, que está à disposição de todos. De posse do mesmo, ele vai planejar com o departamento técnico, e elencar as prioridades para ter o controle profilático correto das principais doenças que possam ocorrer e não ter o desempenho dos animais prejudicados.”

Quanto ao aspecto genético, Hérico Rosseto, destaca que é preciso ter animais com potencial produtivo. “Esse é um aspecto importante para que o produtor rural possa dentro do planejamento sanitário e nutricional dos rebanhos, verticalizar a produção, ou seja, por área ele produzir muito com uma bagagem genética de alta produção tanto no gado de leite quanto de corte. Para isso, ele deve elencar quais são as bases genéticas dos animais que ele vai dispor, cada um tem a base ideal para seu melhor aproveitamento.”


Milho em potencial

O milho é uma das culturas mais importantes no cenário nacional e internacional. É uma das plantas mais antigas cultivadas no mundo, a produção mundial deste cereal atualmente é três vezes maior que da soja. Sua importância econômica é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação humana, animal, produção de etanol e até como componente para a indústria de alta tecnologia, como por exemplo, a fabricação de plástico.

Este cereal também foi o foco do Encontro de Inverno Virtual. A estação “Manejo eficiente na cultura do milho primeira e segunda safra”, foi coordenada pelo engenheiro agrônomo de Campo Mourão, José Petruise Ferreira Júnior. “O milho é uma das plantas com a maior eficiência no armazenamento de energia encontrada na natureza. De uma semente que pesa pouco mais de 0,3 g irá surgir uma planta geralmente com mais de 2,0 m de altura, isto dentro de um espaço de tempo de cerca 60 dias. Nos meses seguintes, essa planta produz cerca de 600 sementes similares àquela da qual se originou”, explica.

Neste contexto, Petruise reforça que a cultura do milho possui um alto potencial produtivo. “Em concurso realizado pela associação nacional de produtores de milho dos Estados Unidos, o campeão e recordista mundial da modalidade livre/irrigado foi um produtor da cidade de Charles City no Estado da Virginia, com uma produtividade de 644,62 sacas por hectare. Isso só evidencia o potencial dessa cultura.”

Para o engenheiro agrônomo, essa produtividade, contudo, não é atingida comercialmente a campo devido a diversos aspectos. “A falta de equilíbrio dos fatores químico, físico e biológico, a falta de controle direto, ou seja, dos fatores abióticos, como a água, luminosidade e temperatura. Além dos fatores bióticos, relacionados às pragas, doenças e plantas daninhas, aqueles que podemos e devemos monitorar e caso venham a causar danos aos nossos cultivos devemos interferir e fazer cessar tais perdas”, orienta.

Para melhorar o manejo é preciso conhecer bem o sistema produtivo. “Precisamos ter um ambiente de produção que proporcione à planta, as melhores condições de expressar seu máximo potencial produtivo. Com um manejo eficiente é possível. Para isso, basta atender a legislação, respeitar o meio ambiente e fazer nada menos do que o necessário. Manejar o solo com foco no equilíbrio nutricional e hormonal da planta. Manejar e controlar as plantas daninhas, pragas e doenças.”

Petruise ainda enfatiza que, o maior desafio foi e continua sendo fazer com que as tecnologias sejam empregadas de forma integral e manejadas corretamente, para que surtam o resultado desejado e esperado. “Ao abordar este tema, o principal objetivo da estação foi mudar esta realidade.”

José Petruise Ferreira Júnior, engenheiro agrônomo

Atenção na aplicação

Quando se fala em tecnologia de aplicação, é preciso entender que o tema é complexo e nunca fica desatualizado. São inúmeras as variáveis que podem comprometer uma correta aplicação de defensivos. Para isso, é preciso dividir o ciclo produtivo em fases, identificar o foco da aplicação e escolher a ponta adequada, para ter mais chances de sucesso nas pulverizações. Quem coordenou esse assunto no Encontro de Inverno virtual foi o engenheiro agrônomo Marcus Vinícius Goda Gimenes, com a estação, ‘Tecnologia de aplicação de defensivos.’

Marcus Vinícius destaca que é preciso ter certos cuidados no momento da pulverização. “Essa é a operação que mais se repete durante o desenvolvimento da cultura. Por isso, é preciso escolher a ponta correta, pois não existe uma única opção para fazer tudo bem feito. Tomando cuidados com as condições, manutenção de equipamento e escolha correta desta ponta, é possível realizar a operação da melhor forma possível, evitando perdas e obtendo um bom retorno.”

O estágio da planta e a praga a ser controlada também são aspectos que determinam a escolha da ponta, conforme o engenheiro agrônomo. “Se, por exemplo, vou fazer a dessecação pré-plantio com herbicida sistêmico e tenho uma planta daninha mais exposta, tenho mais facilidade de atingir com os produtos. Neste caso, posso escolher uma ponta onde eu vá obter uma gota mais grossa, evitando a deriva, a perda decorrente do vento.”

De acordo com o agrônomo, o momento ideal também existe quando o assunto é pulverização. “Preciso monitorar as questões climáticas, pois o tempo muda durante o dia. Preciso conhecer a temperatura, umidade relativa do ar e a velocidade do vento.”

Esse trabalho pode fazer a diferença nos ganhos e perdas de produtos. “Ao considerar os produtos utilizados e fazermos a conta por hectare, ao escolher a ponta correta, evita-se e muito, a perda do produto, por alguma variação ambiental ou até mesmo, a falha humana. O valor de uma ponta se paga com a redução das perdas durante a aplicação, mantendo a produtividade e obtendo ganho de eficiência”, alerta.

Marcus Vinícius Goda Gimenes, engenheiro agrônomo

Invasoras, porém controladas

As plantas daninhas têm papel importante no sistema de produção devido à alta incidência e, consequente, redução da produtividade. Desde os primórdios da agricultura esse é um problema. Num primeiro momento utilizava-se controle mecânico e, depois, com o advento dos herbicidas, surgiu uma ferramenta importante para controlar esses inimigos. Porém, com o tempo, esse aliado, perdeu a eficácia com a resistência. “No Brasil, a situação se agravou com o advento da soja RR, que com o uso intensivo do glifosato no passar do tempo, selecionou biótipos resistentes a esse ingrediente ativo”, afirma o engenheiro agrônomo da Coamo de Campo Mourão, Roberto Bueno da Silva.

Bueno coordenou a estação de pesquisa com o tema “Manejo de plantas daninhas no sistema de produção”. Ele explica que diante da resistência foi necessário adotar medidas adicionais para combater as plantas daninhas. Até porque, no Brasil existem catalogados 52 casos de plantas daninhas resistentes à herbicidas, 10 resistentes ao glifosato e oito que além do glifosato são resistentes a outros mecanismos de ação. “Esse é um problema muito anterior ao Brasil. Na década de 50, foram catalogadas no Canadá e Estados Unidos, plantas tolerantes ao herbicida 2,4-D. Como nossa agricultura é mais recente que nesses países, o uso incorreto dos herbicidas, propiciam aparecer esses biótipos resistentes.”

Roberto Bueno, engenheiro agrônomo

É uma situação que merece atenção conforme destaca o engenheiro agrônomo. “Acreditávamos que o glifosato e o 2,4-D, por exemplo, não teriam esse tipo de problema. Começou com os inibidores de ALS. Em três anos vieram o amendoim bravo e o picão preto, resistentes a esses produtos. Logo depois começamos a ter problemas com o glifosato e, atualmente, temos com o 2,4-D.”

Para lidar com esses desafios, o agricultor precisa ser proativo. “Além do controle químico, precisamos fazer o controle preventivo com a limpeza das máquinas. Devemos usar sementes de qualidade, que vêm livre de plantas daninhas. Existem, também, os controles culturais, como o solo bem manejado, adubação adequada, densidade e época de plantio corretas, para dar condição à cultura fechar rapidamente e conseguir ter competitividade com a planta daninha”, frisa Bueno.

De acordo com Roberto Bueno, além disso, o agricultor não pode esquecer do manejo cultural e do monitoramento. “Sabemos que é difícil fazer o arranque de plantas daninhas. Mas, é importante, são técnicas que auxiliam muito. Outro detalhe importante, é não deixar a área em pousio, pois a emergência da planta daninha numa área descoberta pode ser dez vezes maior. Para isso, temos opções para fechar essas áreas. Em regiões quentes, por exemplo, o milho segunda safra pode ser consorciado com a brachiaria ruziziensis. Outra opção são os adubos verdes no inverno. Por isso, é preciso se planejar a médio e longo prazo, alternando essas opções. Isso tudo facilita muito o controle de plantas daninhas.”

SERVIÇO

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Acesse o vídeo do Encontro de Inverno:

https://www.youtube.com/watch?v=_kH4ZNRjank

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