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Maurício Adade é formado em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, tem MBA em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda & Marketing (ESPM) de São Paulo. Iniciou sua carreira em 1988 como gerente técnico da Roche Vitaminas. Em 1992 aceitou seu primeiro desafio internacional sendo nomeado diretor de Nutrição Humana e Saúde da Roche no México, onde ficou por seis anos, mas também atuou em Cingapura e na Suíça, onde foi vice-presidente da Global Industry Unit Food Pharma da Roche Vitaminas. Na DSM, iniciou em outubro de 2003, ainda na Suíça, com a aquisição da Roche Vitaminas, foi nomeado vice-presidente executivo e chefe de marketing global da DSM Nutritional Products. Em janeiro de 2006, passou a ser o presidente da área de Nutrição Humana e Saúde Global da DSM. Em 2010, foi para a Holanda assumir o cargo de Chief Marketing Officer da DSM na matriz. Em 2015, voltou ao Brasil e assumiu o cargo atual de presidente da DSM América Latina, sendo responsável pela implementação de estratégias regionais de 16 países e liderando mais de 2 mil pessoas. Membro do Conselho Consultivo da ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos); Presidente do Conselho Diretor da ABBI (Associação Brasileira de Bioinovação); Membro do Legado dos CEOs da Fundação Dom Cabral; e Membro do Board do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável). |
“A parceria da DSM com a Coamo nos dá a oportunidade de estar conectados com os pequenos e médios produtores. É um canal para que os nossos produtos cheguem na ponta, nas mãos dos pecuaristas.” A afirmação é do engenheiro de alimentos Roberto Adade, presidente desde 2015 da DSM América Latina. Ele é responsável pela implementação de estratégias regionais de 16 países e liderando mais de 2 mil pessoas.
Com a aquisição da marca Tortuga, a DSM passou a ser a maior indústria de suplementos nutricionais para gado de corte e de leite. “Estamos contribuindo para o progresso da produção animal do Brasil.”
Em 2017, Adade foi "Chefe oculto" no quadro veiculado no programa Fantástico, da TV Globo. “A melhor forma de liderar é motivar as pessoas e as equipes para que se mantenham conectadas, que colaborem entre si e que se ouçam. Criar times de alta performance e ser um coach, e não um “chefe”, é fundamental”, afirma Adade.
Revista Coamo: Conte-nos um pouco da DSM e sua principal missão.
Maurício Adade: Desde a nossa criação, há mais de um século, como Dutch States Mines, transformamos nossa atuação em algo realmente brilhante: uma empresa global, de base científica, especializada em garantir que o mundo seja mais saudável, sustentável e seguro. Desde então, evoluímos para uma empresa científica orientada por objetivos e especializada em soluções de Nutrição, Saúde e Biociência. Nosso propósito é criar vidas mais brilhantes para todos, por isso, o novo significado que nosso nome assumiu: “Doing Something Meaningful”, ou seja, “Fazendo Algo Significativo”, é realmente muito importante para nós, pois é o que fazemos todos os dias. A DSM está presente em cinco continentes, em mais de 50 países, com mais de 21 mil colaboradores em todo o mundo. Na América Latina, somos mais de duas mil pessoas e no Brasil cerca de 1.400 colaboradores. Gerenciamos 500 Marcas Registradas e contamos com 2.500 patentes e inovações pelo mundo. Participamos de mais de 100 parcerias e colaboramos com cerca de duas mil faculdades e universidades ao redor do mundo.
RC: Desde quando a DSM está na América Latina e no Brasil?
Adade: Começamos na década de 1980, com foco em importações de matérias-primas. Especificamente no Brasil, nossa história começou no Sul, onde adquirimos primeiramente uma unidade de elastômeros para atender à indústria automobilística no Brasil e no exterior. Evoluímos e procuramos por atividades mais ligadas ao nosso propósito, inspirada pelo pensamento de Bright Science. Brighter Living. Isso quer dizer que toda estratégia de negócio da DSM é focada no conceito People, Planet e Profit, ou seja, o desenvolvimento das nossas soluções é focado na sustentabilidade para trazer benefícios sociais, ambientais e econômicos. Usamos a ciência para criar soluções para superar os desafios atuais, possibilitando uma redefinição de como vivemos e trabalhamos hoje para fomentar um ambiente mais próspero e sustentável para toda a sociedade. Neste sentido, em 2003, adquirimos globalmente os negócios de vitaminas e produtos químicos da Roche e nos tornamos líderes em Nutrição Humana e Animal na América Latina, com forte atuação em toda a região, desde o México até a Argentina. Em 2013, a aquisição da empresa familiar brasileira Tortuga® nos posicionou como líderes no mercado de suplementos nutricionais para gado de corte e de leite. E, em 2020, adquirimos globalmente os negócios Biomin e Romer Labs, do Grupo Erber, fortalecendo ainda mais a nossa expertise científica e reputação como uma fornecedora líder em soluções de saúde e nutrição animal para produtividade e sustentabilidade agrícola.
RC: Qual a participação do Brasil nos negócios da DSM?
Adade: O Brasil é um polo estratégico para a DSM na América Latina, justamente pela força que temos com a Tortuga. Contribuímos positivamente com o agronegócio brasileiro. Nosso negócio de Nutrição e Saúde Animal atua em 19 países latino-americanos e representa em torno de 65% do faturamento da DSM América Latina.
RC: Como surgiu a aquisição da marca Tortuga no Brasil e quais os resultados desta iniciativa?
Adade: A marca Tortuga® surgiu em 1954, fundada pelo imigrante italiano Fabiano Fabiani e, desde abril de 2013, Tortuga® passou a ser uma marca da DSM. Daí em diante, comercializamos os produtos no Brasil e em 17 países da América Latina, com a exclusiva tecnologia dos Minerais Tortuga, atendendo às exigências e as necessidades dos pecuaristas. Essa decisão foi um passo importante na história da DSM, assim como uma oportunidade de estarmos em um segmento que é um dos mais significativos da agropecuária brasileira. Com a aquisição da marca, a DSM passou a ser a maior indústria de suplementos nutricionais para gado de corte e de leite e tem contribuído decisivamente para o progresso da produção animal do Brasil.
RC: Como a empresa oferece soluções inovadoras e cria valor sustentável para os seus negócios?
Adade: A DSM entende a Sustentabilidade como uma linha comum que percorre todas as suas atividades há muitos anos, compreendendo que temos o poder para transformar positivamente a vida das pessoas e do planeta. Em 2021, anunciamos uma decisão estratégica de focar totalmente nossos recursos e capacidades para enfrentar os desafios sociais e ambientais urgentes ligados à forma como o mundo produz e consome alimentos. Definimos e assumimos uma série de novos compromissos, a fim de contribuir significativamente para a Saúde das Pessoas, Saúde para o Planeta e Meios de subsistência saudáveis.
RC: Como melhorar o desempenho em mercados como os de alimentos e suplementos nutricionais?
Adade: O mercado de nutrição tem um futuro brilhante pela frente. Percebemos que os produtores estão conseguindo entender os benefícios da ciência que está por trás dos produtos, bem como as vantagens em termos de rentabilidade e desempenho animal. Obviamente, com o aumento dos insumos e matérias-primas, o custo final aumenta e é um desafio ao produtor. No entanto, lá na ponta, o investimento em nutrição tem valido a pena. Graças à ciência, conseguimos garantir ótimo desempenho e melhoria na saúde e do bem-estar animal, além do aumento da produtividade e do lucro ao produtor.
RC: Como analisa a atuação do produtor que tem na pecuária o seu principal negócio?
Adade: O produtor brasileiro está muito mais exigente em relação a qualidade dos produtos e serviços. Ele vem evoluindo, assim como sua produtividade que aumenta ano a ano à medida que cresce a produção tanto de carne quanto de leite e, ao mesmo tempo, está reduzindo a área de pastagem, cuja parte está voltando para reflorestamento e a outra se transformando em agricultura. Essa evolução está acontecendo por conta da gestão, da melhoria no manejo e no uso de tecnologias. Empresas como a DSM, em parceria com cooperativas como a Coamo, são importantes catalisadoras deste momento, pois oferecem orientações técnicas e nutricionais para os produtores, ou seja, um serviço de extensão rural para que essa transformação aconteça para dentro da porteira. A DSM dá a Coamo acesso a soluções inovadoras para que essa transformação aconteça de forma mais fluida e bem-sucedida.
RC: Em 2017, o senhor foi "Chefe oculto" em quadro do programa Fantástico. Como foi esta experiência?
Adade: Foi uma experiência transformadora de vida, pois nada melhor que ocupar novos lugares para enxergar o negócio por uma outra perspectiva. Posições de liderança, assim como a minha, têm dificuldade de se conectarem com as pessoas que realmente fazem parte do sucesso do negócio. Eu tive essa oportunidade e vi de perto a importância desse compromisso. A vivência como funcionário recém-contratado me rendeu boas reflexões e consciência da minha responsabilidade como líder da DSM, assim como ideias para melhorar o ambiente de trabalho e o compromisso ético com o desenvolvimento das pessoas. Foi surpreendente e enriquecedor.
RC: Como foi sentir o peso das tarefas mais simples e descobrir o dia a dia dos funcionários?
Adade: Não foi uma tarefa fácil.
Em alguns momentos o cansaço se tornou um empecilho. Porém, o mais difícil foi esconder o disfarce! No entanto, foi muito valioso ver de perto o comprometimento dos colaboradores com o trabalho. Eu vi nas pessoas não somente o entendimento do propósito da companhia, mas também o compromisso de fazer dela uma extensão da família. Isso faz toda a diferença. Coisas que, no dia a dia empresarial, com metas a serem cumpridas, a gente esquece. Resgatar essa parte do relacionamento e do entendimento humano têm um valor incrível.
RC: Quais são os principais erros praticados pelos gestores que impactam no ambiente organizacional?
Adade: A vida é uma eterna jornada de aprendizagem. Para isso, acredito ser essencial ter flexibilidade e humildade. Qualquer profissional precisa estar sempre disposto a aprender algo novo para, inclusive, acompanhar o ritmo intenso das transformações do mercado. Não nos esqueçamos que aprendemos muito quando erramos e só erra quem faz! Por isso, é importante nos reinventarmos a cada dia para poder internalizar os aprendizados e colocá-los em prática.
RC: Como percebe o cooperativismo para o desenvolvimento dos cooperados e do país?
Adade: É fundamental. Trazendo à tona, como exemplo, a importância da aquisição da marca Tortuga para a DSM: o modelo B2F chamou a nossa atenção. Como empresa, não temos a possibilidade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo; daí a importância do cooperativismo agropecuário para disseminar conhecimento e tecnologia, contribuindo para o desenvolvimento dos cooperados e para o sucesso de toda a cadeia produtiva.
RC: Há 40 anos existe a parceria entre a DSM e a Coamo. Como analisa esta parceria e os resultados?
Adade: O ponto mais importante é justamente esse: de conseguirmos atingir todos os produtores independentemente do seu porte. Essa parceria de longa data com a Coamo nos possibilita essa capilaridade, graças ao grande alcance e capacidade da cooperativa. As duas equipes, Coamo e DSM, explorando essa sinergia, permitem a longevidade dessa parceria.
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Roberto Adade, presidente desde 2015 da DSM América Latina |
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