Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 523 | Abril de 2022 | Campo Mourão - Paraná

SUCESSÃO

SUCESSORES PROMISSORES

Fernando Rocha Driessen, cooperado em Palmital (PR), é um dos exemplos de sucessão no campo

A sucessão no campo é um assunto que sempre está presente nas rodas de conversas no campo. Passar a propriedade de uma pessoa para outra, entre as famílias vem de longa data. Só que com o passar do tempo essa prática se tornou mais profissional e eles deixaram de ser apenas herdeiros e passaram a ser sucessores, dando continuidade às atividades desenvolvidas pela família.

Fernando Rocha Driessen, de Palmital (Centro do Paraná), passou boa parte da juventude em Curitiba. Na capital ele se formou em medicina veterinária, influenciado pelos pais, que mantinham uma propriedade rural e tinham como principal atividade a pecuária. Ainda na adolescência, com 17 anos, perdeu o pai e desde então sentiu que seria dele a responsabilidade de continuar tocando a atividade agrícola. A sucessão acabou sendo por uma necessidade e está transcorrendo de forma natural, já que a mãe Rosângela, foi a primeira a tomar a frente dos negócios da família. Ela continua dando suporte aos trabalhos, mas cabe ao Fernando cuidar de toda a parte operacional e de gestão da propriedade.

Fernando trabalha com o sistema de integração lavoura pecuária

Em 2016, o cooperado resolveu que era momento de trocar Curitiba por Palmital. Decisão essa que vinha sendo amadurecida desde quando estava na faculdade. “Meu pai sempre foi do meio rural e me incentivou a gostar do campo, lidar com o gado e olhar a plantação. Quando ele faleceu, e como eu sou filho único, senti um senso de responsabilidade um pouco maior. A minha mãe me deixou participar na época. Porém, sem parar os estudos”, comenta.

Ele conta que a escolha pela veterinária e a sucessão foi um caminho bastante lógico. “Sempre tive vontade de viver no meio rural, dar continuidade aos trabalhos da família”, frisa. A mãe, natural de Curitiba, é professora aposentada e não passa mais de 40 ou 60 dias sem visitar a propriedade. “O processo de sucessão ainda está caminhando, os trabalhos não foram repassados totalmente para a minha competência. Contudo, a maior parte das decisões passa pelo meu crivo, desde as programações do dia a dia, até controles e toda a parte operacional. A palavra final, as decisões mais importantes são em conjunto com a minha mãe. Sempre existe uma certa dificuldade de criar essa ponte entre a geração mais antiga com a geração mais nova. Vejo que o jovem quer fazer as coisas muito rápido e os pais, têm o tempo deles, tomam as decisões com mais segurança de acordo com a visão deles do sistema.”

A propriedade tem como característica a pecuária, devido ao relevo da região que é bastante acidentado. Já a lavoura vem ganhando espaço, mas sem que a produção de carne seja diminuída. Isso é possível porque tanto a produção de gado quanto a agricultura são desenvolvidas com o uso de tecnologias que otimizam a produção. “Hoje tem práticas e sistemas que ajudam a desenvolver as atividades agrícolas de forma mais sustentável e rentável. É tempo de modernização no campo e estamos seguindo todas as recomendações técnicas da Coamo para encontrar o melhor caminho.”

Todo o processo de lavoura e pecuária é desenvolvido em parceria com a Coamo. “A agricultura foi por incentivo da Coamo e contamos com apoio durante todo o ciclo. O mesmo ocorre na parte veterinária. O acompanhamento técnico tem sido fundamental para a evolução da produtividade. “Somos uma família de pecuaristas. Começamos com o gado e sempre tivemos animais no pasto. Viemos para Palmital, na época, pelo valor da terra que era mais acessível e, também, pelo clima, adequado para a criação de gado. Acabamos nos tornando agricultores com o tempo. Hoje, fazemos integração lavoura- -pecuária.”

Apoio da assistência agronômica e veterinária estão sendo fundamentais para a condução das atividades

Jovens Líderes Cooperativistas

Atividade desenvolvida durante o primeiro encontro em Campo Mourão (PR)

Com intuito de perpetuar o jovem na atividade agrícola, e prepará-lo para a gestão da propriedade, a Coamo mantém o Programa Jovens Líderes Cooperativistas, que existe desde 1998, e já formou mais de mil cooperados. Fernando é um dos participantes da 26ª turma, que iniciou no mês de março.

Para Fernando, o curso é uma ferramenta importante para se aperfeiçoar na propriedade rural, conhecer mais sobre o cooperativismo e sobre a Coamo e Credicoamo.

Cristiane Biscoli Serpa, de Mangueirinha (PR), é psicóloga e vem conciliando o conhecimento da área com a gestão da propriedade da família

Cristiane Biscoli Serpa, de Mangueirinha (Sudoeste do Paraná), participante da 26ª turma do Programa Jovens Líderes Cooperativistas, está em processo de sucessão na propriedade. A expectativa, segundo a cooperada, é que o curso a auxilie nesse momento de transição. “Estamos iniciando o processo sucessório. Meus pais ainda cuidam da propriedade rural, mas meu irmão já iniciou esse processo antes de mim. Eu retornei há dois anos e estou aprendendo também.”

Cristiane é psicóloga e vem conciliando o conhecimento da área com a gestão da propriedade. Ela retornou para Mangueirinha após quase vinte anos morando fora de casa. “Me formei em Psicologia em 2007 em Umuarama e atuei em muitas áreas, mas há dois anos decidi, junto com minha família, retornar para a cidade de meus pais para aprender junto com eles a cuidar do que construíram em nossa propriedade rural.”

A história da família Biscoli com a Coamo ocorreu junto ao crescimento da própria cooperativa em Mangueirinha. A cooperada conta que o pai, Inri José Biscoli, foi um dos primeiros cooperados do município, e como muitos agricultores, passou por inúmeras dificuldades e com poucos recursos financeiros, teve que aprender cedo uma forma de conseguir o sustento da família. “Meu pai sempre amou ser agricultor. Transformar e cuidar da terra sempre foi sua paixão, talvez o maior motivo de permanecer nessa profissão”, acrescenta.

Cristiane acompanha o pai em todo o processo de tomada de decisão e, juntamente com o irmão Tiago, que iniciou a sucessão há mais tempo, está aprendendo sobre agricultura e revivendo a infância, ao lado dos pais.

Cristiane Biscoli com o pai Inri, a mãe Ana Maria e os irmãos Tiago e Jaqueline

A mãe, Ana Maria Kupkoski Biscoli, sempre participou de cursos oferecidos pela Coamo e incentivou a filha a estar presente nas atividades da cooperativa e aprender sempre. Tanto que Cristiane e a mãe fazem parte do Grupo de Mulheres do Agro de Mangueirinha, onde são incentivadas por outras mulheres a estarem engajadas dentro e fora da propriedade rural.

Presente e entusiasmada com o curso de Jovens Líderes Cooperativistas, Cristiane tem certeza de que será mais um passo importante neste processo sucessório. “A formação tem trazido uma troca de experiências entre os participantes. Conhecer a diretoria e o funcionamento da cooperativa também foi muito enriquecedor. Já é possível debatermos e vivenciarmos a importância de participar de uma cooperativa séria como é a Coamo, e como poderei participar mais ativamente na rotina cooperativista e como agricultora.”

Cristiane espera que o curso de Jovens Líderes auxilie no momento de transição entre os pais e filhos na propriedade da família

Venâncio com o pai Erico, em Fênix (PR)

Venâncio está assumindo a gestão da propriedade junto com o irmão

Venâncio Gomes Ferreira Lopes, de Fênix (Noroeste do Paraná), é um dos filhos do cooperado Erico Ferreira Lopes que está recebendo a gestão da propriedade, junto com o irmão Eurico. O processo de sucessão começou com o avô Eurico. Há cinco anos, Eurico faleceu, e desde então, Érico toca a propriedade com o auxílio dos filhos. “Eles estão se saindo muito bem. O Venâncio por exemplo, entende muito mais de tecnologia do que eu, e ele se sai muito bem nessa parte. Então eu deixo para ele.”

Para o futuro, Erico espera que o filho possa perpetuar na atividade agrícola, assim como ele. “Se não puder aumentar, ao menos mantenham, já que não foi fácil de conquistar. Começou lá atrás com meu pai, quando veio da Bahia. Agora é a vez deles. Enquanto eu puder, vou ensinar tudo que sei. Estou passando todo meu conhecimento para que possam continuar com o trabalho”, afirma o cooperado.

Trabalhar com os filhos é bom, mas poder contar com o pai é ainda melhor. Para Venâncio, o pai é um exemplo de homem, e de agricultor. Assim como o avô foi um suporte para o pai, o jovem vê Erico como uma base, um modelo a ser seguido, e assim o faz. Está recebendo o bastão do pai e se saindo muito bem. “Meu pai é o cabeça da propriedade, principalmente na pecuária onde ele ainda segura as rédeas. Na agricultura, dividimos, cada um tem sua parte, mas trabalhamos em conjunto, sempre ajudando um ao outro. É a forma que está dando certo.”

Tanto para Erico quanto para Venâncio, a Coamo tem ajudado na sucessão, dando todo apoio necessário e trazendo segurança. Além disso, os dois contam com a assistência técnica da cooperativa, que os auxilia na tomada de decisão. “Costumamos falar, que a assistência técnica é de grande qualidade. Sempre que a gente precisa, estão presentes tanto na agricultura quanto na pecuária, apresentando os melhores produtos, orientando e tirando dúvidas, para conseguirmos alcançar nosso objetivo, que é uma produção cada vez maior.”

Tanto para Erico quanto para Venâncio, a Coamo tem ajudado na sucessão, dando todo apoio necessário e trazendo segurança

Venâncio faz parte da turma de Jovens Líderes Cooperativistas. Para ele todo conteúdo aprendido no curso é para agregar conhecimento e é sempre bem-vindo

Venâncio também faz parte da turma de Jovens Líderes Cooperativistas iniciada em 2022 pela Coamo. Para ele todo conteúdo aprendido no curso é para agregar conhecimento e é sempre bem-vindo. “O curso é muito interessante e os professores são muito qualificados. Não é uma coisa cansativa pois temos muitos momentos de interação. Acredito que é um jeito melhor de adquirir conhecimento.”

O Jovem espera que o aprendizado possa ajudar nos afazeres da propriedade, tanto na pecuária quanto na agricultura. “Tudo que aprendemos é de suma importância, e se eles nos escolheram para esse curso, acredito que tenha algum propósito. O meu objetivo é ajudar aqui na propriedade, aprimorando o que já sabia e aprendendo mais sobre o cooperativismo.”

Paula Carina de Oliveira, de Boa Esperança (PR), diz que a Coamo e a Credicoamo foram essenciais para a decisão de tomar à frente dos negócios

Paula Carina de Oliveira, de Boa Esperança (Centro-Oeste do Paraná), teve um processo de sucessão mais recente e ocorreu por um motivo de fatalidade. O pai dela Paulo Sérgio de Oliveira, foi uma das vítimas da Covid-19. Até então, ela morava em Maringá e tinha nos planos a continuidade da formação acadêmica, com pretensão de concluir mestrado e dourado.

Ela não tinha experiência com gestão rural e com o falecimento do pai retornou para Boa Esperança e mesmo tendo um irmão que já trabalhava na atividade, foi ela quem assumiu a gestão das propriedades.

“Há cerca de um ano, tive que assumir esse papel de gestora. Algo que eu não imaginava que pudesse ocorrer tão cedo. Com o falecimento do meu pai alguém teria que assumir essa responsabilidade, e aceitei o desafio. Não foi fácil porque tive que sair da minha zona de conforto. Estava acostumada com uma rotina totalmente diferente e tive que me adaptar e aprender a nova realidade. Tivemos muito apoio de todos da Coamo e da família. Isso facilitou. É aprendizado diário. As dificuldades continuam e a gente vai vencendo a cada dia.”

Ela conta com o apoio do irmão Luiz Fernando, que atuava na propriedade na área operacional da agricultura e do marido Lucas, que ajuda na pecuária. “Somos nós três na condução das atividades. Eu fico responsável pela gestão e eles pela execução do trabalho.”

Ela destaca que a Coamo e a Credicoamo foram essenciais para a decisão de tomar à frente dos negócios. “Nosso primeiro passo foi ir às cooperativas, para resolver toda a questão burocrática. Tudo ainda estava no nome do meu pai e tivemos que continuar tocando a lavoura que já estava em desenvolvimento. Eu não entendia nada sobre o dia a dia no campo e recebi todo o apoio necessário para conduzir as atividades agrícolas. As cooperativas foram essenciais nesse caminho de dar continuidade aos trabalhos.”

Paula conta com o apoio do irmão Luiz Fernando, do marido Lucas e da assistência Técnica da Coamo para a condução das atividades

A cooperada destaca que sucessão familiar nem sempre é planejada e essas fatalidades podem acontecer em qualquer família, mudando todo planejamento. “A sucessão não era algo tão próximo. Não imaginava que pudesse ocorrer tão rápido. Pensava que poderia ser quando meu pai estivesse mais velho, bem lá na frente, mas não agora com 25 anos e com outros planos para a minha vida profissional.” Ela conta que apesar do choque, a condução das atividades está indo bem. “Ano passado tivemos um ano difícil na safra do milho segunda safra e neste ano na safra de verão, com a soja. Apesar de tudo isso, ainda estamos conseguindo levar da melhor forma possível e tendo bons resultados.”

A cooperada conta que em nenhum momento passou pela cabeça abandonar tudo e passar a propriedade para outras pessoas cuidarem. “Como a gente tinha tudo na mão, maquinário, áreas de plantio e gado, porque não continuar desenvolvendo as atividades. Temos áreas arrendadas e continuamos com os arrendamentos. Sabemos que não vai ser tudo fácil, mas estamos assumindo os compromissos que meu pai tinha e até o momento está dando tudo certo.”

Ela entende que o seu pai teria orgulho pela forma que eles estão tocando a propriedade. “Por tudo que está acontecendo, estou bem feliz pelos resultados que a gente tem recebido. Então, acredito que ele num lugar que estiver vai estar orgulhoso.”

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados ou citados não exprimem, necessariamente, a opinião do Jornal Coamo.