Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 523 | Abril de 2022 | Campo Mourão - Paraná

COMERCIALIZAÇÃO

Mercado agrícola


Edenilson Carlos de Oliveira, diretor de Logística e Operações da Coamo, foi o mediador da palestra com o consultor Alexandre Mendonça de Barros

As perspectivas dos mercados agrícolas foi tema de palestra realizada pelo canal da Coamo no YouTube, no dia 13 de abril, com o consultor Alexandre Mendonça de Barros. O cenário mundial é complexo e impacta diretamente no agronegócio e nos custos de produção. O consultor falou sobre a pandemia que ainda está na China e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia.

De acordo com Barros, o momento é complicado para o agronegócio brasileiro. “Estamos saindo de uma pandemia no Brasil, mas alguns países estão vivendo o aumento de casos, como é o caso da China. Tivemos problemas na safra de verão, principalmente na região Sul, e quando achávamos que as coisas acalmariam um pouco, entrou o conflito entre a Rússia e a Ucrânia com impactos globais significativos”, diz.

Ele lembra que a Ucrânia é a quarta maior exportadora de milho no mundo, importante produtora de trigo, cevada e girassol. Já a Rússia grande produtora e exportadora de trigo. “Abril e maio são os meses de plantio na Ucrânia, e há um consenso que não será plantada uma safra normal. Institutos apontam uma redução de 50% na safra ucraniana. É uma questão bastante complexa que envolve plantio, colheita e, depois, a exportação dessa produção”, assinala Barros.

Em relação ao mercado de fertilizantes, o consultor recorda que a Rússia é um importante fornecedor de adubos para o Brasil. No ano passado, o país disponibilizou 18% da ureia, 99% do extrato de amônia, 30% do fósforo e, com o Bielorrússia, metade do cloreto de potássio importado pelo Brasil. “Quando há um conflito, um problema desta magnitude, o fluxo normal de fertilizantes deixa de acontecer e os impactos globais são elevados. Temos que nos preparar porque nos próximos meses enfrentaremos desafios de custos de produção extremamente elevados.”

Na visão dele, os problemas podem ser amenizados pelo cooperativismo. “A união dos produtores rurais nesse momento é de suma importância e o cooperativismo tem um papel fundamental. As ações adotadas pela Coamo em benefício dos cooperados são um instrumento importante, principalmente na difusão de informação e conhecimento para os cooperados enfrentarem os momentos mais difíceis.”

Rogério Trannin de Mello, diretor Comercial da Coamo, participou do Momento Coamo, transmitido pelo canal da cooperativa no YouTube, no dia 19 de abril. Ele falou sobre o plantio das lavouras dos Estados Unidos, os impactos da guerra e a comercialização dos principais produtos pelos cooperados da Coamo. O departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), divulgou o primeiro relatório da safra americana no dia 18 de abril. Os dados mostraram a soja plantada em apenas 1% da área, o milho com 4% e o trigo com 6%. “O frio não está permitindo o avanço do plantio”, frisa.

Segundo ele, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia continua trazendo instabilidade para o agronegócio. Contudo, a situação está mais próxima da normalidade do que o esperado. “Não sabemos até quando seguirá essa guerra. Mas, as coisas estão caminhando. A Rússia continua exportando trigo e a Ucrânia está exportando milho. Em relação aos fertilizantes, existem atualmente 24 navios da Rússia a caminho do Brasil trazendo quase 700 mil toneladas de fertilizantes. É uma normalidade maior do que a gente imaginava nesse cenário de incertezas”, diz.

Trannin recorda que a safra de verão brasileira teve impactos devido à falta de chuva, principalmente na região Sul. Já a Argentina está tendo problemas com geadas nesse momento final da colheita da soja. Todas essas questões, segundo o diretor, fazem com que o mercado oscile bastante. “A reação, tanto de quem produz como de quem compra, é muito similar, ou seja, quando os preços começam a subir há um recuo do cooperado no ritmo de venda e quando eles começam a cair, tem aquele medo de perder o bonde, e há uma intensificação do volume de fixação.”

Histórico - Ele cita que no começo do ano, a soja abriu a R$ 162 a saca, chegando até R$ 200. Nesse período, o ritmo de fixação foi muito baixo, apesar de estar no período da colheita. Já quando o preço começou a recuar, caindo para R$ 190, o volume de vendas aumentou, mais que quintuplicou, e o preço voltou para a casa dos R$ 160. “Chegou uma hora que o mercado já estava bem desvalorizado e começou a ter um movimento de recuperação, e novamente houve um recuo no ritmo de vendas. É preciso analisar sempre se o preço historicamente é atraente, pois o mercado é bastante volátil e uma queda de preço pode ocorrer de forma rápida.”

Conforme o diretor, as questões envolvendo os contratos nos últimos anos deixaram os cooperados mais apreensivos e nesta safra está havendo um atraso na comercialização. “Mesmo com a quebra na produção da soja, o volume da comercialização ainda está baixo.”

Bons preços - Ele cita que comparando os preços atuais na condição de Chicago em relação aos últimos dez anos, só houve 28 dias nos últimos dez anos, onde os preços de Chicago estavam acima de U$ 17 por bushel para a soja e acima de U$ 8 o bushel para o milho. “Estamos em um momento de preços raros, e mesmo assim há esse receio de comercializar a safra por parte dos cooperados, em função do que ocorreu nos últimos anos. É preciso ponderar porque estamos com preços muito bons. A venda deve ser sempre em função do custo de produção, para ter uma boa média e procurar fazer a média no momento que os preços estão subindo. Com isso, gradualmente teremos uma média melhor.”

Rogério Trannin de Mello, diretor Comercial da Coamo
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