Cooperativismo de Crédito
Solução econômica e social para o desenvolvimento
Pequenos e médios produtores têm mais oportunidades e o lucro gerado se mantém na região da cooperativa, resultando em igualdade social
José Vilson e Rafael Vogt: segurança com o cooperativismo
Casa própria para morar, maquinário para plantar, condições para financiar a lavoura, segurança se o clima não ajudar, tudo adquirido com preço justo e sem burocracia. Parece um sonho para muitas pessoas, contudo, para milhares é realidade. Tudo começou em 1856 na Alemanha, onde foi criado um sistema para equilibrar o fator social e econômico. Enquanto organização democrática voltada para a solução de problemas comuns, o cooperativismo de crédito é a fórmula mágica capaz de solucionar um dos maiores problemas do mundo: a desigualdade social.
Nesse sistema de cooperação, pequenos e médios produtores rurais, de diversos municípios do Brasil são beneficiados, e no Paraná essa realidade é expressiva prova disso é que 11% dos cooperados brasileiros estão no Estado. Exemplo disso, é a família Vogt de Toledo, no Oeste do Paraná. Cooperados da Credicoamo Crédito Rural Cooperativa, José Vilson e Rafael, pai e filho, realizam todas as movimentações financeiras por meio da cooperativa. Tudo que conquistaram atribuem ao sistema. “Crescemos graças a facilidade que o cooperativismo agropecuário e de crédito oferecem. É mais segurança para nossa família e os bons resultados são para todos cooperados”, afirma José Vilson.
Escolha certa que também trouxe o progresso para o cooperado Adir Simei de Souza Clemente, de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná) que resolveu trocar a sala de aula pela agricultura e no cooperativismo de crédito encontrou a parceria que precisava para iniciar na atividade. Ele revela o quanto cresceu desde que se tornou cooperativista. “Hoje meu banco é a cooperativa de crédito. São muitos os benefícios, começando pelas sobras, a facilidade e a agilidade na liberação dos recursos, financiamento de veículo e seguro da lavoura. Agora, planejo começar a construção da minha casa própria, por meio do programa Moradia Feliz”, revela o cooperado.
Cooperativismo de crédito é a parceria que Adir procurava para ingressar na agricultura
A cooperativa de crédito dos cooperados Coamo, surgiu em 17 novembro de 1989 com o objetivo de fomentar a agricultura regional e proporcionar mais condições de acessibilidade aos cooperados. O diretor-presidente da Credicoamo, José Aroldo Gallassini, revela que em função do cenário em que os cooperados viviam na época, onde estavam mais distantes das linhas de crédito específicas para o segmento, surgiu a cooperativa com uma estrutura específica para dar condições ao quadro de associados. “Surgiu para facilitar a vida do cooperado, com condições de aplicação de uma tecnologia mais adequada para a produção”, explica.
Com mais de 11 mil associados, a cooperativa de crédito singular faz parte desse contexto mundial que comprova o quanto o cooperativismo é a melhor solução para o desenvolvimento econômico. Todos cooperam e ganham no final. Em 2013, por exemplo, as sobras apuradas foram superior a R$ 36 milhões, distribuídas ao quadro social. Segundo Gallassini, o cooperativismo é um dos principais responsáveis pelo bom desempenho do setor produtivo nacional e mundial. Ele destaca que a Credicoamo também vem cumprindo esse papel. “A Credicoamo tem crescido muito nos últimos anos. Pretendemos expandir ainda mais a área de atuação, pois é algo que vimos que dá certo e que tem beneficiado milhares de famílias. É o cooperativismo de crédito, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social”, salienta.
Segundo o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, o modelo de cooperativismo de crédito instituído no Brasil vem apresentando bons resultados.“Já temos uma participação significativa no bolo de concessão de financiamento no contexto nacional, mas o importante é o crescimento em nosso Estado. Temos hoje algumas regiões em que mais de 50% do financiamento de algumas culturas são realizadas pelas cooperativas de crédito. Isso mostra que são altamente viáveis, competitivas e mais do que isso, estão lá na ponta, no interior propiciando condições para que os agricultores e cooperados possam ter acesso ao crédito”, avalia Koslovski.
O presidente comemora os números do Paraná, onde o crescimento é destaque no cenário nacional. “É importante investir, capitalizar, fazer com que as cooperativas possam, cada vez mais, financiar as atividades econômicas dos cooperados para isso propicie o desenvolvimento do nosso Estado e, especialmente, dê condições para o desenvolvimento das famílias. Esse é o objetivo final de todo nosso trabalho.”
Outro aspecto que o presidente destaca é a permeabilidade do sistema cooperativista como um todo. “A sintonia fina que há entre a cooperativa e o cooperado, que é o dono da cooperativa, é muito importante. O cooperado está ligado diretamente a cooperativa e isso é fundamental para que as atividades econômicas e sociais possam se desenvolver a tal ponto que ele além de desenvolver o aspecto econômico, financeiro, possa desenvolver aspectos sociais, uma melhor condição de vida no âmbito familiar, na comunidade, município, Estado e país”, considera.
Koslovski ainda avalia o ano que passou, marcado pelo significativo crescimento das cooperativas de crédito. “Nós terminamos 2013 com R$ 16,5 bilhões de ativos das cooperativas de crédito. Elas vêm crescendo de forma geométrica, o número de cooperados é muito grande e temos uma perspectiva muito positiva de crescimento. Acreditamos que o cooperativismo de crédito possa ser a base para o financiamento dos outros setores do cooperativismo”, comemora.
Fernando Nunes acredita que o sistema permite o fomento da agricultura e a geração de renda na região onde há uma cooperativa
Antonio Fernando Nunes Júnior, de Goioerê (Centro-Oeste do Paraná), optou pelo cooperativismo de crédito ao levar em conta as menores taxas de juros, além de fazer parte de um sistema onde todos estão motivados pela mesma causa. “É uma cooperativa que está totalmente vinculada ao setor agrícola e isso proporciona melhor atendimento aos cooperados”, pondera.
De acordo com ele, os programas oferecidos são bastante diversificados e atendem as necessidades em cada situação. “Hoje, por exemplo, na Credicoamo existe uma linha direcionada para quem trabalha com o gado leiteiro, coisa que não tinha, e sem falar do Moradia Feliz. É um excelente trabalho que a cooperativa está prestando aos seus cooperados. São ações que ajudam a fomentar a agricultura e o crescimento também fica na região em que a cooperativa está inserida”, avalia o associado.
De acordo com Tânia Regina Zanella, gerente Geral da Organização das Cooperativas do Brasil, o ramo crédito vem se expandindo com força e com uma representativa significativa não só no número de cooperativas, mas também no número de associados. “Temos 6,5 milhões de associados ligados ao cooperativismo de crédito. Então toda essa expansividade, que ainda pode se superar e muito, faz a diferença e traz inclusão social principalmente nos municípios pequenos. Temos 500 municípios em que a única instituição financeira são as cooperativas de crédito. Realmente isso faz toda a diferença”, salienta.
Mas, os benefícios não param por aí. Segundo a gerente geral da OCB, o cooperativismo de crédito tem sido a válvula para alavancar a sustentabilidade e o Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios. “A diferença está presente junto ao pequeno e a pessoa que realmente necessita desse apoio de uma instituição financeira. Diferente do chamado sistema financeiro convencional, o cooperativismo de crédito tem essa aproximação com o cooperado, proximidade com as dificuldades de quem está ali na ponta, de quem está precisando desse apoio.”
Para Zanella, há ainda que se destacar a atuação do ramo no Paraná. “O cooperativismo de crédito dá o suporte necessário dentro do próprio ramo agropecuário e vemos como destaque o Paraná, sempre crescendo e trazendo números importantes, que fazem a diferença. Acredito que essa organização, essa gestão que se faz muito forte dentro do Estado junto as cooperativas tem feito a diferença e tem realmente sido uma referência para o país.”
Em 2011, ano em que se celebrou o Ano Internacional das Cooperativas, e que o cooperativismo de crédito brasileiro completou 110 anos de existência, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), promoveu o projeto “Prospecção de boas práticas e aprendizado experiencial em cooperativismo de crédito”, para a adoção de ações de governança e gestão, que visam ampliar o conhecimento sobre o ambiente cooperativo de crédito nacional e internacional.
Um grupo de profissionais de diversas cooperativas de crédito do Brasil, Ministério da Fazenda, Sebrae e do Banco Central, estão realizando visitas em cooperativas brasileiras e do exterior, com o objetivo de absorver as boas experiências vividas pelas instituições de crédito. Nesse grupo, a Credicoamo representa o Paraná. Segundo a chefe do departamento de Educação Financeira do Banco Central, Elvira Cruvinel, o propósito do Banco Central, é por meio desse projeto, levar eficiência para o sistema financeiro, levando à estabilidade. “O objetivo é ter uma visão integrada e conhecer a realidade do país, para que possamos ter um grupo que pensa em estratégia para se fortalecer e garantir o futuro do cooperativismo de crédito”, revela.
Elvira ainda destaca a importância do cooperativismo de crédito para o país. “Existem algumas características que o diferencia dos bancos tradicionais, e uma delas é a presença em municípios que os bancos não estão levando o desenvolvimento local. O cooperativismo de crédito consegue deixar o dinheiro no local em que é capitado.” De acordo com ela, muitas vezes é a única instituição que chega a uma cidade, atendendo o público de classe C, D e E. “Mas, tem muitas outras vantagens, como por exemplo, ter o produto específico para o cooperado que é o dono da cooperativa. Nós do Banco Central entendemos que há um potencial para crescer muito no país, levando realmente a inclusão financeira adequada à população”, considera.
Álvaro Massareto e o neto Felipe, que já tem o futuro assegurado
Pensando nos netos, o cooperado Antonio Álvaro Massareto, de Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), encontrou no cooperativismo de crédito a melhor forma para investir no futuro deles. Maria Eduarda, 12 anos e Felipe com 06 anos, já tem uma poupança que garantirá os estudos. “Trabalhamos e vivemos para isso, pensando em nossos filhos e depois nos netos. Estou planejando o futuro deles, para quando iniciarem uma faculdade terem a opção de estudar fora, algo comum em nosso município”, conta o avô.
Para ‘seo’ Álvaro, que por ser avô, sem êxito já havia tentando abrir uma poupança para os netos em instituições bancárias convencionais, somente por meio da cooperativa de crédito pode investir. “Sem nenhuma burocracia faço depósito para os meus netos e garanto o futuro deles. Depois que você é cooperado, as portas se abrem, facilitando nossa vida. Com o Credijunior, programa da Credicoamo, pude investir nas crianças, o que é melhor ainda e agora já estou me programando para investir nos estudos de uma outra neta de apenas dois anos”, comemora.
O cooperado ainda destaca que essa facilidade é a inclusão social que o cooperativismo de crédito consegue promover. “Tudo fica mais simples e menos burocrático. Sem contar, que é nosso e recebemos inclusive as sobras, o que em outro lugar poderia não receber. É fácil e nós acreditamos nesse sistema”, considera.
Qualidade de vida das famílias no campo vem sendo impulsionada pelo cooperativismo
Família Baretta realizou sonho da casa própria e a satisfação de trabalhar em família
Mais que fornecer linhas de crédito, o objetivo do cooperativismo é também dar subsídios para que a família do homem do campo realize sonhos e se mantenha com qualidade de vida. Assim aconteceu com a família Baretta de Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná). Reunidos e trabalhando juntos, eles conseguiram por meio do programa Moradia Feliz da Credicoamo manter a família ainda mais unida. “A satisfação maior da gente é poder trazer os filhos para perto, e o Moradia Feliz nos proporcionou a realização desse sonho. Com esse programa somado às sobras, conseguimos construir esse sonho. Tenho meu filho, minha nora e meu neto por perto. Moramos todos na mesma propriedade”, comemora o patriarca Arquimedes.
Não restam dúvidas sobre a importância das cooperativas para a inclusão financeira e social no Brasil. Diante disso, recentemente foi criado o Fundo Garantidor das Cooperativas de Crédito (FGCoop), um avanço que visa beneficiar o Sistema Financeiro Nacional e a economia brasileira como um todo. Dessa forma, o FGCoop veio para colocar as cooperativas de crédito no mesmo nível de solidez, antes disponível apenas para clientes de bancos comerciais.
O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, diz que a criação do FGCoop (resolução nº 4284/13), pelo Conselho Monetário Nacional, representa um marco normativo para o cooperativismo de crédito firmar-se como um dos grandes da indústria financeira. “A resolução que aprova o Estatuto e o Regulamento do FGCoop reforçam, para o Sistema Financeiro Nacional, a solidez e a segurança que as cooperativas de crédito oferecem aos associados”, comemora Freitas. “Temos um fundo único para o cooperativismo de crédito, que funciona como um seguro para os cooperados de todo o Brasil. Com o FGCoop, cada brasileiro associado a uma cooperativa de crédito sabe que seus investimentos estão protegidos, até o limite de R$ 250 mil.
De acordo com o diretor Operacional da Credicoamo e conselheiro fiscal do FGcoop, Ricardo Accioly Calderari, o fundo garantidor é uma conquista do cooperativismo de crédito. “O Banco Central atendendo ao pleito das cooperativas de crédito e demais órgãos cooperativistas, criou o fundo garantidor de crédito para as cooperativas, que tem as mesmas características do fundo garantidor de crédito dos bancos, ou seja, ele protege os depósitos e as aplicações dos associados nas respectivas cooperativas. Um avanço muito significativo para nós”, comemora.
Para Calderari, o Banco Central, o Conselho Monetário e demais autoridades governamentais compreenderam que o cooperativismo de crédito é a forma mais rápida de promover a inclusão social. “Uma significativa parcela da população nacional está desassistida da rede bancária, seja por residir em locais com menor população ou por serem de baixa renda, situações que o cooperativismo de crédito consegue atingir em função de ter custos menores e todo o apoio da legislação”, avalia.
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