A crise dos preços das commodities

"A comercialização é dinâmica e impactada por vários fatores. O ideal seria vender a produção quando os preços estivessem altos, e em várias vezes para o produtor ganhar na escala e na média durante o ano."

JOSÉ AROLDO GALLASSINI, Presidente dos Conselhos de Administração Coamo e Credicoamo

A redução de preços das commodities nesta safra está preocupando os agricultores, principalmente os que cultivam soja, milho e trigo. Estamos vivendo um ano atípico em relação a comercialização dos produtos agrícolas, bem diferente dos últimos anos, quando os produtores tiveram bons momentos em relação aos custos de produção, aos preços e a rentabilidade satisfatória na atividade.

O ano está sendo difícil para os produtores por vários motivos, como problemas climáticos que atrasaram o plantio e a colheita da safra de verão. Outra questão foi o volume de comercialização da produção que foi menor neste ano em comparação com o mesmo período dos anos anteriores. O ritmo lento na venda da safra pelos cooperados aliado aos estoques em nossos armazéns fizeram com que a Coamo realizasse um grande esforço na busca de alternativas para o recebimento e armazenamento de uma expressiva produção em nossas unidades e também em armazéns de terceiros para atender as necessidades do quadro social.

A comercialização é muito dinâmica e impactada por vários fatores externos e internos.O ideal seria vender a produção quando os preços estivessem altos, e em várias vezes para o produtor ganhar na escala e na média durante o ano.

Nesta safra, tivemos uma situação em que os produtores não venderam sua produção de soja e milho esperando por melhores preços. A soja, por exemplo, chegou a R$ 200,00 a saca, mas depois caiu gradativamente e atingiu R$121,00 na segunda quinzena de maio 2023.

Esta é uma situação que nunca imaginávamos e os produtores de uma forma geral estão sendo afetados economicamente.

Com este cenário está havendo um comportamento diferente dos produtores, que para saldar seus compromissos estão buscando alternativas como, por exemplo, retirando recursos da poupança, fazendo financiamento de estocagem e vendendo a produção nos preços atuais para pagar as contas.

Sabemos que a agricultura está sujeita aos ciclos e a ocorrência de eventos indesejáveis com problemas climáticos e preços baixos que afetam diretamente os produtores com queda na renda da sua atividade agropecuária.

Trata-se de uma situação que há muitos anos não acontecia na agricultura. A Coamo está acompanhando este momento difícil e está ao lado dos cooperados. Por um lado tivemos uma grande safra de verão e por outro a “frustração de preço”.