Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 545 | Abril de 2024 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

NICOLAS GUILLOU

CEO da Kuhn do Brasil

“Soluções inovadoras e de alta qualidade, buscando a melhor experiência dos produtores”

“Em 2023, a população mundial passou o marco de oito bilhões de pessoas e devemos chegar a 9,7 bilhões em 2050. Isso representa 175.000 pessoas a mais por dia no planeta, e alimentar esta população é um dos maiores desafios que existe. Isso é o que move a inovação dentro da Kuhn." A fala é de Nicolas Guillou, CEO da Kuhn do Brasil. 

Segundo ele, "as necessidades em inovação podem variar de uma região do mundo para outra, motivo pelo qual os produtos produzidos no Brasil são desenvolvidos localmente para poder conectá-las com as necessidades deste mercado tão específico. As nossas engenharias brasileiras trabalham em sinergia com as outras engenharias do grupo, tendo assim acesso a todas as tecnologias existentes nas unidades".

RC: Qual é missão da Kuhn? 

Nicolas Guillou: A missão da Kuhn é oferecer aos nossos clientes soluções inovadoras e de alta qualidade, buscando a melhor experiência do cliente. Nós somos apaixonados pelo que fazemos e orgulhosos em contribuir na alimentação de uma população em constante crescimento, preservando o meio ambiente.

RC: Qual a atuação no Brasil? 

Nicolas: O nosso início no Brasil se deu com a aquisição em 2005 da antiga Metasa em Passo Fundo (RS), empresa então especializada na produção de plantadeiras e semeadoras. Em 2014 tivemos a oportunidade de adquirir a antiga Montana em São José dos Pinhais (PR). Esta aquisição nos proporcionou um grande salto no mercado com produtos de alto valor agregado (pulverizadores autopropelidos). Mais recentemente, em 2021, fizemos a aquisição da KHOR em Tuparendi (RS), empresa especializada em carretas graneleiras e escarificadores. Com essas três aquisições, a nossa empresa tem hoje o maior portfólio de produtos do mercado nacional. Temos soluções para o pequeno, médio e grande produtor, e somos a única empresa grande no Brasil a atuar tanto no segmento de agricultura como no segmento de pecuária. Além das três plantas fabris, contamos com dois centros de distribuição regionais – Rondonópolis (MT) e Palmas (TO) com o objetivo de agilizar a distribuição de peças de reposição e poder capacitar técnicos de campo nestes centros regionais.

Nicolas Guillou é francês, engenheiro mecânico. Casado e pai de dois fi lhos. Trabalha na Kuhn há 28 anos (dos quais 16 somente no Brasil). Começou como estagiário de método e processo, foi técnico de campo na Inglaterra, gerente de produção, passou a diretor industrial e fi nalmente alcançou a posição de CEO da Kuhn do Brasil após ter se preparado para esta exigente posição com um MBA executivo na França. Com tantos anos de atuação, a Kuhn desenvolveu uma cultura de empresa muito forte com valores amplamente compartilhados por todos seus funcionários. Em 2023 lançou uma campanha de endomarketing (estratégia de marketing institucional voltada para ações internas na empresa), para melhor comunicar esses valores e nortear as iniciativas estratégicas da empresa. Entende-se como sendo os principais valores: somos todos pelo cliente, somos inovadores mão na massa, somos focados em qualidade e somos um time forte. Como CEO da Kuhn do Brasil ele comemora o prêmio pelo Valor Econômico como a melhor empresa do setor Mecânico (Valor 1000, agosto 2023).

RC: O que leva a empresa a se inspirar e a inovar sempre em tecnologias, produtos e soluções? 

Nicolas: Em 2023, a população mundial passou o marco de 8 bilhões de pessoas e devemos chegar a 9,7 bilhões em 2050. Estes números parecem abstratos, mas quando fazemos o cálculo do que isso representa por dia, chegamos à quantidade de 175.000 pessoas a mais no planeta a cada dia que passa! Alimentar esta população crescente, representa um dos maiores desafios que existe, isso é o que move a inovação dentro da Kuhn! Temos mais de 2.000 patentes no mundo e nossas engenharias trabalham para que os produtores possam amanhã produzir mais alimentos com menos recursos preservando o meio ambiente. As necessidades em inovação podem variar de uma região do mundo para outra, motivo pelo qual os produtos produzidos no Brasil são desenvolvidos localmente para poder conectarmos com as necessidades deste mercado tão específico. As nossas engenharias brasileiras trabalham em sinergia com as outras engenharias do grupo, tendo assim acesso a todas as tecnologias existentes nas unidades.

RC: Quais os principais desafios do presente e do futuro? 

Nicolas: Em 2023 a Kuhn do Brasil foi eleita pelo Valor Econômico a melhor empresa do setor Mecânico (Valor 1000, agosto 2023). Este prêmio, vindo de uma instituição séria como o Valor Econômico, reforça que estamos no caminho certo para alcançarmos no Brasil a posição de maior indústria de máquinas agrícolas, posição que já temos globalmente. Nos últimos 10 anos, o nosso faturamento cresceu três vezes mais do que o mercado, sinal de que temos uma gama de produtos atrativa e conseguimos fazer parcerias estratégicas, como é o caso com a Coamo, fazendo nossos produtos chegarem até o produtor. Queremos continuar esta jornada de sucesso, sempre colocando o cliente em primeiro lugar, pois não teremos sucesso futuro sem a satisfação dos nossos clientes tanto com o produto quanto com a assistência em campo.

"SOMOS APAIXONADOS PELO QUE FAZEMOS E ORGULHOSOS EM CONTRIBUIR COM A ALIMENTAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO EM CONSTANTE CRESCIMENTO."

Nicolas Guillou, diretor geral da Kuhn do Brasil

RC: Quais foram as principais novidades nos últimos anos? 

Nicolas: O nosso propósito é desenvolver soluções permitindo aos nossos clientes um melhor retorno sobre o investimento. Os distribuidores de fertilizante Accura são um exemplo disso. Tratase de uma máquina com largura de distribuição maior que a concorrência e com uma acuracidade muito superior. Outro exemplo é o pulverizador Stronger, com a maior barra do mercado (40m em alumínio ou 50m em fibra de carbono), permitindo reduzir o número de máquinas necessárias na propriedade, assim como consumo de diesel, quantidade de operadores e redução do amassamento nas culturas. Para reduzir os impactos no meio ambiente, estamos desenvolvendo soluções de pulverização seletiva, para detectar as ervas daninhas em tempo real e pulverizar somente estas plantas. No que diz respeito a plantadeiras, iremos lançar na Agrishow a nossa plantadeira 30 linhas de 45cm com adubo e semente, e solução para fechar em 3,20m para facilitar o deslocamento da máquina de uma propriedade para outra, sem necessidade de desmontar qualquer parte dela. A nível global estamos entrando na era das máquinas autônomas. Já comercializamos na Europa um misturador de ração animal totalmente autônomo (a AURA) e mostramos pela primeira vez na última edição da Agritechnica (maior feira de máquinas agrícolas do mundo) nosso robô autônomo multi-uso (o KARL) para trabalhos nas lavouras.

RC: Com relação a evolução e inovação, como é o perfil do produtor brasileiro? 

Nicolas: O Brasil mostrou para o mundo sua capacidade de desenvolver uma agricultura tropical cada vez mais produtiva. Nos últimos 20 anos o Brasil conseguiu aumentar a produção de grão no ritmo anual de 4,7% enquanto a área plantada aumentou apenas 2,5% ao ano. Isso quer dizer que a produtividade aumentou nada menos que 2,1% por ano. Mas, este crescimento da produção e da produtividade não teria sido possível sem o desenvolvimento de novas tecnologias e a aceitação pelos produtores. O produtor brasileiro sempre foi ávido por novas tecnologias, e as novas gerações que estão entrando nas fazendas estão acelerando ainda mais a transformação da agricultura brasileira.

RC: O agricultor brasileiro vem fazendo a sua parte na conservação e preservação do meio ambiente? 

Nicolas: Sem a agricultura, o Brasil não seria a potência econômica que é, pois a agropecuária representa em torno de 25% do PIB nacional. Uma a cada oito pessoas no mundo se alimenta com produtos brasileiros e além da produção de alimentos, a agricultura está contribuindo para termos uma das matrizes energéticas mais sustentável do mundo graças as bioenergias. Infelizmente e injustamente a agricultura brasileira sofre às vezes com uma imagem ruim lá fora. Mas, quem conhece de perto sabe que a preocupação pelo meio ambiente está no cotidiano de cada produtor, as práticas agronômicas estão evoluindo sempre em direção a um aumento da conservação dos solos e o código florestal é um dos mais restritivos que existe no mundo. Graças a possibilidade de duas ou até três safras por ano, o Brasil planta hoje 78 milhões de hectares usando apenas 52 milhões de hectares de terra e temos 168 milhões de hectares de pastagens, as vezes degradados, que podem ser parcialmente convertidos em lavouras intensificando a pecuária. Proteger os biomas como a floresta e ampliar a produção agrícola não são duas coisas antagônicas!

RC: Como observa a atuação das cooperativas no agronegócio brasileiro?

Nicolas: O cooperativismo teve e continua tendo um papel muito importante no desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Ele permite que os produtores adquiram os melhores insumos, tenham acesso a financiamento, recebam orientações sobre as melhores práticas agronômicas e tecnologias disponíveis, e finalmente permite ao cooperado comercializar sua produção em boas condições. As cooperativas estão investindo massivamente na agregação de mais valor aos produtos que saem dos campos, em vez de exportar grãos, o Brasil exporta hoje proteínas animais para o mundo, aumentando assim o retorno para os cooperados.

"O DNA da Coamo é muito parecido com o DNA da Kuhn: humildade, transparência, confiança, visibilidade são valores que permitem fortalecer nossa parceria a cada dia que passa."

RC: Como define a parceria entre a Kuhn e a Coamo nesses anos? 

Nicolas: A nossa parceria iniciou há oito anos. Mas, pelas excelentes relações entre as duas empresas parece que existe há muito mais tempo! O DNA da Coamo está muito parecido com o DNA da Kuhn: humildade, transparência, confiança, visibilidade são valores que permitem fortalecer nossa parceria a cada dia que passa. Para estreitar ainda mais os laços entre as nossas empresas, tivemos pela primeira vez em 26 de abril de 2024 a visita dos presidentes globais da Kuhn na sede da Coamo em Campo Mourão-PR.

RC: Presidente, deixe sua mensagem aos cooperados da Coamo. 

Nicolas: O agronegócio brasileiro está atravessando um período complicado, com adversidades climáticas, preços baixos das commodities, o custo da moeda alto e incertezas políticas. Mas, não tem crise que dure para sempre, e espero que a situação melhore para todos os cooperados na próxima safra 2024/25. Não existe missão mais nobre que produzir alimentos. Estamos muito gratos pela confi ança em nosso trabalho, seguiremos em frente para cada vez mais trazer a melhor experiência possível aos cooperados da Coamo. Muito obrigado.

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