Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 545 | Abril de 2024 | Campo Mourão - Paraná

EVOLUÇÃO NO CAMPO

Transformando desafios em sucesso na pecuária

Ao assumir a atividade da família, Marcia Consolaro não tinha experiência com a pecuária. A assistência da Coamo foi fundamental assim como as melhorias e alterações realizadas na propriedade

Marcia Edilaine Lopes Consolaro, cooperada em Boa Esperança (PR)

Quem hoje ouve Marcia Edilaine Lopes Consolaro falar com conhecimento de causa sobre a produção pecuária adotada em sua fazenda nem imagina que há pouco mais de três anos ela não tinha nem ideia de quanto tempo um bezerro levava para desmamar. Formada em farmácia bioquímica, pesquisadora e professora na Universidade Estadual de Maringá (UEM), com trabalho voltado para atividade de saúde da mulher, ela assumiu a atividade da família após seu pai adoecer. A propriedade fi ca em Tuneiras do Oeste (Noroeste do Paraná) e a Marcia é cooperada em Boa Esperança (Centro-Oeste do Paraná). 

Quando assumiu a administração, a fazenda chamada pela família, carinhosamente, de Matão, por fazer divisa com a Reserva Biológica das Perobas, estava em condições ruins de estruturas, rebanho defasado, pastagens degradadas e índice de produção muito abaixo do preconizado, tornando a atividade praticamente inviável economicamente. O sistema desenvolvido na propriedade de 380 alqueires, sendo 140 de pastagem, é de cria (produção de bezerros).

Ela lembra que quando assumiu a propriedade estava abandonada. “Tínhamos apenas um barracão e duas casas caindo. Investimos em infraestrutura, construímos uma mangueira, dividimos a pastagem em piquetes e cercamos. Apostamos em melhorar a tecnologia, em trazer coisas novas, ouvindo o veterinário”, comenta a cooperada. No segundo ano, houve a opção da inseminação artificial e estação de monta.

“Fomos realizando mudanças, além de confiar nas pessoas certas. Houve uma troca geral de pessoal, e agora posso contar com pessoas de confiança, que implementam o necessário e me ensinaram muita coisa”, conta.

Marcia conta que até assumir a propriedade, nunca tinha participado da gestão junto com o seu pai. “Quando meu pai adoeceu, eu e minha irmã sentimos a necessidade de entrar. Dividimos as propriedades em três operações: agricultura, que ficou com minha irmã, eu fiquei com a pecuária, e uma sobrinha assumiu a parte administrativa. Eu cresci muito como pessoa, aprendi sobre a operação, honrei meus pais e me sinto bem com isso. Não me isentei de ajudar a família neste momento, e foi muito gratificante.”

Após três anos de trabalho, a cooperada conta que a propriedade está dando um bom retorno. “Mesmo em um ano complexo como em 2023, conseguimos um lucro razoável. Estamos firmes, enfrentando os desafios, e a atividade tem dado retorno.” Entre as principais ações realizadas pela atual administração da propriedade está a mudança do sistema da pecuária. “Era uma pecuária tradicional, onde colocava o gado no pasto e vendia quando dava. Agora, procuramos entender qual animal nos dá lucro, ouvimos e aprendemos sobre o que poderíamos fazer de diferente. Nós diminuímos a quantidade de animais e foi com a própria redução de animais que não tinham qualidade, que implementamos todas as melhorias.”

Jefferson Silvestre, médico veterinário da Coamo, e a cooperada Marcia Consolaro

Segundo a cooperada, o apoio da Coamo por meio da assistência técnica foi fundamental para a evolução da atividade. “Desde a minha segunda visita na propriedade, já tive o apoio do veterinário, que me alertou para várias questões. Tive apoio da cooperativa em todas as etapas de implementação de melhoria, entre outras ações.” Marcia comenta que se considera realizada vendo todo o avanço em um curto espaço de tempo. “Atuar em algo que não fazia parte do meu trabalho e, ainda assim, conseguir mudar, aprender e crescer é incrível. Sou da área da saúde e nunca havia me envolvido com a pecuária. Ver todo esse progresso e desenvolvimento pessoal foi fundamental para mim. Aprendi que podemos expandir nossos horizontes e nos reinventar quando estamos cercados por pessoas confiáveis e tecnologia adequada. É uma imensa sensação de realização e felicidade”, ressalta.

A atividade pecuária é desenvolvida em duas propriedades. Jefferson Silvestre, médico veterinário da Coamo é o responsável pela assistência técnica. Ele diz que o primeiro passo foi readequar a atividade e realizar as melhorias necessárias por meio de seleção de rebanho, reformas e correções nas pastagens, buscando melhorar a eficiência produtiva e tornar a atividade economicamente rentável. “Antes das mudanças, a propriedade contava com aproximadamente 3.000 vacas de cria, produzindo algo em torno de 1.000 a 1.200 bezerros comercializados por ano, índice muito abaixo do necessário para ser rentável. Após as adequações realizadas e com a implementação de novas tecnologias conseguimos chegar a índices produtivos bem melhores. Hoje a fazenda possui aproximadamente 1.500 vacas de cria e produz algo em torno de 1.000 bezerros ao ano”, comenta.

O veterinário acrescenta que a assistência técnica da Coamo levou informações, orientou e participou do processo com a implantação de um controle sanitário adequado, reformas de pastagens, implantação de estação de monta e o uso de inseminação artificial. “Além de melhorar a quantidade de bezerros produzidos em relação ao número de vacas, foi possível melhorar a qualidade dos animais, por meio de seleção e melhoramento genético implementado na fazenda. Na propriedade, em apenas três anos, foi possível observar uma transformação significativa na atividade. Ela conseguiu converter uma atividade pouco lucrativa em uma fonte de lucro considerável.”

Jefferson afirma que a Márcia tem uma abordagem diferenciada e trata a atividade pecuária de forma profissional, visando gerar receita. “Ao sair da pecuária tradicional e extensiva, com baixa lucratividade, percebemos uma transição para uma pecuária mais intensiva, buscando o incremento tecnológico para aprimorar a produção e eficiência, o que tem se mostrado eficaz. Reduzimos o número de animais que demandam recursos na fazenda e aumentamos a eficiência produtiva, além de melhorar a qualidade dos animais. Agora, conseguimos obter um valor agregado muito melhor ao vender animais de melhor qualidade."

Marcia Consolaro

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