Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 551 | Outubro de 2024 | Campo Mourão - Paraná

SOJA 100 ANOS

100 ANOS da soja no Brasil

Cultura chegou ao Brasil há um século e desempenha papel importante no desenvolvimento das regiões onde é cultivada

A história da soja no Brasil, lembrada em 2024 pelos 100 anos de seu cultivo em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, é um marco importante na agricultura brasileira. Embora haja registros históricos que apontam para plantios experimentais da cultura na Bahia na década de 1880, foi em 1924, com o grão trazido pelo pastor Albert Lehenbauer, que a soja foi ofi cialmente introduzida no Rio Grande do Sul.

  A chegada da soja em Santa Rosa ocorreu quando o pastor, ao retornar de uma viagem aos Estados Unidos, trouxe algumas sementes. A ideia dele era utilizar a soja para fi ns de rotação de culturas, adubação verde e alimentação animal, algo que considerava essencial para melhorar a fertilidade do solo e a sustentabilidade das pequenas propriedades da região.

  Santa Rosa, até então uma pequena comunidade rural no noroeste do Rio Grande do Sul, abraçou a iniciativa, e o plantio experimental da soja começou a ganhar espaço. No início, os resultados foram modestos, mas o cultivo prosperou com o passar dos anos, impulsionado pela adaptação da planta ao clima e solo local.

  Nas décadas seguintes, o plantio de soja em Santa Rosa se expandiu e se consolidou, atraindo a atenção de agrônomos, pesquisadores e cooperativas agrícolas. O sucesso da soja na região Sul foi um marco para a agricultura nacional, e a cidade passou a ser reconhecida como pioneira no cultivo da planta, que, com o tempo, se espalhou por outras regiões do país.

Família Weber tem em seu histórico o pioneirismo no plantio de soja em Nova Santa Rosa (PR)

  O contexto histórico da soja no Brasil está diretamente ligado à importância de Santa Rosa como centro originário do cultivo da planta e Nova Santa Rosa, no Oeste do Paraná, tem uma ligação histórica com o município gaúcho. Muitas famílias que moram no município paranaense vieram de Santa Rosa e uma delas é a de Wilfried Oldimar Weber, que migrou do Rio Grande do Sul em busca de novas oportunidades. "A soja, que é uma das maiores culturas do país, começou como uma tentativa de recuperação do solo", comenta o cooperado da Coamo lembrando que seu pai foi um dos primeiros a plantar soja no Oeste do Paraná.

  Ele reitera que os grãos chegaram ao Brasil pelas mãos de um pastor que havia ido aos Estados Unidos para tratamento de saúde. “Quando voltou, ele trouxe a soja, plantou na sua horta e distribuiu para alguns amigos." Segundo Weber, naquela época, a soja não era vista como alimento humano ou animal, mas como adubo para recuperar a terra. "Eles achavam que serviria apenas para melhorar o solo, mas veja no que se transformou."

Weber conta que em meados dos anos 1960, seu pai decidiu migrar para o Oeste do Paraná em busca de terras mais férteis. "As condições no Rio Grande do Sul eram difíceis, então o Paraná foi a opção para encontrar melhores oportunidades agrícolas." Ao chegar no Paraná, as dificuldades continuaram. Tudo, desde sementes até os poucos equipamentos agrícolas, foram trazidos do Rio Grande do Sul. "Meu pai comprou a primeira área de terra em 1962, e em 1966, em 21 de novembro, chegamos de mudança para começar o cultivo. Não tinha máquinas, era tudo no braço com foice e machado."

  Weber recorda que as sementes de soja eram guardadas de um ano para o outro em caixas de madeira. “A produção era manual, e os equipamentos, como a classifi cadora de sementes, exigiam muito esforço físico. Tudo era feito de forma braçal, por isso as famílias eram grandes, precisava de muita gente para trabalhar.”

Wilfried Weber e o genro Ademir mostram equipamentos antigos utilizados na limpeza e armazenamento das sementes de soja

Jefferson Wellington Volpatto Jede, engenheiro agrônomo da Coamo em Nova Santa Rosa com o cooperado Wilfried Weber

  A história da soja na família Weber também passou por adaptações. No início, era usada como complemento na alimentação dos porcos, que era a principal atividade na região, e foi ganhando importância aos poucos. “Começaram a aparecer compradores, e com o tempo, ela se tornou o principal produto." Atualmente, a família trabalha em uma área de 70 alqueires, e o cooperado reconhece que a soja foi essencial para esse crescimento.

  EGON VALDEMAR BILLER, também de Nova Santa Rosa, é da região onde iniciou o cultivo de soja no Rio Grande do Sul, e quando a família se mudou trouxe junto a tradição de cultivar a oleaginosa. Ele revela que no Paraná enfrentaram grandes desafi os, pois a terra era coberta por mata, que foi desmatada para o cultivo de milho, e, entre as fileiras, plantava-se soja. "Naquela época, após a colheita do milho, a soja se desenvolvia melhor. Todo o processo, desde o plantio até a colheita, era manual, e a soja era ensacada”, recorda o cooperado.

  Biller comenta que no Rio Grande do Sul já trabalhavam com agricultura, mas no Paraná foi um recomeço. Ao longo dos quase 60 anos desde que deixou o Rio Grande do Sul, ele continua cultivando soja. "A tecnologia facilitou muito o trabalho. Antigamente, a produção de soja era pequena e não era a prioridade da agricultura, mas hoje domina as lavouras daqui e do Brasil inteiro."

  Conforme o cooperado, a soja faz parte da história de sua família. "Foi essencial para o desenvolvimento da atividade agrícola benefi ciando todas as famílias da região”, diz. Ele chegou ao Paraná em 1967, e a produtividade naquela época era muito menor. "No início, a soja rendia pouco e plantávamos apenas cinco alqueires." Atualmente, a família cultiva 70 alqueires.

Erineu com a mãe Soldi e o pai Egon Biller: família é originária do berço da soja no RS e pioneira no plantio da cultura em Nova Santa Rosa (PR)

  Erineu Biller, fi lho de seu Egon, destaca a importância que a oleagionosa teve para a formação da família. "A soja foi evoluindo, e a família buscou acompanhar essa evolução com tecnologia." Ele também ressalta o papel da Coamo, que, com novas práticas e tecnologias, ajudou a aprimorar o sistema de produção da família.

  Atualmente, é a principal cultura da propriedade, e Irineu reconhece a importância econômica dessa cultura para o crescimento familiar. "A vida era mais difícil quando meus pais chegaram, mas, ao longo do tempo, fui aprendendo com meu avô e, depois, com meu pai. Fomos plantando, colhendo e melhorando."

  Jefferson Wellington Volpatto Jede, engenheiro agrônomo da Coamo em Nova Santa Rosa, destaca o pioneirismo dos agricultores e o papel que a soja desempenha no contexto da cooperativa e dos produtores da região Oeste do Paraná. "É um produto de grande importância para os cooperados da Coamo. Praticamente 100% da área no verão é destinada ao cultivo da cultura”, comenta o agrônomo.

  A área de atuação de Nova Santa Rosa abrange cerca de 35 mil hectares, e, segundo Jede, a Coamo tem um papel fundamental no fortalecimento do desenvolvimento da cultura. "A cooperativa apoia com tecnologias que melhoram o desempenho da produção, fornecendo cultivares de qualidade, tratamento de sementes e produtos biológicos que aumentam a produtividade. A busca por fungicidas e inseticidas mais efi cientes também contribui para o sucesso das colheitas”, diz o agrônomo.

  

Martin Kaiser e José Petruise Ferreira Junior, engenheiro agrônomo da                       Coamo em Campo Mourão

   MARTIN KAISER, agricultor em Campo Mourão e fundador da Coamo, recorda que sua família foi pioneira no plantio de soja na região de Campo Mourão, na década de 1960. Ele conta que, na época, não havia sementes de soja disponíveis na região. "Fomos informados que a Café do Paraná, em Campinas (SP), tinha sementes de soja. Fomos até São Paulo e trouxemos de lá 10 ou 12 sacas de sementes”, recorda.

  No entanto, o conhecimento sobre o plantio correto ainda era limitado, e as primeiras áreas foram semeadas em janeiro. "As plantas cresceram muito pouco, e, quando fomos colher, a máquina só cortou a parte de cima das plantas. Tivemos que fazer a colheita manualmente, e depois colocamos a soja em uma máquina para retirar os grãos." A colheita foi armazenada na propriedade e comercializada em Londrina.

  Com o tempo, o processo foi aprimorado. "Já no terceiro ano de plantio, tínhamos uma produção considerada boa para a época. Entregamos para uma fábrica de óleo em Maringá," recorda o cooperado.

  Segundo ele, a produção variava entre 30 e 40 sacas por alqueire, mas colher manualmente era uma tarefa árdua. Após o pioneirismo da família Kaiser, outros produtores vizinhos começaram a plantar soja, disseminando a cultura pela região. "Alguns começaram com um alqueire, outros com dois ou três, e, quando a Coamo começou a receber a soja, o plantio aumentou consideravelmente. Chegavam a formar longas fi las de caminhões para entregar o grão."

  Antes da soja, as principais culturas da família Kaiser eram o trigo e o arroz. A soja surgiu como uma opção adicional, e, com o tempo, tornou-se a principal cultura. Martin Kaiser recorda que, antes da fundação da Coamo, seu pai produzia sementes na propriedade. "Ele foi o segundo produtor no Paraná a obter o registro para a produção de sementes, e só parou quando a Coamo foi fundada, passando a produzir sementes para a cooperativa."

Martin Kaiser, agricultor em Campo Mourão e fundador da Coamo, recorda que sua família foi pioneira no plantio de soja na região de Campo Mourão, na década de 1960. Na foto com a filha Ana Maria

Conforme o cooperado, era comum ver plantios de soja entre os pés de café, uma cultura bastante popular na região. "A cada ano, o cultivo da soja foi melhorando, com novas práticas como o plantio direto, por exemplo. A soja passou a signifi car muito para a nossa família e para centenas de agricultores."

  A produção de soja, atualmente, é facilitada por máquinas modernas e novas tecnologias, que ajudaram a transformar o cenário agrícola. "Valeu a pena acreditar na soja. Ela sempre foi o carro-chefe. Todo o nosso sistema de produção é pensado para a soja", ressalta Martin Kaiser.

  José Petruise Ferreira Junior, engenheiro agrônomo da Coamo em Campo Mourão, ressalta a importância da soja no cenário econômico e social. “A soja é cultivada em praticamente todo o mundo, com destaque para o Brasil, que se consolidou como o maior produtor mundial dessa oleaginosa. Na última safra, o Brasil produziu 147,38 milhões de toneladas, representando cerca de 37,12% da produção mundial, que foi de aproximadamente 396,85 milhões de toneladas, segundo dados da Conab. Isso evidencia a expressiva representatividade do Brasil no cenário mundial da soja.”

  Para a próxima safra, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta uma produção mundial de cerca de 422 milhões de toneladas, com o Brasil contribuindo com aproximadamente 166 milhões de toneladas.

  O agrônomo também destaca a evolução da planta. “Temos plantas eretas, muito diferentes das rasteiras de milhões de anos atrás, que surgiram na costa leste da China, ao longo do Rio Yangtzé. A soja, de origem asiática, passou por cruzamentos naturais e foi posteriormente domesticada e melhorada por cientistas, especialmente na antiga Índia.”

  Além de seu aumento produtivo, a soja se tornou essencial por suas diversas utilizações, que vão da alimentação humana e animal à produção de biodiesel e subprodutos para a indústria, como cosméticos e plásticos.

Aquiles de Oliveira Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo

A soja desempenha um papel crucial no desenvolvimento das regiões onde é cultivada. “O aumento da área cultivada de soja está diretamente relacionado ao crescimento do índice de desenvolvimento humano (IDH), benefi ciando a sociedade local. A revolução agrícola no Brasil, especialmente no agronegócio, está ligada à expansão do cultivo da soja, que se tornou a principal cultura em grande parte das propriedades rurais brasileiras.”

  aquiles de oliveira dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo, destaca que a soja é a cultura mais importante em termos econômicos para o Brasil, especialmente no Paraná e nas regiões onde a Coamo está presente. Aquiles lembra que em 1970, quando a Coamo foi fundada, a soja já existia na região, embora a cooperativa tenha sido criada para atender principalmente os produtores de trigo, que era a cultura dominante na época.

Como engenheiro agrônomo, Aquiles destaca a importância da planta: "A soja é uma das plantas que deveríamos reverenciar, pois é uma das mais importantes para a humanidade." Ele acrescenta que além de seu alto teor de proteína vegetal, que é usada na fabricação de rações animais, a soja fornece óleo comestível, que agora serve também como base para biocombustíveis. "A soja é a principal fonte de biocombustível do biodiesel no Brasil."

  Conforme o diretor, uma das grandes conquistas da pesquisa agrícola no Brasil foi a adaptação da soja para o clima tropical. "Quando chegou ao Brasil, era plantada apenas nos Estados do Sul, mas a pesquisa fez com que se tropicalizasse e pôde ser plantada em todo o país. Isso a transformou na principal cultura agrícola do Brasil, com impacto direto no progresso e na balança comercial.

Soja transformada

A soja desempenha um papel central na produção de alimentos no Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial dessa oleaginosa. Dela são extraídos produtos como farelo, utilizado na nutrição animal, e óleo, empregado na indústria de alimentos, medicamentos e biocombustíveis.

  A soja impulsiona as exportações do agronegócio e, no cooperativismo, é um fator de crescimento para milhares de pessoas. Por meio da cooperação entre agricultores, a produção ocorre de forma sustentável, benefi ciando a economia e a sociedade. O ciclo de produção, que dura alguns meses, culmina com a entrega da safra nas unidades da Coamo. Essa relação de confi ança entre cooperados e cooperativa é fundamental para a continuidade do processo e o sustento de inúmeras famílias.

  Cerca de 70% da soja industrializada pela Coamo se transforma em farelo, 20% em óleo, e de 5 a 6% é aproveitado como casca. A maior parte do farelo é exportada, enquanto uma fração é destinada ao mercado interno e aos cooperados, que podem adquiri-lo a granel ou em embalagens de 50 kg, disponíveis em todos os entrepostos da cooperativa.

  A Coamo está constantemente atenta às demandas do mercado, investindo em melhorias nos processos, tecnologias e capacitação de funcionários. A fi losofi a da cooperativa é buscar a melhoria contínua, mantendo-se competitiva e responsável pela produção de mais de 32 mil famílias. Suas três indústrias, localizadas em Campo Mourão e Paranaguá, no Paraná, e Dourados, no Mato Grosso do Sul, são equipadas com tecnologia de ponta, refl etindo o compromisso da Coamo com a qualidade e segurança dos produtos.

  Desde 2019, o complexo industrial de Dourados contribui para a ampliação da produção de farelo, óleo bruto e óleo refinado de soja. Essas unidades permitem à Coamo expandir sua atuação no mercado brasileiro e aumentar sua participação no mercado europeu, principalmente com farelo de soja.

  No cooperativismo, essa produção ganha ainda mais relevância. Em 2020, o Brasil exportou 82 milhões de toneladas de soja, das quais 13 milhões foram provenientes do Paraná, com os cooperados da Coamo respondendo por três milhões de toneladas, o equivalente a 3,6% das exportações nacionais. Esses resultados refl etem o impacto da agricultura cooperativa no cenário global.

  O Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de soja e, em 2020, ultrapassou os Estados Unidos como o maior produtor. Esse avanço foi possível graças à disponibilidade de terras agricultáveis e ao investimento em tecnologia por parte dos agricultores, o que resultou no aumento da produtividade. Naquele ano, os agricultores brasileiros alcançaram a maior produção de soja por hectare, superando os americanos e argentinos.

  A qualidade da soja brasileira também é um diferencial no mercado internacional, com o grão nacional apresentando o maior teor de proteína em comparação com outros países. O mercado asiático, em especial a China, é o principal comprador, pagando um ágio pela soja brasileira devido ao seu teor de proteína, que gira em torno de 34%. Em comparação, a soja americana tem 33% de proteína, e a argentina, 32%. A preferência chinesa pela soja brasileira se deve à intenção de industrializar o grão em seu próprio território, produzindo óleo e farelo para o mercado doméstico.

  Além das exportações, os derivados da soja, como farelo e óleo, geram valor e empregos ao longo da cadeia produtiva. No caso do óleo de soja, 75% do produto refinado é destinado ao mercado nacional, abastecendo o consumo de cerca de 20 milhões de brasileiros. Uma pequena parte é direcionada para a produção de biodiesel, enquanto o restante, na forma de óleo bruto degomado, é exportado principalmente para o mercado asiático para consumo humano.

Evolução da soja

  A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destaca a importância da cultura para a balança comercial brasileira e enfatiza a contribuição da estatal para o desenvolvimento do grão nos últimos 50 aos. “São 100 anos desde o primeiro plantio da soja no município de Santa Rosa, no RS, e 50 anos que a Embrapa está junto dessa cultura atuando com a pesquisa agrícola nacional”, afi rma. Ela lembra que a ciência agropecuária foi a responsável pela tropicalização da soja, permitindo sua adaptação para diversas regiões do Brasil.

  A presidente informa que a área plantada de soja cresceu 19 vezes nos últimos 50 anos e a produção brasileira 38 vezes. “Independente de onde a soja é plantada, conseguimos, com tecnologia e investimento em programas e políticas públicas, alcançar produtividades elevadas”, explica, lembrando do uso do Zoneamento de Risco Climático (ZARC) que oferece informações sobre os menores riscos de plantio e colheitas para os produtores brasileiros.

  Silvia cita algumas tecnologias que vem contribuindo para as elevadas produtividades, tais como a Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), o manejo integrado de pragas, a adoção do plantio direto, além do desenvolvimento de cultivares e adoção de políticas públicas como o ZARC e o Vazio Sanitário. Ela também fala sobre o Biomaphos e o Programa de Soja de Baixo Carbono. “A agricultura é o único setor que sequestra carbono”, acrescenta. “Mas, o sucesso da agricultura não seria o mesmo se não fosse a parceria com os produtores rurais. A Embrapa não faz nada sozinha”, frisa.

Silvia Massruhá, presidente da Embrapa

 

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