O entrevistado do mês é o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, que aborda alguns desses temas e sobre o cenário agrícola e político paranaense e do Brasil. A entidade atua em diversas áreas com o objetivo de apoiar e orientar o produtor rural. Dentre as áreas de atuação visando o desenvolvimento social, econômico, político do produtor rural paranaense, destacam-se a representação política e econômica da categoria rural, informações, prestação de serviços, estudos e projetos, além de treinamento.
REVISTA COAMO: Resumidamente, qual é a missão e o trabalho da Faep?
Ágide Meneguette: Como entidade sindical, a Faep tem a representação legal dos produtores rurais acima de dois módulos rurais e dos empregadores. Sua função é defender os interesses políticos – no sentido de política de classe – econômicos e sociais dos produtores. Como a agropecuária tem uma dependência muito grande das decisões governamentais, a Faep tem agido energicamente junto às autoridades, principalmente junto aos parlamentos federal e estadual.
RC: Quais as conquistas mais importantes nos últimos anos?
Meneguette: A Faep teve uma atuação importante na aprovação do novo Código Florestal e na formulação do Cadastro Ambiental Rural, quer confrontando posições do governo federal - e ganhando - quer treinando mais de dois mil técnicos, seus, do Senar, de prefeituras e de vários outras entidades para ajudar o produtor rural a preencher o CAR, dentro de um conceito novo de defesa ambiental. Também teve uma ação importante na aprovação da Lei Florestal do Paraná, inclusive para incluir no texto a revisão dos termos de ajustamento de conduta que pesam sobre milhares de proprietários. Lembro também a criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná – Adapar, e da Agência de Desenvolvimento, sugestões nossas aos candidatos ao governo do Estado em 2010. Empenho para a criação e difusão do seguro agrícola e no programa Plante Seu Futuro, cuja ideia nasceu na Faep e foi adotada pelo governo do Estado.
RC: Como o senhor avalia o estágio atual da agricultura paranaense e brasileira?
Meneguette: A agricultura teve um grande avanço nos últimos anos e transformou-se no sustentáculo do comércio externo brasileiro, gerando superávits na balança. No Paraná, pelos índices de produtividade alcançados, o avanço foi maior ainda, até porque há uma grande diversidade, especialmente naqueles produtos de maior valor agregado, como no caso das carnes de aves e suínos.
RC: Quais os gargalos que mais prejudicam o setor agrícola, levando em consideração que o Paraná, com uma área de 2,5% do território nacional, produz cerca de 25% dos alimentos do Brasil?
Meneguette: O Paraná está com sua fronteira agrícola praticamente ocupada, o que significa valer-se da tecnologia para avançar em produtividade e diversidade. Além dos problemas tecnológicos na produção, um dos gargalos mais sérios é a infraestrutura. Uma crescente produção rural continua sendo transportada em rodovias de pista simples e por uma ferrovia antiquada, e embarcada em um porto que precisa de investimentos com urgência.
RC: Quais os caminhos para o crescimento sustentável da agricultura, observando-se fatores para maiores produtividades e renda e melhorias no meio ambiente produtivo?
Meneguette: Recentemente, o governador Beto Richa assinou decreto criando a Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada da qual participam a Faep, Ocepar, Fetaep, Embrapa e outras instituições, para aproximar o setor produtivo rural e pesquisadores das Universidades e de outros centros de excelência, onde certamente vão ser desenvolvidos estudos para dar um perfil moderno à nossa agropecuária. Sintetizando: inovação e desenvolvimento tecnológico aplicados à produção rural. Creio que é por aí o caminho. E, claro, uma arrumada urgente na nossa infraestrutura para ajudar a reduzir os nossos custos.
RC: Como dirigente de uma importante instituição de defesa dos agricultores, que desafios os produtores devem estar preparados para enfrentar nos próximos anos?
Meneguette: Melhorar a gestão do seu negócio, capacitar a sua mão de obra e investir em tecnologia. A Rede de Agropesquisa e a extensão rural devem contribuir na área tecnológica. Para melhorar a gestão e capacitar a mão de obra é que existe o Senar.
RC: Qual é a importância do cooperativismo para o desenvolvimento da nossa agricultura?
Meneguette: O predomínio das cooperativas na comercialização da produção no Paraná é uma prova da sua importância em nosso desenvolvimento econômico, seja na produção primária, na comercialização e na industrialização. A pujança do nosso interior é um dos resultados da atuação das cooperativas no suporte aos produtores. Embora hajam cooperativas em quase todos os Estados, foi no Paraná que esse modelo mostrou toda a sua força e potencial.
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PERFIL
Formado em agronomia pela Universidade Federal do Paraná, Ágide Meneguette também é engenheiro de Segurança do Trabalho Agroindustrial. É Diretor Superintendente da Usina de Açúcar Santa Terezinha; presidente do Conselho Administrativo do Senar/PR, membro dos conselhos: Deliberativo da Política Industrial e Comercial do Paraná; Consultivo de Política Agrícola e Abastecimento do Paraná; Superior da Federação das Indústrias do Estado do Paraná e Superior da Associação Comercial do Paraná.
Foi diretor adjunto da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) - gestão: 1987 a 1990, reeleito vice- presidente de Finanças da CNA 2006/2008 e eleito 1º vice-presidente da CNA 2009-2011.
Foi vice-presidente do Conselho deliberativo do Sebrae/ PR gestão: 1998/2000. 2000/2002. Reeleito presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR em 2004.
Recebeu o título de Cidadão Benemérito do Paraná – e a Comenda da Ordem do Pinheiro Estadual em 2002.
Cidadão honorário de Presidente Castelo Branco, Mandaguaçu e Curitiba – (Lei 11908/14/9/2006).
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